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5. A ARTE NO “CHÃO DA ESCOLA”

5.2. Análise das entrevistas de campo

5.2.1. Perfil geral dos professores entrevistados (Respostas aos Questionário 1)

De acordo com as respostas do questionário 1 (fechado), os 15 professores que participaram da pesquisa lecionam em 11 diferentes escolas da Diretoria de Ensino Norte 1 na capital paulista.

A idade dos entrevistados varia de 26 a 60 anos, sendo 7 (46,6%) deles com idade entre 26 e 40 anos e 8 (54,4%) entre 41 e 60 anos de idade.

A maioria dos colaboradores, oito dos entrevistados (54,4%), atua entre 3 e 10 anos na rede estadual. Três deles (20%) atuam entre 10 e 15 anos. Somente um está no estágio probatório. Um atua entre 15 e 20 anos, outro entre 20 e 25 anos, e mais um deles entre 25 e 30 anos.

Nove ou 60% dos entrevistados possuem acúmulo de cargo, ou seja, lecionam em outras redes de ensino, públicas ou privadas. Dentre aqueles que tem acúmulo, 40% deles o realizam na rede municipal de educação da cidade de São Paulo.

Dez dos professores entrevistados tem formação ligada às artes visuais, sendo nove destes com formação em Educação Artística – Habilitação em artes visuais. Outros cinco também tem formação em Educação Artística, porém, três deles com habilitação em teatro e dois com habilitação em música. Apenas uma das entrevistadas tem formação específica em uma linguagem, no caso em Artes visuais. Ou seja, o curso de Educação Artística, a formação polivalente, está presente em 14 (93,3%) dos 15 entrevistados.

Treze dentre os professores entrevistados lecionavam, à época da entrevista, no Ensino Médio representando uma maioria, embora alguns deles tivessem concomitantemente aulas atribuídas tanto no Fund. II, quanto no Ens. Médio.

A maioria dos professores entrevistados realizou formação continuada em Pedagogia (10 – 66,7%). Dois deles concluíram outra graduação, dois estão em graduação em andamento e sete (46,7%) assinalaram que realizaram Pós-graduação lato sensu.

A principal razão assinalada para a realização da formação continuada é a melhoria do desempenho em sala de aula, opção assinalada por 12 professores (80%). 11 (73,3%) assinalaram a alternativa que versa sobre a necessidade de se formar para conhecer as outras linguagens artísticas, e 10 (66,7%) assinalaram a opção que versa sobre aumento salarial por evolução funcional.

O maior empecilho apontado para a realização da formação continuada é a necessidade de acumular cargo, 12 (80%) assinalaram essa opção. Cinco (33,3%) assinalaram que a maior parte dos cursos são pagos e eles não tem condições de arcar com as despesas.

Quanto às oportunidades de Orientações Técnicas, cursos de formação e afins oferecidos pelo governo estadual de São Paulo, oito professores (53,3%) assinalaram que são convocados ao menos uma vez por ano para a realização das formações continuadas. Quatro (26,7%) nunca foram chamados. Dois assinalaram que tem esta oportunidade ao menos uma vez ao mês e outro uma vez ao bimestre. Ou seja, somando aqueles que são chamados uma

única vez ao ano e aqueles que nunca foram chamados, temos 12 professores ou 80% dos entrevistados que quase não nem oportunidades de formação continuada oferecidas pela rede estadual de São Paulo.

Quanto à função do ensino de Arte, treze (86,7%) dos entrevistados assinalaram a opção: “Acesso ao acúmulo histórico-cultural humano com respeito às produções e técnicas de

produção artística.”. Dez (66,7%) assinalaram a opção “Desenvolvimento da Criatividade”.

Quatro (26,7%) assinalaram “Ensinar história da Arte”, três (20%) assinalaram “Apoio à disciplina de Português quanto às competências leitora e escritora”, três assinalaram “Ensinar

o que é, e o que não é arte” e só tivemos uma marcação nas opções “Ensinar a tocar um instrumento musical”, “Ensinar teoria musical” e “Apresentação/Montagem de peças teatrais”

e “Apresentação/Montagem de coreografias”. Ou seja, os professores parecem ter optado por funções mais gerais e globais do que funções mais técnicas e específicas quanto ao ensino de cada linguagem artística. Isso pode estar relacionado com a formação de 14 dos 15 entrevistados voltada à polivalência.

