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2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DISCURSOS DE ELEIÇÃO NA

2.2 Pergunta do internauta mediada pelo jornalista como projeção

2.2.1 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a

Vejamos o primeiro exemplo:

Exemplo 29 (Bloco 1, SML, E3): EDUARDO

SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E, para entrevistá- lo, Josias de Souza, colunista do UOL; Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte e Vera Magalhães, editora da coluna Painel da Folha. Essa sabatina está sendo transmitida ao vivo pelo Portal UOL e pelo site da Folha. Você que está em casa, pode fazer perguntas através do Twitter, usando a hashtag: sabatinafolhauol e também pelo Facebook na página do UOL Notícias e quem está na plateia também faça sua pergunta por escrito, nossa equipe de apoio está aqui também para recolher as perguntas. Vamos conhecer agora um pouquinho mais da biografia do candidato.

As condições enunciativas desse tipo de proferimento, grosso modo, já foram trabalhadas ao longo dessa dissertação, porém teceremos alguns comentários analíticos referentes à relação pergunta do internauta X resposta do candidato. Esse evento discursivo apresenta a possibilidade de participação de outros interlocutores (plateia e/ou internautas) enviando comentários e/ou perguntas aos candidatos sabatinados. Todavia, os comentários e/ou perguntas são selecionados de acordo com a relevância do tema e/ou recorrência da pergunta dentro das redes sociais. É interessante ressaltar que os comentários e/ou perguntas selecionadas, apesar de serem de sujeitos empíricos “diferentes”, representam um todo coletivo que é de certa forma “cúmplice” da instância midiática, ambos exercendo o papel de enunciador. Vejamos o seguinte exemplo:

Exemplo 30 (SML, Bloco 1, E46): VERA MAGALHÃES/EDITORA

DO PAINEL DA FOLHA: Prefeito? Desculpa. Aqui no Twitter chegam várias perguntas sobre a administração. Uma das mais recorrentes, feita pela Maria Inês e outros internautas, diz respeito a obras paradas, notadamente metrô e a Pampulha, obras que se eternizam, que não terminam nunca. Ela chega a dizer aqui: “Desde criança ouço falar dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?”. Está devagar o ritmo dessas obras, como é que está isso?

(E47): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Os

últimos investimentos no metrô de Belo Horizonte foram durante o Governo Patrus, feitas pelo Governo Fernando Henrique e pelo Governo do Itamar, de fato. Então são 20 anos aí sem obras no metrô. Nesse momento, todo o planejamento de obras do metrô, da licitação, está em pleno andamento, Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal conversando de forma muito organizada, muito técnica, em alto nível, para que as obras possam começar, no máximo, no 2º semestre do próximo ano. Obras mesmo, com licitação de parceria público-privada feita. Nesse momento nós já contratamos, com recursos próprios, nós, e o Estado, o início das sondagens e a topografia que começam... Sondagens geotécnicas começam agora no início de setembro. E já devemos ter os primeiros recursos liberados pelo Governo Federal até o final de novembro pra financiar toda essa preparação do grande edital que nós queremos lançar até meados do próximo ano.

Observe o esquema:

EUc [afeição político-ideológica contra o Prefeito]

CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição é desastrosa por não concluir obras iniciadas nem propor novas;

DESEJO de que o seu candidato se posicione diante dessa constatação e aponte alguma solução.

EUe EUe [MI → VM] problematiza a administração do atual prefeito por não dar continuidade a obras prometidas e outras já iniciadas.

TUd → EUe EUe (ML) justifica o fato de a última liberação de verbas para o metrô ter ocorrido a 20 anos atrás; destaca que está em curso a ampliação da rede e que obras de sondagem do solo já foram realizadas.

TUi Outros internautas acompanhando a sabatina.

