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ANEXO 33: Matéria em CartaCapital – “Do Fora Temer ao Diretas Já”

4 ANÁLISE EM VEJA E CARTACAPITAL

4.1 VOTAÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

4.1.3 Partido dos Trabalhadores (PT)

A revista Veja, quando se refere ao Partido dos Trabalhadores (PT), expõe um Perfil

negativo/Vulnerabilidade do PT por meio das cinco estratégias argumentativas: autoridade,

comunidade, reenquadramento, analogia (metáfora) e analogia (comparação).

A primeira estratégia argumentativa – de autoridade – é encontrada na frase que cita que a Operação Lava Jato “[...] revelou toda a extensão do saque à Petrobras cometido pelo PT e por seus aliados [...]” (VEJA 1, p. 18). O prestígio que a Operação Lava Jato tem para algumas pessoas torna-a autoridade nesta frase, principalmente porque seria ela o que “revelou” a “extensão do saque à Petrobras” que o PT e seus aliados teriam cometido. Em outra frase que demonstra o perfil negativo do PT, a revista Veja se vale da competência acadêmica do cientista político Bolívar Lamounier: “A atual exacerbação dos ânimos [...] é

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fruto, na visão de Lemounier, do culto ao ‘nós contra eles’ que sempre marcou a política petista. ‘Isso não existia antes. Trata-se de algo correlativo à ascensão do PT ao poder’, argumenta” (VEJA 1, p. 47).

As frases que, com a mesma finalidade, apontam para “A derrota do PT [...]” (VEJA 1, p. 12) que “vem no bojo de uma crise duplamente devastadora: a ética e a ideológica” (VEJA 1, p. 12) e que seria “[...] a maior de sua história” (VEJA 1, p. 12) operam com a estratégia argumentativa de comunidade, uma vez que tratam de questões que permeiam as normas da sociedade como a ética, a ideologia e, consequentemente, o marco histórico exposto na última frase. Outras frases que também mostram a estratégia argumentativa de comunidade são as que afirmam que o PT, que era “guardião implacável da virtude alheia [...] perdeu o rumo quando caiu a máscara de sua própria desvirtude” (VEJA 1, p. 12) e que “[...] a diferença, agora, é que se abre oportunidades para que sejam enterrados dogmas equivocados do governo petista” (VEJA 1, p. 24).

A estratégia argumentativa de reenquadramento é aplicada na frase que mostra a vulnerabilidade do partido em conjunto com a “esquerda em geral”: “Embora engolfado pela crise da esquerda em geral, o PT contribui fartamente para a própria desorientação ideológica ao tropeçar em uma leitura excessivamente infantil da realidade” (VEJA 1, p. 13), mas também de modo individual, retomando o imaginário dos grandes índices de popularidade que o partido tinha: “A derrota do PT na Câmara, pelo placar que teve, seria inimaginável até pouco tempo atrás” (VEJA 1, p. 11). A mesma estratégia argumentativa também aparece em frases que falam sobre o perfil negativo do partido, mas que retomam as manifestações, deixando transparecer que foram as “maiores manifestações públicas da história do país”: “O que se viu nos protestos antigoverno em 13 de março passado, quando foram registradas as maiores manifestações públicas da história do país, não terá sido um mero movimento das elites, como o PT e seus simpatizantes tentaram fazer crer” (VEJA 1, p. 40).

Como última frase pertencente à estratégia argumentativa de reenquadramento, tem-se a que propõe que as propagandas do Partido dos Trabalhadores – com brasileiros felizes e sorridentes, bem empregados, com bons salários e comida farta à mesa (VEJA 1, p. 49) –, eram diferentes da realidade: “a comida de repente sumia dos pratos e trabalhadores felizes se viam, em um segundo, transformados em pedintes (VEJA 1, p. 49).

