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Em pouco mais de 1 ano e 8 meses de funcionamento, a Condesa havia acumulado uma dívida no valor de R$ 24.364.593,36, conforme consta no balanço patrimonial levantado em 30 de junho de 2006, especialmente para o ajuizamento da ação de recuperação judicial.

O empresário devedor alegou, na peça exordial, que a empresa chegou nessa situação de endividamento pelo atraso na construção do estabelecimento industrial, o que comprometeu o fluxo de caixa, bem como, não havia capital de giro suficiente para suportar a produção.

Por isso, antes de a empresa tornar-se insolvente, ajuizou no Fórum da Comarca de Rolim de Moura, em 10 de agosto de 2006, a ação de recuperação judicial, sendo distribuída para a 1ª vara cível sob o nº 0061470-09.2006.8.22.0010.

Após analisar os fundamentos do pedido de recuperação judicial, bem como o cumprimento dos requisitos indispensáveis contidos no texto do art. 51 e seus incisos, da lei 11.101/2005, e constatar que não foi cumprido, o juiz da causa determinou ao requerente que emendasse a inicial, sob pena de indeferimento do pedido e decretação imediata de falência.

O juiz da causa, em 19 de setembro de 2006, cumprindo o disposto no art. 52, I, II, III, e no art. 53 da LREF, deferiu o processamento da recuperação judicial, nomeou o administrador judicial, determinou a dispensa da apresentação de certidões negativas, ordenou a suspensão de todas as ações ou execuções contra a devedora, concedeu o prazo de 60 dias para apresentação do plano de recuperação judicial, dentre outras determinações.

A apresentação do plano de recuperação judicial ocorreu em 19 de novembro de 2006, no prazo legal, tendo sido recebido pelo juiz da causa, que determinou a publicação do edital de aviso aos credores, e estipulou o prazo de 30 dias para apresentação de objeções ao plano.

O plano de recuperação judicial tinha como alicerce o contrato de parceria firmado com a empresa Capitinga Produções Artísticas Ltda., no qual esta se comprometia a pagar um determinado valor por lata de leite condensado produzida, a título de prestação de serviço.

Nesse contrato de parceria, a Capitinga Produções Artísticas Ltda., se comprometia a fornecer toda a matéria-prima utilizada na industrialização e envasamento do leite condensado.

A Condesa propôs no plano de recuperação judicial condições especiais para obrigações vencidas, a qual está prevista no art. 50, I da LREF, tendo oferecido aos credores quirografários com créditos acima de R$ 5.000,00, o pagamento de juros remuneratórios de 6% ao ano, incidentes sobre o saldo devedor, no prazo de 120 meses, com carência de 24 meses. Às instituições financeiras, ofereceu bens imóveis não essenciais ao processo produtivo como parte de pagamento da dívida e o restante do saldo devedor a ser pago nas mesmas condições propostas aos quirografários.

No que diz respeito aos créditos tributários, o plano apenas mencionou o parcelamento dos débitos na forma e prazos permitidos pelo Código Tributário Nacional e a legislação estadual pertinente, até mesmo porque não estão sujeitos à recuperação judicial.

A empresa Rimet Empreendimentos Comerciais e Industriais S/A impugnou o valor de seu crédito informado pela Condesa no plano de recuperação judicial, alegando que o valor real seria superior ao informado.

O Banco da Amazônia S/A. (BASA), apresentou objeção ao plano de recuperação judicial, conforme disposição do art. 55 da LREF, principalmente no que se refere ao contrato firmado com a empresa Capitinga Produções Artísticas Ltda., alegando a existência de uma cláusula que limitaria a receita da devedora em 30% da capacidade instalada da indústria, inviabilizando a continuidade da empresa no mercado. Contestou também a projeção do fluxo de caixa contida no plano de recuperação, onde expõe que ao longo de 12 anos, haveria um déficit no valor de R$ 21.200.579,46. E, finalmente, alegou que a devedora inseriu no plano de recuperação um valor inferior ao devido, bem como estipulou a taxa de juros de 6% ao ano, quando, na verdade, a taxa de juros contratada é de 11,5% ao ano.

O juiz da causa, atendendo ao previsto no art. 56 da LREF, determinou em 12 de março de 2007, a convocação da assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial apresentado pela Condesa.

