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CAPÍTULO 3 DOS TEMAS E PROBLEMAS DA PESQUISA AOS CAMINHOS E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO

3.5 Perfil dos colaboradores

As primeiras questões colocadas para os professores entrevistados diziam respeito ao seu pertencimento racial e étnico. Propositalmente, havia uma questão que remetia a classificação dos colaboradores quanto à identificação da cor da pele e outra que buscava explorar o pertencimento racial e étnico dos mesmos.

As categorias utilizadas foram aquelas definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – e também adotada pelo movimento negro brasileiro, que tinham como objetivo explorar como os professores viam suas características relacionadas ao fenótipo,47 dentre as quais a cor da pele, bem como a associação aos aspectos de pertencimento racial e étnico, que não figuram mais no universo da percepção, mas da consciência. A relação entre autopercepção e autoconsciência, elementos fundantes para uma prática emancipatória dos sujeitos na educação, estava no cerne da nossa indagação.

As duas tabelas seguintes apresentam os dados coletados.

Tabela 1 Quanto a cor da pele

QUANTIDADE PERCENTUAL

Branca 16 40%

Negra 14 35%

47 FENÓTIPO = remete as características biológicas e físicas dos indivíduos; EXTERIOTIPOS = remetem as características exteriores dos indivíduos, em geral, relacionadas aos aspectos da cultura, dos costumes sociais, dos valores simbólicos. A este respeito ver capítulos I e II desta tese de doutorado.

Parda 10 25%

Outras 00 00

Não respondeu 00 00

Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Na tabela, podemos identificar que 16 professores se declararam brancos, 14 negros e10 pardos. Em números percentuais, os professores que se identificam como brancos representam 40% da amostra, os professores negros 35% e os professores pardos 10%.

Considerando-se isoladamente cada grupo de acordo com a autoidentificação pelo fenótipo da cor, os professores brancos representam maior número; porém, os afrodescendentes ou aqueles que se identificam com os indígenas, por exemplo, são a maioria da amostra.

Constatamos que antes da consciência racial está a consciência de quem se é, pois uma identidade forjada em diferentes contribuições seja ela europeia, africana, ou mesmo nativa das Américas se verifica aí. Destaca-se que 60% destes professores entrevistados remetem suas características identitárias aos povos afro-indígenas brasileiros.

O gráfico nº 1 ilustra a identificação dos entrevistados no que se refere à cor da pele dos indivíduos.

Gráfico 1

Quanto a cor da pele

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

A tabela seguinte apresenta os dados coletados referentes a autoafirmação dos professores entrevistados quanto ao seu pertencimento racial e étnico. Verifica-se que há variações quanto as respostas apresentadas na tabela anterior, dentre as quais, uma redefinição quanto a autoimagem.

Tabela 2

Pertencimento racial/étnico

QUANTIDADE PERCENTUAL

Negro 18 45%

Indígena 02 5%

Outras 03 7,5%

Não respondeu 02 00

Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

No universo dos entrevistados, 15 professores se declararam pertencentes a raça branca, o que evidencia em hipótese que um daqueles que anteriormente se auto-declarou de fenótipo branco, relaciona a sua identidade racial aos índios brasileiros, haja vista que, em tese, não poderia se considerar negro; 18 professores se declararam pertencentes a raça negra – confirmando em parte a tendência do IBGE, que classifica pardos e pretos como pertencentes a raça negra. Em parte haja vista que dos 10 entrevistados que se declararam pardos, provavelmente, apenas quatro, menos de 50% se identifica com a raça negra, os demais, dois se declararam indígena, três pertencentes a outras raças e dois não responderam a pergunta.

Seria, ainda, difícil para um pardo se considerar pertencente à raça negra, conforme apontam diversos estudos? Que outros pertencimentos raciais seriam estes, desconhecidos pela nossa classificação e pelas classificações oficiais? Por que dois dos entrevistados preferiram não responder a pergunta?

Uma das possíveis respostas, talvez, esteja na recusa supostamente científica do conceito de raça; e como para nós esta é uma questão muito mais ideológica que propriamente científica, conforme já dissertamos em outros capítulos, a manutenção da nomenclatura foi proposital.

