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CAPÍTULO 4 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO COMO TAREFA DO ESTADO

4.5 Instrumentos de Gestão Territorial

4.5.3 Estado de elaboração, linhas de orientações e repercussões espaciais

4.5.3.3 PEOT

A cobertura do país por PEOT é fraca: existem apenas 3 Planos de Gestão de Áreas Protegidas (num total de 47 áreas declaradas) e 5 Planos de Ordenamento Turísticos num universo de 29 zonas de desenvolvimento turístico integral. Não há planos de ordenamento da orla costeira nem de ordenamento de bacias hidrográficas.

Quanto aos Planos de Gestão de Áreas Protegidas, oficialmente 3 (6,4%) das áreas protegidas terrestres possuem Planos de Gestão concluídos, homologados pelo Governo e publicados em Boletim Oficial (quadro 42). Está em implementação o projeto de consolidação do sistema das áreas protegidas de Cabo Verde financiado pelo Fundo para o Ambiente Global no valor de cerca de 4 milhões de dólares. O projeto visa criar novas unidades de áreas protegidas e apoiar a elaboração de planos de gestão para as áreas protegidas de S.Vicente, Santo Antão, Sal e Boavista.

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Quadro 42 - Planos de Gestão de Áreas Protegias em vigor (Janeiro de 2013)

Plano de Gestão de Áreas Protegidas Estado de Ordenamento N.º B.O. e data de publicação do POT Obs. Parque Natural do Fogo da Ilha do Fogo

Plano elaborado e publicado em B.O.

B.O. n.º 15/2010, I Série, de 19 de Abril

Resolução nº 20/2010, Aprova o

Plano de Gestão do Parque Natural do Fogo, Ilha

do Fogo. Parque natural Serra

da Malagueta na ilha de Santiago Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 45/2008, I Série, de 08 de Dezembro Resolução nº 40/2008:

Aprova o Plano de Gestão do Parque Natural de Serra Malagueta, Ilha de Santiago.

Parque natural Monte Gordo na Ilha de São Nicolau Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 45/2008, I Série, de 08 de Dezembro Resolução nº 41/2008:

Aprova o Plano de Gestão do Parque Natural do Monte Gordo, Ilha de São Nicolau.

Os objetivos e as finalidades associados à elaboração desses planos são proteger, conservar, ou restaurar elementos e processos naturais e culturais com toda a sua diversidade biológica, singularidade e beleza; promover o desenvolvimento sócio-económico, através de formas que conciliem a melhoria de qualidadede vida das comunidades locais com a conservação dos valores naturais e culturais; ordenar os usos e atividades, compatibilizando- se o uso público com a conservação dos valores naturais e culturais; potenciar as atividades educativas, recreativas e científicas. Geralmente o Parque é classificado em zonas, em função do maior ou menor nível de proteção requerida pela fragilidade dos seus elementos ou processos ecológicos, pela sua capacidade de suportar usos, pela necessidade de dar cabimento aos usos tradicionais e instalações existentes ou pelo interesse de aí instalar serviços.

Fonte: Resolução nº 41/2008, B.O. n.º 45/2008, I Série, de 08 de Dezembro

Figura 45– Planta de Zonamento da área protegida de Serra Malagueta

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A gestão e controlo das áreas protegidas confronta-se com alguns constrangimentos, nomeadamente a não publicação oficial dos limites e a ocupação indevida dessas áreas com urbanização e alguma ineficiência no controlo institucional dessas áreas.

No que diz respeito aos POT, de 2008 a 2010 foram elaborados 5, correspondendo a 17,2% do universo das ZDTIs declaradas oficialmente.

Na ilha da Boavista todas as ZDTI`s sob a gestão da SDTBM possuem Planos de Ordenamento Turístico (POT) concluídos, homologados pelo Governo e publicados em Boletim Oficial (quadro 43).

Quadro 43 - Planos de ordenamento de ZDTI em vigor (Janeiro de 2013)

Da mesma forma, na ilha do Maio, exceptuando o de Pau Seco, todos os planos de ordenamento turístico estão concluídos, homologados pelo Governo e publicados em Boletim Oficial.

ZDTI Fase N.º B.O. e data de

publicação do POT Obs. Chave (Boavista) Em vigor. Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 25/2008, I Série, de 07 de Julho Portaria nº 20/2008:

Aprova o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da Zona de Desenvolvimento

Turístico Integral de Chaves.

Morro de Areia (Boavista) Em vigor. Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 5/2009, I Série, de 02 de Fevereiro Portaria Conjunta n° 1/2009:

Aprova o Plano de Ordenamento Turístico da ZDTI de Morro de Areia. Santa Mónica (Boavista) Em vigor. Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 23/2009, I Série, de 08 de Junho Portaria nº 21/2009:

Aprova o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da Zona de Desenvolvimento

Turístico Integral de Santa Mónica.

Sul da Vila do Maio

(Maio) Em vigor. Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 23/2009, I Série, de 08 de Junho Portaria nº 20/2009:

Aprova o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da Zona de Desenvolvimento

Turístico Integral de Sul da Vila do Maio. Ribeira de D. João (Maio) Em vigor. Plano elaborado e publicado em B.O. B.O. n.º 2/2010, I Série, de 11 de Janeiro Portaria nº 2/2010:

Aprova o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da Zona de Desenvolvimento

Turístico Integral da Ribeira de D. João, ilha do Maio.

