• Nenhum resultado encontrado

O art. 50 do Estatuto das Cidades dispõe que os municípios que contenham cidades enquadradas nas obrigações dos incisos I e II, que não possuam Plano Diretor aprovado na data de entrada em vigor da Lei nº 1.257/2001, deverão aprová- lo no prazo de cinco anos. O mesmo prazo é fixado para que os municípios com planos diretores procedam à devida adequação das exigências constitucionais e legais, sendo determinado, também, de acordo com o Estatuo da Cidade (art. 40, § 3º), que a lei instituidora do Plano Diretor deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos. No caso da não observância do prazo constante do art. 50, bem como das exigências contidas no art. 40, § 3º e 4º, com seus incisos, incorre o Prefeito de improbidade administrativa (art. 52, incisos VI e VII).

Segundo Siebert & Schult (2007), o prazo estabelecido gerou um momento histórico por tamanha articulação gerada para planejar, democraticamente, as cidade brasileiras, mobilizando centenas de municípios para proceder a revisão/elaboração de seus planos diretores. Em pesquisa realizada pelo Ministério das Cidades entre 2006 e 2007 com municípios que tinham obrigação de elaborar ou revisar seus planos diretores verificou-se que 58% dos municípios concluíram e encaminharam seus planos às câmaras municipais, 28% estavam em elaboração e apenas 7% se omitiram e não deram início ao processo.

Considerando que a lei do Plano Diretor de Itajaí de 1971 não mais fora revisada, segundo Pereira & Santos (2007), Itajaí iniciou em maio de 2005, as primeiras conversas e articulações para a construção de seu novo Plano Diretor, baseado no ideário da reforma urbana e tendo na participação popular o cerne dos discursos dos agentes envolvidos no processo: poder público, técnicos da prefeitura, sociedade civil, instituições e agentes privados, entre outros.

Inicialmente, a revisão do Plano Diretor de Itajaí foi conseqüência da exigência legal representada pelo Estatuto das Cidades. Porém ganhou outros sentidos, sobretudo no discurso de parte dos atores envolvidos, passando a representar o desenvolvimento da estrutura institucional, a disposição do poder público local em democratizar o processo de planejamento da cidade, a adequação das políticas locais aos novos instrumentos trazidos pelo Estatuto das Cidades e a compreensão do planejamento urbano como um processo contínuo de construção (PEREIRA & SOUZA, 2007).

Com recursos do DI - Sub-programa de Desenvolvimento Institucional, ligado ao Programa Habitar Brasil, financiado pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, o primeiro passo do processo de revisão do plano contou com a consultoria da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI que, com o apoio do núcleo técnico da prefeitura municipal coordenada pela SPDU - Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, resultou em quatro produtos: Leitura Técnica; Leitura Comunitária; Pactos e Propostas; Mapas Temáticos e Macrozoneamento Proposto (SIEBERT & SCHULT, 2007).

FIGURA 5 - Processo de construção do Plano Diretor Fonte: Leitura Técnica, 2006

Neste sentido, a metodologia para a revisão do Plano Diretor de Itajaí foi baseada no documento: “Plano Diretor Participativo - Guia para elaboração pelos Municípios e Cidadãos”, elaborado pelo Ministério das Cidades, contendo diferentes diretrizes e procedimentos para auxiliar prefeitos, prefeituras e cidadãos a construir de forma participativa seus Planos Diretores.

1) Ver a Cidade: conforme orientações do guia, trata-se da Leitura da Cidade, feita a partir da união entre a Leitura Comunitária e a Leitura Técnica da cidade, correspondendo a um diagnóstico inicial, ou seja, o conhecimento da cidade que temos, visando construir uma leitura mais próxima da realidade do município; a. Leitura Técnica: consiste em entender a cidade pela comparação entre os dados

e informações sócio-econômicas, culturais, ambientais e de infra-estrutura disponíveis, revelando a diversidade, as desigualdades entre zona urbana e rural ou entre bairros de uma cidade;

b. Leitura Comunitária: reúne registro de memórias das pessoas e grupos sociais, aponta elementos da cultura e da vivência e, assim, permite que se construam leituras coletivas dos conflitos, problemas e potencialidades.

2) Formulação de Pactos e Propostas: a ser discutida e pactuada no interior do Núcleo Gestor do Plano Diretor (NGPD) - instância formada por diversos atores

da sociedade local, divididos paritariamente entre governamentais e não- governamentais. Corresponde às “propostas” orientadas na cartilha, que seriam as diretrizes do Plano Diretor, ou seja, a cidade que queremos;

3) Definição dos Instrumentos: corresponde ao estágio de implementação do novo Plano Diretor, ou seja, a gestão da cidade, a partir do projeto de lei orientado na cartilha.

