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6 INFORMAÇÃO E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

6.1 Análise da pesquisa de campo

6.1.1 Perfil dos informantes

A identificação do perfil dos informantes através de características como vínculo de parentesco com o portador de sofrimento mental, gênero, idade, estado civil, ocupação, escolaridade, renda familiar, condições de ocupação do domicílio e número de pessoas que residiam no mesmo domicílio teve como objetivo facilitar a interpretação das questões relativas às práticas informacionais e às representações sociais. Portanto, apesar de serem apresentadas no conjunto para que se tenha uma idéia geral do grupo de pesquisa, as características dos informantes foram consideradas de forma individualizada no processo de análise.

Quanto ao vínculo de parentesco com o portador de sofrimento mental, a maioria dos informantes são mães, conforme podemos conferir na tabela abaixo:

TABELA 01

Vínculo de parentesco do informante com o portador de sofrimento mental Grau de parentesco Quantidade % Total 10 100 Mãe 06 60 Esposa 02 20 Filha 01 10 Pai 01 10 57

A definição desse tempo mais longo de adoecimento se deu para que pudéssemos incluir a experiência como um dos fatores intervenientes no processo de formação das representações sociais sobre o louco, a loucura e o tratamento da loucura.

Nesse sentido, no aspecto gênero, o perfil dos informantes está de acordo com as características dos cuidadores apontadas em outras pesquisas (Osinaga, 2004; Vianna, 2002) que indicam uma predominância de pessoas sexo feminino, uma vez que o cuidado com o familiar doente recai, quase sempre, sobre a mulher que é mãe, esposa, filha ou nora. Neste estudo, nove informantes são do sexo feminino e um do sexo masculino.

A média de idade dos informantes também é alta: oito informantes têm idade acima de 41 anos; sendo que três informantes têm entre 61 e 80 anos de idade, conforme pode ser conferido na tabela abaixo:

TABELA 02 Idade dos informantes

Idade Quantidade % Total 10 100 Menos de 20 anos - - De 20 a 40 anos 02 20 De 41 a 60 anos 05 50 61 a 80 anos 03 30

Quanto ao estado civil, a maioria dos informantes é casada, conforme tabela abaixo:

TABELA 03

Estado civil dos informantes

Estado civil Quantidade %

Total 10 100

Solteiro - -

Casado 07 70

Separado 01 10

O cuidador, normalmente, é aquela pessoa da família que tem mais disponibilidade de tempo. No estudo, nenhum dos informantes possui vinculo empregatício ou qualquer outra ocupação com finalidade de geração de renda: três declararam que são aposentados ou pensionistas e sete são donas de casa.

Quanto ao nível de escolaridade, nenhum informante chegou a cursar ou concluir um curso superior. A metade dos informantes tem um nível de escolaridade baixo: até 4ª. série do primeiro grau.

TABELA 04

Grau de escolaridade dos informantes

Grau de escolaridade Quantidade %

Total 10 100

Analfabeto (não sabe ler e escrever)

01 10

Até 4ª. Série do primeiro grau 04 40

Até o 2º. Grau – (completo ou incompleto)

05 50

Quanto à renda familiar, as informações obtidas apontam que o grupo de informantes é constituído, em grande parte, por pessoas que não dispõem de recursos financeiros para ter acesso à outra forma de tratamento além daquela oferecida pelo Estado, o que confirma as observações da equipe técnica da Clínica Psicossocial a este respeito. No entanto, já se observa uma tendência de mudança. Se historicamente, a clientela atendida pelas instituições psiquiátricas mantidas pelo Estado era constituída por pessoas das classes populares e marginalizados sociais (Resende, 2000); nos serviços abertos, constituídos no processo de reforma psiquiátrica, pessoas de melhor poder aquisitivo também passam a utilizá-lo. Entre os informantes da pesquisa que se enquadram nesse perfil, os motivos que os levaram a procurar a Clínica Psicossocial foram problemas financeiros momentâneos ou por

referência de terceiros, inclusive, médicos, que elogiaram a qualidade do trabalho desenvolvido pela instituição. Alguns informantes, por exemplo, se mostraram surpresos com o atendimento que receberam e demonstraram muita gratidão pela equipe técnica.

