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2.3. Perfil de Saída do Professor Formado no Instituto Garcia Neto

Antes de mais, gostaríamos de abrir um parêntese para fazermos referência ao perfil do Professor no período colonial em que a escola «vale o que vale o seu professor». (DIAS: 1934.pg,25). O aforismo tomou um significado muito particular, a escolha foi o único processo de recrutamento do Professor. No discurso oficial, o professor das escolas oficinas possuía especiais qualidades de ponderação e de bondade, espírito de justiça e simpatia comunicativa, virtudes essas que geravam na alma simples de negro um sentimento misto de respeito e de subordinação. (idem.)

Assim, nos anos 70 do século XX, após a independência de Angola em 1975, que pôs termo ao regime colonial português, foram estabelecidas novas regras no perfil do novo Professor formado nos institutos normais de educação da Republica Popular de Angola. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, 1978, p.43)

O Professor passou a ser considerado o catalisador e agente da educação fundamental para o arranque do processo de ensino – aprendizagem do novo Sistema Nacional Educativo em 1978. Uma das qualidades foi a formação da nova geração e

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transformação de mentalidade: a partir de então, o professor foi formado dentro da ideologia marxista – leninista, com qualidades de educação socialista, colectiva e livre, uma consciência do papel de vanguarda como promotor da criação de um homem novo, e um activista da transformação, ao nível da superstrutura e das relações sociais. (idem.)

Após esta primeira reforma do Sistema Nacional Educativo foi realizada uma segunda no ano de 2001. Foi então aprovada pela Assembleia Nacional a Lei de Bases nº 13/01 31 de Dezembro, que destacou a missão do professor no fim da sua formação. Este deveria contribuir para a melhoria da qualidade e qualificação científica e técnico – pedagógica, para elevar a eficácia do ensino nas condições das transformações sócio económicas e conhecer, bem, a natureza fisiológica, psicológica e sociológica, dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Secundário dos 12 aos 15 anos de idade. Têm igualmente de possuir conhecimentos científicos fundamentais no âmbito da (s) especialidade (s) que vai leccionar e nas ciências da Educação; dominar os conteúdos programáticos, saber da melhor utilização dos manuais escolares, das orientações metodológicas e de outros instrumentos relativos à Educação e ao Ensino nas instituições escolares; reconhecer as problemáticas mais relevantes do mundo em que vivemos, cada vez mais complexos e em rápida mudança; e, por último, conhecer as perspectivas educacionais que desenvolvem o currículo dos alunos do 1º ciclo do Ensino Secundário. (Currículo de Formação de Professores Do 1º Ciclo do Ensino

Secundário, 2005.)

Por outro lado o professor deve ainda saber: definir os objectivos específicos com base nos objectivos gerais e conteúdos dos programas estabelecidos, tendo em conta o contexto em que vai trabalhar, ou seja, as condições das instituições de ensino, do meio económico e sociocultural em que estas estão inseridas e as características e necessidades dos alunos concretos que vai ensinar; adoptar métodos e meios de ensino, bem como mecanismos de diferenciação pedagógica e de flexibilização dos programas, adequando – os à diversidade dos alunos a fim de promover o sucesso escolar, nomeadamente a nível dos objectivos específicos/conteúdos essenciais, e do desenvolvimento integral do jovem; preparar o adolescente para um enquadramento próspero nas classes e níveis de ensino subsequentes, para uma opção vocacional e profissional consciente que seja compatível com uma inserção social harmoniosa na comunidade; proporcionar aos alunos a aquisição e domínio de saberes, instrumentos, capacidades, atitudes e valores indispensáveis a uma escolha esclarecida das vias escolares ou profissionais subsequentes; desenvolver valores, atitudes, práticas que contribuam para a formação de cidadãos conscientes e participativos numa sociedade democrática; colaborar com os colegas que têm os mesmos alunos no sentido de

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articular estratégias que promovam o sucesso educativo; identificar o jovem necessitado em atendimento e cuidados especiais. (idem.)

Distinguir-se por um elevado sentido de responsabilidade, de idoneidade moral, cívica e deontológica, e saber transmitir estes valores aos educandos; assumir uma atitude de respeito pela importância da actividade docente na formação da personalidade humana e no desenvolvimento socioeconómico da sociedade. (idem.)

Quanto ao professor do ensino primário durante o processo de formação na carreira docente o seu perfil caracterizava – se por: conhecer e saber utilizar as suas capacidades, os seus recursos e ter consciência dos efeitos da sua actuação na sala de aulas e na escola; conhecer a natureza fisiológica, psicológica e social da criança em idade escolar; saber identificar a criança com necessidades educativas especiais e proporcionar – lhe o encaminhamento adequado aos cuidados específicos de que carece; dominar os conteúdos programáticos, conhecer bem os manuais escolares, as normas, as orientações metodológicas e outros instrumentos relativos à educação e ensino nas instituições escolares; possibilitar a compreensão dos factores de natureza legal, institucional e organizacional que contextualizam as práticas educativas na escola; conhecer as problemáticas mais relevantes do mundo em que vivemos, cada vez mais complexos e em rápida mudança; estabelecer objectivos específicos com base nos objectivos dos programas, das condições das instituições de ensino e do meio ambiente em que estão inseridos; criar condições para uma aprendizagem globalizada, adaptando o método, meio de ensino e formas de organização para que as crianças vejam a realidade como um todo, particularmente nas seis primeiras classes; promover o desenvolvimento integral e harmonioso da criança; propiciar a integração e colaboração entre alunos e destes com o professor, para que daí decorra uma gestão mais flexível e articulada dos programas, de modo a que a generalidade dos alunos tenha sucesso nos conteúdos essenciais; trabalhar em colaboração com os colegas da mesma classe; preparar as crianças para um enquadramento esperançoso no ensino subsequente e para uma opção vocacional consciente e compatível com a inserção social harmoniosa na comunidade; adquirir experiência de ensino nas actividades docentes e educativas nas instituições escolares; distinguir – se pelo elevado sentido de idoneidade moral e cívica e competência profissional, sabendo transmiti–los aos seus educandos; e estar motivado para uma aprendizagem permanente. (Currículo de Formação de Professores do Ensino Primário, 2005.) O professor acompanha a orientação para aprendizagem e qualificação dos seus discentes. Neste contexto a avaliação do processo de ensino e o resultado possibilitava a melhoria do alcance dos objectivos. Por outro lado, o professor devia analisar o seu próprio desempenho, os programas desenvolvidos e incorporar

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mudanças no processo de ensino, segundo as exigências da reforma educativa, e para contribuir na melhoria da qualidade de formação. Pois o perfil de saída «é um conjunto de capacidades ou comportamentos esperados no fim de uma aprendizagem». (Glossário UNESCO, 1984 cit; Peterson, 31.)

O perfil do professor entendido como aquilo que o professor deve saber (homo sapiens), fazer (homo faber), e ser (homo socialis) constituem elementos reconhecidos sobretudo para o desenvolvimento das competências de um professor (idem).

2.4 Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino