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Pesquisas científicas e disseminação de conhecimentos a partir do IEPA

CAPÍTULO III TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL DA CASTANHA-DO-BRASIL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

3.3. Estrutura e dinâmica de produção na região sul do Amapá: aspectos da organização cooperativa

3.3.2. Pesquisas científicas e disseminação de conhecimentos a partir do IEPA

No Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá - IEPA, a Divisão de Produtos Naturais exerce um papel importante como suporte à produção de pesquisas básicas e aplicadas voltadas ao conhecimento do potencial de diversificação da cadeia produtiva da Castanha-do- Brasil e de outros recursos da biodiversidade. Esse setor desenvolve pesquisas nas áreas de Tecnologia de Alimentos e Química de Produtos Naturais (extração de óleos vegetais, óleos essenciais e princípio ativo de plantas amazônicas).

Entre os importantes projetos concluídos estão o melhoramento tecnológico do processo de beneficiamento da Castanha-do-Brasil; o estudo da vida de prateleira da polpa de cupuaçu enlatada termicamente e a vela repelente de andiroba para combate a mosquitos transmissores de malária. No caso da Castanha-do-Brasil, as pesquisas, orientaram-se para identificação de maquinário; geração da receita de composição nutricional; adequada à nova etapa da produção industrial (biscoito de castanha); conservação (vida útil de prateleira) e preservação (recurso natural) enquanto fator dinâmico que pode desencadear um nova linha de produtos. A atuação dos pesquisadores é voltada à geração de tecnologias no processo de conservação de alimentos, inclusive fármacos regionais. O objetivo geral é contribuir com o desenvolvimento agroindustrial através da valorização de produtos alimentares originário da floresta e da produção rural, agregando-lhe valor e buscando a sustentabilidade das comunidades produtoras.

Em pesquisas com óleos vegetais, destacam-se os oriundos de três palmáceas: Buriti, Tucumã e Inajá; tendo como objetivo geral, desenvolver tecnologias para extração, conservação e utilização dos óleos vegetais nas áreas alimentícia e cosmética; valorizando os produtos extrativistas da floresta, agregando valor à matéria-prima regional, com a comercialização dirigida pelas comunidades de onde os produtos são originários. As atividades de incubação de empresas no IEPA, foi resultante da reformulação de um programa já existente no Instituto. No segundo semestre de 2000 e primeiro de 2001, reestruturado quanto aos seus aspectos gerais e específicos foi implantado o PIETEC105,

Programa de Incubação de Empresas e Extensão Tecnológica, vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia - SETEC.

105

ABRANTES, J. Santos. (2002) [segundo Medeiros, 1998]...os modelos atuais de incubadoras no Brasil são, em grande parte, inspirados no processo de formação de pequenas e microempresas que ocorreram principalmente na década de 70, no Vale do Silício, na Califórnia - EUA. As primeiras incubadoras brasileiras implantaram-se nos anos 1988-89. Segundo informações da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas - ANPROTEC, existem no Brasil 135 incubadoras (até o ano 2000) concentradas nas regiões sul e sudeste.

Nesta nova etapa, além de fornecer apoio técnico, assessoria e testes mercadológicos e colaborar com pequenas empresas e cooperativas na concepção de novos produtos, o programa dedicou-se a orientar à instalação da planta industrial com um sistema de manufatura completamente automatizado, para produção de biscoito e óleo de Castanha-do-Brasil na COMARU. O ponto de partida dessa nova etapa, foi a elaboração do relatório: análise de viabilidade econômica da industrialização dos produtos derivados da Castanha-do-Brasil na reserva de desenvolvimento sustentável do rio Iratapuru, em dezembro de 1999106.

Para tornar viável a melhoria da qualidade e expansão na produção de biscoito, a diversificação de produtos na cadeia produtiva da castanha era fundamental, dada a necessidade de eliminar a ransificação devido ao excesso de óleo (em contato com oxigênio e umidade), assegurando um produto de melhor qualidade, e também, comercializando além do óleo bruto, a torta, biscoito, e diversos subprodutos que agregam mais valor. Com esse salto qualitativo, seria inevitável a abertura de novos mercados, restringindo ou mesmo eliminando o grande volume de Castanha-do-Brasil vendida in

natura para atravessadores, coletadas em comunidades da região do Maracá, Cajari e do própria RDS-I,

contribuindo para gerar trabalho e renda nas comunidades.

A atuação do PIETEC/IEPA, na incubação de cooperativas agroextrativas buscou pautar-se por critérios que garantissem sucesso no mercado, a capacidade de inovação dos empreendimentos associado a possibilidade de interação com centros de pesquisa e universidades. Os principais critérios, por ordem de importância, são: a) viabilidade econômica; b) perfil dos empreendedores; c) potencial interação com universidades e centros de pesquisa; d) aplicação de novas tecnologias; e) número de empregos gerados; f) potencial para rápido crescimento. Durante a aplicação desse programa, destacam-se a implantação de pequenas fábricas cooperativas: fábricas de farinha de mandioca, pescados, camarão de água doce, mel silvestre e de polpa de frutas, as últimas construídas no arquipélago do Bailique (delta do rio Amazonas).

Apesar da grande maioria das incubadoras terem se constituído nos últimos cinco anos, informações do ano 2001107, revelam que estão implantadas sete incubadoras e oito em processo de

implantação na região amazônica, considerando que em 1995 existia apenas a incubadora do Estado do Pará. Este processo é fortalecido pela Rede Amazônica de Incubadoras - RAMI, representado pelos Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Tocantins. A tendência é de seguir o modelo de atuação de outras incubadoras atuando na área de software, informática, eletroeletrônica,

106

Esse relatório foi o principal documento que desencadeou a maior iniciativa de industrialização da cadeia produtiva da Castanha-do-Brasil naquele período na região sul do Amapá; sendo inclusive, feitas recomendações referentes à necessidade de elaborar o Plano de Utilização da RDS do rio Iratapuru.

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telecomunicações, agroindústria, biotecnologia e, em período recente, nas áreas de produtos naturais: cosméticos, óleos essenciais e naturais, corantes, fitofármacos, fitoterápicos, design e móveis.

QUADRO III. 01 - Incubadoras na região amazônica

Nome Cidade Área de atuação Ano de

Implantação

Número de empresas incubadas

CESUPA Belém-PA Informática 2000 5

CIDE Manaus- AM Informática, cosméticos, química e

produtos naturais 1999 10

PIETEC/IEPA Macapá-AP Alimentos, cosméticos, óleos e

produtos naturais 1996 5

PIEBT/UFPA Belém-PA Química fina,

informática/software, cosméticos, óleos essenciais, fitoterápicos e biotecnologia

1995 10

RITU/UFPA Belém-PA Tecnologia de alimentos e design 2000 2

RITU/UEPA Santarém-PA Design de móveis 2001 2

UNAMA Belém-PA Incubadora de negócios 2001 6

Fonte: RAMI, 2001 (in, ABRANTES, J. Santos. 2002)