3 O ensino com MOOCs
3.2 Plataformas e provedores de ensino virtuais para MOOCs
Os MOOCs contam hoje com uma grande diversidade de plataformas e provedores para hospedagem e criação dos cursos, apresentando vários modelos de
produção. As plataformas mais conhecidas são a Udacity, edX, Udemy, Coursera, TIM Tec, Veduca, Khan Academy e Canvas Network, existindo ainda muitas outras. A partir dos dados informados por essas empresas, no que se refere ao número de usuários, é possível identificar as mais conhecidas e utilizadas. De acordo com pesquisa realizada em dezembro de 2018, a plataforma que possui mais usuários é a Coursera, sendo importante lembrar que o número de usuários cadastrados não significa, necessariamente, a totalidade dos que chegaram a concluir os cursos, conforme citado na seção anterior no quadro 5 (Forças e fraquezas dos MOOCs). A figura 5 mostra as principais plataformas, em relação ao número de participantes, segundo dados desta pesquisa:
Figura 5: Números de usuários por plataforma de cursos online.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados extraídos dos sites das empresas em Dez/18.
É importante diferenciar os conceitos de plataforma e de provedor para MOOC, embora seja algo que não esteja consolidado, Ribeiro e Catapan (2018) trazem uma discussão na qual entende-se por plataforma o software necessário para se personalizar e ofertar os cursos, contendo, por exemplo, as funcionalidades de gestão para o gerenciamento dos mesmos, já o provedor está mais ligado ao
ambiente virtual de aprendizagem onde ficam hospedados os cursos que são direcionados ao público (RIBEIRO; CATAPAN, 2018, p.51).
Muitas plataformas utilizam e disponibilizam software livre, a exemplo da TIM Tec, Google Course Builder e Open edX, possibilitando ao docente criar, adaptar e personalizar suas ferramentas de ensino no ambiente online do curso. Os avanços da tecnologia dos softwares permitem que muitas instituições tenham sua própria plataforma, conforme afirma Gonçalves et al. (2015):
Atualmente, praticamente todos os fornecedores de MOOC utilizam uma plataforma de software para suportar o desenvolvimento, promoção e utilização ou exploração dos MOOC. Neste sentido qualquer instituição educativa pode ser um fornecedor de MOOC se desenvolver uma plataforma ou instalar, configurar e usar uma solução open source existente. GONÇALVES ET AL. (2015, P.11)
No Brasil, a TIM Tec possui parceria com os Institutos Federais fornecendo a plataforma, desenvolvida em software livre e com código aberto, para ser instalada na própria instituição. Mais de dez Institutos Federais já utilizam a plataforma ofertada pelo Instituto TIM e muitos outros estão em fase de experimentação e implementação. Neste trabalho, optou-se por utilizar a plataforma Google Course Builder, desenvolvida pela empresa Google, possuindo diversos recursos que estão presentes nas principais plataformas que ofertam cursos nessa modalidade. Além disso, dentre as várias opções para se hospedar os cursos MOOC produzidos para este trabalho, a plataforma da empresa Google foi escolhida, pois permite o acesso e gerenciamento dos cursos de forma mais simples, no que se refere a configuração de um servidor específico para este fim, e também por ser de uso livre, necessitando apenas de um servidor virtual, que também é fornecido gratuitamente pelo Google.
Também foram realizados testes de viabilidade para as plataformas Open edX e TIM Tec, porém foram encontradas algumas restrições para utilização delas neste trabalho, como por exemplo a necessidade de um servidor físico para a hospedagem da plataforma TIM Tec. Esta ação demandava a realização de um trabalho, em equipe, com setores específicos da área de Tecnologia da Informação (TI) do IFRN e que, devido a dificuldade de implementação e controle deste servidor, no âmbito desta pesquisa, esta opção foi descartada. Já para o Open edX a implementação da plataforma precisa de uma máquina virtual criada em um servidor virtual, o que muitas
vezes acarreta custos, de acordo com o volume de dados trafegados, necessitando de pagamento para o funcionamento do servidor.
A escolha pela plataforma da Google se deu principalmente pela ausência de custos para fazê-la funcionar, necessitando apenas de conhecimentos básicos de programação, possuindo também suporte da empresa Google no passo-a-passo da instalação. Inicialmente foi criada uma conta no Google para ter acesso a todas as funcionalidades, dentre elas a Google Cloud Plataform, que é uma plataforma na qual se instalam os recursos necessários para o funcionamento do sistema gerenciador de conteúdos. O gerenciamento pode ser feito de forma individual ou em equipe, com atribuições específicas para cada participante.
