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PLANETAS BENÉFICOS E MALÉFICOS ASPECTOS HARMONIOSOS E

No documento 253672350-Sinastria-Ronald-Davison-pdf.pdf (páginas 104-112)

DISCORDANTES

Um famoso astrólogo inglês, tendo sobrevivido a muito custo aos efeitos dos trânsitos de Urano, Netuno e Plutão sobre pontos sensíveis em seu horóscopo, observou: “Espero que o próximo planeta que eles descubram seja benéfico!” Tal sentimento levanta muitas questões. Por quê, por exemplo, rotulamos alguns planetas de benéficos e outros de maléficos? Em quais critérios estamos nos baseando?

Sc estamos nos baseando em um ponto de vista terreno, então tudo que serve para assegurar e aumentar nosso bem-estar físico e nos proporcionar prazer deve ser encarado como benéfico, enquanto tudo que nos causa sofrimento e frustra os nossos desejos deve ser classi­ ficado como maléfico. Ninguém diz: “Viva, quebrei a minha perna” ou lamenta ter herdado uma grande fortuna. Tanto é assim que o primeiro tipo de acontecimento quase sempre ocome quando os planetas chamados de "maléficos” estão ativos, enquanto o último ocorre quando os chamados de “benéficos” estão operando.

Os grandes mestres religiosos do mundo sempre enfatizaram o fato de que a verdadeira felicidade não será encontrada se perseguir­

mos os prazeres do mundo material. Parece que amaior parte da in­ cansável procura da humanidade pôr prazer não passa de um pálido reflexo da busca do devoto religioso porum estado de alegria e bem- aventurança. Esta procura exige uma vida de autodisciplina e renúncia, qualidades que não refletem a natureza essencial dos benéficos tradicionais, Vênus e Júpiter. No entanto, tanto o Amor como a Sabedoria são essenciais na procura que, para ser definitiva­ mente consumada, exige uma reação harmoniosa a todas as radiações planetárias.

Os termos “benéfico” e “maléfico” podem sugerir que eles são os agentes de forças duplas do bem e do mal. Nesse caso, as forças domai aparentam estarem grande vantagem, jáqueosplanetas extra- Satumianos parecem indicar tantos problemas quanto os maléficos tradicionais! Provavelmente é mais verdadeiro dizer que as forças representadas pelos planetas são neutras, e que se elas operam para o bem ou o mal num determinado horóscopo, depende do estado evolutivo desse nativo. Tem sido dito que sofremos porque temos poucas virtudes, e às vezes nossas respostas individuais aos plane­ tas podem evocar as qualidades mais e menos desejáveis deles. Esta ação bidirecional das forças planetárias é responsável pelo fato de que vários entendidos têm equiparado o Sol, a Lua e os planetas até Satumo às Sete Grandes Virtudes e aos Sete Pecados Capitais.

Além disso, o homem encarnanaTerrapara aprender certas lições; lutando contra as adversidades, o aperfeiçoamento da alma é acele­ rado e obtém-se o desenvolvimento espiritual. Portanto, qualquer planeta que signifique dificuldade, oposições e aflições de vários tipos pode ser útil ao desenvolvimento espiritual do nativo e por isso deve fazer um “bem”.

É fácil entender porque Vênus e Júpiter foram classificados como benéficos. Geralmente um excesso de narcisismo e amor à boa vida não prejudicam ninguém, exceto quem se entrega a eles. Apesar disso, sabe-se que um excesso de benefícios aparentemente conferi­ dos pelos benéficos pode ocasionalmente ter resultados desastrosos. Lembro-me bem de um incidente num filme antigo deEddie Cantor,

The Kid From Spain, em que ele foi capturado por um terrível ban­

dido mexicano, cujo conceito de benevolência era deixá-lo escolher seu modo de morrer, talvez esfaqueado ou baleado. Eddie agrade- ceu-Iheporsuagenerosidade,mas disse:“Sedánomesmo para você,

eu preferia morrer comendo morangos!” Do mesmo modo que as privações, os excessos também podem causar problemas.

