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5 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA REALIZAÇÃO DO ESTUDO

5.3 PLANEJAMENTO DOS ACADÊMICOS

O estágio em saúde tem duração de 160h, sendo distribuídas do seguinte modo, conforme a Professora Supervisora do Estágio em Saúde.

Quadro 1 - Realização do plano de estágio e planos de aula

Tarefa Características Carga Horária

Planejamento

Pesquisa de material, realização do plano de estágio e planos de aula, construção e redação do artigo e do pôster.

46h

Prática Docente Ministrar aulas e atendimentos nos

locais escolhidos

81h à 84h Supervisão na

Universidade

Aulas teóricas presenciais, discussão

e reflexão sobre a prática docente. 17h

Avaliação

Entrega do artigo dos planos de estágio e de aula, apresentação do pôster e entrevistas individuais.

16h

Quadro 2 - Critérios de avaliação

Tarefas Descrição Critérios de avaliação

Leitura do contexto/

diagnóstico. Visita ao local e/ou acesso ao perfil dos alunos.

Plano de Estágio

Descrição geral do(s) objetivo(s), ações docentes (atividades e materiais), cronograma e avaliação

a serem realizados. Planos de aula - postagem

no Moodle

Descrição detalhada do(s) objetivo(s), ações docentes (atividades e materiais), avaliação a

serem realizados.

Planejamento

Reflexões no Fórum Individual do Moodle

Registro escrito individual com descrição e reflexão da prática docente.

Prática Docente

Experimentar a docência a partir do planejamento, execução e avaliação das

práticas.

Pontualidade, assiduidade, comprometimento, participação e cumprimento das normas e regras

do local de estágio e da FEFID.

Pôster Apresentação

Síntese dos elementos básicos desenvolvidos no artigo: Introdução, análise das informações,

resultados, considerações ou conclusões.

Artigo investigativo - Moodle Entrega do relato Registro escrito individual ou em dupla articulada

com referencial teórico pertinente.

Fonte:117

O diagnóstico e o Plano de Estágio são enviados à supervisora antes do início das práticas e os planos de aula postados semanalmente, revisados pela supervisora ao longo do semestre. Após a realização dessas práticas, os alunos também inserem suas reflexões sobre a adequação do planejamento realizado.

Os acadêmicos de Educação Física realizaram reuniões semanais com sua supervisora, objetivando compartilhar o desenvolvimento de sua prática docente, bem como a participação efetiva dos idosos durante as atividades propostas nas aulas. Assim, o processo de reflexão verbal da prática docente ocorreu em dois momentos: nos encontros teóricos (reflexão compartilhada com o grupo) e na supervisão in loco (reflexão individual sobre seu fazer como docente).

Por ocasião das supervisões in loco, com frequência os idosos manifestavam suas impressões sobre a prática docente dos mesmos, ressaltando tanto os aspectos positivos quanto negativos e no final de cada semestre, os idosos juntamente com os alunos, realizaram uma confraternização na qual manifestaram suas impressões sobre as atividades desenvolvidas durante o semestre. Independentemente desses momentos, eles tem liberdade de marcar horário com a supervisora para contribuir com suas opiniões sobre a prática docente dos alunos.

De um modo geral eles manifestaram uma grande satisfação pela participação e atividades oferecidas, mas lamentaram que houvesse uma interrupção das atividades nos períodos de férias.

Os exercícios realizados com os idosos visou trabalhar os componentes da aptidão física voltada à saúde, entre eles: a resistência cardiorrespiratória e muscular; a força muscular; a flexibilidade e a composição corporal. Adicionalmente, também trabalhavam a saúde de acordo com o que é defendido pela OMS, trabalhando questões físicas, mentais e sociais. Sendo assim, as atividades foram ministradas de diferentes formas, priorizando determinados objetivos ao longo do período de estágio.

Logo após o término das atividades com os idosos, isto é, no final do semestre, a pesquisadora procurou levantar elementos das atividades realizadas com os participantes do Grupo de Atividade Física da Terceira Idade a fim de identificar a percepção dos acadêmicos-professores, quanto à sua prática (feedback) com os idosos-alunos.

A coleta de dados pelo pesquisador era desenvolvida e acompanhada pelo auxílio de acadêmicos treinados (provenientes dos cursos de Fisioterapia e Educação Física), denominados “ajudantes” pelos alunos-estagiários, os quais relataram que isso não causou transtornos na dinâmica das aulas, até porque o tempo para a coleta de sinais vitais, por exemplo, era programado para não interferir na dinâmica das aulas.

Enquanto a pesquisadora durante as aulas coletou seus dados, concomitantemente, procurou auxiliar na interação entre os alunos dos cursos de Educação Física e de Fisioterapia. Os estagiários relataram não terem sido prejudicados no andamento das aulas, muito pelo contrário, relataram que fortaleceram os vínculos com seus colegas e professores, contribuindo também para a troca e o compartilhamento de conhecimentos e conteúdos pertinentes às duas áreas. Muitas dúvidas de ambas as partes foram solucionadas, permitindo construir conhecimentos novos a partir dessa resolução, ou seja, trabalhou-se a interdisciplinaridade constantemente.

Introduz-se neste trecho alguns dos comentários e pensamentos dos acadêmicos/ estagiários como complementação dessa caracterização:

Uma estagiária ressaltou que essa interação foi muito relevante como se pode observar na fala a seguir:

Há muita possibilidade de crescimento profissional e pessoal entre a ação da fisioterapia e da educação física, quando as duas conseguirem caminhar juntas rumo ao mesmo objetivo. [...], contribuindo também para a troca e o compartilhamento de conhecimentos e conteúdos pertinentes às duas áreas [...]. (C.G.)

