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3.1 ESTRATÉGIA

3.1.3 O planejamento estratégico

O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Dentro deste

raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidos para a empresa. (OLIVEIRA, 2011, p. 5).

Para Oliveira (2011), o ato de planejar proporciona uma maior segurança no processo decisório e, consequentemente, em sua eficácia e eficiência. O processo de planejamento compreende a definição dos meios para alcançar uma situação futura almejada, sendo um instrumento importante na busca pela concretização dos objetivos empresariais. Toda instituição tem um objetivo, uma meta, uma visão de futuro e, para alcançar esses objetivos e metas, é necessário que sejam traçados planos de ação que possam conduzir a esta visão em um futuro próximo ou de longo prazo.

O planejamento está para a consecução dos objetivos empresariais assim como o plano de voo está para a viagem aérea. Sem um plano de voo, o avião pode ficar à deriva. O piloto sabe aonde deve chegar, mas não como; não tem conhecimento de todas as variáveis que podem impedir que ele alcance seu objetivo final, nem tampouco o seu lugar de pouso garantido. Ele até pode chegar ao seu destino com segurança e próximo da hora pretendida, porém a probabilidade é de que não consiga alcançar essa meta. Uma empresa sem planejamento é como uma viagem de avião sem plano de voo: ela até pode alcançar os seus objetivos, porém a probabilidade de que isso ocorra no tempo pretendido é muito menor.

Oliveira (idem) também identifica alguns princípios gerais para garantir que os resultados esperados sejam obtidos. São os princípios de contribuição aos objetivos (deve sempre visar os objetivos máximos da empresa), o princípio da precedência do planejamento (deve vir antes das outras funções administrativas), o princípio da maior influência e abrangência (possibilidade de provocar modificações nas características e atividades da empresa) e o princípio das maiores eficiência, eficácia e efetividade (maximizar os resultados e minimizar as deficiências apresentadas pelas empresas).

Em sua essência, as empresas planejam para que tenham efetividade, ou seja, para apresentar resultados positivos ao longo do tempo, mantendo-se no mercado. Nessa direção, buscam maior eficiência, fazendo as coisas da maneira adequada e resolvendo os problemas que surgem no dia a dia, e maior eficácia, fazendo o que precisa ser feito e maximizando os resultados.

Considerando os níveis hierárquicos empresariais, Oliveira (2011, p. 15) distingue três tipos de planejamento:

a) Planejamento estratégico: ações e estratégias para alcançar objetivos de longo prazo e relacionados com toda empresa;

b) Planejamento tático: ações e estratégias para alcançar objetivos de médio e curto prazo, relacionados mais a partes ou áreas da empresa;

c) Planejamento operacional: ações e estratégias voltadas a alcançar objetivos mais específicos, ligados a atividades ou processos de nível operacional.

Todos os três tipos de planejamento são importantes para a instituição, cada qual no seu escopo de atuação. Da coerência entre eles e da harmonia entre seus objetivos é que vai depender o sucesso da organização. Um maior detalhamento dessa relação pode ser verificado na Figura 7:

Figura 7 - Relacionamento entre os tipos de planejamento

Planejamento estratégico Planejamentos táticos Mercadológico Financeiro Recursos Humanos Produção Organizacional Planejamentos operacionais Resultados esperados pelas unidades organizacionais Resultados apresentados pelas unidades organizacionais Retroalimentação e avaliação Fonte: Oliveira (2011, p. 19).

Os planejamentos táticos e operacionais são importantes na medida em que garantem a sustentabilidade e a atividade diária da empresa, porém a situação de futuro deve ser buscada com um planejamento de longo prazo, a partir do planejamento estratégico, que pode ser conceituado como

o processo administrativo que proporciona sustentação mercadológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com os fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e diferenciada. (OLIVEIRA, 2011, p. 17).

Para implementar um planejamento estratégico, é necessário antes conhecer a empresa e os seus objetivos, o que nem sempre é claro e explícito para todas as pessoas envolvidas. Nesse sentido, Oliveira (2011) sugere quatro fases na sua implementação: o diagnóstico estratégico, a missão, a definição de instrumentos prescritivos e quantitativos e a fase de controle e avaliação.

O diagnóstico estratégico identifica a situação atual da empresa, e é composto pelas seguintes etapas:

a) identificação da visão: “o que a empresa quer ser em um futuro próximo ou distante” (OLIVEIRA, 2011, p. 43);

b) identificação dos valores: “princípios, crenças e questões éticas fundamentais de uma empresa” (OLIVEIRA, idem, ibidem);

c) análise externa: identificação de ameaças e oportunidades relacionadas ao ambiente externo à empresa: é a empresa olhando para fora;

d) análise interna: identificação de pontos fortes e fracos da instituição: é a empresa olhando para dentro dela mesma;

e) análise dos concorrentes: identificação das vantagens competitivas da empresa e dos seus concorrentes: é a empresa olhando para o seu mercado de atuação.

A missão estabelece a razão de ser da empresa e o seu posicionamento estratégico, e é composta pelas seguintes etapas:

a) estabelecimento da missão da empresa: “motivo central da existência da empresa”, ou a quem ela atende com seus produtos e serviços (OLIVEIRA, idem, p. 50);

b) estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais: setores em que já atua ou pretende atuar;

c) estruturação e debate de cenários de futuro;

d) estabelecimento da postura estratégica: “maneira ou postura mais adequada para a empresa alcançar seus objetivos dentro da missão, respeitando sua situação interna e externa atual, estabelecida no diagnóstico estratégico” (OLIVEIRA, 2011, p. 52);

Para Oliveira (2011, p. 52), a definição de instrumentos prescritivos e quantitativos estabelece aonde se quer chegar e como. Neste ponto devem ser definidos os objetivos, objetivos funcionais (parciais), desafios, metas, estratégias, políticas e diretrizes, além dos projetos, programas e planos de ação necessários para atingi-los. Como instrumentos quantitativos, são identificados os recursos necessários para alcançar os objetivos, desafios e metas das empresas, como o planejamento orçamentário. Já a fase de controle e avaliação permite verificar se a empresa está se dirigindo para a situação esperada, a partir de estabelecimento e análise de indicadores de desempenho.

Nas fases sugeridas pelo autor, principalmente na execução do diagnóstico estratégico, estão presentes vários conceitos das escolas de planejamento estratégico prescritivas de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010): as escolas de design, de planejamento e de posicionamento. As análises de pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades (matriz SWOT) e os elementos da estrutura de poder da escola de posicionamento têm uma presença forte em todo o processo. No entanto, o que muitas vezes não é considerado quando da formulação e na implementação do planejamento estratégico é caráter dinâmico do ambiente organizacional, o contexto no tempo e no espaço no qual a instituição se encontra.