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Políticas de integração dirigidas ao planejamento do desenvolvimento regional

CAPÍTULO I TRANSFORMAÇÃO CAPITALISTA E DESENVOLVIMENTISMO REGIONAL NA AMAZÔNIA

1.1 Aspectos históricos da ocupação e integração capitalista da Amazônia

1.1.4. Políticas de integração dirigidas ao planejamento do desenvolvimento regional

O planejamento do desenvolvimento regional para a região Amazônica, nos últimos 30 anos, foram baseados nos conceitos de eixos de desenvolvimento e podem ser divididos em 6 fases principais: (1) Programa para a Integração Nacional - PIN; (2) Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e do Nordeste - PROTERRA; (3) Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia - POLAMAZÔNIA; (4) POLONOROESTE; (5) A Zona Franca de Manaus - ZFM; (6) O Programa Grande Carajás - PGC.

De maneira resumida, as principais estratégias e objetivos desses programas, que abrangem o período de 1966 a 2000, estão relatadas no quadro abaixo:

QUADRO I. 01 - Programas, Estratégias de Planos de Infra-estrutura na Amazônia

Programas / Estratégias Objetivos Básicos

1. Programa para a Integração Nacional - PIN (Decreto-Lei n.º 1.106, de 16/06/1970)

Operacionalizar os incentivos fiscais, orientando- os à agropecuária e agroindústrias, para assegurar a ocupação econômica e absorver fluxos migratórios, advindos de conflitos no Nordeste e Centro-Sul, promovendo a ocupação demográfica da Amazônia.

Em 1972, o PIN amplia seu projeto rodoviário, incluindo a rodovia Perimetral Norte, ligando o Amapá a Cruzeiro do Sul - AC.

Para executar o programa de colonização oficial foi criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA (Decreto-Lei n.º 1.110 de 09 de julho de 1970).

a) construção da Transamazônica, como eixo

rodoviário transversal, ligando o Nordeste à Amazônia até a zona pré-andina, no Acre; e a Cuiabá-Santarém, eixo longitudinal no sentido Norte-Sul, para conexão da região com o planalto central e o Centro-Sul. b) a colonização oficial maciça em torno do eixo da Transamazônica: o programa previa a implantação da colonização baseadas na pequena propriedade rural numa faixa de 10 quilômetros de cada lado da rodovia c) o levantamento dos recursos naturais da região, por meio do projeto Radar da Amazônia - RADAM, obtendo cartas temáticas de sua topografia, cobertura vegetal, geologia e geomorfologia, natureza e potencial dos solos, drenagem de superfícies, etc. 2. Programa de Redistribuição de Terras e

Estímulo à Agroindústria do Norte e do Nordeste - PROTERRA

(Decreto-Lei n.º 1.179, de 06 de julho de 1971) Assegurar condições de acesso à terra para trabalhadores rurais e pequenos proprietários minifundiários, melhorar as condições de emprego rurais, promovendo a agroindústria no Nordeste e na Amazônia.

Obs.: As ações do PROTERRA, se concentram na segunda área, destinando-se ao financiamento da grande propriedade agropecuária.

De acordo com o projeto do I Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND, haviam duas áreas de atuação:

a) apoio ao pequeno produtor desprovido de terra e ao proprietário de minifúndio;

b) implantação de projetos agrícolas, com sentido empresarial, para expandir a empresa agrícola no Nordeste e Norte. Além de financiamentos a longo prazo e juros baixos, que assegurem a rentabilidade dos projetos e permitam elevar a produtividade básica da região, será facilitada a comercialização, para abrir também, frentes de exportação em grande escala. 3. Programa de Pólos Agropecuários e

Agrominerais da Amazônia - POLAMAZÔNIA (Decreto-Lei n.º 74.607, de 25 de setembro de 1974)

Promover o aproveitamento integrado das potencialidades agropecuárias, agroindustriais, florestais e minerais em áreas prioritárias da Amazônia, sendo que para cada uma das áreas prioritárias será elaborado plano de

desenvolvimento integrado, que especificará a programação de investimentos públicos, orientados principalmente para viabilizar a implementação, nas áreas, de atividades produtivas de

responsabilidade da iniciativa privada.