O gráfico nº 2 ilustra a representação dos entrevistados segundo a autodeclaração racial.

Gráfico 2

Pertencimento racial/étnico

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Neste, verifica-se que em termos de afirmação a um pertencimento racial, negros e indígenas representam 50% dos professores entrevistados, já os agrupamentos brancos representam 37%, e, aqueles que se identificam com outros agrupamentos ou não responderam representam 13%.

Outros quesitos, que buscamos explorar junto aos professores entrevistados que responderam ao nosso questionário, foram os aspectos vinculados à opção sexual e ao que chamamos de situação de gênero.

Estas duas dimensões da identidade dos sujeitos da sociedade atual ganham dimensão e importância à medida que os papéis sociais historicamente, ocupados por homens, mulheres, crianças, idosos, homossexuais e heterossexuais e outras subcategorias sociais, são redefinidos devido às novas configurações que assumem a família, a escola e a sociedade.

A identidade profissional do professor é permeada por estas dimensões que interferem na sua formação. Ao abordar estes aspectos, buscamos perceber como estas “identidades” interferem nas percepções e construções que os professores possuem acerca do processo de formação profissional por eles vivenciados.

A próxima tabela apresenta os dados tabulados no que se refere ao quesito opção sexual e gênero.

Tabela 3 Opção sexual/gênero

OPÇÃO SEXUAL/GÊNERO QUANTIDADE PERCENTUAL

01 Heterossexual 38 95%

02 Homossexual 02 05%

03 Outros 0 0%

Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Com base na autodeclaração dos professores, que responderam aos questionários, 26 se declararam professoras do sexo feminino, 12 de declararam pertencentes ao sexo masculino, ambos heterossexuais e dois dos entrevistados se declararam homossexuais sem especificar se masculino ou feminino.

Se dentre os profissionais do magistério em nível nacional e no Estado de Minas Gerais, verifica-se uma hegemonia das professoras, ou seja, do sexo feminino, dentre os professores que participaram desta pesquisa, esta tendência é seguida.

Não se despreza, porém, a expressividade dos professores do sexo masculino, que representam um número significativo da amostra estudada.

Encontramos, ainda, um colaborador que não respondeu a pergunta por nós formulada. Nosso esforço não reside em compreender os motivos pelos quais nosso colaborador (a) se esquivou da resposta; mas o de compreender como os instrumentos que definem a identidade profissional do professor e da professora, nem sempre são tão perceptíveis ou mesmo simples escolhas para estes, pois passam por inúmeros aspectos de ordem simbólica ou mesmo imaginária, dentre os quais, a identificação como heterossexual ou homossexual não é operação simples, mas remete a uma reflexão complexa por parte dos professores.

Relações de gênero e diferentes opções sexuais, bem como relações raciais e opções de raça e etnia, estão na base das relações de poder em nossa sociedade – são a infraestrutura material sobre a qual se edificam a superestrutura econômica, ideológica, política e social, e edificam-se as instituições do estado moderno.

Esta afirmação é evidente, visto que contraria as formulações oriundas dos pensadores de orientação marxista, como também daqueles que se alinham a outras correntes de pensamento que, na maioria das vezes, atribuem esta infraestrutura ou a aspectos econômicos (como fazem os marxistas), ou a aspectos outros como ideológicos (como o fazem os estruturalistas), ou mesmo metafísicos (como o fazem a maioria das escolas europeias – escola crítica, humanista, escola reflexiva, escola renovada, etc...). Mas também converge, pois considera que a ideologia compõe a base material sobre a qual se assenta a economia – sobre o racismo, sobre o machismo, sobre o sexismo, sobre a homofobia – e se estruturam relações de trabalho, de troca e de produção material da vida, desiguais, e que tendem a exploração dos chamados subgrupos sociais.

Uma antecipação pode ser representada pela pluralidade de leituras que essas várias escolas teóricas nos possibilitam, e não pela unidade temática a que muitas vezes elas nos forçam. Uma teoria da pluralidade paradigmática está por surgir, não como uma síntese (operação predileta do pragmatismo teórico de base europeu moderno), ou pela dualidade paradigmática (antigas bases teóricas deste mesmo pragmatismo), mas pela incorporação.