O tópico negativo relativo à administração pública do candidato Lacerda, obras paradas, é classificada pela jornalista como sendo “uma das mais recorrentes” na participação dos internautas, atribuindo o interesse e autoria desse questionamento à “Maria Inês e outros internautas”. É evidente que esse tema representa uma pauta importante para a campanha municipal, visto que a questão

do transporte público é de suma importância para a cidade. A instância enunciativa reporta a fala da internauta que ao enfatizar o descaso das instâncias políticas e suas promessas demagógicas: “Ela chega a dizer aqui: ‘Desde criança ouço falar dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?’”, apresenta um estado mental de descrença nas promessas de ampliação do metrô. O descrédito é reforçado por outros elementos discursivos, como exemplo a modalização e avaliação desses objetos discursivos – obras paradas, metrô e Pampulha – “notadamente... obras que eternizam, que não terminam nunca”. Os comentários e questionamentos dos internautas, sustentam o pedido de informação da jornalista “Está devagar o ritmo dessas obras, como é que está isso?”. Vejamos bem que o ethos intencionado pela instância enunciativa, por assim dizer, é de um cidadão que não acredita na sinceridade das instâncias políticas “desde criança ouço falar dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?”. Em sua contra parte, obtemos a resposta do candidato Lacerda.

O candidato reconhece que o principal investimento no setor ligado ao transporte público ferroviário em Belo Horizonte foi durante a gestão-administrativa de Patrus, seu adversário político, no entanto, também enfatiza o papel de Fernando Henrique e Itamar Franco. Ele assume que durante esses 20 anos nenhuma obra ligada ao metrô foi realizada. Porém, também assume o comprometimento da prefeitura em realizar obras que contemplem essa esfera do transporte público.

Vemos que o ethos intencionado recai sobre atos assertivos afirmativos “nesse momento... está em pleno andamento... já contratamos” reforçados por elementos adverbiais temporais – “nesse momento... já...” – que apontam para ações já empreendidas pelo orador; e atos comissivos “sondagens geotécnicas começam agora...; nós queremos lançar até...” representando promessas e desejos do candidato; e também atos assertivos preditivos “para que as obras possam começar... e já devemos ter os primeiros recursos...” que representam expectativas do orador, mas que dependem de outras variáveis. Tais atos constroem a imagem de um gestor público que tem conhecimento da necessidade da população e que já tomou as medidas para sanar esse problema. Desse modo, o sujeito que enuncia – no caso, o político – deve, portanto, tentar responder à seguinte questão: como fazer para ser aceito pelo auditório que desacredita da sinceridade da instância política? Para isso, ele deve fabricar uma imagem que corresponda às qualidades almejadas

a fim de agir sobre o auditório, isto é, daquele que é sensível à necessidade do auditório, daquele que é competente para saná-las, daquele que almeja saná-las, etc.

A importância atribuída ao auditório acarreta naturalmente a insistência no conjunto de valores, de evidências, de crenças, fora dos quais, todo o proferimento se revelaria impossível. Acreditamos que seja mediante a atualização dessas crenças e desejos que o orador tenta fazer com que seu interlocutor partilhe seus pontos de vista ou por eles seja confrontado. Vejamos o próximo exemplo:

Exemplo 31 (SML, Bloco 1, E48): JOSIAS DE

SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Vou aproveitar, nessa mesma linha, prefeito, tem algumas perguntas que chegam pela Internet, dois assuntos são recorrentes aqui. Eu vou resumi-los personificando as perguntas em duas pessoas aqui. Marcelo Moreira fala que são muito ruins... a qualidade é muito ruim, do transporte coletivo em Belo Horizonte, horários ruins, ônibus muito ruins, muito cheios, pergunta se não é possível exigir uma qualidade mais... Exigir dos concessionários mais qualidade nesse serviço. E outro tema recorrente, resumindo aqui numa pergunta da Maria, “Por que é que seu filho, o Tiago Lacerda, foi indicado como gestor do Comitê Executivo da Copa”. Eu imagino que o senhor já tenha dito alguma coisa sobre isso, mas como há perguntas aqui eu faço a liberdade de encaminhar.

(E49): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem,

sobre o transporte coletivo, a Prefeitura tem um Contrato de Concessão onde existem indicadores de qualidade. E nós temos aplicado multas pesadas, eu diria que nesses três anos e meio, entre 10 e 15 milhões de reais foram aplicados de multas aos concessionários [...].

Podemos sintetizar as relações enunciativas desse momento da sabatina da seguinte forma:

EUc [afeição político-ideológica contra o Prefeito]

CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição é desastrosa por não concluir obras iniciados nem propor novas;

DESEJO de que o seu candidato se posicione diante dessa constatação e aponte alguma solução.

em BH (ônibus), considerando o serviço muito precário (horários inadequados, poucos ônibus, sempre lotados...). EUe (Ma → JS) questiona a indicação do seu filho para gestor do Comitê Executivo da Copa do Mundo.

