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6. DISCUSSÃO

6.2. Perfil Comportamental dos Responsáveis

No que se refere aos problemas de comportamento apresentados pelos responsáveis da amostra, a ocorrência tanto de retraimento social quanto de problemas somáticos nos responsáveis foi associada à presença de ansiedade e depressão nas crianças. Apenas a presença de retraimento social nos cuidadores foi correlacionada com apresentação nas crianças de queixas somáticas e problemas internalizantes. Nenhum destes problemas de comportamento nos responsáveis foi associado a algum comportamento das crianças observado em sala de aula pelo professor.

Já quanto aos problemas externalizantes dos responsáveis, em geral, houve correlação positiva com a presença nas crianças de problemas atencionais, problemas externalizantes, como agressividade, e problemas totais na percepção dos responsáveis.

Entretanto, a maior frequência de problemas externalizantes nos responsáveis se associou apenas a maior ocorrência de problemas de atenção nas crianças observada pelo professor no contexto escolar.

Houve correlação estatisticamente significativa entre problema de comportamento agressivo dos responsáveis e problemas comportamentais das crianças do tipo: problemas sociais, problemas de atenção, agressividade, problemas externalizantes e totais. Já quanto aos comportamentos emitidos pela criança no contexto escolar, apenas foi encontrada correlação entre comportamento agressivo nos responsáveis e problemas atencionais da criança em sala de aula. Já responsáveis com comportamentos de quebrar regras foi associado a um aumento nas crianças de problemas com o pensamento, problemas de atenção, agressividade, problemas internalizantes, externalizantes e totais no contexto familiar. No ambiente escolar, não foi encontrada correlação entre esta característica parental e problemas de comportamento nas crianças.

Com relação aos responsáveis que apresentam comportamentos de risco, foi verificada a ocorrência nas crianças de agressividade e problemas externalizantes no ambiente familiar. Entretanto, no que se refere aos comportamentos emitidos no contexto escolar, não se encontrou correlação significativa entre as variáveis comportamentais. Por fim, quanto mais problemas totais os responsáveis apresentaram, mais agressivas as crianças eram nas relações familiares. De acordo com Harpin (2005), crianças com TDAH, quando comparadas com crianças sem o transtorno, apresentam mais indicadores de problemas emocionais e de problemas de saúde mental, bem como menos satisfação com sua autoestima. Ainda comparando com controles, essa autora encontrou que o comportamento, no geral, é mais inadequado em crianças com TDAH.

Na escola, o desempenho acadêmico das crianças foi inversamente proporcional a ocorrência dos seguintes problemas de comportamento nos responsáveis: problemas de atenção, quebrar regras, agressividade, comportamentos de risco e problemas externalizantes.

De modo geral, o presente estudo encontrou uma quantidade menor de correlações significativas quando o comportamento da criança era avaliado pelo professor comparado à avaliação do comportamento pelo responsável. Esse resultado corrobora o encontrado por Ribeiro (2014) de que os responsáveis de crianças com

TDAH tendem a relatar mais problemas de comportamentos que os professores, diferentemente do grupo sem TDAH, em que aconteceu o contrário, ou seja, os professores reportaram mais problemas. Entretanto, ainda de acordo com aquela autora, os índices de concordância no relato para estes dois informantes no grupo de TDAH foi alta, reforçando a importância de se colher informações de diferentes pessoas e ambientes em que a criança está inserida.

6.2.2. Funcionamento Adaptativo

Sobre os indicadores de funcionamento adaptativo dos responsáveis na amostra, foi encontrado que quanto mais satisfeitos os responsáveis estavam com o parceiro, menos problemas de atenção, agressividade, problemas externalizantes e totais as crianças apresentavam em casa. No que se refere ao ambiente escolar, a satisfação com as relações conjugais dos responsáveis foi relacionada a melhor comportamento das crianças em sala de aula. Já a satisfação dos cuidadores quanto às relações familiares foi associada a menos problemas sociais, problemas com o pensamento, comportamentos de quebrar regras e problemas totais nas crianças no contexto familiar. O estudo de Klassen, Miller e Fine (2004) encontrou que os sintomas das crianças com TDAH exercem um impacto na saúde mental de seus pais e restringem demasiadamente o tempo que eles têm para cuidarem de suas próprias necessidades, interferindo, desta forma, no tempo dispendido com a família e na coesão familiar. De acordo com Harpin (2005), dificuldades nas relações familiares podem deixar as crianças com TDAH se sentindo tristes, com comportamentos agressivos ou com comportamentos de quebrar regras. Também de acordo com esta autora, crianças com TDAH tendem a ter menos atividades em família, quando comparadas com crianças sem o transtorno.

Agora com relação apenas à avaliação dos comportamentos das crianças no contexto escolar, foi encontrado que quanto maior a satisfação dos responsáveis quanto aos relacionamentos com os amigos, menos problemas com os pensamentos as crianças apresentavam. Já com relação à satisfação na esfera profissional dos responsáveis, houve associação com melhor rendimento escolar das crianças na escola. Ainda com relação ao desempenho escolar das crianças, foi encontrado que quanto mais problemas de atenção os cuidadores apresentavam, pior era o rendimento das crianças na escola. No estudo de Chronis-Tuscano e colaboradores (2008), foi verificado que durante observação da interação mãe-filho na execução de lição de casa, as mães com sintomas

de TDAH apresentaram menos comportamentos associados com práticas parentais adequadas e mais emissões de comando repetitivos.

Por fim, no que tange aos resultados deste estudo, quanto maior era a média de adaptação dos responsáveis, menores eram os problemas de atenção e problemas totais das crianças. Também foi encontrada correlação positiva da média de adaptação com melhor desempenho acadêmico das crianças, indicando que quanto melhor era a adaptação dos cuidadores, melhor era o rendimento acadêmico da criança.

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