Gráfico 3

Opção sexual e de gênero

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

No gráfico, 65% da amostra da nossa pesquisa se declarou como pertencentes ao sexo feminino (heterossexual); já 30% se declararam como pertencente ao sexo masculino (heterossexual) e, 5% se declararam como homossexual (masculino e/ou feminino).

Estes percentuais seguem a tendência do perfil da rede pública municipal e estadual no que se refere à opção sexual e de gênero, e reforçam, ainda, aspectos relacionados à necessidade de se compreender a identidade destes professores em razão de aspectos mais relacionados à diversidade cultural das várias identidades que permeiam a concepção do professor acerca da sua profissão.

As questões seguintes buscam explorar as questões referentes à identidade profissional, formação e titulação dos professores.

No que se refere à formação inicial para o magistério, perguntamos aos entrevistados em qual instituição os mesmos obtiveram a titulação que os habilitou para o exercício do magistério.

Tabela 4

Quanto à instituição de formação

INSTITUIÇÃO QUANTIDADE PERCENTUAL

01 Brasil Central de Educação e Cultura- Abracec 01 03%

02 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Patos de Minas 02 05%

03 Universidade Presidente Antonio Carlos- Unipac 03 07%

04 Universidade Federal de Uberlândia- UFU 17 42%

05 Centro Universitário do Triângulo- Unitri 03 07%

06 Escola Estadual José Inácio de Souza 02 05%

07 Faculdade Católica de Uberlândia 03 07%

08 Universidade Federal do Amazonas 01 03%

09 Universidade Estadual de Goiás 01 03%

10 Escola Estadual de Uberlândia48 01 02%

11 Universidade de Uberaba 01 03%

12 Faculdade de Ciências e Letras de Formiga 01 03%

13 Universidade do Norte do Paraná 01 02%

14 Faculdade de Ciências e Letras de Ituverava 01 03%

15 Não responderam 02 05%

Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Os dados apresentados na tabela representam o universo das instituições identificadas como responsáveis pela formação inicial dos professores da Educação Básica na cidade de Uberlândia, MG, e são reveladores de diversos aspectos que contribuíram de forma particular para a nossa pesquisa.

Na análise dos dados, faz-se necessário ressaltar que, nesta tabela específica, como em outras analisadas mais adiante, admitia-se mais de uma resposta para cada entrevistado, haja vista que, alguns deles (identificamos três), obtiveram sua formação inicial em mais de uma instituição de ensino. A principal recorrência é de professores da educação infantil e ensino fundamental que obtiveram formação inicial em escolas de magistério na modalidade normal, até então, presentes na cidade de Uberlândia, MG, e também, em nível de Licenciatura Plena em Instituições de Ensino Superior da cidade.

Adentrando no universo das instituições identificadas e listadas na tabela, constatamos que a Universidade Federal de Uberlândia – UFU, isoladamente, é a principal e mais importante instituição responsável pela formação inicial dos professores da Educação Básica nesta cidade, sendo que do universo de 40 entrevistados, 17 tiveram a sua formação inicial realizada nesta instituição. A UFU é seguida de longe, por três instituições de ensino privadas – a Universidade Antônio Carlos (Unipac), Universidade do Triângulo (Unitri) e a Faculdade Católica de Uberlândia (FCU) – responsáveis, em cada uma delas, pela formação

de três professores. Esta constatação contrasta com a realidade vivenciada em diversas outras localidades do País.

Verifica-se, também, um número expressivo de professores que obtiveram a sua formação inicial em instituições de ensino superior de outra cidade, ou mesmo, de outros estados do País – Patos de Minas, MG; Uberaba, MG; Formiga, MG; Goianésia, GO; Amazonas e São Paulo – confirmando que em Uberlândia, MG, há um número significativo de professores “migrantes”, oriundos destas localidades.

O gráfico nº 4 ilustra a participação das instituições de formação inicial de professores na cidade de Uberlândia, MG.