TUd → EUe EUe (ML): i) justifica a má qualidade do transporte coletivo dizendo que há uma dificuldade de trânsito causada pelo aumento da frota de veículos e falta de melhoria/ampliação das vias.

ii) mais à frente justifica a indicação do seu filho com o argumento de que seu trabalho como estagiário no comitê gestor da Copa foi muito bem avaliado.

TUi Outros internautas acompanhando a sabatina.

O ethos, nesse caso, pretendido pela pergunta é um reflexo de uma orientação discursiva do internauta/jornalista de confrontar e/ou polemizar um universo de crenças estabelecido ligado ao atual prefeito: o péssimo estado do transporte público em Belo Horizonte.

Desse modo, as questões dos internautas, editadas pelo jornalista, agenciam primeiro um desejo de esclarecimento de dois assuntos que são bastante solicitados pelos internautas; segundo, a questão de Marcelo Moreira apresenta uma crítica à qualidade do transporte coletivo e, de certo modo, acusa o prefeito de negligenciar e não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários) medidas que melhorem essa área; e por último, exige uma postura clara do prefeito visto ser ele uma autoridade supostamente capaz de intervir nessa questão. O outro internauta (Maria) apresenta um questionamento referente à escolha do filho do candidato para ocupação de um importante cargo do Comitê da Copa.

Em contrapartida, o candidato afirma que sua administração toma as precauções cabíveis, sendo que a aplicação de multas parece representar a principal medida tomada pelo governo municipal. Desse modo, a resposta do candidato sugere a crença na realização parcialmente satisfatória dos anseios da população. O esclarecimento do candidato não nega as dificuldades enfrentadas no transporte público, pelo contrário, ele apresenta dados que sustentam a opinião do internauta, como em: “[...] Bem, 13% a 14% das viagens têm superlotação” e “Com

relação a horários, mais ou menos, 2% das viagens, digamos, estouram o atraso aceitável...”; todavia enfatiza, como contra-argumento, as ações tomadas por seu governo para saná-las, como também seus desejos e previsões de governo, a ser verificado no seguinte trecho:

“Está em andamento... um sistema eletrônico onde todos os ônibus serão monitorados à distância, através de uma central de operação, com painéis de aviso nos pontos” [...] O BRT nós terminamos 22 km até o final do próximo ano, vamos transportar 750 mil passageiros/dia, em muito melhores condições de conforto, segurança e velocidade. Ônibus até 160 passageiros. E o metrô nós esperamos em quatro a cinco anos concluir toda a expansão e modernização da linha existente, que vai transportar 850 mil passageiros. (E51 – Bloco 1 – SML)

Assim, o candidato à reeleição, de certa forma, refuta a acusação de negligenciar e não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários) medidas que melhorem esse setor e, consequentemente, apresenta dados que financiam sua competência e apontam para seus desejos e previsões de melhoria do transporte público.

Já em relação ao questionamento sobre a escolha do filho como gestor do comitê executivo da Copa, o jornalista justifica que a escolha desse tema não tem um “interesse” específico, que apenas a encaminha, visto se tratar de uma instância imparcial. A pergunta do internauta sugere uma prática nepotista do candidato ML, supostamente, devido ao favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou promoção de cargos. O candidato esclarece o fato:

PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Meu filho Tiago, ele começou a trabalhar como voluntário na Prefeitura de acordo com a Lei Federal, você assina um contrato de voluntário, numa área de comunicação dentro do comitê gestor de Copa. E ele fez um trabalho muito bom, durante muitos meses, e a própria equipe meio que o levou para essa posição de líder. E o trabalho dele foi muito elogiado em todo o país, porque as cidades-sede faziam reuniões, recebia elogios deles, do ministério dos esportes, da FIFA, do pessoal do COI, de todas as cidades, ele fez um belíssimo trabalho de organização aqui em Belo Horizonte. Tanto que Belo Horizonte sempre foi muito elogiada em todos os relatórios, tanto do Governo Federal quanto do comitê organizador. Quando o Ministério Público

entrou com a ação ele preferiu, logo depois da definição do calendário da Copa, ele decidiu se afastar. (E54 – Bloco 1 – SML)

Em sua resposta, o candidato enfatiza que a posição assumida pelo filho no comitê foi a de voluntário, isto é, sem fins lucrativos. Porém, devido aos atributos gerenciais de TL, na visão de Márcio Lacerda, “E ele fez um trabalho muito bom... E o trabalho dele foi muito elogiado... ele fez um belíssimo trabalho de organização [...]”, possibilitou a TL ocupar um cargo de destaque no comitê. Entretanto, devido à intervenção do Ministério Público, o candidato afirma que seu filho decidiu se afastar.

