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CAPÍTULO 4: QUAIS SÃO OS DELINEAMENTOS METODOLÓGICOS PARA A CONSTRUÇÃO DESTA TESE?

4.1 PARTICIPANTES 6 E CENÁRIO DO ESTUDO

O mediador foi o Doutorando, auxiliado logística e operacionalmente por seis graduandas vinculadas a um Projeto de Iniciação Científica e um Projeto de Extensão, ambos aprovados com bolsistas vinculadas à UFFS, para ser desenvolvido paralelamente a esta tese. Contou-se ainda com o apoio de duas observadoras voluntárias, professoras da UFFS, que também conheciam o grupo do VER-SUS, e uma Mestranda da UNOCHAPECÓ, vinculada a praticamente todas as edições do VER-SUS, em processo de construção de sua dissertação, na qual trabalharia com Freire também.

Participaram dos círculos de cultura 23 (vinte e três) graduandos(as) de sete cursos de graduação da área de saúde de três diferentes IES: Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Chapecó, Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) - Campus Chapecó, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) – Centro de Educação Superior do Oeste (CEO)/Curso de Enfermagem em Chapecó. Os sete cursos representados neste estudo e seus respectivos quantitativos de estudantes são: doze vinculados(as) à Enfermagem7; quatro, à Medicina; dois, à psicologia; dois, à Farmácia;

6 Cabe ressaltar aqui que em vários momentos desse estudo, os(as) graduandos(as)

são denominados(as) de SUJEITOS, em sintonia com o referencial do educador pernambucano. Para Paulo Freire (2006; 2016), interpretado na obra de Streck, Redin e Zitkoski (2008), “ ‘o homem integrado é o homem Sujeito’, isto é, um homem enraizado não só historicamente, mas acima de tudo aquele que expressa sua humanização. Ele exercita sua liberdade, assume as tarefas de seu tempo, reflete e analisa-as, posicionando-se criticamente e tomando decisões que interferem e alteram a realidade. Faz isso junto com os demais, em comunhão: dialoga e age”. Comungamos com Freire para destacar assim o protagonismo que estes(as) assumiram na construção dessa tese e na efetivação dos nossos encontros em círculos de cultura, fazendo jus à essência Freireana de coletividade e dialogicidade desse espaço. Destacamos esse posicionamento teórico- epistemológico como uma outra visão em relação às críticas a esse verbete, amparadas nas orientações mais atuais de ética em pesquisa, regidas pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, as quais orientariam para estes(as) serem denominados(as) de PARTICIPANTES, considerando que talvez a denominação anterior se referisse à “sujeição” e/ou “objetificação” no processo investigativo. A partir dos diálogos, fotos, e reflexões que aparecerão, deixamos claro que os nossos Sujeitos foram co-investigadores(as) ativos(as) em todo processo, inclusive na análise e validação dialógica dos resultados defendidos.

7 O Curso de Enfermagem é o único da área de saúde que é oferecido nas três

um, à Odontologia; um, à Fisioterapia; e um, à Educação Física. Quanto à distribuição geral, por universidade, ficaram: dez vinculados(as) à Unochapecó8; sete, à UFFS; e seis, à UDESC/CEO. Esse quantitativo

geral foi considerado razoável para um bom andamento dos círculos de cultura, permitindo a livre expressão dos(as) presentes e facilitando também o acompanhamento desta participação ao longo dos diferentes encontros pela equipe de pesquisa.

Como critérios de inclusão, foram convidados(as) a participar dos círculos de cultura graduandos(as) maiores de 18 anos, em cursos da área de saúde, e que se encontravam regularmente matriculados(as) em suas instituições de ensino superior, que participaram ou estavam participando do projeto VER-SUS Oeste Catarinense. Essa escolha foi determinada pela crença de que os(as) graduandos(as) que se vinculam ao projeto possuem maior oportunidade de vivenciarem, em seu itinerário formativo, temas como a violência e outros. Isso porque, no próprio VER-SUS, a violência é um dos temas emergentes e discutidos em todas as edições (SILVA FILHO; PRADO, 2016), o que pode vir a contribuir para a conquista das competências necessárias para suas atuações no SUS ao se depararem com situações de violência. Além disso, o VER-SUS como dispositivo formativo é um espaço privilegiado para agregar estudantes que sejam multiplicadores das reflexões construídas nos círculos de cultura, ou seja, é uma escolha por considerar estes estudantes com um imenso potencial mobilizador

