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Elaboração de uma série didática - MOOCs no eixo tecnológico de produção cultural e design

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INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

PAULO GUILHERME MUNIZ CAVALCANTI DA CRUZ

ELABORAÇÃO DE UMA SÉRIE DIDÁTICA - MOOCS NO EIXO

TECNOLÓGICO DE PRODUÇÃO CULTURAL E DESIGN

Natal/RN

2019

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PAULO GUILHERME MUNIZ CAVALCANTI DA CRUZ

ELABORAÇÃO DE UMA SÉRIE DIDÁTICA - MOOCS NO EIXO

TECNOLÓGICO DE PRODUÇÃO CULTURAL E DESIGN

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Inovação em Tecnologias Educacionais, no Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, do Instituto Metrópole Digital, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Célia Maria Araújo

Natal/RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Cruz, Paulo Guilherme Muniz Cavalcanti da.

Elaboração de uma Série Didática - MOOCs no Eixo Tecnológico de

Produção Cultural e Design / Paulo Guilherme Muniz Cavalcanti da Cruz. - 2020.

146f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto Metrópole Digital, Programa de Pós-graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, Natal, 2020.

Orientadora: Drª Célia Maria de Araújo.

1. MOOC - Dissertação. 2. Educação Aberta - Dissertação. 3. Educação a Distância - Dissertação. 4. Tecnologias Educacionais - Dissertação. 5. Materiais Didáticos Digitais - Dissertação. I. Araújo, Célia Maria de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 37.018.43

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PAULO GUILHERME MUNIZ CAVALCANTI DA CRUZ

ELABORAÇÃO DE UMA SÉRIE DIDÁTICA - MOOCS NO EIXO

TECNOLÓGICO DE PRODUÇÃO CULTURAL E DESIGN

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Inovação em Tecnologias Educacionais, no Programa de Pós-graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, do Instituto Metrópole Digital, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Célia Maria Araújo

Aprovada em: 30/10/2019

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Dra. CELIA MARIA DE ARAUJO, UFRN

Presidente

__________________________________________________________ Dra. APUENA VIEIRA GOMES, UFRN

Examinadora Interna

__________________________________________________________ Dra. MARIA CRISTINA LEANDRO DE PAIVA, UFRN

Examinadora Interna

__________________________________________________________ Dr. JOSE MANUEL EMILIANO BIDARRA, UAL

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Este trabalho é dedicado aos meus pais, Guilherme C. da Cruz (in memoriam) e Magaly M. C. da Cruz, à minha esposa Izabel Rocha, à minha filha Luíza Cavalcanti e aos meus irmãos Karla, Flávio e Gustavo. Todos essenciais para a construção e crescimento do que sou.

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Agradecimentos

Durante o percurso para que este trabalho pudesse se consolidar foram muitas as pessoas que contribuíram, desde a fase inicial até o planejamento e execução. A construção do trabalho se deu de forma colaborativa e tenho enorme gratidão a todos que participaram deste processo.

Agradeço à minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Célia Maria de Araújo, que desde o início trouxe fortes contribuições ao trabalho, se dedicando de forma grandiosa e auxiliando bastante em todos os momentos de minha pesquisa, sempre com paciência, atenção e cordialidade.

Agradeço aos professores Arthur Cavalcante, Mary Land Brito e Ricardo Felix que participaram ativamente durante todo o processo de construção desse trabalho e que colaboraram de forma essencial para a efetivação do mesmo.

Agradeço ao Prof. Dr. Eugênio Pacceli que me auxiliou no início dessa jornada, contribuindo com suas orientações que foram de enorme importância no decorrer da pesquisa. Agradeço também às professoras Apuena Vieira e Maria Cristina Leandro pelas valiosas contribuições durante a qualificação e defesa do trabalho.

Agradeço a todos os colegas professores que compartilharam o seu conhecimento durante as maravilhosas aulas do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais. Os saberes adquiridos serão levados por toda a vida.

Agradeço a minha mãe, Magaly, por toda dedicação, amor, confiança e incentivo que sempre me deu. O seu apoio sempre foi fundamental em todos os momentos de minha caminhada.

À minha companheira, Izabel, e minha filha Luíza que sempre estiveram ao meu lado me incentivando e colaborando de forma carinhosa e paciente durante todos os momentos.