Gráfico 4

Quanto à Instituição de formação/titulação

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

No gráfico, é possível verificar a participação das Instituições de Ensino Superior – IES, no universo total de respostas obtidas junto aos docentes entrevistados. A universidade Federal de Uberlândia representa, sozinha, 42% das respostas, seguidas por outras instituições com uma participação de 7%.

A seguir são apresentados os dados referentes à natureza jurídica das instituições onde os professores entrevistados se formaram, vejamos.

Tabela 5

Quanto à natureza jurídica das instituições de formação

NATUREZA QUANTIDADE PERCENTUAL

Instituição pública 21 52%

Instituição privada 19 48%

Outra forma/ não sei 0 0%

TOTAL 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Na tabela, são apresentados os dados referentes à natureza jurídica das instituições responsáveis pela formação inicial dos professores entrevistados. Nesta verifica-se que 21 professores foram formados em IES públicas de Ensino Superior enquanto 19 professores foram formados em IES privadas. Novamente, contrariando a tendência de outros estados e regiões do País, como no caso do Estado de São Paulo, a maioria dos professores obteve a formação inicial para o magistério em instituições públicas de ensino, fato que nos alerta para a importância destas instituições pensarem de forma particular e com a devida atenção à importância da formação de professores na organização da sua proposta curricular e de estruturação dos cursos.

Vejamos os dados ilustrados no gráfico nº 05.

Gráfico 5

Quanto à natureza jurídica das instituições

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Conforme visualizado no gráfico, as instituições públicas foram responsáveis por 52% da formação inicial dos professores entrevistados, enquanto que as instituições privadas foram responsáveis por 48% desta mesma formação.

A próxima tabela apresenta os dados referentes ao maior nível de formação obtido pelos professores participantes da nossa pesquisa.

Tabela 6

Nível de formação acadêmica/titulação

NÍVEL DE FORMAÇÃO QUANTIDADE PERCENTUAL

Ensino Médio (magistério) 02 5%

Graduação 18 45% Pós-graduação (especialização) 17 42% Mestrado 03 8% Doutorado 00 00 Outros 00 00 Não respondeu 00 00 Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

No que se refere ao nível de formação dos entrevistados, os mesmos não foram orientados a informar somente o maior nível de titulação, assim houve professores que informaram mais de um nível de formação. Desta forma chegamos ao seguinte quadro geral.

Dentre os professores entrevistados: dois deles, ou seja, 5% informaram possuir formação de magistério em nível médio; 18 deles, ou seja, 50% informaram possuir formação em nível de graduação; 17, ou seja, 37% informaram possuir curso de Pós-graduação em nível de especialização; três professores, ou seja, 8% informaram possuir curso de Pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado.

A partir deste universo podemos constatatar dentre outros fatores, que: 50% dos professores entrevistados possuem Pós-graduação em nível de especialização ou mestrado; a maioria possui curso de graduação em Instituição de Ensino Superior; Apenas 5% possuem formação em nível de ensino médio.

Estas informações nos permitem aferir que os professores entrevistados, em sua maioria, possuem um elevado nível de formação escolar e formação específica para atuação no magistério.

Gráfico 6

Nível de formação/titulação

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Quanto à área de conhecimento dos professores colaboradores, os dados estão dispostos na tabela a seguir.

Tabela 7

Quanto à área de conhecimento

QUANTIDADE PERCENTUAL

Ciências Humanas 32 80%

Ciências Biológicas 00 00

Outros 02 5%

Ciências Exatas e da Terra 01 2,5%

Ciências Sociais Aplicadas 00 00

Ciências da Linguagem/Artes 04 10%

Não respondeu 01 2,5%

Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

Analisando os dados da tabela acerca da área de conhecimento em que se dá a formação/atuação dos professores, obtem-se os seguintes dados: 32 professores entrevistados, representando 80% da amostra, realizaram a sua formação inicial em nível de graduação na área de Ciências Humanas; quatro professores entrevistados, representando 10% da amostra, realizaram a sua formação inicial em nível de graduação na área de Ciências da Linguagem/Artes; um professor entrevistado, representando 2,5% da amostra, realizou a sua formação inicial em nível de graduação na área de Ciências Exatas e da Terra; dois professores entrevistados, representando 5% da amostra, realizaram a sua formação inicial em nível de graduação em outras áreas que não as listadas na tabela (provavelmente em nível

de magistério); um professor entrevistado, representando 2,5% da amostra, não respondeu o questionário.