O primeiro produto da etapa de revisão do Plano Diretor de Itajaí é a Leitura da Cidade, que sintetiza a Leitura Técnica e a Leitura Comunitária, caracterizando os aspectos levantados e auxiliando na identificação e compreensão da situação do município: problemas, conflitos, desafios, vulnerabilidades, oportunidades ou obstáculos, e potencialidades do município, englobando a área urbana e rural. A Leitura da Cidade é a base para preparação da minuta do anteprojeto de lei do Plano Diretor, com o mapa do macrozoneamento para todo o território municipal.

FIGURA 6 - Processo de formulação da Leitura da Cidade Fonte: Prefeitura Municipal de Itajaí, 2006.

No documento “Leitura Técnica”, formulado pelo núcleo gestor juntamente com o núcleo técnico da prefeitura, e em parceria com a Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e Universidade Regional de Blumenau - FURB, os técnicos objetivaram, de uma forma geral, descrever de forma sucinta as características históricas, ambientais, socioeconômicas, urbanas e físicas de Itajaí, a fim de lançar e embasar o processo de discussão do Plano Diretor. Busca o entendimento da cidade

ambientais e de infra-estrutura; A interpretação histórica da cidade e seu processo construtivo; A interpretação do passado para projetar o futuro; Levantar as problemáticas, conflitos e potencialidades da área rural e urbana e; apresentar uma breve análise técnica do município.

Para isso, o estudo relata algumas informações gerais sobre Itajaí, descrevendo sua evolução histórica e expansão urbana. Por se tratar de um documento puramente técnico, faz um levantamento do meio físico e dos recursos naturais, enfocando visões de Itajaí como cidade costeira e estuarina, e citando a ocorrência da seguida supressão da vegetação de restinga, sobretudo na Praia Brava. Da mesma forma, demonstra um levantamento do ambiente geomorfológico e climático, assim como do aspecto arqueológico, listando os sítios arqueológicos, os imóveis tombados e os patrimônios notáveis e os lugares de memória da cidade.

Outros aspectos também foram colocados na Leitura Técnica, tais como a vocação econômica da cidade, os recursos humanos, rodovias e meios de transporte, infra-estrutura e saneamento básico, habitação e aspectos culturais da população.

Cabe ressaltar, também, algumas considerações acerca dos bairros de Itajaí. Dentre eles, o estudo não fez menção ao bairro Praia Brava, nosso objeto de estudo, indicando, entretanto, as mesmas dificuldades encontradas no estudo em tela:

A história de Itajaí, até no ano passado, privilegiou uma interpretação histórica pautada no centro da cidade de Itajaí e na história de personagens de classes mais favorecidas. Com isso, o que se tem hoje sobre os bairros são textos esparsos e algumas monografias que retratam aspectos de determinados bairros, sobretudo os mais antigos.

A Política Urbana prevista no capítulo II da Constituição Federal de 1988, regulamentada através do Estatuto das Cidades - Lei nº 10.257/2001, a qual prevê em suas diretrizes a democrática participação social. Segundo Pereira & Santos (2007), o diferencial desta apreensão está no fato de que o “diagnóstico” da cidade, antes restrito à compreensão técnica da realidade pelos profissionais do planejamento (técnicos da prefeitura ou de consultorias contratadas), deveria agora ser aberta e complementada por uma Leitura Comunitária, construída coletiva e democraticamente a partir da vivência e da compreensão dos moradores da cidade. Neste sentido, a participação social construída a partir da rica variedade de percepções, discursos, disputas e ideologias, presentes na complexidade do tecido

que em conjunto com a “Leitura Técnica” elaborada pelos profissionais do planejamento, formaria a “Leitura da Cidade”.

Segundo os autores, a dificuldade de compreensão da dinâmica da participação prejudicou o fator tempo. O prazo para finalização do plano, dado inicialmente, era de seis meses considerando todas as atividades até a redação do projeto de lei. Era necessário finalizar o processo antes do início de 2006, pois as eleições presidenciais desviariam as atenções em torno das discussões e decisões do Plano Diretor. Neste sentido, como o intuito de condensar ao máximo as atividades, a consultoria contratada e os técnicos da prefeitura procuraram alternativas que viabilizassem a elaboração do Plano Diretor nestas condições. Assim, a Leitura Comunitária, que deveria ser a representação coletiva das leituras e expectativas da população em relação ao desenvolvimento da cidade, em um processo gradual de formação, trocas, discussões e decisões, acabou sendo o elemento mais comprometido neste contexto. Como estratégia, os técnicos envolvidos elaboraram uma proposta de aproveitar os canais já existentes de participação social na cidade como forma de trazer elementos para a conformação da Leitura Comunitária, com a expectativa de que esses canais pudessem, em conjunto, elaborar uma leitura ampla das características sócio-espaciais da cidade que subsidiassem as discussões e deliberações do Núcleo Gestor do Plano Diretor (NGPD). A Figura 7 apresenta estas diferentes esferas participativas:

A Leitura Comunitária procurou introduzir elementos a partir da perspectiva da população no processo de planejamento urbano de Itajaí, fazendo com que a análise da realidade, além do saber técnico, esteja apoiada nos registros de memória das pessoas e grupos sociais distintos, apontando elementos da cultura e da vivência destes grupos, constituindo assim um movimento de leitura coletiva dos conflitos, problemas e potencialidades da cidade e seus diferentes espaços.

O primeiro canal a ser explorado na Leitura Comunitária é o Orçamento Participativo. Por levantar junto à comunidade itajaiense todos seus desejos de melhoria para a Cidade, torna-se umas das peças fundamentais para o envolvimento da sociedade no processo de discussão do Plano Diretor.

Os resultados foram separados por zonas administrativas - área urbana, e rural, sendo a Praia Brava a primeira a ser apresentada com as seguintes demandas e respectivo número de questionamentos de cada item elencados reunião do OP.

FIGURA 8 - Percentual das demandas da Praia Brava Fonte: Leitura Comunitária, 2005.

Para melhor entendimento, os técnicos agruparam estes resultados de acordo com o âmbito de envolvimento, estabelecendo um percentual relativo da seguinte

Educação, saúde, trabalho com 18,18%; 3) Visão urbana e segurança com 14,51%; 4) Circulação, trânsito e transporte coletivo com 11,05%; 5) Praças, equipamentos esportivos e lazer com 8,24%; 6) Meio ambiente e riscos ambientais com 4,99%; e 7) Organização interna da Prefeitura com 1,03%.

Dentre esses itens, o grupo descartou aqueles relativos às questões menos tangíveis pelo Plano Diretor, de responsabilidade, essencialmente, de outros órgãos da prefeitura e da sociedade civil; Restaram os seguintes itens e seus respectivos percentuais relativos: item 3) com 37,43%; item 4) com 28,49%; item 5) com 21,23%; e item 6) com 12,85%.

A partir daí foram estabelecidas as possíveis diretrizes relacionadas às demandas levantadas nas reuniões do orçamento participativo para o município de Itajaí:

1) Visão Urbana e Segurança: a) Tipologia de tecido urbano; b) Centralidades urbanas;

c) Zonas corredor (corredores de urbanidade);

d) Escalonamento urbano, Unidades ambientais e “ilhas de tranqüilidade urbana”;

e) Urbanização com estruturas mistas.

2) Praças, Equipamentos Esportivos, Lazer e Cultura:

a) Sistema de praças, parques, equipamentos esportivos e culturais; 3) Trânsito, Circulação e Transporte Coletivo:

a) Lógica de circulação; b) Centralidades de bairro;

c) Modos alternativos de transporte;

d) Qualificação de passeios (caminhabilidade). 4) Meio Ambiente e Riscos ambientais:

a) Respeito às condicionantes do sítio físico;

b) Adequação do PD as legislações ambientais existentes; c) Programas de conservação dos recursos existentes e; d) Recuperação das características ambientais degradadas. 5) Habitação:

a) Regularização fundiária e edilícia;

b) Criação da ZEIS (Zona de Especial Interesse Social); c) Mercado de terras e combate a especulação imobiliária;

d) Tipologias alternativas de ocupação para área periurbana (vilas agrícolas). Nesta etapa, cabe ressaltar que o item 6) Meio Ambiente e Riscos Ambientais foi descartado das prioridades retiradas para a ZA Praia Brava somente pelo fato de ter tido a menor percentagem relativa (12,85%) - que representa um total de 23 indicações. Isto seria compreensível se a opção da escolha apenas dos três itens mais expressivos tivesse sido adotada como padrão para todas as localidades analisadas. Porém, em cinco das dezesseis áreas urbanas analisados foram considerados todos os quatro primeiros itens, sendo que no bairro Dom Bosco o item Meio Ambiente e Riscos Ambientais não foi descartado, mesmo com uma percentagem de apenas 10,35%.