De acordo com o II PND, as diretrizes estatais eram: a) tornar efetiva a ocupação, através dos instrumentos de intervenção: Polamazônia; O complexo minero- metalúrgico da Amazônia Oriental (será depois o PGC); o Programa de Desenvolvimento de Recursos Florestais - Floresta de Rendimento (não funcionou na prática); Produção de papel e celulose; conclusão do Distrito Industrial da Zona Franca de Manaus. b) dirigir a ocupação para áreas delimitadas, selecionadas de acordo com o potencial de recursos naturais e a existência de incipiente infra-estrutura e fluxos de mão-de-obra. Enfim, objetivava criar condições para o grande capital explorar o potencial de recursos em áreas prioritárias.

Programas / Estratégias Objetivos Básicos

4. POLONOROESTE

Iniciado em 1982, sob coordenação da

Superintendência de Desenvolvimento do Centro- Oeste - SUDECO/MINTER, objetivou apoiar a colonização oficial desenvolvida na década de 1970, ao longo da rodovia Cuiabá-Porto Velho, contando com investimentos do Banco Mundial, da ordem de US$ 1,5 bilhão.

A meta maior era promover a integração sócio- econômica da região, com a absorção do fluxo migratório e sua incorporação à atividade produtiva. Obs.: com o asfaltamento da Cuiabá- Porto Velho, em 1984, Rondônia passa a receber cerca de 200 mil migrantes por ano, expandindo sua população em 15 a 20% ao ano.

Alguns objetivos específicos importantes, são: a) realizar o asfaltamento da Cuiabá-Porto Velho, construção de estradas vicinais, propiciando infra- estrutura econômica e social, expandindo os projetos de colonização no eixo da estrada e realizando a regularização fundiária, além da defesa das comunidades indígenas e do meio ambiente. b) no apoio a colonização, o programa previa a execução de projetos de desenvolvimento rural integrado, envolvendo demarcação de terras, serviços de assistência técnica e extensão rural, crédito rural, educação, saúde, pesquisa agrícola, armazenagem,.... 5. A Zona Franca de Manaus - ZFM

(Decreto-Lei n.º 288, de 28 de fevereiro de 1967 - regulamentado pelo Decreto n.º 61.224, de 28 de agosto de 1967)

Garantir equilíbrio na concentração dos incentivos fiscais. As empresas instaladas na ZFM terão total isenção de impostos de importação de

componentes IPI, ICMS, além de facilidades infra- estruturais concedidos pelo Estado.

Entre os macro-objetivos traçados, estavam:

a) constituir uma área de livre comércio com isenções tarifárias de exportação e importação de mercadorias. Buscou-se também, criar incentivos para

industrialização: construção do Distrito Industrial e estímulo à Agropecuária - Distrito Agropecuário. b) com a implantação da Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA, o objetivo maior era estabelecer um pólo de desenvolvimento econômico, que se irradiasse para toda a região.

6. O Programa Grande Carajás - PGC

(Decreto-Lei n.º 1.813, de 24 de novembro de 1980 e 1.825, de 22 de dezembro de 1980 e o Decreto n.º 85.387, de 24 de novembro de 1980 que criou o conselho interministerial do PGC, para coordenar e supervisionar o programa).

Criar um pólo de desenvolvimento na Amazônia, com base na mineração, processamento de minerais ferrosos e não-ferrosos, agropecuária e exploração madeireira, voltadas para exportação.