Em 15 de março de 2007, os peritos contábeis nomeados pelo juiz da causa, juntaram aos autos o resultado da perícia realizada nos documentos fiscais e contábeis da Condesa, nos quais se constatou diversas irregularidades que comprometem toda a contabilidade da empresa.

Após 18 dias da publicação do edital de convocação de credores da Condesa, em 3 de abril de 2007, realizou-se a primeira assembleia geral ordinária de credores, em conformidade com o disposto no art. 36 da LREF. Porém, essa assembleia não atingiu o quórum legal para ser instaurada e, por isso, designou-se data para a realização da segunda chamada para o dia 11 de abril de 2007 com qualquer número de participantes.

A segunda convocação da assembleia geral de credores ocorreu na data prevista, sendo presidida pelo administrador judicial, conforme previsão do art. 37 da LREF, com a presença dos credores trabalhistas, hipotecário e quirografários.

Na assembleia geral de credores, o representante do credor hipotecário se manifestou ratificando a inviabilidade do plano de recuperação apresentada anteriormente.

O representante de alguns credores quirografários discorreu sobre a falta de opção dos quirografários, não restando alternativa senão aprovar o plano, e outro representante de credor quirografário propôs a suspensão da assembleia por 30 dias para que o plano fosse revisto, sendo aceita pela maioria.

Após ter sido intimada das objeções que foram apresentadas ao plano de recuperação judicial, a Condesa juntou aos autos do processo um aditamento ao plano, no qual consta a rescisão unilateral do contrato de prestação de serviços firmado com a Capitinga Produções Artísticas Ltda., e apresenta 5 cartas de intenções de empresas interessadas em firmar parceria. Nesse aditamento não houve manifestação da Condesa sobre as impugnações e objeções ao plano de recuperação, principalmente no que se refere ao único credor com garantia real, o BASA.

O BASA juntou aos autos cópia da noticia criminis apresentada ao Ministério Público em face dos sócios da Condesa, por suposto cometimento de crimes previstos na LREF.

A assembleia geral de credores teve continuidade em 11 de maio de 2007, com a presença dos credores com garantia real, trabalhistas e quirografários. Na oportunidade, o sócio administrador da Condesa apresentou as alterações realizadas no plano de recuperação, sendo as mais significativas, a diminuição da dívida no montante de R$ 2.500.000,00, a rescisão unilateral do contrato firmado com a empresa Capitinga Produções Artísticas Ltda., e as cartas de intenções de algumas empresas em firmar parcerias.

O perito contábil contratado pelo administrador judicial para analisar o plano emitiu parecer técnico no sentido de não ser possível verificar a viabilidade do ingresso de novos parceiros, por não haver nenhum documento formalizando essas parcerias.

No que se refere ao valor de todos os créditos presentes à assembleia geral de credores, os que se manifestaram favoráveis à aprovação do plano de recuperação representaram 35,4%, sendo que os credores contrários à aprovação representaram 64,6% do valor total dos créditos.

No tocante a cada classe, o plano de recuperação judicial da Condesa foi aprovado por unanimidade dos presentes da classe dos credores trabalhistas, pela maioria dos presentes na classe dos credores quirografários, e rejeitado pelo único credor com garantia real. Esse resultado, em princípio, levaria a decretação imediata

da falência da Condesa, uma vez que não cumpre o disposto no art. 45, §1º da LREF.

A LREF prevê que, nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores devem aprová-lo, sendo que nas classes de credores titulares de créditos com garantia real e quirografários, com privilégio especial, geral ou subordinados, a proposta deve ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. Importante destacar que os credores com garantia real votam com a respectiva classe até o limite do valor do bem gravado, e com a classe de quirografários pelo restante do valor de seu crédito, conforme prevê o art. 41, II, §2º.

Na classe de credores titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho, a proposta deve ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes à assembleia, independentemente do valor de seu crédito, em conformidade com o art. 41, I, §1º da LREF.

Com a definição dos votos favoráveis e contrários ao plano de recuperação judicial, a assembleia geral de credores realizou a votação para a eleição do comitê de credores, conforme prevê o art. 35, I, “b” da LREF.