Aos meus irmãos, Karla, Flávio e Gustavo pelo carinho e apoio de sempre. Aos meus colegas do mestrado por todos os momentos de crescimento e diversão que compartilhamos juntos com todas as aulas, apresentações, trabalhos realizados e instantes de lazer e alegria.

Por fim, agradeço a todos e todas que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.

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“Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.”

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Resumo

Esta pesquisa aborda a temática referente aos MOOCs (Massive Open Online

Courses ou Cursos Abertos e Massivos Online), uma ferramenta aberta de ensino,

disponibilizada em ambientes educacionais virtuais. Nessa perspectiva, o trabalho tem como objetivo a produção de uma série didática em formato de MOOCs, enfatizando os benefícios proporcionados pela utilização deste tipo de recurso para a disponibilização de conteúdos educacionais, sob o formato de cursos e minicursos, em uma instituição de ensino. Algumas perguntas foram norteadoras da proposta: Como fazer com que os conceitos e conteúdos apresentados em sala de aula possam ser disponibilizados abertamente em um ambiente virtual? Que tipo de tecnologia poderia ser usada para propor uma metodologia inovadora a ser implementada no reforço dos conceitos apresentados? De que forma é possível aprimorar o processo de aprendizagem visando o reforço de conceitos mais complexos apresentados em sala? A pesquisa tem como aporte teórico BATES (2017), FILATRO e CAIRO (2015) e TAROUCO (2014). A partir da concepção de Tony Bates são apresentadas as características comuns que definem um MOOC e os diferentes estilos de produção, relacionados ao modo como o conteúdo educacional será disponibilizado ao estudante. Andrea Filatro traz uma contribuição em relação ao processo de produção dos conteúdos educacionais e Liane Tarouco faz uma abordagem teórica e prática sobre objetos de aprendizagem, assuntos essenciais para o desenvolvimento desta pesquisa. O lócus de desenvolvimento da pesquisa é uma instituição pública de ensino médio, técnico e superior, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Natal - Cidade Alta. Os eixos tecnológicos de atuação do referido campus são: “Produção Cultural e Design” e “Hospitalidade, Turismo e Lazer”. A produção de MOOCs relacionados aos conteúdos e conceitos apresentados nas disciplinas técnicas dos cursos ofertados pelo IFRN possibilita aos alunos a oportunidade de revisar e se aprofundar mais sobre os assuntos abordados durante as disciplinas pertencentes a esse eixo tecnológico. Como resultados, a pesquisa produziu uma série didática de seis cursos, disponibilizada no ambiente virtual Google Courses e detalhou o processo de produção, ancorado na perspectiva multidimensional defendido pelas autoras Filatro e Cairo. Dessa forma, foi possível enxergar as nuances e a importância de todos os elementos que foram abordados em cada etapa do trabalho, desde a análise do contexto, até a avaliação final.

Palavras-chave: MOOC; Educação Aberta; Educação a Distância; Tecnologias Educacionais; Inovação; Materiais Didáticos Digitais

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Abstract

This research addresses the issue of MOOCs (Massive Open Online Courses), an open educational tool, available in virtual educational environments. In this perspective, the objective of this work is the production of a didactic series in the form of MOOCs, emphasizing the benefits provided by the use of this type of resource for the provision of educational contents, in the form of courses and mini-courses, in a teaching institution. Some questions were guiding the proposal: How can concepts and content presented in the classroom be made available in a virtual environment? What kind of technology could be used to propose an innovative methodology to be implemented to reinforce the concepts presented? In what way is it possible to improve the learning process in order to reinforce more complex concepts presented in the classroom? The research has as theoretical contributions BATES (2017), FILATRO & CAIRO (2015) and TAROUCO (2014). From the conception of Tony Bates are presented the common characteristics that define a MOOC and the different styles of production, related to the way the educational content will be made available to the student. Andrea Filatro makes a contribution in relation to the production process of educational contents and Liane Tarouco makes a theoretical and practical approach on Learning Objects, essential subjects for the development of this research. The research development locus is a public institution of high school, technical and superior, the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Natal - Cidade Alta. The referred IFRN's technological axes are: "Cultural Production and Design" and "Hospitality, Tourism and Leisure". The production of MOOCs related to the contents and concepts presented in the technical disciplines of the courses offered by IFRN allows students the opportunity to review and deepen the subjects covered during the disciplines belonging to this technological axis. As a result, this research produced a didactic series of six courses, made available in the Google Courses virtual environment and detailed the production process, anchored in the multidimensional perspective defended by the authors Filatro and Cairo. Thus, it was possible to see the nuances and the importance of all the elements that were addressed in each stage of the work, from the context analysis to the final evaluation.

