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Pesquisa para teste da hipótese – Paralelo entre a percepção das pessoas e o resultado da impedância ao sistema de transporte público – Etapa

ÁREAS DE MORRO DO RECIFE OCUPADAS

5. RESULTADOS OBTIDOS

5.3 Pesquisa para teste da hipótese – Paralelo entre a percepção das pessoas e o resultado da impedância ao sistema de transporte público – Etapa

As três áreas selecionadas para aplicação da pesquisa de teste da hipótese foram Alto José Bonifácio, Alto do Refúgio (bairro de Nova Descoberta) e Morro da Conceição. Nos três casos foram observados níveis de esforço físico muito diferentes em pequenos trechos das mesmas vias, configurando-se, assim, como boas amostras para teste da hipótese da influência da topografia enquanto fator de impedância para o deslocamento de pedestres em áreas de morro, e da comparação entre a mensuração pelo método apresentado e a percepção dos moradores locais.

5.3.1 Alto José Bonifácio (Alto José Bonifácio)

Com base nos dados colhidos com o cálculo de esforço no Alto José Bonifácio, foram definidos seis endereços para aferição do nível de impedância ao sistema de transporte público. Participaram da entrevista 7 pessoas.

 Rua Alto da Serrinha Nível 1 (um)

O nível de esforço observado para a Rua Alto da Serrinha ficou entre 10 e 20 kCal em função da proximidade com o terminal de ônibus do bairro. O grupo apontou para o nível um de dificuldade de acesso (Figura 5.14).

Figura 5.14: Rua Alto da Serrinha

 Rua Córrego do Euclides Nível 2 (dois)

Pela Rua Córrego do Euclides passam quatro linhas de ônibus que contornam o bairro do Alto José Bonifácio e ofertam o serviço de transporte público a outros bairros mais distantes do centro. De acordo com o cálculo de esforço, a via apresentou nível entre 10 e 20 kCal, considerado segundo parâmetros elaborados, como muito bom. Segundo os respondentes, a via apresenta nível três de dificuldade para acessar o transporte público devido à distância para os pontos de parada. O fator condição do passeio, sempre presente nas respostas como muito ruim, também contribuiu para o nível não ser considerado tão bom (Figura 5.15).

Figura 5.15: Rua Córrego do Euclides

Fonte: Google Earth. Acessado em Agosto de 2016  Rua Alto José Bonifácio Nível 5 (cinco)

A Rua Alto José Bonifácio é responsável por permitir a circulação de duas linhas que atendem a parte alta do bairro, apresentou faixa de esforço entre 10 e 20 kCal, logo, está entre as vias que de melhor nível. As respostas apontaram para a dificuldade para se chegar ao transporte público, sobretudo devido às longas distâncias a serem percorridas pelo usuário até o ponto de parada do ônibus. O fator Segurança social também foi apontado entre os respondentes como fator de impedância preponderante, assim como o risco de acidentes de trânsito, citado entre os entrevistados.

 Rua Tejipíó Nível 5 (cinco)

O esforço físico resultante para o final da rua (escadaria) indicou a faixa de valor entre 30 e 40 KCal, enfatizando que se trata de uma rua sem saída e, invariavelmente, os usuários sobem escadas para acessar o sistema de transporte. O grupo qualificou com o nível cinco a dificuldade em chegar na parada de ônibus mais próxima, tendo como principal justificativa o desnível que se deve transpor, vindo logo em seguida a distância para o ponto de ônibus.

 Rua Alenquer Nível 5 (cinco)

A Rua Alenquer apresentou nível de esforço na faixa de 20 a 30 kCal, apesar de ser em escadaria, está próxima a duas vias por onde passa o transporte público. Apesar desse resultado, a pesquisa de campo apontou para o nível cinco de dificuldade, sobretudo pela presença de escadaria em qualquer das direções.

 Rua Gouvelândia Nível 5 (cinco)

A Rua Gouvelândia foi uma das vias que apresentou maior gasto energético para o acesso ao transporte público no bairro, ficando na faixa de 50 a 60 kCal. O grupo respondente apontou para o nível cinco de dificuldade, alegando a falta de opção de transporte para os moradores da rua pelas grandes distâncias a serem percorridas até o ponto de ônibus mais próximo.

