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FOTO 14. Um grupo de camisas-verdes de Domingos Martins

2 ANOS CONTURBADOS: AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIB)

2.4 A perseguição do governo e o ano de 1938

Após o levante comunista, a situação política sofreu alterações. A AIB continuou sua campanha para difundir suas ideias e fundou novos núcleos, como o de Rodeio, no município de Rio Novo, que recebeu 250 novos membros, e Duas Barras, no município de Iconha, que reuniu mais 337 novos adeptos.114 A campanha do ouro, para arrecadar fundos para a AIB, continuou ativa, recolhendo os mais variados objetos, como anéis de formatura, medalhas, alianças, etc. Porém, o ano de 1936 já foi marcado por perseguições que partiam do próprio governo.

Darcy Pereira informou, por telegrama, ao núcleo de Vitória que o delegado regional havia recebido ordens do secretário do Interior para ―[...] agir com máxima energia contra o Integralismo‖, não consentindo a realização de trabalhos internos nos núcleos e suspendendo, imediatamente, o funcionamento das escolas de alfabetização.115

114 Telegramas do Núcleo de Cachoeiro para o Núcleo de Vitória, de 13-7-1936 e de 24-8-1936

(Caixa n° 37. APEES).

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A sede da AIB de Cachoeiro era alvo de pixações. Os integralistas denunciavam ao governo a situação e pediam medidas contra os ―bolchevistas‖ da cidade.116

Mas os conflitos envolvendo integralistas não se restringiram à cidade de Cachoeiro. Em outra estação – na localidade de João Neiva – no município de Pau-Gigante, às vésperas das comemorações do Dia da Pátria do ano de 1936, outro confronto resultou em morte. Dessa vez, a contenda envolveu um grupo de integralistas e a polícia local:

Infelizmente temos a lamentar a morte, do companheiro Amadeo Faustini, que recebeu uma bala pelas costas, que lhe varou o coração. O corpo desse companheiro ficou insepulto por várias horas, não tendo os comunistas junto com a polícia, permitido logo em seguida, a retirada do corpo. Não houve exame de corpo de delito. O médico foi o próprio Dr. Azevedório, mandante do crime, e que apenas atestou morte por hemorragia interna.117

Vários integralistas ficaram presos por alguns dias, inclusive o chefe do núcleo de Pau-Gigante, Lastenio Calmon Júnior. Em relatório interno da AIB, denunciaram que o inquérito foi realizado em Vitória, e não em Pau-Gigante como deveria ter sido. As testemunhas estavam sob coação e não leram o próprio depoimento que assinaram.

No mesmo documento, os integralistas ainda responsabilizam o Dr. José Simplício de Azevedorio, o prefeito local, e o secretário do Interior, Dr. Celso Calmon Nogueira da Gama, pelo ocorrido. Depois do conflito, os núcleos da sede Pau-Gigante e seus distritos, João Neiva, Accioly, Pendanga e Cavallinhos foram fechados pela polícia de acordo com a Lei de Segurança.118

O caso foi levado às tribunas dos vereadores. Tem-se então a versão do que aconteceu naquele dia na Estação de João Neiva, contada por um não integralista e aliado do governo. Conforme o relato, na estação de João Neiva desceram cerca de 60 integralistas uniformizados. Um policial abordou um deles e

116 João Linhares remeteu, em 16-9-1936, o telegrama recebido do Núcleo de Cachoeiro no dia

anterior para Bley exigindo providências e para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (Caixa n° 37. APEES).