Keywords: MOOC; Open Education; Distance Education; Educational Technologies;

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Lista de Quadros

QUADRO 1 – Classificações do Ensino Híbrido ... 21

QUADRO 2 – Etapas de apropriação pedagógica ... 28

QUADRO 3 – Características dos xMOOCs e cMOOCs ... 34

QUADRO 4 – Variações dos MOOCs ... 34

QUADRO 5 – Força e Fraqueza dos MOOCs ... 36

QUADRO 6 – Relação entre as tipologias de conteúdos educacionais ... 45

QUADRO 7 – Sete princípios da teoria da aprendizagem multimídia ... 49

QUADRO 8 – Sistemas para gerenciamento de aprendizagem ... 53

QUADRO 9 – Contextos organizacionais da produção de conteúdos educacionais 55 QUADRO 10 – Principais representantes do modelo de produção pós-industrial .... 58

QUADRO 11 – Trecho do Plano de Avaliação da qualidade dos conteúdos ... 75

QUADRO 12 – Lista dos MOOCs produzidos ... 85

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Lista de Figuras

FIGURA 1 – Sala de aula informatizada ... 20

FIGURA 2 – Página inicial do portal ProEDU ... 25

FIGURA 3 – Logotipo universal para o MOOC ... 29

FIGURA 4 – MOOC sobre Recursos Educacionais Abertos ... 33

FIGURA 5 – Números de usuários por plataforma de cursos online ... 38

FIGURA 6 – Painel administrativo do Google Course Builder ... 41

FIGURA 7 – Estrutura Analítica do Projeto MOOC – Série Didática ... 62

FIGURA 8 – Mapa mental do tópico “Tipos de microfones” ... 66

FIGURA 9 – Gravação da aula sobre “Tipos de microfones” ... 68

FIGURA 10 – Equipamentos utilizados na aula sobre “Tipos de microfones” ... 68

FIGURA 11 – Close-up nos equipamentos utilizados na aula ... 69

FIGURA 12 – Apresentação da aula sobre “Tipos de microfones” ... 69

FIGURA 13 – Página inicial do provedor de cursos do Google ... 71

FIGURA 14 – Logotipo PC&D ... 72

FIGURA 15 – Logotipo PC&D Cursos Livres ... 72

FIGURA 16 – Campus IFRN – Natal Cidade Alta ... 80

FIGURA 17 – Trecho da ementa da disciplina Captação e Desenho de Som para Áudio e Vídeo ... 83

FIGURA 18 – Página do provedor da Série didática criado no Google Sites ... 87

FIGURA 19 – Acesso ao MOOC “Produções Audiovisuais Acessíveis” ... 87

FIGURA 20 – Acesso ao MOOC “Captação de Áudio para Vídeo” ... 88

FIGURA 21 – Acesso ao MOOC Introdução à animação 3D no Autodesk Maya ... 88

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FIGURA 23 – Unidade 1 do MOOC “Produções Audiovisuais Acessíveis” ... 89 FIGURA 24 – Página de acesso ao fórum do MOOC “Captação de Áudio para

Vídeo” ... 90 FIGURA 25 – Trecho de exercício com questão de múltipla escolha ... 90 FIGURA 26 – Trecho de exercício com questão de avaliação pelos pares ... 91

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Lista de Abreviaturas e Siglas

DI Design Instrucional

EPT Educação Profissional e Tecnológica IFRN Instituto Federal do Rio Grande do Norte IMD Instituto Metrópole Digital

