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4 O TERRITÓRIO DE CAÇAPAVA DO SUL COMO POTENCIAL

5.1 A PESQUISA QUALITATIVA

A realização da presente pesquisa orienta-se a partir da perspectiva da pesquisa qualitativa, que atualmente ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem o homem e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes (GODOY, 1995), sendo adotada largamente, tanto no campo da geografia humana, como no campo da geografia física (LIMA; MOREIRA, 2015).

Conforme destaca Godoy (1995, p.58) a pesquisa qualitativa

Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.

Pesquisas qualitativas são investigações cuja principal fonte de informação são os depoimentos orais, as práticas espaciais cotidianas, as histórias de vida e visões de mundo das pessoas, tendo como características marcantes as descrições detalhadas de fenômenos, comportamentos; citações diretas de pessoas sobre suas experiências; trechos de documentos, registros, correspondências; gravações ou transcrições de entrevistas e discursos; dados com maior riqueza de detalhes e profundidade; interações entre indivíduos, grupos e organizações (RAMOS; PESSÔA, 2017).

Nesse sentido, o pesquisador procura, na sua elaboração, seguir, a tradição compreensiva ou interpretativa, pois de acordo com Paulilo (1999, p.135) a pesquisa qualitativa

(...) trabalha com valores, crenças, hábitos, atitudes, representações, opiniões e adequa-se a aprofundar a complexidade de fatos e processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. A abordagem qualitativa é empregada, portanto, para a compreensão de fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade interna.

Para Godoy (1995) quando o estudo é de caráter descritivo e o que se busca é o entendimento do fenômeno como um todo, na sua complexidade, a pesquisa qualitativa de caráter exploratório, descritivo e reflexivo é a que melhor auxilia na compreensão e explicação da realidade social. Ainda segundo o autor (op. cit.) quando a nossa preocupação for a compreensão da teia de relações sociais e culturais que se estabelecem no interior das organizações, o trabalho qualitativo pode oferecer interessantes e relevantes dados.

Assim, entende-se que a partir da pesquisa qualitativa é possível compreender as inciativas locais existentes e o potencial de organização dos atores locais, a partir da perspectiva do capital social, para o desenvolvimento do Geoturismo e para a criação de um Geoparque em Caçapava do Sul como estratégia de desenvolvimento territorial endógeno.

Na pesquisa qualitativa, o pesquisador tem a possibilidade de desvendar as relações socioespaciais de um determinado contexto geográfico, a partir da utilização de um arcabouço metodológico diverso, que no caso da presente pesquisa seguiu um caminho metodológico estruturado nas seguintes etapas: 1ª etapa – pesquisa teórica, com a realização da pesquisa bibliográfica e documental; 2ª etapa – pesquisa de campo, com o auxílio de técnicas de pesquisa como a entrevista estruturada (MARCONI; LAKATOS, 2003), observação não estruturada ou assistemática (MARCONI; LAKATOS, 2003), o diário de campo e o registro fotográfico e 3ª etapa – sistematização e análise das informações/dados com o auxílio da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) e discussão e apresentação dos resultados.

Em relação às técnicas de pesquisa utilizadas, destaca-se que a entrevista constitui uma das técnicas de coleta de dados fundamentais da pesquisa qualitativa (GODOY, 1995) sendo empregada com objetivo principal de obter informações, dados e opiniões dos entrevistados, sobre determinado assunto ou problema (MARCONI; LAKATOS, 2003) relacionado aos objetivos da pesquisa.

Ao realizar a entrevista o entrevistador e entrevistado partilham uma conversa permeada de perguntas, destinadas a "evocar ou suscitar" uma verbalização que expresse o modo de pensar ou de agir das pessoas face aos temas focalizados, surgindo então, a oportunidade de investigar crenças, sentimentos, valores, razões e motivos que se fazem acompanhar de fatos e comportamentos, numa captação, na íntegra, da fala dos sujeitos (ALVES; SILVA, 1992). Nesse sentido, a análise qualitativa se caracteriza por buscar uma apreensão de significados na fala dos

sujeitos, interligada ao contexto em que eles se inserem e delimitada pela abordagem conceitual (teórica) do pesquisador, trazendo à tona, na redação, uma sistematização da realidade investigada (ALVES; SILVA, 1992).

A utilização da fala do indivíduo representa na pesquisa uma adição à proposta metodológica que, em conjunto com o referencial bibliográfico, a observação de campo e o ensaio fotográfico abrangem a multiplicidade de fenômenos que se pode observar no espaço (PEDROSO, 2017).

O tipo de entrevista selecionada para esta tese foi a estruturada ou padronizada, a qual segundo Marconi e Lakatos (2003), é aquela em que o entrevistador segue um roteiro de questões elaboradas previamente. O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas (ALVES; SILVA, 1992).

A observação constitui uma técnica de pesquisa complementar à realização das entrevistas, que contribuiu para a coleta de dados, onde procurou-se recolher e registrar os fatos da realidade com o auxílio de diário de campo. A observação utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, sendo um elemento básico da investigação científica, utilizado na pesquisa de campo (MARCONI; LAKATOS, 2003). Para Marconi e Lakatos (2003, p.190) a observação “não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar”. Dentre os tipos de observação apontadas pelos autores (op. cit.) a não estruturada ou assistemática constitui a utilizada durante as pesquisas de campo realizadas. Esse tipo de observação permite obter e registrar fatos da realidade investigada sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas.

Além das técnicas de pesquisa citadas, também o registro fotográfico trouxe importantes contribuições para a realização e escrita da tese. A fotografia é um documento que pode ser consultado tanto para recordar o contexto empírico da pesquisa, quanto para ilustrar informações, dados e fenômenos investigados (PEDROSO, 2017). Pedroso (2017) destaca que a fotografia torna-se um elemento comunicacional que em conjunto com outros procedimentos metodológicos, como a entrevista, deixa de ser um dado secundário ou ilustrativo do texto e passa a denotar uma textualização da realidade verificada.

A seguir são apresentadas as etapas 1ª, 2ª e 3ª e como as técnicas de pesquisa descritas anteriormente foram utilizadas na tese.