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partidos e sistemas eleitorais

No documento DAHL,Robert,Sobre a Democracia.pdf (páginas 76-78)

Provavelm ente, nenhum a instituição política m olda a paisa­ gem política de um país dem ocrático m ais do que seu sistem a eleitoral e seus partidos. N enhum a apresenta variedade m aior.

A s variações sao im ensas, a tal ponto que um cidadão, conhe­ cedor do sistem a partidário e dos arranjos eleitorais de seu país, poderá achar incom preensível o panoram a político de outro país ou. se com preensível, nada atraente. Para 0 cidadão de um país em que apenas dois partidos políticos disputam as eleições, o país do ­ tado de inúm eros partidos parecerá 11111 caos político. Para 0 cida­ dão de um país m ultipartidário ter apenas dois partidos políticos para escolher parecerá uma cam isa-de-força. Se cada um exam inar o sistem a partidário do outro país, as diferenças parecerão ainda m ais confusas.

Com o podem os explicar essas variações? A lguns sistem as partidários ou eleitorais serão mais dem ocráticos ou m elhores do que outros em determ inados aspectos?

Com ecemos com as principais variações nos sistem as eleitorais.

Os sistem as eleitorais

Ilá infinitas variações de sistem as eleito rais.1 Uma razão para tanta diversidade é o tato de que nenhum poderá satisfazer todos os

Com o afirma um excelente estudo, as variações são “incontáveis”. O m esm o estudo diz que. “essencialm ente, elas se dividem em nove principais sistem as.

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critérios pelos quais seria razoável qualquer julgam ento. Com o sem pre, é preciso haver negociações. Se escolhem os um sistem a, obterem os alguns valores - m as à custa de outros.

Por que isso acontece? Para um a resposta de tolerável b revi­ dade, reduzirei a frustrante série de possibilidades a apenas duas:

Representação proporcional

Entre as dem ocracias m ais antigas, o sistem a eleitoral m ais com um foi deliberadam ente criado para produzir uma correspon­ dência bastante aproxim ada entre a proporção do total de votos lançados para um partido nas eleições e a proporção de assentos que o partido obtém na legislatura. Por exem plo, um partido com 53% dos votos ganhará 53% dos assentos. Esse tipo de arranjo, em geral, é conhecido com o sistem a de representação proporcional -

ou RP.

First-past-the-post ou FPTP

Se os sistem as de representação proporcional foram criados para satisfazer um teste de justiça, poderíam os supor que todos os países dem ocráticos o adotassem . C ontudo, alguns não o fizeram . Em vez disso, preferiram m anter arranjos eleitorais que podem aum entar im ensam ente a proporção de assentos conquistados pelo partido com o m aior núm ero de votos. D igam os, um partido com 53% dos votos poderá ter 60% dos assentos. Na variante deste sis­ tem a utilizada na Inglaterra e nos Estados U nidos, é escolhido um só candidato de cada distrito; vence o candidato que tiver o m aior núm ero de votos. Devido à analogia com corridas de cavalos, é cham ado de sistem a first-past-the-post - ou FPTP.

que recaem em três grandes famílias". Andrew R eynolds e Ben R eilly. eds.. The International IDEA Hamibook q f Electoral System Design. 2. ed.. E stocolm o, Instituto Internacional para a Dem ocracia e A ssistência Eleitoral. 1997, p. 17. A s três “grandes famílias” têm maioria relativa de votos, representação semipropor- cional e representação proporcional. Para maiores detalhes, veja o A pêndice A.

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Pa lar ras sobre palavras

Nos Estados Unidos, em geral esse tipo de arranjo é cham ado de sistema de pluralidade, porque o can d id ato com um a p lu ra li­ dade (não necessariam ente a m aioria) de votos é o vencedor. Os cientistas políticos m uitas vezes se referem a este com o sistem a de "distritos de um só m em bro com uma pluralidade de eleições” - um título m ais literal, m as excessivam ente prolixo. First-past-the- post é o nom e usado na Inglaterra: é o que adotarei aqui.

RP x FPTP

Com o indiquei anteriorm ente, continua-se a discutir que tipo de sistem a eleitoral satisfaz m elhor a exigência de que as eleições devem sei livres e justas. Os críticos do F P I P alegam que. em ge­ ral, ele falha no teste da representação justa; às vezes, falha seria­ mente nesse critério. Por exem plo, nas eleições parlam entares da In glaterra em 1977, o P artid o T ra b alh ista co n q u isto u 64% dos assentos no Parlam ento - a m aior m aioria na história parlam entar m oderna; no entanto, essa conquista deveu-se a apenas 44% dos votos. O Partido Conservador, com 31% dos votos, ganhou apenas -5% dos assentos, e os azarados dem ocratas liberais, que tiveram o apoio de 17% dos votantes, terminaram com apenas 7% dos assentos! íO s candidatos dos outros partidos ganharam um total de 7% dos votos e 4% dos assentos.)

Com o acontece essa diferença entre a porcentagem de votos para um partido e a porcentagem de assentos? Im agine um sistem a dem ocrático m inúsculo, com apenas mil m em bros divididos entre dez distritos iguais; de cada um desses distritos os eleitores esco ­ lhem apenas um representante para o corpo legislativo. Im agine agora que em nossa pequena dem ocracia 510 eleitores (51% do total) votam para o Partido Azul e 490 (ou 49% ) para o Partido Verm elho. Suponham os então (por m ais im provável que pareça) que o apoio para cada um deles é perfeitam ente uniform e em toda a nossa m inidem ocracia: cada um dos dez distritos tem 51 eleitores do Azul e 49 do V erm elho. Com o term inaria a eleição? O Partido A zul vence em todos os d istritos e assim co n q u ista 100% dos

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assentos c um a “m aioria” de dez a zero 110 Parlam ento ( la b e la Exem plo 1)! Poderíam os am pliar o sistem a, incluindo um país in­ teiro. e aum entar im ensam ente o núm ero de distritos. O resultado perm aneceria o mesmo.

É razoável ter a certeza de que nenhum país dem ocrático m anteria o FPTP sob tais condições. Esse resultado estranho - e nenhum pouco dem ocrático - não acontece porque o apoio do par­ tido 11 cio é uniform em ente distribuído pelo país: em alguns distri- tos. os A zuis talvez tenham 65% dos votantes, em outros podem tei apenas 40% , e os V erm elhos ali têm os 60% restantes. Os distritos variam em torno da m édia nacional. Para um a ilustração hipotética, exam ine o Exem plo 2 da Tabela 2.

T A B E L A 2. Ilustração hipotética do sistema eleitoral Firsl-Past- the-Post

Há dez distritos, cada um com cem votantes, divididos entre os dois partidos (Azul e V erm elho), conform e vem os a seguir.

EXEMPLO 1. O a p o io a o s p a r tid o s é u n if o r m e

D istrito N úm eros de votos A ssentos conquistados A zuis (núm ero) V erm elhos (núm ero) A zuis V erm el 1 51 49 1 0 2 51 49 1 0 3 51 49 1 0 4 51 49 1 0 5 51 49 1 0 6 51 49 1 0 7 51 49 1 0 8 51 49 1 0 9 51 49 1 0 10 51 49 1 0 Total 510 490 10 0

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