5.3.2 Nova Descoberta – Alto do Refúgio

No Alto do Refúgio participaram da entrevista 8 pessoas.

 Rua Alto do Refúgio Nível 2 (dois)

O cálculo energético para a Rua Alto do Refúgio apontou uma faixa de esforço entre 20 e 30 kCal. É a via por onde passa a linha de ônibus Alto do Refúgio, o que justifica o baixo nível de esforço para os usuários do transporte público. Os respondentes indicaram o nível três de dificuldade alegando a distância para o ponto de ônibus. Um fato citado pelas pessoas entrevistadas é o tempo de espera pelos ônibus, considerado por elas muito alto. Embora esse fator não tenha sido claramente apontado, deve ser considerado na justificativa das respostas.

 Rua Pedro da Cocada Nível 2 (dois)

A Rua Pedro da Cocada apresentou níveis idênticos aos da Rua Alto do Refúgio por ser uma via de fluxo de ônibus, ficando na faixa entre 20 e 30 kCal. Os respondentes apontaram nível três de dificuldade justificando também com as longas distâncias até o ponto de parada. É importante observar a ausência de passeio em muitos trechos da via, conforme observado na Figura 5.16. Essa característica tende a impactar diretamente na questão do risco de acidentes, com a presença constante de pedestres no leito carroçável.

Figura 5.16: Rua Pedro da Cocada

Fonte: GOOGLE MAPS, 2016.  Rua Agulha Nível 3 (três)

O resultado obtido através do cálculo de gasto energético apontou para o nível entre 30 e 40 kCal para a Rua Agulha. Na pesquisa, entre os entrevistados foi apontado nível de dificuldade três e os principais fatores que levaram a essa resposta foram o desnível observado com escadaria e a condição do passeio, apontado como muito ruim. Os respondentes levantaram como ponto negativo as poucas opções de linhas de ônibus ofertadas na área. De fato a localidade é atendida apenas pela linha de ônibus 632-Alto do Refúgio e apresenta intervalo médio entre as viagens de 22 minutos.

 Rua Teolândia (cruzamento com a Rua Campestre) Nível 4 (quatro)

A Rua Teolândia apresentou nível de esforço entre 30-40 kCal, no cruzamento com a Rua Campestre. A entrevista apontou nível de dificuldade quatro para este trecho tendo como justificativa preponderante os desníveis a serem transpostos pelo usuário. A Rua Teolândia tem pavimentação em paralelepípedo apenas na parte mais baixa, enquanto que a parte mais alta e mais íngreme não possui pavimentação.

 Rua Damolândia Nível 4 (quatro)

A Rua Damolândia apresenta maior parte de sua extensão em escadaria e menor parte em rampa, e largura insuficiente para passagem de veículos. O cálculo de gasto energético para a Rua Damolândia mostrou nível entre 50 e 60 kCal, na cota mais alta da rua. Os respondentes apontaram nível quatro para a rua, tendo como justificativa a distância para o ponto de ônibus mais próximo e a condição do passeio, neste caso, da escadaria.

 Rua Alto do Reservatório Nível 5 (cinco)

A Rua Alto do Reservatório apresentou um dos maiores índices de esforço físico para acesso ao transporte público na área trabalhada, variando na faixa entre 60 e 70 kCal. Acompanhando essa constatação, os entrevistados apontaram nível máximo de dificuldade de acesso ao sistema de transporte (cinco). Praticamente todos os fatores contribuintes para a situação desfavorável foram citados: distância para o ponto de parada, presença de ruas com fortes desníveis, má condição dos passeios e problemas com segurança pública (Figura 5.17).

Figura 5.17: Rua Alto do Reservatório.

5.3.3 Morro da Conceição

No Morro da Conceição foram entrevistadas 9 pessoas.

 Praça da Conceição Nível 1 (um)

Pode-se considerar a nota atribuída pelos participantes como compatível com o nível de esforço obtido na proposição do estudo (25 kCal). A Praça da Conceição apresenta os menores índices por estar na área plana do morro e ser uma das por onde passa a única linha de ônibus que serve a comunidade e possuir o Terminal8. Apesar das calçadas não apresentarem as condições ideais de largura e conservação, os moradores apontaram como a que oferece as melhores condições de acesso ao transporte público (Figura 5.18).

