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1.7.1 Visitas aos órgãos de governo

Os trabalhos de campo foram iniciados no mês de março de 2010 na cidade de Palmas por ocasião das visitas realizadas em secretarias do governo estadual, órgãos do governo federal, conselho de segurança alimentar e movimento negro estadual. A seguir as instituições, nominalmente: Secretaria da Cidadania e Justiça (SECIJU), Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS), Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Superintendência do Programa Estadual de Alimentação e Melhoria da Qualidade de Vida (PROVIDA), Diretoria de Proteção Social Básica da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (SETAS), Secretaria do Planejamento (SEPLAN), Secretaria da Educação (SEDUC), Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável, Ministério Público Federal e Secretaria da Saúde e Grupo de Consciência Negra do Tocantins (GRUCONTO).

Na ocasião, foram realizadas entrevistas estruturadas, nas quais conseguimos recolher algum material relativo às políticas públicas, programas, atividades, projetos governamentais e não-governamentais, legislação pertinente às

comunidades quilombolas, documentação relativa à temática da segurança alimentar e nutricional, buscando a co-relação entre as políticas propostas nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal).

A partir do consentimento de cada participante, as entrevistas foram gravadas. Ainda assim a identidade de cada pessoa entrevistada foi preservada. O roteiro de perguntas aplicadas aos técnicos do governo e os modelos de formulários utilizados serão apresentados como apêndice, ao final do trabalho.

1.7.2 Trabalho de campo no Povoado Mumbuca

O trabalho de campo no Povoado Mumbuca realizou-se nos meses de maio, julho e setembro de 2011. A situação de pesquisa com a comunidade contou com registros etnográficos, aqui entendido nos termos propostos por João Pacheco de Oliveira Filho (1999, p. 67)32 e com o levantamento de dados qualitativos e quantitativos referentes às condições de vida das famílias mumbuquenses. Foi aplicada a técnica de entrevista e preenchimento de formulários. O critério para a utilização de cada instrumento será detalhado a seguir:

1.7.2.1 Entrevistas não-estruturadas

Foram entrevistadas as duas pessoas mais velhas33 da comunidade: Sr. Diolindo Beato (Vô Dió) e Dona Laurentina Matos (Vó Laurentina). A identidade foi declarada e os nomes aparecem na versão final do trabalho com autorização das pessoas entrevistadas. As conversas foram gravadas ou não.

32“É necessário abordar a situação de campo como um processo de interação dirigida, no qual ações, crenças e expectativas, por mais heterogêneas e divergentes que sejam em sua origem, articulem-se e se referenciem em função de sua contemporaneidade ou sucessividade” (OLIVEIRA FILHO, 1999, p. 67).

33Entendemosque a memória do Sr. Diolindo e D. Laurentina contribui de forma efetiva para descrição de parte da memória coletiva da Comunidade Mumbuca, conforme nos ensina Halbwachs (2006).

1.7.2.2 Entrevistas semiestruturadas

a) Foram entrevistados três presidentes da associação durante o período estudado (2003-2010) e uma jovem da comunidade portadora de carisma34 e conhecimento dos trâmites burocráticos da associação. A identidade foi declarada no processo da pesquisa, mas não divulgada versão final do trabalho. Uso do código “liderança” com sequência numérica. Perguntas abertas (de fato, de ação, de opinião e de intenção). Todas as entrevistas foram gravadas com autorização das pessoas.

b) Foram entrevistados dois profissionais da área da saúde que são membros da comunidade e trabalham no Povoado, dois trabalhadores do campo que vivenciaram as questões do conflito socioambiental por ocasião da criação do Parque Estadual do Jalapão. Também uma moradora que exerce atividade cultural de recepção aos turistas e uma moradora que exerce atividade na área de ensino na escola localizada na comunidade. A identidade foi declarada no processo da pesquisa, mas não divulgada na versão final do trabalho. Uso do código “colaborador” com sequência numérica. Perguntas abertas (de fato, de ação, de opinião e de intenção). Todas as entrevistas foram gravadas com autorização do pesquisado, mas só apresentaremos um modelo como exemplo para que a descrição não fique exaustiva. Cabe mencionar que cada roteiro foi pensado de acordo com o perfil do entrevistado e o eixo da pesquisa que o questionário iria cobrir. Todas as entrevistas foram gravadas com autorização das pessoas.

1.7.2.3 Formulários: investigação social

34 Segundo Weber, “O carisma pode ser, e naturalmente é, em regra, qualitativamente singular, e por isso determina-se por fatores internos e não por ordens externas o limite qualitativo da missão e do poder de seu portador. Segundo seu sentido e conteúdo, a missão pode dirigir-se, e em regra o faz, a um grupo de pessoas determinado por fatores locais, étnicos, sociais, políticos, profissionais ou de outro tipo qualquer: neste caso, encontra seus limites no círculo dessas pessoas.” (WEBER, 2004, p. 324).

A pesquisa de campo contou com um processo de investigação social que envolveu 26 famílias da comunidade. Na entrevista foram utilizados formulários contendo perguntas com alternativas de múltiplas escolhas, combinadas com alternativas dicotômicas. O intuito do uso desse instrumento de pesquisa era envolver o maior número de domicílios da comunidade e, se possível, atingir as mulheres que preparam o alimento. No entanto, percebemos que a gravação das entrevistas era um fator de recusa de participação do entrevistado e, no caso das mulheres casadas, elas preferiam responder as questões na presença de seus maridos. Para que houvesse uniformidade, optamos pela não gravação da entrevista e pela escolha do chefe do domicílio para ser o entrevistado. A identidade foi declarada no processo da pesquisa, mas não divulgada na versão final do trabalho. Utilizou-se o código: “morador” com sequência numérica.

1.7.3 Técnicas de pesquisa

1.7.3.1 Pesquisa documental

- compilação e cópia de documentos escritos e cartográficos de arquivos públicos oriundos do Ministério Público Federal, do INCRA, da SETAS e da Fundação Cultural do Estado do Tocantins;

- compilação e cópia de documentos escritos e cartográficos da Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado da Mumbuca;

- produção de imagens fotográficas, gravações de entrevistas em MP4, gráficos, tabelas e outras ilustrações durante o trabalho de campo.

1.7.3.2 Pesquisa bibliográfica

- Levantamento de dados bibliográficos tendo como fonte a imprensa escrita estadual e municipal e os meios audiovisuais produzidos pela Comunidade

Mumbuca (CDs com as músicas tradicionais) e as publicações de pesquisas realizadas por pesquisadores e órgãos públicos sobre a comunidade.

1.7.3.3 Pesquisa de campo

- Trabalho etnográfico;

- Observação direta intensiva: Observações, diagnóstico participativo e entrevistas com os membros da comunidade Mumbuca, os conselheiros do CONSEA e os técnicos responsáveis pela execução das políticas públicas eleitas nessa pesquisa.

- Observação direta extensiva: Levantamento de informações das condições de vida das famílias da comunidade utilizando o preenchimento de formulário.35

35 Cf. Apêndice A, p. 283.

2 TERRITÓRIO DA COMUNIDADE: HISTÓRIA, TRABALHO, PRODUÇÃO E CONFLITOS SOCIO-AMBIENTAIS