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Pesquisa exploratória e observação participante

2 RAZÃO AMBIENTAL E COMUNICAÇÃO

4.1 O PASSO A PASSO DOS PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

4.1.1 Pesquisa exploratória e observação participante

de seus adeptos.

c) 02/09/2019: coleta de informações de reunião com integrantes do Coletivo Curitiba Lixo Zero, por meio de observação participante;

d) Outubro/2019: observação participante durante a edição anual da Semana Lixo Zero Curitiba;

e) Novembro/2019: definição de atores a serem entrevistados com base em definição de perfil mobilizador e perfil do adepto do Conceito Lixo Zero; f) Dezembro/2019: elaboração dos roteiros de entrevista e de entrevistas em

profundidade;

g) Fevereiro/março/2020: realização de entrevistas em profundidade entre fevereiro e março de 2020;

h) Março/2020: emprego da análise da abordagem praxiológica da comunicação de Quéré (1991) e dos “níveis de vinculação” de Henriques et. al. (2017) para avaliar o processo de mobilização da rede mobilizadora Lixo Zero em Curitiba, por meio dos dados/informações coletados nas etapas anteriores.

i) Março/2020: Definição das categorias para a realização de Análise de Conteúdo sobre as falas obtidas nas entrevistas.

Nestas etapas, se evidenciam dois principais procedimentos de recolha de informações em campo, a observação participante e a aplicação de entrevistas.

4.1.1 Pesquisa exploratória e observação participante

Como já visto no capítulo anterior, o conceito Lixo Zero visa promover mudanças na relação de consumo e de descarte de resíduos sólidos, em âmbito individual e coletivo, mas também se mostra como uma causa de caráter socioambiental, enquanto “meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis (ZWIA, 2019). Como também já destacado, a adoção de cinco “R’s” (recusar, reduzir, reutilizar, compostar (Rot) e reciclar), reflete uma ação de postura individual imperativa, para mitigar os danos ambientais na relação humana de consumo.

Entretanto, ao mesmo tempo que se expressa como uma ação individual, os promotores do Lixo Zero buscam repercutir o conceito como uma manifestação coletiva e identitária, de promoção de mudança cultural e política a respeito do consumo, acondicionamento e tratamento dos resíduos sólidos no pós-consumo. Assim, é preciso considerar que o Lixo Zero é um conceito que busca adeptos para a solução socioambiental dos resíduos sólidos. Esta característica central foi percebida ainda na fase exploratória desta pesquisa, quando se identificou um grupo de atores sociais que mobilizam e promovem eventos na cidade em torno do tema central Lixo Zero. O grupo de atores se manifesta por meio de uma rede de mobilização, o já descrito “Coletivo Curitiba Lixo Zero” (CLZ), em sua grande maioria composto por pessoas voluntárias, simpáticas ao conceito Lixo Zero como causa ambiental.

Com base nesta constatação inicial, esta pesquisa de dissertação entende o conceito Lixo Zero como fenômeno social relevante, no interior do qual é possível se analisar a comunicação como fio condutor para mudanças e práticas sociais representativas pró-ambientais. Assim sendo, identificou-se, ainda por meio de pesquisa exploratória, o conceito Lixo Zero como causa local, com aspectos político- culturais específicos, que vão além de seu caráter internacional e nacional. Estes foram pressupostos básicos considerados para alcançar os objetivos de pesquisa (Vide tópico 1.2.1).

Além da pesquisa exploratória inicial, realizada por meio de leituras de documentos, conteúdos de sites e blogs na internet, acompanhamento da mídia local e reuniões aproximativas do coletivo e entidades envolvidas, partiu-se para a observação participante, um dos meios técnicos de pesquisa no campo social.

De acordo com Peruzzo (2011), na observação participante, o pesquisador se insere no grupo pesquisado, participando de suas atividades, ou seja, acompanha e vive (com maior ou menor intensidade) a situação concreta que abriga o objeto de sua investigação. Porém, o investigador não "se confunde", ou não se deixa passar por membro do grupo. Seu papel é o de observador; o pesquisador é autônomo. O "grupo", ou qualquer elemento do ambiente, não interfere na pesquisa, no que se refere à formulação dos objetivos e às demais fases do projeto, nem no tipo de informações registradas e nas interpretações dadas ao que foi observado; o observador pode ser "encoberto" ou "revelado", ou seja, o grupo pode ter ou não conhecimento de que está sendo investigado.

De acordo com Creswell (2010, p. 15). In: Rocha (2017, p. 6), para a coleta de dados usando a técnica da observação participante, pode-se estabelecer uma ou uma combinação destas estratégias:

QUADRO 8 - TIPOS DE OBSERVAÇÕES PARTICIPANTES

Observações

Realizar anotações de campo conduzindo uma observação como participante.

Realizar anotações de campo conduzindo uma observação como observador.

Realizar anotações de campo passando mais tempo como participante de que como observador.

Realizar anotações de campo passando mais tempo como observador do que como participante.

Realizar anotações de campo primeiro, observando como um estranho e depois entrando no local e observando como uma das pessoas envolvidas.

FONTE: CRESWELL (2010, P. 215 apud ROCHA, 2012, p. 6).

Ao se inserir como observadora participante nas ações dos coletivos sobre Lixo Zero, da cidade de Curitiba, PR, esta pesquisadora pode, especialmente, perceber como a organização é mobilizada por ativistas locais em rede, sob forma de coletivo de ação. Para Scherer-Warren (2009) essa forma de mobilização tem por característica a atuação uma multiplicidade de identidades, que se reúnem em prol de uma causa, sem necessitar de representação política e de liderança rígida. Logo, se destacou o Coletivo Curitiba Lixo Zero, já citado, formado por um grupo de atores que, embora tenham boa parte de suas atividades coordenadas por Organização Não- Governamental (ONG) — Instituto Lixo Zero Brasil, sob ponto de vista jurídico- administrativo — se organizam localmente. Essa associação é definida como um dos principais grupos mobilizadores da cidade, executando, portanto, muitas ações comunicativas Lixo Zero na cidade de Curitiba. No detalhamento metodológico sobre as entrevistas realizadas, a definição sobre os públicos ligados às ações comunicativas Lixo Zero em Curitiba será concebida de forma mais detalhada.