Os dados obtidos acima nos permitem aferir que o maior contingente de professores entrevistados concentra a sua formação acadêmica/profissional na área de Ciências Humanas, o que evidencia um grave entrave para a implementação das políticas públicas de implementação da Educação para as relações raciais e do ensino de História e Cultura da Africa e Afro-brasileira, nos termos dispostos na Lei Federal nº 10.639/2003, no Parecer CNE/CP nº 03/2004 e na Resolução CNE/CP nº01/2004; isso pois, verifica-se a falta de interesse e inserção dos docentes de outras áreas de conhecimento nos programas de formação continuada com foco na temática por nós abordada no âmbito deste trablho de pesquisa.

O segundo contingente verificado, embora em menor proporção, apenas 10% dos professores entrevistados tiveram a sua formação profissional em nível inicial de graduação na área de linguagens e arte.

Número muito reduzido, também, foi a participção dos professores entrevistados da área de Ciências Exatas e da Terra – apenas um – no universo da pesquisa por nós realizada, evidenciando a baixa participação destes docentes nas ações de formação continuada para professores. Ressalta-se, ainda, que os critérios de seleção do universo da amostra foram aleatórios e se utilizou de diferentes bancos de dados e fontes de informações para selecionar os entrevistados nestes termos; não há nenhum fator que justificaria a seleção de professores pertencentes prioritariamente a uma única área de conhecimento.

A preocupação mais contundente vem da ausência de entrevistados pertencentes as áreas de Ciências Biológicas, Ciências Sociais Aplicadas, bem como das demais áreas de conhecimento, haja vista que atingir os professores em todas estas áreas de conhecimento, constitui uma das condições principais para a implementação do disposto na legislação correlata supra-citada. Ressalta-se, ainda, que áreas como a de Ciências biológicas tem sido espaços privilegiado de debate e proliferação de teorias racistas nos últimos 300 anos.

Gráfico 7

Quanto à área de conhecimento

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010.

A seguir, apresentamos uma tabela com os dados acerca das disciplinas/áreas de conhecimento em que os professores entrevistados lecionam. Vejamos o que os dados revelam.

Tabela 8

Quanto à disciplina/área em que leciona

DISCIPLINA/ÁREA QUANTIDADE PORCENTUAL

Polivalente 09 22,5% História 19 47,5% Língua Portuguesa 02 5% Artes 02 5% Geografia 04 10% Matemática 02 5% Ciência/Biologia/Química/Física 00 00 Filosofia/Sociologia 02 5% Educação Física 00 00 Outros 09 22,5% Não respondeu 01 2,5% Total 40 100%

FONTE: Dados coletados pelo autor por meio de questionário aplicado aos professores entrevistados de março a dezembro de 2010. * Nas assertivas respondidas pelos professores admitiu-se mais de uma resposta.

Novamente uma surpresa reveladora. Do total dos professores entrevistados, 19, ou seja, praticamente a metade dos entrevistados leciona a disciplina de História. Este percentual representa 47,5% dos professores entrevistados.

Nossa observação fica por conta de uma parceria muito exitosa desenvolvida entre a Universidade Federal de Uberlândia na figura do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros – NEAB/UFU e a Prefeitura Municipal de Uberlândia (PMU), por meio da coordenação da área de História, na época sob a responsabilidade da professora Elzimar Maria Domingues, que possibilitou aos professores de História participarem das ações do Programa de Formação de Professores da Pró-reitoria de Extensão Culturas e Assuntos Estudantis – PROEX/UFU, oferecidas pelo Eixo 2: Gênero, Raça e Etnia, coordenado pelo NEAB/UFU, nos dias de módulo49 dos professores de História da rede municipal de ensino.

Em seguida, vêm os professores polivalentes que lecionam na Educação Infantil e