LMS Learning Management System

MEC Ministério da Educação MOOC Massive Open Online Course

OA Objetos de Aprendizagem

REA Recursos Educacionais Abertos RNP Rede Nacional de Pesquisa

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Sumário

Seções

1 Introdução ... 15

2 Ensino e aprendizagem no contexto da cultura digital ... 19

3 O ensino com MOOCs ... 27

3.1 Caracterização dos MOOCs ... 32

3.2 Plataformas e provedores de ensino virtuais para MOOCs ... 37

4 O processo metodológico de produção dos conteúdos educacionais ... 43

4.1 As cinco dimensões envolvidas ... 43

4.2 O uso do Design Instrucional na produção dos conteúdos ... 60

4.3 As etapas da produção dos MOOCs ... 63

5 A concepção dos MOOCs como recurso didático ... 76

5.1 Concepção e desenvolvimento da série didática com o uso de MOOCs ... 76

5.2 Perfil institucional do IFRN – Contexto da Pesquisa ... 78

5.2.1 O IFRN Campus Natal – Cidade Alta ... 79

5.2.2 O eixo tecnológico de Produção Cultural e Design ... 80

5.3 Disciplinas e conteúdos escolhidos para a produção dos MOOCs... 82

6 Resultados ... 85

7 Considerações Finais ... 92

Referências ... 95

APÊNDICES I - Plano do Projeto ... 98

II - Relatório de análise para produção da série didática em MOOCs ... 109

III - Formulários de planejamento para produção dos cursos MOOC ... 112

IV - Matrizes de Planejamento para os MOOCs ... 133

V - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 139

VI - Termo de Autorização de Uso de Imagem e Voz ... 143

ANEXOS I - Ementas das disciplinas envolvidas na produção dos MOOCs ... 144

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1 Introdução

Este trabalho aborda a temática da produção de conteúdos educacionais sob o formato de MOOCs (Massive Open Online Courses ou Cursos Abertos e Massivos Online), uma ferramenta aberta de ensino, geralmente disponibilizada em ambientes educacionais virtuais. A utilização do termo "conteúdos educacionais" segue a perspectiva de Filatro e Cairo (2015) e ocorre devido à possibilidade de sua aplicação a uma grande variedade de contextos de uso, tanto por parte do aluno, quanto do professor.

Na educação a distância, muitas vezes, os conteúdos representam o passo inicial do contato dos alunos com o ambiente educacional, independente da forma como são apresentados, podendo ser vídeos, apostilas, livros, textos, áudios, imagens dentre outros. Durante sua produção é necessário que se tenha uma intencionalidade pedagógica bem definida e também que esses conteúdos possuam uma proximidade com outros tipos de interação.

Para a produção de conteúdos educacionais devemos considerar vários fatores, dentre eles: contextos educacionais distintos, vários níveis de ensino, grande diversidade de público, acesso às tecnologias, orçamento, definição de equipe de trabalho. Outro fator relevante é a escolha das mídias e tecnologias, sendo importante definir qual a melhor configuração para sua utilização, sempre levando em consideração os fatores mostrados anteriormente.

A busca por qualidade é uma unanimidade entre os que trabalham com educação, porém é necessário ter clareza em relação ao que se define como um conteúdo educacional de qualidade. Neste trabalho, a qualidade dos conteúdos educacionais segue a perspectiva multidimensional apresentada por Filatro e Cairo (2015), que se expressa em cinco dimensões: tecnocientífica, pedagógica, comunicacional, tecnológica e organizacional.

A escolha do tema, relacionado à produção de cursos em formato de MOOCs, foi motivado pela proximidade deste pesquisador com a linguagem audiovisual e também pelo fato de ser professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN, na área de gravação de áudio e produção audiovisual, nos cursos: Técnico Integrado em Multimídia e Tecnólogo em Produção

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Cultural, nos quais se percebe, devido ao seu caráter multidisciplinar, um grande

potencial de exploração para criação e pesquisa com esse tema.

Dentre as diversas disciplinas que compõem a matriz curricular destes dois cursos, que são oferecidos pelo IFRN Campus Natal - Cidade Alta, por exemplo, observa-se que um mesmo conceito é abordado em conteúdos curriculares de disciplinas distintas, permitindo que um único material ou conteúdo educacional seja trabalhado em ambas, tanto de forma presencial, como a distância.

Essa possibilidade de se trabalhar com conteúdo aberto, de qualidade e elaborado por especialistas na área foi o que motivou a se pensar em estratégias de produção de conteúdos educacionais que pudessem ser livremente utilizados pelos educadores, alunos e interessados na área, servindo como conteúdo básico de uma disciplina específica, como também para aprofundamento teórico e aperfeiçoamento de técnicas em disciplinas afins, que fazem parte de uma mesma área de conhecimento.

Considerando os eixos de atuação do Campus Natal - Cidade Alta, que são ligados à área de formação do pesquisador, e também acreditando no potencial do

campus (tanto a parte estrutural, quanto a pessoal), foi proposto o desenvolvimento

deste trabalho com a intenção de possibilitar novas experiências de aprendizagem, utilizando de forma adequada os recursos tecnológicos disponíveis.