Na seqüência são apresentados os resultados da Conferência das Cidades. Diferente dos dados agrupados por zonas mostrados como no Orçamento Participativo, estes são resultados gerais relativos ao município de Itajaí. Cada pré- conferência ocorrida, com diferentes temas abordados, resultou em possíveis diretrizes e objetivos gerais a serem tratados pelo Plano Diretor, da seguinte forma: • Planejamento Territorial Urbano e Política Fundiária - quesitos mais

solicitados pela população foram: trânsito, segurança e saúde;

• Saneamento Ambiental - quesitos mais solicitados: esgoto, lixo, meio ambiente/riscos ambientais e drenagem;

• Mobilidade Urbana e Trânsito - organização do fluxo, planejamento e educação;

• Habitação e Regularização Fundiária: habitação, organização interna e drenagem;

O Plano Diretor Escolar, outro canal participativo, integra a participação da sociedade por meio das principais escolas do município de Itajaí. A partir da capacitação dos professores, um questionário foi repassado aos alunos com o objetivo de que respondessem junto aos seus pais, de forma a obter o envolvimento de toda a família e aumentar a participação popular no Plano Diretor.

Para cada ZA do município, foi selecionada pelo menos uma escola para ser trabalhada neste processo. Para apresentação dos resultados, somente os 15 itens abaixo foram considerados relevantes e transformados em gráficos.

• O que é qualidade de Vida; • A qualidade de Vida no bairro; • A qualidade de vida na cidade; • Principais problemas no bairro; • Principais problemas na cidade;

• Principais problemas de uso do solo no bairro; • Principais problemas de uso do solo na cidade; • Oferta de emprego;

• Oferta de moradia; • Transporte coletivo; • Transporte de containeres; • Perfil urbanístico do bairro; • Gabarito ideal para o bairro; • Perfil urbanístico da cidade; • Gabarito ideal para a Cidade.

Para a ZA Praia Brava, participaram do processo a Escola Básica Ariribá, localizada na Rua Suécia nº 570; onde foram entrevistados os alunos da 8ª série, totalizando 25 famílias abrangidas; e a Escola Básica Yolanda R. Ardigó, localizada na Rua Bráulio Werner nº164, onde foram entrevistados os alunos da 8ª série, totalizando 25 famílias abrangidas, também.

O objetivo, neste caso, foi a obtenção dos principais anseios da Zona Administrativa da Praia Brava. Para isto, durante as entrevistas foram utilizados os seguintes questionamentos:

• Quais os principais problemas em relação ao uso e a ocupação do solo no seu bairro?

• Como você deseja o Perfil urbanístico do seu bairro?

Os resultados foram apresentados em forma de gráficos de pizza, onde ressaltamos os seguintes temas, de acordo com os objetivos traçados no presente estudo:

1) Uso e Ocupação do Solo

a) Usos e atividades inapropriadas b) Falta de diversidade de usos c) Tamanho dos lotes

d) Verticalização e) Outros 2) Perfil Urbanístico a) Predominantemente residencial b) Residencial e comercial c) Residencial e industrial d) Residencial e agrícola rural e) Residencial e atividade portuária f) Outros

3) Gabarito das Edificações a) Até 4 pavimentos b) Até 6 pavimentos c) Até 8 pavimentos d) Acima de 8 pavimentos

Sobre o questionamento a respeito dos principais problemas em relação ao uso e a ocupação do solo no bairro, a Escola Básica Ariribá apresentou os seguintes resultados: 46% para usos e atividades inapropriadas; 27% para falta de diversidade de usos; e também 27% para problemas de tamanho dos lotes. Problemas de verticalização e outros não foram apresentados. Na Escola Básica Yolanda Ardigó, os mesmos itens tiveram resultados, respecitivamente, de 63%, 15% e 15%, sendo apontado também como problema a verticalização com 7%.

A respeito do perfil urbanístico desejado para o bairro, a Escola Básica Ariribá apresentou os seguintes resultados: 44% para um perfil residencial e comercial; 29% para residencial e industrial; 21% predominantemente residencial;

Escola Básica Yolanda Ardigó o resultado mais expressivo foi para um perfil residencial e comercial com 46%, seguido de 36% para um perfil predominantemente residencial, 9% para residencial e agrícola, e também 9% para outros tipos de perfil.

E em relação a altura das edificações requeridas para o bairro, na Escola Básica Ariribá os resultados foram de 47% para até 4 pavimentos; 35% para até 2 pavimentos; 9% para até 8 pavimentos; e também 9% para acima de 8 pavimentos. Já na Escola Básica Yolanda Ardigó, 55% dos entrevistados escolheram por uma altura de até 8 pavimentos e 45% optaram por até 4 pavimentos.