Empreendimento típico de associação do Estado com o capital privado multinacional e nacional. O Estado oferece infra-estrutura, diversidade de incentivos fiscais garantias para empréstimos externos: a)

facilidades para aquisição de terras e licenciamento de jazidas minerais; b) infra-estrutura econômica como, estradas, hidrelétricas, ferrovias, portos, etc.;

vantagens energéticas: subsídio de 30% no preço da energia elétrica. Incentivos tributários: isenção de IPI, Imposto de renda sobre o lucro da exploração por 10 anos, etc.

Fonte: adaptado de RÊGO, José Fernandes do (2002)

A despeito do questionável crescimento econômico ter sido promovido em alguns setores da economia Amazônica (cujos benefícios diretos foram apropriados em outras regiões do mundo), durante os 30 anos de implementação de programas desenvolvimentistas e mega-projetos, normalmente desconectados em suas decisões de investimentos de qualquer coordenação com autoridades e com a população local (impostas de 'cima para baixo'), resultaram em uma enorme degradação social e ecológica na região, fazendo necessário, reestruturar concepções e ações estratégicas de desenvolvimento. Criado em 1995, o Ministério do Meio Ambiente, estrutura-se com o propósito de

repensar alternativas quanto à mudanças estratégicas de desenvolvimento ambiental e social, traçando novas diretrizes de políticas públicas.

Na década de 1990 e 2000, dois grandes programas estarão voltados para políticas desenvolvimentistas: 1) O Programa Piloto Internacional para Conservação das Florestas Tropicais Brasileiras - PPG-7; 2) O Programa Avança Brasil (2000-03, com perspectivas de planejamento até 2007). As principais estratégias e objetivos desses programas estão descritas no quadro abaixo:

QUADRO I. 02 - Programas, Estratégias de Planos de Infra-estrutura na Amazônia

Programas / Estratégias Objetivos Básicos

1. O Programa Piloto Internacional para

Conservação das Florestas Tropicais Brasileiras - PPG-7

Criado por iniciativa da Alemanha, em reunião de cúpula dos países do G-7 em Houston, julho de 1990. O PPG-7 foi aprovado às vésperas da cúpula da UNCED no RJ (ECO 92).

A estratégia central é apoiar financeiramente a reorganização dos modelos de desenvolvimento regional para a Amazônia. Os países do G-7 reafirmaram apoio financeiro de cerca de US$ 290 milhões e assistência técnica. O Banco Mundial foi encarregado de coordenar e administrar o

programa, criando o Rain Forest Trust Fund de US$ 60 milhões. ).

A estratégia geral é maximizar os benefícios ambientais das florestas de maneira que seja consistente com os objetivos de crescimento do país: preservando a biodiversidade e os recursos genéticos, eliminando as emissões de CO2,

reduzindo a taxa de desflorestamento, e contribuir, através da execução de um conjunto de projetos, para o uso sustentável dos recursos naturais.

São 5, as principais linhas de ação:

1. experimentação e demonstração = testar e disseminar iniciativas de conservação e

desenvolvimento em pequena escala, baseadas na comunidade local, ou seja, novas formas de uso sustentável de recursos, inclusive o processamento e comercialização de produtos não-madeireiros da floresta, tal como frutas e resinas.

2. conservação = melhorar o manejo de áreas protegidas, tais como parques, reservas naturais e extrativistas, florestas nacionais, demarcação e registros de terras indígenas, e conectar em redes as áreas protegidas - corredores ecológicos. Uma contribuição decisiva deste objetivo foi o apoio a aprovação de legislação em 2000, criando o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC. 3. fortalecimento institucional = apoiar com suporte técnico os 9 governos da Amazônia e instituições públicas na execução de política ambientais, como é o caso do Zoneamento do Uso da Terra, como

instrumento política para gestão fundiária.

4. pesquisas científicas = melhorar o conhecimento científico sobre os ecossistemas e o uso e gestão sustentável dos recursos. O projeto de Centros de Ciência, apoiam a modernização de instituições, como: INPA/AM e o Museu Emílio Goeldi / PA; inclusive com apoio a financiamento de projetos para 'pesquisas dirigidas'.

Programas / Estratégias Objetivos Básicos