A estratégia argumentativa de analogia (metáfora) aparece na frase que afirma que “A face mais visível é a desconfiguração ética do partido, o que levou as camadas dirigentes a ser capturadas pelo dragão da corrupção partidária e pessoal” (VEJA 1, p. 12) e a que, como na

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frase exposta no protagonista Dilma Rousseff, expõe que “No domingo, o Brasil renunciou a Dilma, ao governo do PT” (VEJA 1, p. 11).

Já a estratégia argumentativa de analogia (comparação) aparece na frase que expressa que o PT “Confundiu nível de renda com classe social, confundiu oprimido com assalariado, confundiu doutrina com dogma, confundiu público com partidário, militante com servidor, atividade partidária com expediente comercial” (VEJA 1, p. 13). Mas mesmo que a revista apresente um perfil negativo sobre o Partido dos Trabalhadores, há também espaço para a popularidade do mesmo por meio da Finalidade Popularidade de Dilma Rousseff/Lula/PT. Veja, por meio da autoridade do cientista político Bolívar Lamounier, afirma: “Curiosamente, durante todo o processo do mensalão, não se verificou nada parecido. ‘Naquela época, não acontecem protestos populares porque havia um crédito de confiança no PT’, raciocina [...]” (VEJA 1, p. 47).

A revista Veja apresenta mais duas Finalidades quando apresenta o protagonista Partido dos Trabalhadores: Confirmação do impeachment quando, por meio da estratégia argumentativa de reenquadramento, expõe que: “São cada vez mais evidentes os sinais de que o ciclo petista no poder está perto do fim” (VEJA 2, p. 52); e a Finalidade Rearticulação do

PT/Mobilização por novas eleições que, também pela estratégia argumentativa de

reenquadramento, propõe que: “Em reação, o PT já começou articular uma proposta: antecipar as eleições presidenciais” (VEJA 1, p. 11) e “A ideia é que Dilma renuncie para que, em outubro [...] seja convocada uma nova eleição presidencial. É a forma petista de dar o troco a Michel Temer” (VEJA 1, p. 11).

Vistas as Finalidades apresentadas por Veja para falar sobre o protagonista Partido dos Trabalhadores, passa-se, agora, às Finalidades encontradas em CartaCapital. Tem-se, então,

Rearticulação do PT/Mobilização por novas eleições, de mesmo nome que a Finalidade

encontrada em Veja, pois as frases expressam, pela estratégia argumentativa de reenquadramento, a noção de convocação de novas eleições presidenciais: “A possibilidade de convocar novas eleições agrada a ministros do PT e petistas em geral” (CC 1, p. 23).

Também em CartaCapital, encontra-se a Finalidade Articulação contra o impeachment, expressa pela estratégia argumentativa de autoridade de um “líder alternativo”: “Foi para driblar a traição de Nogueira que, na última hora, o Planalto caçou um líder alternativo no PP para negociar votos contra o impeachment” (CC 1, p. 20); e pela estratégia argumentativa de reenquadramento, na frase que afirma que poderia ter a “fuga” de certos deputados para não participarem da votação: “Se certos deputados fugissem da capital para

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não votar, ideia do núcleo duro governista [...]” (CC 1, p. 18) ou a que afirma que: “Explicitar à sociedade a agenda econômica de Temer é uma das últimas esperanças do Planalto e do PT na dificílima tentativa de barrar o impeachment no Senado” (CC 1, p. 21).

Figura 18: Partido dos Trabalhadores (PT) – votação na Câmara dos Deputados Partido dos Trabalhadores (PT) CartaCapital Veja Rearticulação do PT/Mobilização por novas eleições Perfil negativo/ Vulnerabilidade do PT Articulação contra o impeachment Rearticulação do PT/Mobilização por novas eleições Autoridade (2) Reenquadramento (4) Analogia (metáfora (2)/comparação (2)) Reenquadramento (1) Reenquadramento (1) Reenquadramento (3) Comunidade (4) Confirmação do impeachment Reenquadramento (2) Autoridade (1) Popularidade de Dilma Rousseff/ Lula/PT Autoridade (1)

Fonte: Elaboração própria.