Logo após o encerramento da assembleia geral de credores, o administrador judicial emitiu parecer favorável à homologação do plano de recuperação judicial, opinando pelo afastamento do administrador e sócio majoritário da Condesa por suposto cometimento de crimes previstos na LREF, devendo ser nomeado um gestor judicial.

Em 25 de maio de 2007, o juiz da causa homologou e concedeu a recuperação judicial à Condesa.

No relatório da decisão concessória, o juiz da causa argumentou que a rejeição pelo maior credor não poderia ser um óbice à homologação da recuperação judicial, pois “o interesse dos 130 credores trabalhistas, 270 fornecedores e 1781 pequenos produtores de leite, muitos deles em regime de subsistência familiar, deve prevalecer sobre a imotivada rejeição de apenas uma classe de credores.”

O BASA opôs embargos de declaração da decisão que homologou e concedeu a recuperação judicial à Condesa, alegando ter havido, no plano de recuperação judicial, omissão em relação à objeção ao plano de recuperação apresentado antes da assembleia geral de credores, no qual houve alteração da

taxa de juros, outrora pactuada na cédula de crédito industrial em 11,5%, e reduzida quase à metade no plano apresentado pela Condesa, violando a lei 10.177/2001 (art. 2º, §1º) e o Decreto 5.951/2006 (art. 1º, II, “d”).

O juiz da causa não se manifestou sobre os embargos de declaração e, por isso, o BASA interpôs, ainda no prazo, agravo de instrumento sobre a mesma decisão homologatória do plano de recuperação judicial, com pedido liminar para concessão de efeito suspensivo à decisão. Nas suas razões do recurso o agravante alega que o juiz da causa infringiu a lei, respectivamente, os arts. 49, §2º e 58, §2º da LREF, ao homologar o plano e conceder a recuperação judicial, cuja decisão viola o ato jurídico perfeito e o direito de não fazer o que a lei não determina, garantidos no art. 5º, XXXVI da Constituição Federal.

O relator do recurso, distribuído para a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Rondônia sob o nº 100.010.2006.006147-0, indeferiu o pedido liminar e, no mérito, conheceu do recurso e negou-lhe provimento, com fundamento nos arts. 49, §2º e 58, §2º da LREF.

Em seu relatório, afirmou que o banco agravante transparece ignorar o fundamento essencial de que a recuperação judicial também decorre de provimento legislativo, e que o interesse definido na lei ultrapassa o econômico puramente privado, invocando uma interpretação lógica com o propósito de ajustar as relações negociais ao fim econômico e valores sociais.

Afirmou também não ter como plausível o direito do banco agravante, pelo contrário, entende ser o dano maior à agravada que a agravante, pois afeta diretamente inúmeros interesses de credores trabalhistas, quirografários e fornecedores.

O juiz da causa justificou a inexigibilidade das certidões negativas referentes às dívidas fiscais, invocando o princípio constitucional da proporcionalidade e, também, os princípios estabelecidos no art. 47 da LREF, princípio da preservação da empresa, proteção aos trabalhadores e interesse dos credores, os quais encontram amparo no art. 170 da Constituição Federal, que, por sua vez, observa os princípios da propriedade privada, função social da propriedade, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, dentre outros.

Na parte dispositiva da decisão, o juiz da causa, além de homologar e conceder a recuperação judicial, também homologou a eleição do comitê de

credores, nomeou o administrador judicial como gestor, pelo prazo de 60 dias, até ulterior convocação e deliberação pela assembleia geral de credores, conforme previsão do §1º do art. 65 da LREF, determinou o afastamento do sócio administrador da Condesa, com fundamento nas hipóteses do art. 64 dessa lei, determinou a busca e apreensão de documentos vinculados à conduta de crime falimentar, bem como determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal dos sócios da empresa e o arresto e a indisponibilidade dos seus bens móveis e imóveis, em conformidade com o §2º do art. 82 do mesmo diploma legal.

Por sua vez, o sócio administrador da Condesa interpôs o recurso de agravo de instrumento com pedido liminar para sua recondução à administração da empresa recuperanda contra a decisão do juiz da causa que homologou e concedeu a recuperação judicial. O juiz convocado relator desse recurso indeferiu o pedido liminar. A Câmara julgadora, por unanimidade, negou provimento ao agravo de instrumento nos termos do voto do relator, com fundamento no art. 64 da LREF.