Podemos observar através da pergunta E48, feita pelo internauta e editada pelo jornalista Josias de Souza, duas orientações:

I. A pergunta do jornalista (JS) agencia primeiro um desejo de esclarecimento de dois assuntos que, ao seu ver, são muito solicitados pelos internautas; segundo, a partir da pergunta do internauta Marcelo Moreira, apresenta uma crítica à qualidade do transporte coletivo e, de certo modo, acusa o prefeito de negligenciar e não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários) medidas que melhorem essa área; e por último, exige uma postura clara do prefeito visto que ele é uma autoridade supostamente capaz de intervir nessa questão.

II. O jornalista (JS) apresenta o questionamento da internauta Maria, referente à escolha do filho do candidato para ocupação de um importante cargo do Comitê da Copa. O jornalista justifica que a escolha desses temas não têm um “interesse” específico, que apenas as encaminha, visto se tratar de uma instância imparcial.

Assim, ao selecionar determinados temas (transporte público e comitê da Copa) a partir de sua coenunciação com os internautas, o sabatinador pretende uma certa confrontação baseada em fatos polêmicos, para além dos sentimentos agregadores, satisfatórios e/ou bem intencionados tematizados pelos candidatos em campanha eleitoral. Assim a tematização das “impressões” dos internautas, sempre polêmicos, são editados pelo jornalista, geralmente, buscando provocar o sabatinado.

Por isso, ao orquestrar a fala dos internautas, a instância midiática é guiada por seus próprios interesses, porém, tal interesse é delegado como sendo do internauta. Poderemos verificar isso abaixo a partir da pergunta e comentário do jornalista Paulo Peixoto:

Exemplo 32 (SML, Bloco 1, E57)25: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, o senhor acha que é bastante legítimo a descrença da população de Belo Horizonte em relação a essas promessas? Porque isso não é exclusivo da eleição do senhor, aconteceu em 2008, aconteceu em 2010 para Governo do Estado, aconteceu em 2006, aconteceu em 2004, e assim vem desde quando o metrô foi construído, todos prometem, mas sabendo que não depende deles, nem do prefeito e nem do governador, a liberação desses recursos, sempre depende do Governo Federal. Foi assim, a gente teve o PSDB na prefeitura, junto com o Governo Fernando Henrique, o dinheiro não veio. Tivemos presidente Lula, com o PT na prefeitura, também o dinheiro não veio. Não é legítimo a população desconfiar dos políticos que tocam no assunto metrô, enquanto essa obra não estiver sendo executada efetivamente?

O excerto acima mostra um posicionamento avaliativo do jornalista ao apresentar os motivos da descrença da instância cidadã, eleitoral, em relação à promessa de ampliação do metrô, visto que todos os mandatários municipais, “desde quando o metrô foi construído”, prometem e não cumprem. O locutor explicita, de modo enfático, os motivos da insatisfação do eleitorado frente a essas promessas também feitas por Lacerda, deixando em relevo uma acusação de um ethos demagógico do candidato e suscitando no eleitorado um efeito de descrença e/ou indignação, possibilitando assim a realização de julgamentos negativos deste último sobre o processo de governabilidade em Belo Horizonte.