117 Ofício do Núcleo de Vitória para o Rio de Janeiro, de 12-9-1936 (Caixa n° 37. APEES).

118 Ofício recebido por João Linhares em 13-9-1936, reproduzido no relatório enviado ao Rio de

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quis lhe tomar a arma. Discutiram e tiros foram disparados, morrendo um integralista, que, segundo o informante, ―[...] era um dos mais exaltados‖.119

No dia 14 do mesmo mês, dois membros do Partido Integralista chegaram à sede da AIB, espancados pela polícia local, ―[...] apresentando todo o corpo numa só e bárbara echymose, coisa verdadeiramente horrível [...]‖.120 A

liderança da AIB no Estado resolveu levá-los à presença do capitão João Punaro Bley. O interventor os recebeu e os integralistas disseram acreditar que ele desconhecia os fatos. Os homens espancados foram interrogados pelo interventor, que se mostrou ―irritado e comovido‖ e disse, por fim, que tomaria enérgicas providências, redigindo, naquele exato momento, um telegrama ao prefeito. Contudo, segundo os integralistas, tudo não passou de uma ―comédia‖, ou o interventor suspendeu a ordem ou não mandou executá-la, pois, além de ninguém ter sido preso e nenhuma providência tomada, uma pessoa íntima no Palácio, conversando com a esposa do interventor ―[...] que dizem ser simpatizante do movimento‖ percebeu que ela não tomou conhecimento dos espancamentos e da visita dos integralistas ao Palácio. Segundo eles, ―Ter o governador ocultado à esposa tais fatos, que a cidade toda conhece, é índice claro, de conivência, anuência, complacência e porque não dizê-lo, de cumplicidade em tais crimes‖.121

As perseguições e ―[...] os atos da mais horripilante selvageria‖, conforme a AIB, prosseguiram em Pau-Gigante. De acordo com o relator do documento, os integralistas de Pau-Gigante haviam se transformados em ―judeus errantes‖:

Ontem, 18, chegou aqui o companheiro Ettore Favalessa, que também foi ameaçado de pancada, e remetido para Vitória, para depor. É um dos meios de perseguir, porque o desgraçado colono não tem dinheiro para nada e menos para viajar e é obrigado a se endividar, para vir a Vitória. Aqui, perdem um e dois dias, ouvem descomposturas do delegado, e vão embora. Chegados lá, são perseguidos novamente, e viram ‗judeus errantes‘.122

119 Recorte de jornal, sem data, intitulado: O conflito de João Neiva (Caixa n° 37. APEES).

120 Continuação do relatório sobre os acontecimentos em João Neiva. Do Núcleo de Vitória para o Rio

de Janeiro em 19-9-1936 (Caixa n° 37. APEES).

121 Continuação do relatório sobre os acontecimentos em João Neiva. Do Núcleo de Vitória para o Rio

de Janeiro em 19-9-1936 (Caixa n° 37. APEES).

122 Continuação do relatório sobre os acontecimentos em João Neiva. Do Núcleo de Vitória para o Rio

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O que mais interessa no acontecimento em João Neiva é perceber que, nesse momento, o capitão João Punaro Bley, apesar de não declarar abertamente, não via com simpatias o movimento integralista do Espírito Santo, permitindo e, talvez, até estimulando a perseguição de seus dirigentes.

O clima continuava tenso. Os integralistas de Cachoeiro também pretendiam realizar o seu desfile pelas ruas da cidade no dia 7 de setembro, mas, a fim de cumprir as ordens publicadas no Diário Oficial do dia 5, reuniram-se apenas dentro da sede.123

O relatório enviado pela Província do Espírito Santo, referente ao ano de 1936, deixa-nos algumas informações sobre a situação do movimento naquele ano. Informa que a Secretaria de Educação Moral e Cívica pouco conseguiu fazer em certos municípios onde a proibição da polícia foi mais severa. Os núcleos de Pau-Gigante e Cachoeiro de Itapemirim mantiveram, por algum tempo, turmas de ginástica e outros exercícios, mas os integralistas desses núcleos afirmavam que ―Hoje em dia, a polícia não permite em absoluto, nenhuma reunião e principalmente ao ar livre‖.124

Os serviços de assistência social atenderam os membros necessitados, provendo medicamentos e recursos monetários. De acordo com o documento, muitos ―companheiros‖ necessitados vinham do ―Norte do País‖ e aqui chegavam em busca de emprego ou de recursos para continuar a viagem até o Rio de Janeiro. O maior número de socorridos vinha da ―Província mártir – Bahia‖:

[...] devido as constantes perseguições, deixam sua Província e vem em procura de outros lugares aonde possam expandir as suas idéias, dando alento a seus corações de brasileiros, feridos naquilo que mais amam e que defenderão com as próprias vidas, si preciso for – A Pátria Brasileira.125

A Secretaria Provincial de Arregimentação Feminina e Pliniana, que tinha passado por um longo período de poucos trabalhos, informava que, no ano de 1936, por intermédio do seu Departamento Feminino chefiado por uma ―companheira‖, fizeram a campanha do Natal dos Pobres, distribuindo gêneros alimentícios, cobertores, doces, balas, etc. no orfanato Cristo Rei e roupinhas no Hospital Infantil.

123 Telegrama de Linhares para Lastênio Calmon, de 5-9-1936 (Caixa n° 37. APEES). 124

Relatório da AIB do ano de 1936 (Caixa n° 37. APEES).

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Por sua vez, a Secretaria Provincial de Estudos e Doutrina criou os dados estatísticos sobre a Província e cuidou da orientação de artigos de jornais e conferências, atentando para que não desvirtuassem o sentido da doutrina de Plínio Salgado.

Já a Secretaria Provincial das Corporações e Serviços Eleitorais comunicou que criou um ―fichário político‖, informando também o número de integralistas da Província do Espírito Santo, por região:126

Tabela 2 - População Integralista por região – Ano 1936

Região Municípios Total Município Total Região

1° Pau-Gigante (Ibiraçu) Colatina 1.350 3.150 4.500 2° Santa Teresa Santa Leopoldina Itaguaçu Afonso Cláudio 5.480 120 250 150 6.000 3° Vitória Cariacica Viana Domingos Martins Guarapari 1.286 234 350 820 310 3.000 4° Cachoeiro de Itapemirim Alfredo Chaves Iconha

Rio Novo (Rio Novo do Sul) Itapemirim 2.513 637 602 508 38 4.298 5° Castelo Muniz Freire Rio Pardo 3.449 113 59 3.621 6° Calçado Alegre

Siqueira Campos (Guaçuí) Muqui

João Pessoa (Mimoso do Sul)

60 1.156 350 480 53 2.099 Total 23.518

Fonte: Relatório da AIB do ano de 1936 (Caixa n° 37. APEES).

126 Mesmo que os números divulgados pela AIB possam estar supervalorizados, eles mostram em

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O relatório apresentava um gráfico intitulado ―Aumento da População‖ que demonstrava o crescimento do integralismo no Estado.127 Contudo, deve-se ter

cautela quanto aos dados apresentados, pois o interesse em evidenciar aos seus superiores um bom resultado pode ter elevado os números. Não há dúvida, porém, de que, após o levante comunista, o número de adeptos ao integralismo cresceu. Transformando o gráfico em tabela, tem-se:

Tabela 3 – Aumento da População

Ano N° de Integralistas 1932 100 1933 5.000 1934 8.000 1935 12.000 1936 24.000

Fonte: Relatório da AIB do ano de 1936 (Caixa n° 37. APEES).

Sobre os trabalhos desenvolvidos pelas duas Prefeituras chefiadas por integralistas, o relatório afirmava que a opinião dos meios oficiais era bastante positiva.

Se todos os prefeitos mantivessem a atitude dos nossos dois camisas verdes, o Espírito Santo se tornaria uma das maiores Províncias do Brasil, pois eles só cuidam do desenvolvimento dos seus municípios, não perdendo tempo em politicalha.128

É interessante perceber a forma como os integralistas julgavam a política dos seus opositores. Para eles os únicos que se preocupavam com o desenvolvimento dos seus municípios e, por certo, com a Pátria eram eles próprios. Todos os seus adversários faziam ―politicalha‖. Em 29 de agosto, em uma resposta à Secretaria Provincial de Imprensa que perguntava sobre a situação política no

127 Outra fonte indica o ano de 1933 para a fundação da AIB no Espírito Santo. Circular do Núcleo de

Vitória para chefes municipais, de 17-8-1935 (Caixa n° 37. APEES).