Figura 5.18: Praça da Conceição.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2016.

 Estrada do Morro da Conceição Nível 3 (três)

A Estrada do Morro da Conceição é a via por onde os ônibus descem até a Av. Norte, mas apesar de ser trajeto dos ônibus, esta não apresenta boas condições ao usuário que espera pelo transporte público. As calçadas são extremamente estreitas, quando existem, o que eleva o risco de acidentes. Não existem abrigos para o pedestre e os ônibus ao parar, interrompem o fluxo de veículos na via devido à sua calha muito estreita (Figura 5.19).

8 A linha Morro da Conceição (612) oferece, em média, uma viagem a cada 23 minutos, o que representa um dos maiores intervalos entre viagens observados entre as linhas de ônibus que servem a zona norte da cidade.

Figura 5.19: Estrada do Morro da Conceição

Fonte: GOOGLE MAPS, 2016.

 Rua Itacoatiara Nível 5 (cinco)

A Rua Itacoatiara, juntamente com a Estrada do Morro da Conceição, são as únicas alternativas para o acesso de veículos ao Morro da Conceição formando o binário utilizado por ônibus e demais veículos para acessar o ponto mais alto do bairro. Apresenta largura menor que oito metros e altas inclinações, o que impossibilita a parada de veículos de grande porte. Com isso, os ônibus não fazem parada ao longo dos seus 500 metros de extensão, resultando num nível de esforço variando entre 40 e 50 kCal, no pior trecho. Corroborando com essa explicação, os moradores atribuíram nível 5 de dificuldade, apontando como principais fatores para essa nota a distância para o ponto de ônibus, os grandes desníveis e as más condições do passeio. (Figura 5.20).

Figura 5.20: Rua Itacoatiara.

 Rua Itabaiana Nível 5 (cinco)

A Rua Itabaiana possui, em quase toda sua extensão, escadaria e apresentou nível de esforço entre 70 e 80 kCal, pior índice identificado no bairro do Morro da Conceição. No caminho até o ponto de ônibus mais próximo está a Rua do Dendê também em escadaria, o que acentuou ainda mais o nível de dificuldade da área. Os respondentes apontaram como principais problemas da via o alto desnível e a falta de guarda-corpo ao longo de toda a via.

 Rua Caravelas Nível 5 (cinco)

A Rua Caravelas possui, em quase toda sua extensão, escadaria e apresentou nível de esforço entre 30 e 40 kCal. Apesar disso, os moradores apontaram como nível 5 de dificuldade para alcançar o sistema de transporte por ônibus tendo como principal argumento os grande desníveis a serem vencidos. A proximidade com a Rua Dois de Fevereiro9, por onde também passam ônibus, não contribuiu para melhoria do nível de dificuldade apontada pela população.

 Rua Serrana Nível 3 (três)

A Rua Serrana apresenta-se toda em escadaria (Figura 5.21) e foi apontada pelos respondentes com nível 3 de dificuldade, enquanto que o nível de esforço obtido no estudo de MET ficou entre 20 e 30 kCal, baseado na proximidade com a Rua Dois de Fevereiro que é atendida pelo sistema de transporte público. A justificativa apresentada na entrevista foi o desnível do local associado à sensação de insegurança quanto à criminalidade vivida pelos moradores. Ao observar a oferta de linhas e viagens ofertadas na Rua Dois de Fevereiro, percebe-se que a disparidade se justifica.

9 A Rua Dois de Fevereiro é servida apenas pela linha Nº 622 – Vasco da Gama (Cabugá) que, de acordo o Grande Recife Consórcio de Transporte, oferta 93 viagens por dia, com média de 13 minutos de intervalo entre as viagens.

Figura 5.21: Rua Serrana.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2016.  Travessa Monterrey Nível 5 (cinco)

A Travessa Monterrei também se apresenta, em toda sua extensão, em escadaria e está localizada entre duas vias que dispõem de linhas de ônibus, numa distância média de 200 metros para as paradas de ônibus mais próximas. O resultado obtido no estudo do MET apontou para nível entre 40 e 50 kCal estando alinhado com as respostas obtidas (nível 5).