Educar e educar-se na prática da liberdade significa que todos sabem algo e querem saber mais, em diálogo com aqueles que quase sempre pensam que nada sabem, para esses poderem transformar seu pensar e possam igualmente saber mais.118

Ressalta-se que atividades multidisciplinares trazem vantagens para com o tratamento, pois compreendem o processo de tratamento do paciente idoso como um todo. O atendimento da equipe multiprofissional objetiva conhecer mais profundamente os problemas de forma integral sobre aspectos preventivos e educativos.

O trabalho em equipe é mais efetivo e se concretiza em curto prazo de tempo, beneficiando os pacientes. Acredita-se que a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade se constroem a partir das trocas de experiências e compartilhamento de conhecimentos das mais diversas áreas integrantes da saúde, porém, aqui com o objetivo em comum, nesse caso, a saúde dos idosos. Logo, observou-se na fala da estagiária sobre o trabalho em equipe, a procura sobre um novo processo educacional instrumentalizador a qual concordou com a construção do conhecimento baseado na problematização e liberdade de opiniões desses profissionais de saúde.

A maioria dos estagiários relatou que seus objetivos estabelecidos nos planos de aula foram cumpridos, ressaltando que a meta não era “transformar os idosos” em atletas, forçando-os a atingir uma performance máxima durante as atividades esportivas em exercícios aeróbicos ou de força, por exemplo, em função da heterogeneidade da turma e tempo de realização das atividades, como pode-se confirmar na fala a seguir: “[...] o importante é que os idosos gostem das aulas, e

possam superar as limitações físicas, cada qual no seu limite. Estou satisfeito com a evolução deles, melhorou muito mesmo”. (L.P.)

O intuito maior era desenvolver atividades físicas e lúdicas de forma diversificada e interligadas, fazendo com que cada idoso praticasse as atividades de forma integrativa e coletiva respeitando o seu próprio limite corporal, de modo que

atingisse o seu melhor desempenho dentro das atividades propostas, sentindo-se estimulado a crescer.

Entre os aspectos positivos abordados pelos acadêmicos destacou-se a grande receptividade dos idosos-alunos a todas as atividades físicas e lúdicas propostas.

Os acadêmicos relataram que os seus idosos-alunos encontraram grande prazer em desempenhar as mais diversas atividades, comprovadas por meio da observação do comportamento apresentado e pelos sentimentos expressados verbalmente que foram sempre positivos, além da assiduidade às aulas.

Em relação aos aspectos negativos, destacaram-se os aspectos físicos, pois alguns idosos apresentaram dificuldades na execução de exercícios que exigia maior resistência muscular, quando seus professores observaram que eles solicitavam frequentemente a realização de pequenas pausas durante a execução de algumas atividades mais exigentes.

Entretanto, segundo os acadêmicos, após a compreensão da atividade e treino de coordenação motora, ou seja, quando a dificuldade era contornada, os idosos demonstravam satisfação pessoal com seus progressos físicos diários.

Ressaltou-se que muitas atividades foram adaptadas no sentido de se aproximarem e se igualarem de acordo com as competências físicas individuais dos idosos, como destaca o aluno entrevistado L.O: “[...] tivemos que replanejar nossas

aulas em função das dificuldades dos idosos em executá-las. Não adiantava só centrar no lúdico, tinha que trabalhar o corpo também, a coordenação, o condicionamento [....].

Para tanto, não foram exigidos altos padrões de execução de movimentos nem grandes amplitudes pelas condições apresentadas pelos idosos que possuíam condições pouco diferenciadas, pois necessitavam uma abordagem especial por terem, por exemplo, hipertensão, problemas articulares e desvios posturais. Para comprovar mais cientificamente a melhora global nesses aspectos, seria necessária a utilização de instrumentos validados e apropriados, direcionados para cada variável física trabalhada, avaliando quantitativamente. Porém, como não fazia parte dos objetivos primordiais dos planos de aulas e também pelo curto tempo das mesmas, os acadêmicos não o realizaram detalhadamente.

Essa adaptação dos planos de aulas em função dos detalhes acima abordados mostra que os acadêmicos “reinventaram” quando reviram seus

conhecimentos prévios, construindo um novo conhecimento através da troca de saberes e do contato com a realidade desses idosos com os quais trabalharam.

A dupla de acadêmicos priorizou uma avaliação qualitativa baseada nas respostas dos alunos-idosos, todas relacionadas ao seu bem estar, ao gosto pelas atividades, facilidades e dificuldades quanto à sua realização e esses dados permitiram afirmar que os objetivos das aulas foram alcançados.

Os planejamentos das aulas foram considerados efetivos conforme as propostas do professor responsável e dos estagiários, contribuindo para a saúde e proporcionando bem estar aos idosos, seja através da realização de exercício físico propriamente dito, de atividades de socialização ou de atividades voltadas à ludicidade e à recreação.

As modificações realizadas nos planos de aula ocorreram em função da responsividade dos alunos-idosos em cada atividade, fazendo com que o seu tempo de realização pudesse ser prolongado ou reduzido.

Segundo a dupla de estagiários as respostas e os comentários foram sempre positivos. Essa turma se mostrou sempre muito aberta, disponível às atividades propostas e demonstraram interesse em aprender coisas novas, sendo para os acadêmicos uma experiência muito gratificante.