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Estado, foi emitida a mesma opinião: ―No restante, é a luta mesquinha dos partidos, é a gabeiragem entristecedora de um regime velho‖.129

O novo era pensado em contraposição à política da República Velha, às fraudes eleitorais e à suposta falta de ética e patriotismo. A ideia de que o integralismo marcava o início de um novo tempo, em oposição ao ―Velho Regime‖ estava refletida no título do jornal integralista local, Idade Nova. Até aquele momento, o jornal contava com dez exemplares e era o único veículo pelo qual se fazia a ―luta contra o comunismo‖, enquanto os núcleos permaneciam fechados.130

A Secretaria Provincial das Corporações e Serviços Eleitorais afirmava ainda que o trabalho com os sindicatos continuava, pois sentiam uma certa animosidade em alguns deles. A ideia era infiltrar-se nesses meios para não deixar brecha para uma possível volta da influência comunista. Afirmavam também que alguns sindicatos eram responsáveis por uma ―perigosíssima propaganda comunista e anti-integralista‖. Segundo o documento, a infiltração dos integralistas nos meios proletários se fazia ―muito lentamente‖, devido à resistência encontrada, pois, até pouco tempo, os partidários do integralismo tinham sua adesão recusada por vários sindicatos.

Mas, com a instalação do Estado Novo e a posterior dissolução dos partidos políticos, esse contexto será radicalmente alterado. Inicialmente, os militantes não acreditavam que estariam fora dos planos de Vargas na implantação do Estado Novo. Dias depois do discurso de Vargas, em 10 de novembro, um militante escrevia para confortar e dar esperanças aos outros membros:

Vim hontem do Rio. Estive com o chefe Nacional. A nossa situação é bôa, porque é optima, formidavel mesmo. Nunca estivemos tão bem. Não falo assim para animar ninguém, mas porque é a verdade. [...] Plínio Salgado, o chefe nacional, só será preso no dia que o Presidente Getulio Vargas tambem for. Elles sim estão unidos para o bem da grandeza do Brasil.131

129 Ofício n° 5 da Secretaria Provincial de Imprensa para a Secretaria Nacional de Imprensa, de 29-8-

1936 (Caixa n° 37. APEES).

130 Encontrou-se referência do jornal até o n° 25, ano 2. Processo Criminal n° 482. (CX. 408). Os

jornais não foram localizados.

131 Carta para Cachoeiro, de 14-11-1937. Processo Criminal n° 593 (CX. 411) de 8-7-1938, originado

em Vitória. Processos Criminais do Tribunal de Segurança Nacional (TSN). Arquivo Nacional (AN). Rio de Janeiro.

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A situação da AIB não era boa. Logo após o golpe do Estado Novo, Vargas busca se afastar da imagem da AIB e, no dia 2 de dezembro, decreta a dissolução dos partidos políticos. A experiência integralista se encerra com a tentativa fracassada de tomar o poder em 11 maio de 1938.

A polícia capixaba decidiu abrir inquérito para apurar o possível envolvimento dos integralistas locais no último evento. Para tanto, 19 pessoas, entre ex-chefes e membros integralistas, foram chamadas a depor. A notícia do que ocorreria naquela madrugada veio pelos trilhos do trem e chegou até os integralistas de Cachoeiro que, por sua vez, comunicaram àqueles que residiam na Capital. O morador do andar de baixo da casa do padre integralista Ponciano Stenzel dos Santos confirmou, em depoimento, que, naquela noite, houve uma movimentação incomum naquela residência. Além da movimentação, a descoberta da existência de armas enterradas, depois do fechamento da AIB, também veio à tona nessa investigação.

Os envolvidos, inicialmente, negaram que sabiam de algo, mas, nos depoimentos subsequentes, confirmaram que houve boatos, mas não sabiam quem estaria promovendo a ação, se comunistas, integralistas ou outros.