Até o momento de início da coleta dos dados (março de 2016), no Oeste Catarinense, em Chapecó-SC, o VER-SUS Oeste Catarinense já havia ocorrido em quatro edições (julho de 2014, janeiro de 2015, julho de 2015 e fevereiro de 2016). Reúne em um só coletivo diversas instituições de ensino superior da região de Chapecó e de outras do estado e do sul brasileiro, a saber, sobretudo: UFFS, Unochapecó, UDESC/CEO, Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)/Campus Chapecó, Unidade Central De Educação Faem Faculdade (UCEFF)/Chapecó, UFSC/Florianópolis-SC, Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC)/Lages-SC,

curso que mais se inscreve no VER-SUS, responsável, geralmente, por mais de 50% dos estudantes que procuram esse projeto (SILVA FILHO; PRADO, 2016).

8 A Unochapecó, dentre estas, é a universidade que oferece a maior variedade de

cursos da saúde, justamente por isso, para preservarmos a pluralidade na composição do nosso grupo, o quantitativo de estudantes vinculados(as) a essa instituição deveria ser maior. É a única, por exemplo, que oferece Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, entre outros.

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)/Itajaí-SC, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)/Criciúma-SC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)/Porto Alegre-RS, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)/Pelotas-RS, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/Santa Maria-RS, dentre outras que vem se agregando aos poucos com compromisso com a formação para o SUS na região. Já participaram mais de quatrocentos estudantes, com importante legado para a região, que já começa a brotar e aparecer, como a participação deles em coletivos (alguns sendo criados por ex-viventes do VER-SUS diretamente influenciados pelas vivências), residências, mestrados, entre outros caminhos para militância por um SUS de qualidade.

Do contingente de graduandos(as) elegíveis, dentre as quatro edições do VER-SUS Oeste Catarinense, foram escolhidos(as) vinte e três a serem convidados(as) pela estratégia de recrutamento por Bola de Neve, ou Snowball. Essa técnica é utilizada em pesquisas sociais, na qual se indicam dois ou mais participantes ao invés de selecioná-los(las) por sistemas de sorteio/randomizados. O(A) participante é indicado por meio da rede de afetos ou contatos de um dos membros da população elegível, o(a) participante inicial indicará novos(as) participantes, e assim sucessivamente, até que o objetivo seja alcançado (BALDIN; MUNHOZ, 2011).

Em nosso caso, os(as) primeiros(as) participantes a serem convidados(as) foram todos(as) os(as) integrantes da atual comissão organizadora da quarta edição do VER-SUS Oeste Catarinense (a última que tinha sido organizada até o início dos encontros), em número de 6 integrantes, sendo 2 integrantes de cada instituição parceira (ou seja, 2 da UFFS, 2 da UNOCHAPECÓ, e 2 da UDESC/CEO). Cada um/uma desses(as) seis indicou mais dois/duas prováveis participantes a serem convidados(as), e estes, mais dois/duas, até completar o número de 20 que confirmarem a participação. Garantiu-se, nessas indicações, que houvesse representantes da maior diversidade possível de profissões de saúde e, claro, representações equitativas (ou próximo disso) das três instituições parceiras do VER-SUS na região, sendo estas sinalizações repassadas aos(às) participantes antes de estes indicarem os(as) próximos(as) a serem convidados(as).

Esta opção de iniciar pela comissão se deve ao fato de esta conhecer em profundidade o perfil dos(as) graduandos(as) que já atuaram no VER- SUS, seja também como comissão organizadora, como facilitadores(as), ou como viventes.

4.2 O ITINERÁRIO DE PESQUISA PARA INVESTIGAÇÃO DO