A energia de Marte, usada de modo egoísta, pode facilmente manifestar-se como agressão e até mesmo crueldade, enquanto o mau uso das energias Satumianas pode resultar num egoísmo frio e desumano e no zelo excessivo na imposição de disciplina aos outros — todas atividades planejadas para proporcionar experiências de­ sagradáveis aos outros. A luz deste tipo de resposta negativa ao estímulo de Martee Satumo éfácil entenderpor que estes dois plane­ tas ganharam o “estigma” de maléficos. No entanto, as qualidades mais elevadas de Marte— coragem e um desejo de abraçar a causa dos fracos; e de Satumo— fidelidade, perseverança, autodisciplina e uma interminável procura pelo aperfeiçoamento pessoal — tor­ nam ridículo o teimo “maléfico”.

Não existe exemplo melhor da potencialidade benéfica/maléfica queenvolve um único planeta que os diferentes efeitos de Netuno que se evidenciam em horóscopos individuais. O arrebatamento da com­ preensão do desejo do coração e as drogas que fornecem um cami­ nho mais curto para o êxtase pertencem ao domínio de Netuno — vastidão— a assimilação em Nirvana do Budista— Amor Univer­ sal. Netuno pode realizar o desejo do coração, deste modo parecendo agir como benéfico. Mas se a pessoa deseja a coisa errada, por ima­ turidade ou egoísmo, então a realização de objetivos imaginados pode tomar-se uma experiência desastrosa. Deste modo, as dádivas de Netuno passam finalmente a ser consideradas totalmente inde- sejáveis. Netuno tem sido chamado de planeta da ilusão pelos que o julgam por critérios terrenos, quando na verdade sua função édestruir a ilusão mostrando ao homem as conseqilências de ânsias por deuses falsos e seduzir-se por conceitos ilusórios de felicidade. Portanto, Netuno pode ser considerado benéfico ou maléfico, dependendo das expectativas dos homens, e ocorre o mesmo com os outros planetas.

Alguns dos que admitem queháum objetivo mais desejável além dos prazeres deste mundo não conseguem compreender que este objetivo só pode ser alcançado através de um esforço incessante e férrea autodisciplina, e procuram caminhos mais curtos através do uso de drogas que, embora capazes de abrir portas da consciência até então sequer imaginadas, podem ter efeitos colaterais que aca­ bam por destruir quem as usa.

Do mesmo modo que falamos de planetas benéficos e maléficos, os aspectos se dividem em duas categorias principais. É mais fácil lidar com as energias indicadaspelos bons aspectos— trígono, sextil e semi-sextil — porque parecem produzir resultados satisfatórios com menos esforço que as energias mais poderosas do quadrado e oposição (e num grau menor e semiquadrado, sesquiquadrado e quincôncio) que são mais indicativos de obstáculos, oposição e demoras, apesar de não serem necessariamente catastróficos. Como ocorre com os planetas maléficos, normalmente são os aspectos chamados de ruins que fornecem as condições mais propícias ao aperfeiçoamento da alma— reveses, dor e sofrimento para serem superados. Tais obstáculos, através do aumento da resistência, ser­ vem como base para um tipo de isométrico espiritual, pelo qual o “músculo” espiritual pode ser desenvolvido e fortalecido.

A divisão Ptolemaica dos aspectos em “harmoniosos” e “discor­ dantes” é outrabaseadanuma avaliação mecânicalógicados proble­ mas inerentes à combinação de planetas em signos de elementos diferentes. Geralmente o trígono se forma entre planetas no mesmo elemento e o sextil entre planetas em elementos compatíveis, sejam os dois positivos ou negativos. Portanto, um trígono entre um plane­ ta bem no final de Câncer e um trígono bem no começo de Sagitário têm menos probabilidades de operar de modo totalmente harmo­ nioso, já que a água e o fogo não se misturam facilmente. Igualmente, um quadrado entre um planeta no final de Câncer e um quadrado no começo deEscorpião não tendem aoperardemodo tão adverso como um quadrado entre planetas em elementos diferentes.

