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Particularidades do atendimento aos alunos com deficiência visual

2 ESCOLARIZAÇÃO, DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO DE ALUNOS CEGOS … 18

2.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRICO, LEGISLAÇÃO E MODELOS …

2.2.2 Particularidades do atendimento aos alunos com deficiência visual

Para atuar como professor de Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade educação especial, o profissional deve ter “formação

inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a educação especial” (BRASIL, 2009a, p. 3). A formação inicial refere-se às licenciaturas, tanto em Pedagogia com habilitação específica, quanto em Educação Especial. A formação continuada refere-se a cursos de aperfeiçoamento e especialização.

A superintendência de Educação da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, considerando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9394/96 e o Decreto Federal n.º 7611, de 17 de novembro de 2011, estabeleceu critérios para o Atendimento Educacional Especializado, área da deficiência visual, em Sala de Recursos Multifuncionais no Ensino Fundamental – anos finais – e Ensino Médio no Estado, por meio da Instrução Normativa n.º 06/2016 SEED/SUED. De acordo com essa instrução,

O atendimento será disponibilizado aos estudantes cegos, de baixa visão ou outros acometimentos visuais, a partir de 06 (seis) anos, regularmente matriculados nas instituições de ensino que ofertam o Ensino Fundamental (anos finais) ou Ensino Médio, atendidos na rede pública. Poderão ser atendidas também, pessoas da comunidade com cegueira ou baixa visão (bebês e adultos) não matriculados nas instituições de ensino e que necessitam de atendimento complementar e suplementar como estimulação essencial, orientação e mobilidade, sistema braille, sorobã, atividades de vida autônoma e social, informática educacional acessível, dentre outros, até serem supridas suas necessidades. O número máximo para cada Sala de Recursos Multifuncionais é de 10 (dez) estudantes com atendimento por cronograma. (PARANÁ, 2016, p. 1).

A mesma normativa indica que são atribuições do professor da Sala de Recursos Multifuncionais, na área visual:

Promover a triagem visual dos estudantes e orientar para o encaminhamento oftalmológico quando necessário.

Realizar a avaliação pedagógica com vistas à atualização do Plano de Atendimento Educacional Especializado dos estudantes, visando desenvolver proposta pedagógica que contemple a especificidade de cada estudante.

Preencher Ficha de Desempenho Visual de cada estudante com informações oriundas do laudo oftalmológico e informações recebidas da família.

Elaborar, executar e avaliar o Plano de Atendimento Educacional Especializado do estudante, contemplando: a identificação das necessidades educacionais específicas dos estudantes; a definição e organização das estratégias metodológicas, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades educacionais específicas de estudantes; o cronograma de atendimento e a carga horária, individual ou em pequenos grupos.

Garantir e apoiar a alfabetização pelo sistema braille, desenvolvendo práticas de letramento.

Produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis, considerando as necessidades educacionais específicas de estudantes e os desafios que estes vivenciam no ensino regular, a partir dos objetivos e atividades propostas no currículo.

Realizar a transcrição de materiais, braille/tinta, tinta/braille, de textos, avaliações, adaptação de gráficos, mapas, e outros materiais didáticos para estudantes cegos.

Promover a utilização de recursos ópticos (lupas manuais e eletrônicas) e não ópticos (cadernos de pauta ampliada, iluminação, lápis e canetas adequadas) para uso de estudantes de baixa visão.

Promover adequações necessárias para o uso de tecnologias assistivas de informação e comunicação e desenvolver o ensino para o uso do sorobã.

Realizar reuniões com a equipe pedagógica e professores do ensino comum da turma em que o estudante está matriculado, para orientações quanto:

formas de comunicação/interação com os estudantes cegos, de baixa visão ou outros acometimentos visuais com utilização de estratégias metodológicas alternativas que viabilizem o acesso ao conhecimento.

Desenvolver atividades de apoio pedagógico especializado, de acordo com as necessidades educacionais específicas de estudantes com deficiência visual, tais como: ensino do sistema braille, metodologia do sorobã, ensino das técnicas para orientação e mobilidade, atividades de vida autônoma e social, ensino da informática educacional acessível, apoio à escolaridade básica com o trabalho colaborativo entre professor especialista e o professor do ensino comum, estimulação visual, entre outros.

Oportunizar ao professor do ensino comum critérios de avaliação coerentes com o aprendizado do sistema braille e metodologia do sorobã (estudantes cegos), na elaboração e correção das provas escritas, valorizando e reconhecendo as especificidades desse estudante.

Organizar cronograma de atendimento pedagógico especializado individualizado ou em pequenos grupos, devendo ser reorganizado, sempre que necessário, de acordo com o desenvolvimento acadêmico e necessidades do estudante, com participação da equipe pedagógica da instituição e família.

Realizar relatório descritivo do desenvolvimento integral do estudante e da apropriação do conteúdo acadêmico, além de outros aspectos julgados relevantes.

Orientar os professores do ensino comum e equipe pedagógica quanto aos ajustes curriculares necessários, a avaliação e metodologias que serão utilizadas em sala de aula propiciando o acesso ao currículo.

Registrar sistematicamente todos os avanços e dificuldades do estudante, conforme Plano de Atendimento Educacional Especializado e interlocução com os professores das disciplinas.

Participar do Conselho de Classe, bem como orientar o professor da classe comum sobre os procedimentos didático-pedagógicos necessários que oportunizem ao estudante o acesso à aprendizagem.

Registrar a frequência do estudante em livro de chamada próprio.

Orientar as famílias dos estudantes, com o objetivo de discutir e somar as responsabilidades sobre as ações pedagógicas a serem desenvolvidas.

(PARANÁ, 2016, p. 6-7).

A resolução n.º 15/2018 – GS/SEED, que regulamenta a distribuição de aulas e funções aos professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM), do Quadro Único de Pessoal (QUP) e aos professores contratados em Regime Especial nas instituições Estaduais de Ensino do Paraná, em seu Art. 26, estabelece que para atuar em Sala de Recursos Multifuncionais, os professores deverão ser especializados e a atribuição

de aulas a esses profissionais deve seguir os seguintes critérios, obedecendo essa ordem de prioridade:

a) professor efetivo da Educação Básica, com habilitação ou Especialização em Educação Especial, que já atua na Educação Especial, assegurado pela Lei Complementar nº 106, de 22/12/2004;

b) professor efetivo concursado em Educação Especial;

c) professor efetivo da Educação Básica, com habilitação ou Especialização em Educação Especial, que já atua na Educação Especial, assegurado pela Lei Complementar nº 106, de 22/12/2004, em forma de aulas extraordinárias ou acréscimo de jornada;

d) professor efetivo concursado em Educação Especial, em forma de aulas extraordinárias ou acréscimo de jornada;

e) professor efetivo da Educação Básica, com habilitação ou Especialização em Educação Especial, em forma de aulas extraordinárias ou acréscimo de jornada;

f) professor contratado em Regime Especial. (PARANÁ, 2018, p. 16-17).

Essa distribuição de aulas acontece anualmente, não havendo garantia de permanência do mesmo profissional nas mesmas escolas. Dessa forma, é possível que a cada ano, professores e alunos passem por processo de adaptação, pois os planos de atendimentos elaborados num ano podem ou não ter continuidade, a depender da forma como cada profissional entende o serviço e de seus conhecimentos específicos para área de atuação.

Cabe ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado, apesar de garantido por lei, não é obrigatório, não podendo ser visto como condição para acesso ao ensino comum. O aluno e a família podem optar ou não por utilizar este serviço da educação especial.