O principal objetivo do trabalho consiste na elaboração de uma série didática, sob o formato de MOOC, com temas dentro do eixo tecnológico1 de Produção Cultural e Design. A produção dos conteúdos educacionais realizou-se no âmbito do IFRN,

Campus Natal - Cidade Alta, na área de atuação desse eixo tecnológico e contou com

a colaboração de três professores que participaram da produção dos conteúdos educacionais.

Especificamente outros objetivos foram elencados, tais como: a) Realizar a análise do ambiente onde o projeto foi aplicado, fazendo um levantamento do perfil dos alunos e da instituição; b) Definir as disciplinas e conteúdos trabalhados - atividade realizada em colaboração com a coordenação dos cursos e professores que atuam no IFRN Campus Natal - Cidade Alta; c) Produzir os cursos, com atividade de gravação e edição das vídeoaulas, apresentado por professores do campus, utilizando

1Eixo tecnológicoé um sistema de organização e caracterização, definido pelo MEC, resultante do agrupamento de cursos técnicos e tecnológicos conforme suas características científicas e tecnológicas.

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o espaço físico e equipamentos do próprio IFRN; d) Organizar e preparar os cursos na plataforma Google Course Builder, onde ficarão hospedados os conteúdos educacionais produzidos.

O conceito de série utilizado neste trabalho se refere a módulos de ensino que não necessariamente pressupõem uma sequência de conteúdos, sendo possível abordar os assuntos que fazem parte do eixo tecnológico de Produção Cultural e Design de forma livre e com foco em tópicos específicos de cada disciplina trabalhada.

O local de implementação deste projeto é o Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN, Campus Natal – Cidade Alta, e os conteúdos educacionais produzidos foram derivados dos componentes curriculares de cursos dos níveis de ensino médio e superior, que compreendem o eixo tecnológico de atuação do campus, Produção Cultural e Design.

O trabalho de pesquisa está estruturado conforme apresentado a seguir. Na seção dois, Ensino e Aprendizagem no Contexto da Cultura Digital, é tratado o tema das mudanças que vem ocorrendo no processo de ensino e aprendizagem decorrentes do uso das novas tecnologias e das mídias sociais, inseridos cada vez mais no cotidiano dos alunos.

Na seção três, O Ensino com MOOCs, realiza-se um levantamento histórico dessa tecnologia educacional, em que são apresentadas suas características principais e os diferentes modelos de design que variam de acordo com o propósito de aprendizagem. Também são apresentadas as principais plataformas e provedores de ensino virtuais que possibilitam a criação e hospedagem dos MOOCs atualmente.

Na quarta seção, O Processo de Produção dos Conteúdos Educacionais, apresenta-se o resumo de cada uma das cinco dimensões envolvidas no processo de produção e mostra-se o detalhamento da produção dos MOOCs levando em consideração essas cinco dimensões, propostas por Filatro e Cairo (2015). Consta o passo a passo da elaboração dos MOOCs e quais critérios foram levados em consideração durante o processo de produção. São mostradas também as etapas de edição e finalização dos cursos, assim como a escolha e preparação da plataforma virtual para os MOOCs.

Um fator importante a ser discutido nesse trabalho diz respeito às teorias da aprendizagem. Nessa seção, constam informações sobre os pressupostos epistemológicos que definem as principais abordagens pedagógicas, tais como: comportamentalismo, cognitivismo e construtivismo. A teoria da aprendizagem

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multimídia, criada por Richard Mayer é discutida e abordada, a partir das contribuições durante o processo de produção dos conteúdos educacionais, sendo a teoria que mais se aproxima dos propósitos elencados para a produção deste trabalho. Essa teoria diz, dentre outras coisas, que os alunos aprendem mais quando são utilizadas imagens e palavras, em vez de apenas palavras, na apresentação das ideias e conceitos.

A quinta seção, A concepção e o Uso dos MOOCs como Recurso Didático, apresenta algumas possibilidades de aplicação prática dos MOOCs e traz informações sobre o projeto no âmbito do IFRN. Além do perfil institucional do IFRN e de algumas características dos cursos do eixo tecnológico de Produção Cultural e Design. Essa seção apresenta uma proposta de utilização dos MOOCs como recurso didático em disciplinas presenciais, elencando os fatores que favorecem à realização de abordagens com esse tema. A concepção da série didática com MOOCs, considerando o conteúdo de disciplinas presenciais no IFRN, será explicada com maiores detalhes nessa seção do trabalho. São mostradas também características das disciplinas escolhidas e qual conceito foi trabalhado em cada uma.