Eu prefiro seguir o método antigo de me referir aos aspectos como harmoniosos e discordantes na crença de que amaioriados estudan­ tes está consciente de que isso não implica em nenhum pré-jul- gamento da atuação de um aspecto para o bem e o mal num deter­ minado horóscopo, mas apenas refere-se ao fato de que a realização de uma combinação harmoniosa entre as duas forças planetárias envolvidas pode exigirum grande esforço porparte do nativo, quando o aspecto é discordante, para conseguir os melhores resultados. Se o maior poder dos aspectos chamados de discordantes puder ser controlado, mais resultados produtivos podem eventualmente ser obtidos. Se este poder não puder ser controlado, é possível que seja precipitado um estado de crise, do mesmo modo que um homem que

não é forte o bastante para lidar com uma perfiiratriz pode estragá- la, enquanto em mãos competentes pode se revelar um instrumento muito útil.

Ao mesmo tempo que ninguém tem tentado referir-se aos plane­ tas benéficos e maléficos de outro modo, tem havido várias tentati­ vas de encontrar um meio alternativo para referir-se aos aspectos harmoniosos e discordantes. Os termos opostos estático e dinâmico, ativo e passivo vêm à mente como associações que sugerem uma visão ligeiramente diferente da influência dos aspectos. Outras associações, tais como fácil e difícil, útil e adverso, favorável e desfavorável meramente reiteram a idéia básica contida nos termos “harmonioso” e “discordante”, e o leitor sem dúvida não deixará de notar que o autor usa ocasionalmente estas alternativas para variar.

Vale a pena to mar a salientar que os chamados aspectos favoráveis não prometem por si só uma combinação harmoniosa das qualidades indicadas pelos planetas em aspecto um com o outro. Não só muitas coisas dependem da natureza intrínseca de cada planeta mas também destes planetas estarem ou não bem situados por signo e bem aspec- tados por outros planetas. Marte, por exemplo, não combina facil­ mente com Satumo, mesmo quando em aspecto trígono, enquanto um quadrado entre o Sol e Júpiter pode indicar muito sucesso. No entanto, mesmo um trígono entre o Sol e Júpiter pode ser arruinado se qualquer um dos corpos estiver em detrimento ou declínio, enquanto um aspecto tecnicamente adverso entre dois planetas pode sermuito melhorado se qualquer um ou ambos os planetas estiverem exaltados por signo.

As observações acima também são válidas na comparação de horóscopos. Um trígono entre Vênus em Escorpião de uma pessoa e Satumo em Câncer de outra poderia significar uma associação um pouco menos feliz do que se os dois planetas formassem uma con­ junção em Libra.

Há um outro ponto a ser considerado neste contexto. Se, por exemplo, o nosso horóscopo contém um quadrado Marte-Satumo, sugerindo alguma dificuldade na combinação de forças indicadas pelos dois planetas, um aspecto de Satumo de outra pessoa em nosso Marte ou de Marte em nosso Satumo servirá para lembrar-nos de nossas dificuldades. A outra pessoa irá, por assim dizer, personifi­ car o nosso próprio problema psicológico. Já que tendemos a atrair

outras pessoas de acordo com as nossas próprias características planetárias, há uma boa chance de que vários de nossos compostos planetários harmoniosos e discordantes frequentemente se tomem “personificados” deste modo. Como resultado, provavelmente olha­ remos com benevolência para aqueles que estimulam nossos me­ lhores aspectos, e teremos consideráveis reservas em relação àqueles que nos tomam desagradavelmente conscientes das desarmonias em nosso próprio horóscopo.