O Google Course Builder é uma plataforma educacional online de código aberto (Apache 2.0) usada para criar cursos online para empresas, universidades, treinamento profissional e produtos corporativos. O Course Builder possui uma extensa lista de recursos, grande escalabilidade, pois funciona com a infraestrutura da Google, é completamente gratuita e livre para usar, suporta múltiplos cursos na mesma instância, não requer conhecimentos de programação para criar e rodar os cursos e é relativamente fácil de adquirir e colocar para funcionar.
Para o funcionamento de uma plataforma, é necessária a instalação dos códigos do sistema e de um template, original ou criado a partir de outros modelos. As inserções dos cursos na plataforma podem abranger tanto cursos próprios, criados em um Sistema Gerenciador de Conteúdos (CMS ou Content Management System), como também, podem ser cursos publicados por outras instituições, disponíveis para uso gratuito.
A maioria das ferramentas possui um painel administrativo que permite aos gestores criar, editar e importar cursos, exportar pacotes dos cursos disponíveis para uso de outras instituições, criar turmas e perfis de usuários, gerenciar fóruns, interagir com os alunos por meio de mensagens e emitir certificados e atestados de horas. Também é possível verificar o progresso dos alunos, os cursos realizados e gerar relatórios de acompanhamento dos cursos. A figura 6 mostra o painel administrativo do Google Course Builder:
Figura 6: Painel administrativo do Google Course Builder.
Fonte: Google
O design responsivo da plataforma possibilita assistir aulas em computadores,
tablets ou smartphones. O aluno tem mobilidade para realizar os cursos em qualquer
local e ao seu próprio tempo, com a possibilidade de revisar e se aprofundar nos conteúdos. Os estudantes têm acesso a materiais adicionais e fóruns, o que permite interação com outros alunos sobre o conteúdo educacional abordado.
A própria empresa Google lançou um curso em sua plataforma, no qual uma equipe de especialistas em conteúdo, designers e engenharia trabalharam em conjunto para desenvolvê-lo. O curso “Power Searching com o Google” levou oito semanas para ser desenvolvido e consistiu em 28 lições, cada uma contendo um vídeo, transcrição de texto e atividade, três avaliações, bem como certificados de conclusão. (WILKOWSKI, 2014).
Para Wilkowski, que atua na função de designer instrucional na equipe de educação em engenharia da Google, ao se lançar uma versão inicial do curso com suas imperfeições, pode-se coletar dados de interação dos alunos que, por sua vez, poderão orientar futuras decisões de design. Ela afirma que desde o primeiro curso, tem-se experimentado vários elementos pedagógicos, incluindo comunidade, vídeos, atividades, design para alcançar os objetivos do aluno e estratégias de avaliação. Essas observações ajudaram a aprimorar a tecnologia do Course Builder.
Wilkowski (2014) salienta que a tecnologia permite que os alunos se conectem com centenas ou milhares de outros alunos, porém isso também representa um
desafio para os desenvolvedores de cursos, que seria como garantir que o mesmo curso seja valioso para alunos de diversas origens, níveis de conhecimento técnico, experiência variada com um tópico ou assunto, em locais do mundo todo e com formas diferentes de aplicar os conceitos.
Com relação à importância das atividades realizadas no ambiente MOOC, Wilkowski (2014) diz que:
A educação online nos permite oferecer aos alunos oportunidades de aplicar habilidades e receber feedback instantâneo. Em nossos cursos, juntamos vídeos instrutivos com atividades em que os alunos praticam as habilidades e recebem orientações sobre o quão bem eles estão dominando o conteúdo. Descobrimos que significativamente mais alunos concluem atividades do que assistem a vídeos. Uma hipótese é que os alunos passem diretamente para as atividades, experimentem e avaliem se precisam rever as lições relevantes. De fato, os alunos que concluíram as atividades do curso tiveram uma taxa de conclusão maior do que os alunos que não realizaram atividades. (WILKOWSKI, 2014) (Entrevista traduzida pelo autor).
Isto possibilita verificar que os alunos apreciam ter o controle sobre suas experiências de aprendizado tendo autonomia em relação à escolha de atividades, aulas de texto ou vídeo aulas de acordo com sua preferência.