Em 6 de agosto de 2007, a empresa Bertin Ltda. (hoje denominada Bracol Holding Ltda.), com sede no município de São Paulo, requereu ao juiz da causa a juntada de sua proposta de aquisição da totalidade das quotas em que se divide o capital social da Condesa, com validade de 15 dias.

Nessa proposta, a Bertin Ltda., juntamente com a empresa Zanone Consultores Associados e Representações Ltda., informa ter ciência da situação econômico-financeira da Condesa, e assume a responsabilidade pessoal e incondicional pelo integral e tempestivo pagamento de todas as dívidas, nos termos estabelecidos no plano de recuperação judicial, inclusive os débitos tributários. Assume também a responsabilidade de substituição das garantias oferecidas pelos sócios proprietários da Condesa por outras idôneas.

A proposta ficaria condicionada à aprovação pelo comitê de credores, homologação pelo juiz da causa e inexistência de qualquer vínculo contratual com a Capitinga Produções Artísticas Ltda. e Comercial Leite Mania Ltda. ou qualquer contrato de facção ou similar.

O comitê de credores se reuniu em 7 de agosto de 2007, para analisar a proposta da empresa Bertin Ltda., e decidiu aprovar incondicionalmente a proposta de aquisição da integralidade das quotas da Condesa, com a assunção das obrigações estabelecidas no plano de recuperação homologado. Decidiu também, a

imediata substituição do administrador judicial da função de gestor judicial por uma pessoa indicada pela Bertin Ltda.

O juiz da causa, no despacho em 10 de agosto de 2007, autorizou o administrador judicial a convocar uma assembleia geral de credores para deliberar sobre o novo gestor e a contratação de advogado especialista para análise, parecer e acompanhamento da proposta de aquisição pela Bertin Ltda.

Antes de a data marcada para ocorrer a assembleia geral de credores, o juiz da causa decidiu homologar e aprovar a proposta de aquisição das quotas do capital social da Condesa pela empresa Bertin Ltda. e Zanone Consultores Associados e Representações Ltda., na qual assume integralmente o passivo e todas as condições estabelecidas no plano de recuperação judicial, bem como outras obrigações posteriores.

O juiz da causa justificou a desnecessidade de aprovação dos credores para a alienação das quotas, pelo fato de não haver alterações objetivas do plano de recuperação, e até mesmo subjetiva, pois o devedor permanece o mesmo. Entendeu também desnecessária a assembleia geral de credores para aprovação do novo gestor, pois o novo sócio indicaria livremente um novo administrador. Ressaltou ainda, que os credores foram representados pelo respectivo comitê, que aprovou incondicionalmente a alienação das quotas, conforme atribuições previstas no art. 27, incisos I e II da LREF.

Assim, os sócios da Condesa cederam 100% de suas cotas sociais, sendo 95% para a empresa Heber Participações Ltda. (holding do grupo Bertin), e 5% para a empresa Zanone Consultores Associados e Representações Ltda., alterando totalmente o controle societário, conforme previsão disposta no art. 50, III da LREF. Após essa aquisição, a Heber Participações Ltda. tornou-se sociedade anônima e decidiu em assembleia de acionistas transferir suas cotas para a empresa Indústrias Bertin Ltda., tendo sido homologada pelo juiz da causa.

Em 21 de setembro de 2007, a empresa Parmalat Brasil S.A Indústria de Alimentos (em recuperação judicial) interpôs agravo de instrumento com efeito suspensivo contra a decisão interlocutória que homologou e aprovou a cessão de quotas da Condesa para a Bertin Ltda.

Por suas razões do agravo, a Parmalat Brasil S.A alega que a alienação das quotas da Condesa não foi submetida à aprovação dos credores, e que o plano de recuperação judicial deve ser revisado e modificado, pois a empresa adquirente

possui condições financeiras para cumprir as obrigações num tempo bem menor do que os 12 anos previstos no plano de recuperação.