Quanto à utilização do Caderno do Professor, 8 não utilizam o material, porém, 5 deles assinalaram a opção “Não utilizo o material, mas sigo a sequência de situações de

aprendizagem do Caderno do Professor/professor”. Somente um dos entrevistados baseia todas

as suas aulas no Caderno do Professor. Quatro dentre os entrevistados (26,7%) o utilizam como apoio às aulas, e três (20%) o utilizam muito raramente. Não é, portanto, um instrumento tido como essencial ou norteador das aulas pela maioria dos entrevistados.

Quanto à utilização do Livro Didático as respostas foram mais homogêneas se focando em duas das 4 opções: 13 afirmaram utilizar o Livro Didático como apoio às aulas (em uma das respostas um Professor adicionou uma opção que não constava no questionário: que ela baseia suas aulas todas no Livro Didático, a computamos como “Sim, como apoio às aulas”) e somente uma não utiliza o livro didático.

Quanto à afinidade dos professores com as linguagens artísticas, em que 1 significava nenhuma afinidade e 5 a proficiência, 6 dos entrevistados consideram-se proficientes em Artes visuais, 3 em Dança, 3 em Teatro e 1 em música. Essa pergunta seria inicialmente descartada, porém, ela pode demonstrar algumas questões como as práticas e interesses dos professores por outras linguagens. Afinal, nenhum dos entrevistados tem formação em dança, no entanto 3 manifestaram o entendimento de serem proficientes na área.

Quanto aos materiais utilizados em sala de aula: a opção “giz e quadro negro” foi assinalada por 13 professores (86,7%), 11 (73,3%) utilizam o Datashow ou equipamento similar, 10 (66,7%) o aparelho de som, 9 (60%) DVDs, 8 (53,3%) Pincéis e tinta guache, 8

utilizam cartolina, 7 (46,7%) CDs, 5 (33,3%) o notebook, 3 (20%) os computadores da escola e somente 2 utilizam instrumentos musicais. Quanto aos instrumentos musicais utilizados foram assinalados instrumentos de percussão e sopro. Nenhuma menção aos cotidiáfonos43.

Quanto à importância da Didática, todos os entrevistados assinalaram que a Didática é importante, porém, para 60% é o principal fator, e para 40% ela ajuda na assimilação de conteúdos.

Para 12 (80%) dos entrevistados, mais da metade de seus estudantes realizam as atividades solicitadas de modo satisfatório. Dois assinalaram que menos da metade realizam as atividades de modo satisfatório e 1 assinalou que todos os estudantes realizam suas atividades de modo satisfatório.

Sete dos entrevistados lidam em suas aulas com 25 a 30 alunos, três com 35 a 40 alunos, 4 com 10 a 20 alunos, e 1 com 20 a 25 alunos.

Quanto à ausência dos alunos em sala, as principais razões apontadas pelos professores são: Desinteresse (assinalada por 11, 73,3%), Dificuldade de conciliar trabalho com estudos (8, 53,3% assinalaram esta opção) e uso de drogas e problemas familiares (7 assinalaram cada uma dessas opções).

Quanto à continuidade do trabalho com os alunos nas diferentes séries e segmentos: cinco (33,3%) assinalaram que raramente conseguem lecionar para as mesmas turmas em séries progressivas, quatro assinalaram que lecionam para as mesmas séries em sequência todos os anos (ex.: 1ª, 2ª e 3ª do ensino médio), de modo que há alguma continuidade. Porém, ainda assim, não de forma plena, visto que podem mudar as turmas. Dois afirmaram que há continuidade, dois afirmaram que não há continuidade por sempre escolherem a mesma série, e dois afirmaram que isso não ocorre, pois em alguns anos nem sequer lecionam para o mesmo segmento do ano anterior. Assim, verificamos que, via de regra, não há uma possibilidade sistemática de continuidade do trabalho ano após ano, tendo o professor, na maioria dos casos, que pensar o trabalho para um ano, não podendo estender seu planejamento individual para mais do que isso.