TABELA 05

Renda familiar dos informantes

Renda familiar Quantidade %

Total 10 100 Nenhuma renda - - Menos de R$ 600,00 (menos de 2 SM)* 02 20 R$ 600,00 (02 SM) 04 40 De R$ 900,00 a R$ 1500,00 (3 a 5 SM) 02 20 Acima de R$ 1.500,00 (acima de 5 SM) 02 20 *SM = Salário mínimo

Além disso, procuramos contemplar informantes residentes em diferentes bairros da cidade, o que nos forneceu um bom nível de diversidade em termos de renda e de relacionamento com a vizinhança. Dos informantes do estudo, três residem em bairros mais valorizados da cidade e sete em bairros populares, mas com infra-estrutura urbana adequada58. Quanto à condição de ocupação do domicílio, nove informantes residem em moradia própria e um em moradia cedida.

O número de pessoas que habitam a mesma casa foi um dado importante para interpretar as representações sociais sobre a louco, a loucura e o tratamento da loucura dos informantes. A maioria dos informantes declarou que moram 04 ou menos pessoas no domicílio; o que pode significar uma sobrecarga maior para o cuidador. No entanto, nem sempre um número maior de pessoas residindo no mesmo domicílio pode significar uma

sobrecarga menor para o cuidador uma vez que os demais membros da família podem não participar do cuidado do portador de sofrimento mental.

TABELA 06

Número de pessoas que habitam o mesmo domicílio (incluindo crianças e o portador de sofrimento mental) Número de pessoas que

habitam o mesmo domicílio

Quantidade de informantes % Total 10 100 02 pessoas 02 20 03 pessoas 02 20 04 pessoas 03 30 05 pessoas 02 20 10 pessoas 01 10

Ao longo de vários anos cuidando de um portador de sofrimento mental, a doença e o seu tratamento deixam de ser questões sobre as quais se tem uma opinião momentânea para se constituírem em imagens bem concretas, que remetem a condições objetivas de vida. Nesse sentido, apenas dois informantes declararam que o seu familiar adoeceu entre dois e quatro anos atrás. Os demais afirmaram que convivem com um portador de sofrimento mental acima de dez anos. Portanto, o grupo de pesquisa foi constituído por informantes cujos familiares portadores de sofrimento mental, em sua maioria, apresentam quadros crônicos de adoecimento mental.

58

De acordo com dados da Prefeitura Municipal de Ipatinga mais 90% das ruas da cidade têm urbanização completa: pavimentação, acesso à água tratada, luz, coleta de lixo e esgoto.

TABELA 07

Tempo de adoecimento do portador de sofrimento mental do qual o informante é cuidador

Tempo de adoecimento do portador de sofrimento mental Quantidade % Total 10 100 De 2 a 4 anos 02 20 De 10 a 20 anos 05 50 Acima de 20 anos 03 30

O hospital psiquiátrico também é uma realidade que a maioria dos informantes conhece bem de perto. Sete informantes declararam que a internação psiquiátrica do familiar portador de sofrimento mental já foi um recurso utilizado pela família. Três informantes afirmaram que os seus familiares doentes nunca passaram por internação psiquiátrica, conforme descreve a tabela a seguir.

TABELA 08

Número de internações psiquiátricas pelas quais passou o portador de sofrimento mental do qual o informante é cuidador Internações psiquiátricas Quantidade de internações

psiquiátricas

%

Total 10 100

Não passou por nenhuma internação

03 30

De 1 a 3 internações 03 30

6.1.2 Práticas informacionais dos familiares de portadores de