O juiz convocado relator do recurso de agravo de instrumento com efeito suspensivo interposto pela empresa Parmalat Brasil S.A, indeferiu a pretensão liminar, por entender que a alienação não alterou o plano de recuperação nem tampouco acarretou prejuízo a qualquer credor, pelo contrário, a empresa adquirente possui um grande poderio econômico e pode dar continuidade às atividades da Condesa e cumprir fielmente com as obrigações estabelecidas no plano. No mérito, a Câmara julgadora conheceu do recurso e, por unanimidade, negou-lhe provimento nos termos do voto do relator.

Após a alteração do controle societário da Condesa, os novos administradores encontraram dificuldades para gerir a empresa, principalmente, pelas restrições de crédito de alguns fornecedores e bloqueios das contas correntes efetuados, via Bacenjud, por outros juízos, dentre os quais, destacam-se os trabalhistas.

O principal problema encontrado pelo novo sócio da Condesa ocorreu com as dívidas trabalhistas, pois o Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14) condenou a empresa a pagar em todas as reclamações trabalhistas, as multas dos arts. 467 e 477 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo que a primeira é aplicada se a reclamada não efetua o pagamento das verbas rescisórias incontroversas na audiência de conciliação, e a segunda, a título de indenização pela demissão sem justa causa.

A Condesa alegou que as multas impostas pelo TRT-14 acresceram à dívida trabalhista mais de 150%, cuja diferença alterou o cronograma estabelecido no plano de recuperação judicial, inviabilizando o cumprimento dos pagamentos nas datas previstas e, por isso, requereu ao juiz da causa a convocação de uma assembleia geral de credores para deliberar sobre a exclusão ou redução das multas, bem como a suspensão do prazo de pagamento das dívidas trabalhistas até a decisão do pleito.

A Condesa teve seu pedido, em parte, deferido pelo juiz da causa, que designou uma audiência com os credores trabalhistas e suspendeu os pagamentos até ulterior deliberação.

Nessa audiência a Condesa pedia a redução de 50% da multa e parcelamento em 6 vezes, sendo rejeitada pelos credores trabalhistas, restando a conciliação infrutífera.

Diante do impasse em relação às multas inseridas nos valores dos créditos trabalhistas, o juiz da causa decidiu determinar ao administrador judicial para elaborar novos cálculos separando dos valores trabalhistas as multas por inadimplência superiores a R$ 5.000,00, classificando-as como créditos quirografários, assim como os valores superiores a 150 salários mínimos previstos no art. 83, inciso I, da LREF. Não houve recurso dessa decisão.

Para resolver o problema das restrições de crédito impostas pelos fornecedores e os bloqueios judiciais das contas correntes, os administradores da Condesa decidiram firmar um contrato de arrendamento com a empresa Bertin Ltda., que passou a gerir os negócios, mas com a manutenção do título do estabelecimento da Condesa. O contrato de arrendamento tem a duração de 10 anos, e prevê o pagamento do valor no importe de R$ 200.000,00 mensais a arrendante, através de guia de depósito judicial efetuado em conta judicial vinculada ao juízo da causa.

Posteriormente, a empresa Bertin Ltda. (atualmente denominada Bracol Holding Ltda.) firmou com a Condesa um adendo ao contrato de arrendamento para transferi-lo à empresa Bertin S/A e, sem seguida, transferiu para a empresa S/A Fábrica de Produtos Alimentícios Vigor (subsidiária da empresa JBS S/A), a qual assumiu todos os direitos e obrigações contratuais.

Insta destacar que o arrendamento do estabelecimento é um dos meios de recuperação elencado no inciso VII do art. 50 da LREF.

Em 19 de fevereiro de 2009, a empresa Zanone Consultores Associados e Representações Ltda., sócia minoritária da Condesa com 5% das cotas sociais, decidiu ceder 4,99% de suas cotas para a sócia majoritária Indústrias Bertin Ltda., e 0,1% para a pessoa física Oswaldo Solfa, o qual passou a ser o administrador da Condesa.

A empresa Atacadão Rio Branco Exp. Imp. Ltda., requereu ao juiz da causa a convolação da recuperação judicial da Condesa em falência, com fundamento nos arts. 61, 62, 73, inciso IV e 94, III, “g”, alegando que não recebeu nenhuma parcela do seu crédito. Por sua vez, a Condesa contestou o pedido argumentando que a credora não havia informado os dados bancários para receber

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