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Perspectivas e evolução dos programas direccionados ao desenvolvimento da criança

CAPÍTULO 2 – A PRIMEIRA INFÂNCIA

3. I MPORTÂNCIA DA I NTERVENÇÃO P RECOCE

3.1 Perspectivas e evolução dos programas direccionados ao desenvolvimento da criança

adequada aos pais e aos representantes legais da criança no desempenho das suas responsabilidades educativas e assegurar a criação de instituições, instalações e serviços vocacionados para o apoio à infância”.

De facto, as crianças provenientes de famílias carenciadas ou de estrutura familiar alterada por qualquer vicissitude, têm necessidade acrescida de assistência educativa, o que se verifica no nosso estudo, em que encontramos criança e a mãe em contexto prisional, ambas necessitando dos serviços de assistência e de apoio, através da implementação de programas educativos e sociais.

3.1 Perspectivas e evolução dos programas direccionados ao desenvolvimento da criança

Embora o desenvolvimento da criança e os programas direccionados à educação de infância não sejam uma novidade, o que é facto é que à medida que as sociedades foram mudando, também as práticas educativas foram-se adaptando às novas circunstâncias e em cada cultura assistimos a cuidados e intervenções específicas, junto das crianças. A partir da Revolução Industrial do séc. XVIII, assistimos ao incremento dos cuidados e desenvolvimento da criança. Até então, as crianças cresciam no meio de uma família tradicional, alargada, integrada numa sociedade essencialmente rural e agrícola.

Este meio rural permitia à criança uma espontânea exploração do meio envolvente, quer pelo espaço alargado, quer pelo ambiente rico de estímulos.

Na Europa, entre o séc. XVIII e XIX, a sobrevivência infantil foi continuamente ameaçada pelas doenças, que assolaram os vários países do velho continente.

Também em África as crianças desenvolviam-se livremente, quer pelas condições climáticas favoráveis, quer pela vida em comunidade, específica da maioria das tribos africanas. Contudo, nos últimos anos assiste-se a uma mortalidade infantil, quer no continente africano, quer no asiático, devido à escassez de alimentos, de água potável, de cuidados de saúde materno-infantil, provocada por vários conflitos regionais.

A Revolução Industrial veio desencadear alterações nas condições de vida, da estrutura familiar, dos valores, resultante dos fluxos migratórios para os meios urbanos. Padrões

de vida e de trabalho diferentes provocaram a necessidade de proporcionar cuidados aos filhos das trabalhadoras e também de se criarem condições para uma estimulação adequada às crianças, que passaram a desenvolver-se em ambientes fisicamente restritivos.

Perante estas mudanças, a família é confrontada com a necessidade de uma aprendizagem mais activa e adaptativa a um novo modo de socialização.

Assim, em substituição das práticas educativas tradicionais surgem dois tipos de programas destinados às crianças. Um tipo de programa tinha como objectivo principal prestar assistência a crianças necessitadas ou abandonadas e tinham o intuito protector e de assistência institucional. Um outro tipo, dirigido essencialmente à classe média, era concebido em termos de estimulação, mais centrada no desenvolvimento e era ministrado em centros educativos específicos para a Infância.

Durante o segundo quartel do Séc.XIX, assiste-se nos países mais empenhados na Industrialização a um súbito interesse pelas crianças na primeira Infância. Fenómenos já citados como: a industrialização, os processos de urbanização e o emprego feminino, vão conferir uma importância crescente à Educação de Infância, numa óptica de apoio à criança e à família dos extractos sociais mais pobres (Afonso, 1999).

Assim, fundam-se salas de asilo, berços públicos, casas de custódia.

Considera-se que as primeiras instituições designadas especialmente para crianças até aos 6 anos datam de 1834; pertença da iniciativa privada, tinham preocupações sociais do tipo asilar, eram destinadas às crianças mais desfavorecidas e localizavam-se nas grandes cidades (Monroe, 1978).

Ramos (1993) referencia um conjunto de factores históricos, culturais, sociais e científicos que contribuíram para a evolução das políticas e tipos de cuidados prestados à criança.

A partir da segunda metade do Séc.XX, outras transformações sociais se verificaram, contributo essencial da revolução das comunicações, transformando o mundo numa “aldeia global”. Para além do incremento operado na área das comunicações, também o desenvolvimento dos meios de transporte, proporcionaram a expansão de organismos públicos, especificamente ligados à educação e saúde, criando assim mecanismos para o bem-estar e para a escolarização das crianças.

No final do Séc.XX e também neste novo milénio, assistimos a mudanças sociais e culturais que vieram afectar a família. A crise sócio - económica e política instalada nos vários países europeus manifestou-se na falta e na precariedade de emprego e consequentemente na destruturação da própria família.

Por outro lado, outro grande problema que a sociedade actual enfrenta – o tráfico e o consumo de droga e os “contornos” deste flagelo vieram afectar as famílias e sobretudo as gestantes e seus filhos. Actualmente, verificamos que são vários os organismos que procuram apoiar a futura mãe e os seus bebés, de forma a minimizar os efeitos da toxicodependência.

Outros projectos têm sido implementados, não só direccionados ao desenvolvimento da criança, mas também de recuperar crianças e jovens, de desenvolver competências pessoais e sociais da população, de revalorizar os valores pessoais, familiares e sociais,

com o recurso à informação, formação e constituição de redes de solidariedade (IAC, 2000).

Respeitando as culturas em presença e as necessidades de cada Família, a promoção do desenvolvimento infantil apela à participação da comunidade, para uma mobilização no campo social – a profissionais de educação, de saúde, pessoal auxiliar e no nosso contexto, às guardas prisionais, através do reforço das infra-estruturas e da formação, para uma maior consciencialização e alargamento das competências e muitas vezes de mudança de atitudes.