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Pesquisas do tipo Estado da Arte

2. Métodos

2.2 Pesquisas do tipo Estado da Arte

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56 momento, o pesquisador se questiona sobre o inventariar dessas produções, assim

“imaginando tendências, ênfases, escolhas metodológicas e teóricas, aproximando ou diferenciando trabalhos entre si, na escrita de uma história de uma determinada área do conhecimento” (FERREIRA, 2002, p.265).

Cabe ressaltar, conforme destaca Ferreira (2002), que essa história da produção acadêmica é aquela proposta pelo pesquisador que lê, ou seja, é proposta a partir da realidade vivida por cada pesquisador em sua pesquisa. As interpretações e inferências apontadas perpassam pelo recorte conceitual de cada pesquisador, de forma que a partir dos mesmos materiais haverá tantas histórias quanto leitores que estiverem dispostos a lê-las, pois cada qual os interpretará fundamentado em seus próprios referenciais teórico-metodológicos.

As primeiras pesquisas sobre o estado da arte na pesquisa em Ensino de Ciências em nível de pós-graduação foram desenvolvidas na década de 90, segundo Megid Neto e Pacheco (2001) essas se referem às teses de doutorado de Fracalanza (1993), Lembruger (1999) e Megid Neto (1999).

Em um levantamento realizado junto ao Banco de Teses da Capes e à Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do IBICT, encontramos até o ano de 2012 vintes pesquisas sobre o estado da arte em Ensino de Ciências. Dessas pesquisas, sete correspondem a teses de doutorado e treze, a dissertações de mestrado. Todos esses trabalhos estão vinculados a programas de Pós-Graduação em Educação ou Educação em Ciências e Matemática.

Quanto à distribuição por área do conhecimento, cinco produções estão vinculadas a área de Ensino de Biologia (Dissertação – Oliveira (2011) e Hoffmann (2012); Tese – Lemgruber (1999); Slongo (2004) e Teixeira (2008)) e duas ao Ensino de Química (Dissertação e Tese – Francisco (2006, 2011)). Temos trezes trabalhos vinculados ao Ensino de Ciências (Dissertação – Ribeiro (2008); Santos (2001), Ribeiro (2004); Melizara (2008); Fernandes (2009); Serra (2009); Souza (2010); Santos (2010); Bozzo (2011) e Carrera (2012); Tese – Megid Neto (1999);

Strieder (2012) e Miranda (2012)).

As produções sobre o Ensino de Ciências abordam temas relativos a cinema, argumentação, experimentação, recursos audiovisuais, tecnologias da informação e comunicação, ensino fundamental e Ciência, Tecnologia e Sociedade. As que se referem ao Ensino de Química, abordam as produções sobre a área. E as produções sobre o Ensino de Biologia tratam de temas relativos a história, origem da vida, analogias e metáforas.

Na pesquisa realizada por Salem e Kawamura (2009), encontramos 137 trabalhos produzidos sobre o estado da arte em Ensino de Ciências, no período de 1990 a 2008. Distribuídos em trabalhos apresentados em eventos, artigos de periódicos, dissertações e teses, foram encontrados 68 trabalhos em Ensino de Ciências; 50 em Ensino de Física, 10 em Ensino de Biologia e 9 em Ensino de Química. Observa-se que as autoras encontraram 50 produções relacionadas ao

57 Ensino de Física, o que indica que essa área de ensino se dedica a esse tipo de pesquisa, entretanto, não foi encontrado em nosso levantamento qualquer dissertação ou tese vinculada à área de Ensino de Física. Com relação ao Ensino de Física, encontram-se disponíveis alguns catálogos analíticos sobre a pesquisa em Ensino de Física, resultantes de projetos de estado da arte na área.

Referente ao período de produção das teses e dissertações, observamos que de 1999 a 2009 foram realizadas 11 pesquisas, sendo que no período de 2010 a 2012 foram realizadas nove. Em dois anos foi produzido aproximadamente o mesmo valor que em 11 anos, o que evidencia o aumento significativo desse tipo de pesquisa em Ensino de Ciências. Dada a necessidade de pesquisas com caráter de revisão bibliográfica para avaliar os temas em estudo, esse fato nos leva a refletir sobre a taxa de crescimento de pesquisas em Ensino de Ciências e se esse salto quantitativo é acompanhado de qualidade, rigor e preocupação teórica e metodológica.

Quanto ao estado da arte em jogos, encontramos três pesquisas sobre jogos e/ou atividades lúdicas, todas em nível acadêmico de mestrado. A primeira é uma dissertação que foi defendida em 2005 pela pesquisadora Ivana Angela Biscoli, no programa de pós-graduação em Educação da UFSC, intitulada “Atividade Lúdica:

uma análise da produção acadêmica brasileira no período de 1995 a 2001”. Em sua pesquisa a autora procura investigar o lugar que a atividade lúdica ocupa na produção acadêmica brasileira na área de Educação. Para tal foi feita a análise da produção de teses e dissertações defendidas apenas na área de Educação, no período de 1995 a 2001, utilizando como fonte de coleta de dados o Banco de Teses da Capes. Nesse sentido buscaram-se identificar nas produções as concepções, compreensões e perspectivas acerca da atividade lúdica, jogo ou brincadeira, bem como seu papel e significado no processo de constituição e desenvolvimento da criança.

A segunda dissertação foi defendida em 2006 pela pesquisadora Domenica Martinez, no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política e Sociedade da PUC-SP, com o título “Implicações do Lúdico na Educação Escolar:

uma Análise da Revista Nova Escola – 1996-2004”. Em sua pesquisa, a autora tem como objetivo investigar de que modo a formação do aluno é propiciada pelas atividades lúdicas na educação escolar, averiguando, assim, o quê os profissionais da área da educação pretendem objetivamente na formação do indivíduo ao elaborar propostas de ações lúdicas, saber se os objetivos que orientam as práticas pedagógicas de qualidade lúdica tendem à formação ou à pseudoformação dos alunos. Nesse sentido, a pesquisadora optou por analisar a Revista Nova Escola do período de 1996 a 2004, em todas as suas seções.

A terceira dissertação foi defendida em 2012, na USP, no programa de pós-graduação em Ciências da Comunicação, pelo pesquisador Carlos Eduardo Lourenço, de trabalho intitulado “O “Estado da Arte” da produção de teses e dissertações sobre games – entendidos como forma de comunicação – no banco de

58 dados CAPES realizada entre 1987 e 2010”. O objetivo do trabalho foi mapear e discutir a produção acadêmica brasileira sobre os Games no âmbito de seu estatuto comunicacional, lúdico e educacional; para tal, utilizou como fonte de coleta de dados o Banco de Teses da Capes, do período de 1987 a 2010. Em sua pesquisa, o autor propõe-se a discutir a forma em que os games são entendidos nas práticas educacionais e se, como objetos de pesquisa, podem se constituir como uma estratégia de comunicação relevante para a formação, ao se considerar os estímulos e motivações desse processo.