A Leitura Comunitária contou também com a Integração Intra-Institucional. São discussões realizadas dentro da Prefeitura de Itajaí, buscando levantar dados e informações importantes dos diversos órgãos que conformam o poder executivo municipal. Neste caso, enfocou principalmente a visão de cidade e as expectativas de futuro para Itajaí que possuem os secretários, superintendentes e diretores das secretarias e demais instituições existentes na Prefeitura. Deste processo, destacamos as seguintes citações de acordo com o interesse do estudo em tela (LEITURA COMUNITÁRIA, 2006 p. 288-289):

(...)

2. Praia Brava: (Célio) posição radical a favor de preservação. Manter a praia, sobretudo a sua área mais ao norte, como um santuário. Posição de anti-urbanização, anti-automóvel. Pensar também na limpeza e manutenção da lagoa Santa Clara. Lado mais ao sul já está entregue, seguindo o modelo de ocupação de Balneário Camburiú.

(...)

11. Praia Brava: (Marco Giostri - Secretário da Saúde) “...Neste sentido, o presente governo tem que fazer algo para não ser culpado (acusado) por omissão”. Segundo o secretário, se for aprovado algum tipo de empreendimento para a região mais ao norte da Praia Brava, por melhor que seja o projeto e preserve algumas características ambientais, o governo atual será para sempre lembrado (acusado) por este ato. A preservação da Praia Brava deverá ser, portanto uma posição radical: “é preciso radicalizar”.

Por fim, apresentamos os resultados das Reuniões Setoriais realizadas com segmentos da sociedade, tendo como objetivo principal levantar orientações, diretrizes e estratégias a serem inseridas no Plano Diretor, dentre elas: Reunião com a imprensa; com o Conselho de Desenvolvimento Econômico; com ex-secretários da SPDU; com a Câmara de Vereadores; e com os conselheiros do OP e sociedade civil. Destacamos aqueles correlatos com o tema da presente pesquisa.

Reunião com a Imprensa:

(...)

Rodrigo (Jornal Aqui) - Acredita que a Praia Brava não pode ser urbanizada, senão a tendência é que seja o mesmo padrão de ocupação de Balneário Camboriú. Dá a sugestão de que a Praia Brava mantenha as características atuais, sem avenida e sem muitos prédios. Coloca preocupação quanto aos passeios na localidade de Cabeçudas, onde as calçadas estão deterioradas, falta de lixeiras. Pensar o turismo de forma responsável, fazendo com que os mais de 20 cruzeiros que chegam por ano fiquem na cidade e dinamizem a economia local.

(...)

Ao final da reunião, o Prefeito Volnei Morastoni colocou que, sobre o turismo na Praia Brava, existem vários projetos sendo um deles com investimentos previstos na ordem de 150 milhões de reais. Neste sentido, estes empreendimentos deverão compatibilizar as questões do meio ambiente com a economia, através também de ajuste de condutas, com as devidas compensações.

Reunião com ex-secretários da SPDU:

• O diretor de planejamento, Eng. Amarildo Madeira, coloca que os pontos polêmicos que serão tratados pelo Plano Diretor são o Porto, BR 101, Itaipava, Murta, Praia Brava, mobilidade urbana, habitação e assentamentos irregulares. • O ex-secretário Moacir Peixoto Jr, disse que não será possível desenvolver o

município sem pensar a questão de tratamentos dos efluentes.

• A implantação do sistema de tratamento de efluentes deve começar pela região da Fazenda e Praia Brava.

• Importante o estabelecimento de investimentos e incentivos para dinamizar, dentro dos limites ambientais e de infra-estrutura, a verticalização nas áreas providas de boa infra-estrutura instalada.

• Praia Brava e Fazenda: filão imobiliário para o desenvolvimento habitacional e turístico.

• Processo de instalação de 03 grandes empreendimentos imobiliários na Praia Brava. Dificuldades impostas pelos órgãos ambientais e pelas organizações não- governamentais. Embate entre o desenvolvimento econômico e a preservação dos recursos naturais. Extremismo por parte das organizações não governamentais.

Falta de critérios e bom senso por parte das instituições públicas responsáveis pelo licenciamento ambiental.

O documento seguinte elaborado no processo de construção do Plano Diretor de Itajaí é a formulação de pactos e propostas pelos núcleos técnico e gestor, com objetivo de desenvolver uma síntese da Leitura Comunitária e técnica a fim de que se possa estabelecer os critérios necessários para as tomadas de decisão relativos

Documentos relacionados