É certo que os integralistas do Espírito Santo não ajudaram na revolta armada, mas sabiam do que aconteceria naquela noite. Nos depoimentos, embora declarassem discordar, veementemente, daquele tipo de atitude, ficou claro que a maioria dos depoentes ainda se identificava com a doutrina. Apenas um afirmou que sentia um ―[...] profundo arrependimento de ter sido adepto do sigma‖. Cinco dos depoentes declararam que, na Constituição de 1937, havia muitos pontos de vista integralistas e, portanto, teoricamente, achavam-se representados no Estado Novo. O problema é que não viam a teoria ser aplicada na prática. Todos, com exceção daquele que disse ser um integralista arrependido, afirmaram que a tomada de poder à força desvirtuava a doutrina integralista.132

João Linhares, ex-chefe provincial, acreditava que a rebelião tinha sido mais de fundo militar, apesar da cooperação de alguns integralistas. Para ele a doutrina integralista não pregava violências como meio de galgar o poder e assegurava que a AIB do Espírito Santo não teve participação nem remota com a

132 Trindade (1979) assinala que, nos primeiros documentos da AIB, o uso da força não está excluído,

porém afirma também que a violência parecia ser mais uma forma de ameaçar seus adversários do que uma possibilidade real.

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―intentona‖ de 11 de maio. Ao final, arrematou que, ―[...] por ter sido integralista não quer dizer que esteja implicado em todas as mashorcas em que figurem elementos integralistas‖.

Já padre Ponciano, ex-secretário de estudos do movimento, julgava rebeliões como formas ilícitas para conquistar o poder, do ponto de vista cristão e social. Para ele a rebelião era um movimento armado do Exército, da Marinha e de integralistas. Afirmava que, naturalmente, desejava o Estado Integral ou um regime parlamentar de partidos organizados dentro da lei, como era antigamente. Se a Constituição de 1937 fosse posta em prática como está em teoria, sob o Estado corporativo, o padre estaria identificado e integrado ao Estado Novo, mas, nesse momento de transição, ele não se sentia identificado, porém acatava e respeitava as ordens emanadas.

Darcy Pereira, ex-chefe do núcleo de Cachoeiro, estava convencido de que a ação não era exclusivamente de elementos integralistas e não se constituía uma revolução, mas, sim, vingança pessoal promovida por elementos heterogêneos e despeitados – políticos da situação passada, militares, civis e uma ala dos integralistas que queriam o poder a qualquer forma, mesmo com a ―desgraça do Brasil‖. Declarou ainda que fazia votos a Deus para que a Constituição conduzisse o País para seus grandes destinos e, caso ficasse provado o envolvimento de Plínio Salgado nessa ação, começaria a duvidar ―[...] das palavras dos homens‖.

Outro depoente também duvidava da aprovação do Chefe Nacional. Para ele os responsáveis eram um ―Grupo de integralistas aliado a descontentes políticos da velha guarda e alguns militares a revelia do chefe nacional‖.133

Por fim, um depoente afirmava que tinha sido integralista até a sede ser fechada, mas continuava com os princípios integralistas de acordo com o manifesto-programa de 1936 e o manifesto de outubro de 1932. Até aquele momento, não acreditava que se tratava de um golpe integralista,

[...] pois, aquele que assim agiu no momento que tomou tal atitude divorciou-se completamente dos princípios básicos da doutrina e se foi o golpe dado com acquiciencia do chefe nacional, ele seria o maior contraditor de sua própria idéia. Conhecendo de perto Plínio, o seu feitio é educar e não destruir.134

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Processo Criminal n° 593 (CX. 411).

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A promotoria pediu arquivamento do processo alegando que não foi provado que os acusados fizeram articulação ou aliciaram elementos para tomar parte do movimento integralista. Havia ficado provado apenas que alguém deu a notícia ao chefe integralista local, tendo este e outros divulgado a adeptos.

A partir dos depoimentos, percebe-se que, mesmo buscando as aproximações entre a política do Estado Novo e os ideais integralistas, até para provar a polícia sua identificação com o ―novo regime‖, os integralistas não se sentiam representados, já que, para eles, a teoria não era colocada em prática. Assim, os integralistas do Espírito Santo continuavam ligados à doutrina do sigma.