É através do efeito duplo das possibilidades benéfica e maléfica associadas aos planetas e das possibilidades harmoniosas e discor­ dantes associadas aos aspectos que podemos encontrar a resposta mais satisfatória para a velha pergunta: “Se Deus é Amor, por que Ele permite que exista a dor e o sofrimento?” O plano evolutivo do Universo é constituído de modo a que cada indivíduo tenha a possi­ bilidade de alcançar a condição de Ser Divino, uma possibilidade que só pode ser realizada depois de muitas encarnações de esforço incessante e desejos constantes. Apenas sendo livres para reagir ao nosso próprio modo às forças planetárias atuando em nosso sistema solar, representado pelo Sol, Lua e planetas, finalmente podemos nos preparar para nos tomar um canal perfeito para a manifestação dessas forças planetárias.

Aquantidade dedoresofrimentona vidade qualquerpessoapode mediraincapacidadcdelareagirdomodomelhorpossívelàradiação de um determinado planeta ou planetas, uma incapacidade que pode remontar a muitas encarnações anteriores. Se, por exemplo, não conseguirmos usar corretamente a força representada por Marte e permitirmos que nossas energias nos controlem ao invés de exer­ cermos controle sobre elas, podemos não controlar o nosso.tempera­ mento, tomar-nos excessivamente agressivos ou impacientes. Deste modo precipitaremos situações que resultam em recebermos uma lição curta, brusca e dolorosa, uma lição que pode ser repetida inde­ finidamente se não aprendermos a lidar melhor com as energias de Marte. Se não reagirmos como deveríamos à força representada por Satumo e nos permitirmos ser dominados por um egoísmo frio e limitador, e deixarmos nossas ambições materiais nos tomarem cegos a quaisquer outras considerações, poderemos descobrirque a longo prazo nos será negado o amor e a afeição que deixamos de dedicar aos outros, e que estamos de algum modo isolados do mundo

em que vivemos. As lições de Satumo são severas, mas ditadas por uma rígida e lógica justiça. De modo similar nosso fracasso em responder adequadamente a outras forças planetárias pode envolver- nos em várias experiências desagradáveis.

As repercussões de um modo de vida errado podem não ser sen­ tidas numa encarnação. Na verdade, a maioria de nós é muito frágil para suportar o peso acumulado de nossos erros anteriores durante o período de uma única encarnação. Por isso o Dr. Davidson, em suas palestras sobre Astrologia Médica, citou o caso de uma mulher com tendências àtuberculose indicadas porum Netuno muito aflito, que desenvolvera esta predisposição em seu sistema durante uma vida inteira de jejuns e vigílias notumas em ambientes espartanos numa existência anterior, em que foi freira. Não foi à toa que Buda pregou a sabedoria do Meio-Termo!

Portanto, o modo pelo qual reagimos à influência das forças pla­ netárias nos toma o nosso próprio juiz ou júri. Somos nós que pre­ cipitamos o nosso próprio sofrimento. Os efeitos desagradáveis resultantes do mau uso que fazemos das forças à nossa disposição são as consequências inevitáveis da lei imutável. A alternativa para este processo de aprendizagem, pelo método de tentativas, éohomem permanecerpara sempre num estágio de autómato, um estado de exis­ tência não muito distante do aniquilamento permanente!

É claro que o que foi dito acima é uma simplificação exagerada do quadro, já que a nossa própria evolução é ligada à evolução dos grupos maiores aos quais pertencemos, da família naqualnascemos, da nação a que pertencemos e, na verdade, de toda a raça humana. Tanto é assim que a história do Ser mais perfeito que já encarnou na Terra fala do sacrifício final na Cruz, não apenas com o objetivo de saldar quaisquer débitos dele próprio com o passado, mas com a finalidade de libertar toda a raça humana do peso esmagador de seu próprio carma acumulado.

CAPÍTULO 7

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