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De acordo com a Sociedade de Desenvolvimento Turístico de Boavista e Maio5, os objetivos associados à elaboração dos POT prendem-se com:

a) Concretizar a política de ordenamento das zonas turísticas especiais de forma a estruturar uma parcela do território municipal de acordo com um modelo e uma estratégia de desenvolvimento orientado para o turismo;

b) Estabelecer normas gerais de ocupação, transformação e utilização do solo que permitam fundamentar um correcto zonamento, a utilização e gestão das zonas turísticas abrangidas, visando salvaguardar e valorizar os recursos naturais, promover a sua utilização sustentável, bem como garantir a proteção dos valores ambientais e do património natural, paisagístico e sócio-cultural;

c) Definir princípios, orientações e critérios que promovam formas de ocupação e transformação do solo pelas atividades humanas, de forma integrada, de acordo com as aptidões e potencialidades de cada área abrangida, com destaque para: Regulamentação dos critérios de reclassificação do solo rural como solo de desenvolvimento de empreendimentos turísticos;

d) Associação de edificabilidade em espaço rural a critérios de sustentabilidade, dimensão e conexão com o desenvolvimento de infraestruturas turísticas;

e) Promoção do turismo de alta qualidade;

f) Desenvolvimento de programas turísticos orientados para áreas e necessidades específicas;

g) Promoção da qualidade de vida das populações;

h) Produção de formas integradoras de ocupação e transformação dos espaços que favoreçam a salvaguarda da estrutura ecológica da ZDTI, a renovação dos ecossistemas e a expansão dos espaços verdes;

i) Definir, quantificar e localizar as conexões com as infraestruturas básicas necessárias ao desenvolvimento futuro, garantindo a equidade dos empreendimentos turísticos no acesso a infraestruturas, equipamentos coletivos e serviços de interesse geral;

j) Definir, localizar, quantificar e hierarquizar os espaços da ZDTI de acordo com a aptidão para o desenvolvimento turístico determinando, em cada caso, a capacidade de carga e / ou níveis sustentáveis de exploração.

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O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde 2010/2013, estabelece balizas para a promoção da infraestruturação das ZDTI e das outras áreas turísticas em geral, visando o desenvolvimento turístico de alta qualidade, assegurando a compatibilização ambiental, infraestrutural e urbanística. Daí a aposta na infraestrutura local que lhe serve de suporte, e a preservação ambiental para fazer face aos constrangimentos que ainda se verificam nesses domínios. Porém, tem-se assistido ao desfasamento entre a infraestrutura local e os investimentos turísticos e á falta de complementaridade territorial entre empreendimentos turísticos e áreas existentes. Por outro lado, o risco de ocupação indevida das ZDTI por expansão urbana e os conflitos com áreas de interesse ambiental impõe a necessidade urgente de elaboração dos POT para as áreas que ainda faltam bem como um controlo mais efetivo.

Os Planos Sectoriais de Ordenamento do Território (PSOT) completam os instrumentos da responsabilidade da administração central. São instrumentos de programação ou de concretização das diversas políticas setoriais com incidência na organização do território, a exemplo de:

 Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde

 Plano Nacional de Saneamento Básico

 Documento de Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza

Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza

 Plano Estratégico dos Transportes

 Plano de Ação e Gestão Integrada dos Recursos Hídricos

 Plano Estratégico da Agricultura e Pesca

 Carta Desportiva de Cabo Verde

 Plano Estratégico para a Educação

 Politica Nacional de Saúde

 Estratégia de Desenvolvimento do Sector Eléctrico

 Estratégia Nacional para as Energias Domésticas

 Plano de Ação Florestal Nacional

 Plano Diretor de Irrigação

 Plano Diretor da Pecuária

 Programa de Ação Nacional de Luta contra Desertificação

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 Estratégia e Plano de Ação Nacional para o Desenvolvimento das Capacidades na Gestão Ambiental Global em Cabo Verde

 Estratégia Nacional e Plano de Ação sobre a Biodiversidade

 Estratégia e Plano de Ação Nacional sobre medidas de adaptação às mudanças climáticas

 Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas

 Plano Nacional de Contingência para Redução de Desastres

 Política Energética de Cabo Verde

 Plano Energético Renovável para Cabo Verde

 Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Sector Industrial

 Plano de Gestão dos Recursos da Pesca

Os planos setoriais não têm sido sujeitos a consulta pública como mandam a LBOTPU e o RNOTPU e normalmente não são enviados à DGOTDU para emissão de parecer sobre os seus efeitos territoriais. Na verdade, as políticas setoriais geradoras de afetação no território foram integradas no sistema de gestão territorial, sob a designação de instrumentos de gestão territorial de natureza setorial, mas têm sido um “elemento estranho” neste sistema, derivado de alguma falta de entendimento do seu papel e impacto na transformação do território, da falta de articulação, colaboração e coordenação eficazes.

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