O trecho “[...] Não é legítimo a população desconfiar dos políticos que tocam no assunto metrô, enquanto essa obra não estiver sendo executada efetivamente?” apresenta um ato diretivo que estabelece um vínculo afetivo com o auditório em função de fatos constatados ao longo de várias campanhas municipais e estaduais que sugerem a perversidade das instâncias políticas ao prometerem e não cumprirem: “[...] aconteceu em 2008, aconteceu em 2010 para Governo do Estado, aconteceu em 2006, aconteceu em 2004, e assim vem desde quando o metrô foi

25 É interessante observarmos que com base nesta pergunta/comentário, o jornalista projeta uma possível interpretação do ethos do candidato construído pelos eleitores como sendo demagógico. O tom que o jornalista assume parece “traduzir” a forma com que o eleitorado supostamente percebe as propostas do candidato.

construído”. Indiretamente, tal pergunta torna-se uma crítica à retomada da mesma promessa em diversas campanhas municipais e estaduais por outros candidatos e também por Lacerda, considerando que tal obra não tenha sido realizada até o momento. Aliás, o candidato parece não ter demonstrado tal interesse em seu mandato (2008-2012), por isso, pode ser interpretado como um artifício eleitoreiro na busca de votos, sendo que até o momento nenhuma ação efetiva foi tomada rumo à concretização de tal promessa.

2.2.2 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a Patrus Ananias

Semelhantemente ao que foi observado na atualização da pergunta do internauta em relação a Lacerda, a pergunta feita a Patrus também apresenta uma intenção provocativa. Observe:

Exemplo 33 (SPA, Bloco 1, E23): JOSIAS DE

SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Nós estamos recebendo perguntas também de internautas, ministro, uma delas é da Juliana Duran, ela pergunta ao senhor, “Grande parte da sua lista de campanha – como ela menciona – limpar a Pampulha, aprimorar a escola, melhorando o salário de professores entre outras metas, nunca foram realizadas na sua gestão anterior na Prefeitura da Cidade”, ela pergunta se não eram, na ocasião, também essas prioridades relevantes. E eu acrescentaria a isso um pouco para fazer o papel de advogado do Diabo: pesquisa recente do Datafolha informa que o prefeito Márcio Lacerda é, entre os prefeitos das capitais, o mais bem avaliado. O senhor aqui faz críticas muito severas à administração dele e está nas pesquisas com metade das intenções de voto dele, o eleitor está errado nessas avaliações que faz? 26

(E24): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós estamos em um

processo eleitoral. Quando eu saí da Prefeitura de Belo Horizonte, quando nós concluímos o nosso mandato exitoso, eu tive a aprovação de mais de 80%, tanto que fiz o sucessor, depois de mim [...], então o nosso Governo foi um divisor de águas, nós fizemos importantes investimentos na Pampulha, não resolvemos definitivamente o problema, porque naquela época nós não tínhamos nenhum recurso do Governo Federal. Eu fui à Brasília [...]

26 Apesar deste tópico não ter o objetivo de analisar a pergunta do jornalista e sim a do internauta, o acréscimo do jornalista à pergunta do internauta é interessante visto que o representante da instância midiática assume uma postura explicitamente provocativa, corroborando para a avaliação negativa feita pelo internauta.

conversarmos com o presidente Fernando Henrique e ele prometeu que mandaria um recurso para nós resolvermos as obras da Pampulha e não conseguimos. Mesmo assim reduzimos muito a poluição nos córregos Ressaca, Sarandi que são afluentes à Pampulha, retiramos os aguapés, desenvolvemos um grande programa entorno da preservação da lagoa, fizemos uma revolução na Educação em Belo Horizonte. [...] Quando nós assumimos a Prefeitura de Belo Horizonte, Vera, só para lembrar, 50% das crianças eram reprovadas na 1ª série, iam praticamente pra rua. Nós tínhamos uma demanda de quase duas crianças por vaga. Nós construímos 14 novas escolas em Belo Horizonte, reformamos e ampliamos mais de 40 escolas, universalizamos, iniciamos a Escola Integrada, começamos a integrar as creches no processo de educação. Belo Horizonte foi a primeira cidade que municipalizou a Saúde. Implantamos o Orçamento Participativo e fizemos um governo que a Cidade já conhece.

Podemos sintetizar as relações enunciativas desse momento da sabatina da seguinte forma:

EUc [afeição político-ideológica contra o Prefeito]

CRENÇA de que a administração do candidato Patrus apresentou muitas falhas

DESEJO de que o candidato justifique promessas que não cumpriu

EUe EUe [JD → JS] desqualifica as promessas do candidato sobre limpeza da Pampulha, melhoria das escolas e aumento de salário dos professores, que em suas gestão anterior foram