A sexta seção apresenta os resultados e discussões sobre o processo de produção, culminando com a versão final dos trabalhos desenvolvidos e mostrando informações relevantes referentes a todo processo.

Os MOOCs vêm sendo considerados como uma opção inovadora para divulgação do conhecimento, tanto por possibilitar a transmissão de informações para um grande número de pessoas, quanto por trazer diversas possibilidades de utilização de ferramentas interativas de aprendizagem, porém seu uso pode ser adaptado para um ambiente em que ele seja utilizado como recurso didático, em uma sala de aula.

A produção do material considera as teorias do Design Instrucional em que definem-se as melhores estratégias para o ensino e aprendizagem nessa situação específica, envolvendo: abordagem pedagógica, público-alvo, organização dos tópicos, objetivos de aprendizagem, suporte midiático e a tecnologia de acesso. Esse processo começa na análise inicial e vai até a implementação e avaliação do produto final.

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2 Ensino e aprendizagem no contexto da cultura

digital

Atualmente vive-se imerso em um mundo digital em que grande parte das atividades cotidianas envolve o uso de tecnologia digital e de rede. Novos modos de comunicação e interação são possibilitados dentro do que se chama de ciberespaço, definido por Lévy (1999) como o “espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores” (LÉVY, p.92). Segundo o autor, qualquer política de educação deverá levar em consideração esse novo suporte de informação e comunicação, do qual se originam formas inovadoras de se aprender, assim como surgem novos atores envolvidos na produção dos conhecimentos.

O perfil dos alunos vem se alterando no decorrer do tempo e também surgem novas tecnologias, essas mudanças impulsionaram o crescimento de educação aberta e educação a distância (EaD) em todo o mundo (CORTEZ, 2016). Segundo Anthony Bates (2017), o estudante hoje vive imerso em um ambiente digital e de rede, nessa perspectiva é necessário que os professores façam uso das tecnologias mais atuais de forma consciente e levando em consideração o contexto do ambiente de ensino.

Com uma utilização correta das tecnologias no ensino, têm-se a vantagem de fornecer oportunidades para que os alunos aprendam em uma diversidade de formas, facilitando a adaptação do ensino às suas diferenças. Para isso, se faz necessário conhecer os alunos e as tecnologias as quais eles têm acesso e também a sua experiência com o universo digital.

Diante do uso crescente das tecnologias digitais, novas possibilidades de se trabalhar de forma colaborativa e coletiva aparecem, alterando o modo de funcionamento de instituições, empresas e escolas. O processo de aprendizagem também passa por transformações e cada vez mais o aluno assume um papel de protagonismo em seu próprio aprendizado. O ritmo acelerado em que se vive faz com que os saberes deixem de ser algo estabelecido durante todo o seguimento de uma carreira profissional e passem a ser tratados como competências que necessitam ser trabalhadas e aprendidas durante toda a vida.

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Hoje o perfil dos alunos é diferente, pois já estão inseridos no contexto da cultura digital e possuem uma facilidade no manuseio das tecnologias (DUARTE, 2018), sendo importante observar que muitos também utilizam mídias sociais e dispositivos móveis, fazendo com que estejam, de algum modo, sempre conectados ao ciberespaço.

O aprendizado pode ocorrer a qualquer momento, e a troca de saberes e experiências de aprendizagem acontecem de forma nunca antes vista. As alterações no perfil dos alunos somadas aos avanços tecnológicos recentes possibilitaram novos métodos de ensino. Para Kenski (2005, p.93), “estamos vivendo um novo momento tecnológico, em que a ampliação das possibilidades de comunicação e informação altera nossa forma de viver e de aprender na atualidade”.

A figura 1 mostra uma sala de aula informatizada na qual é permitido o uso constante das tecnologias como ferramentas auxiliares no processo de ensino.

Figura 1: Sala de aula informatizada

Fonte: Wikipedia (2018)

Como exemplo pode-se citar uma das possibilidades de se trabalhar a aprendizagem de forma online, o ensino híbrido (blended learning), que é visto como um complemento do ensino presencial, permitindo que o aluno possa acessar na rede uma série de recursos didáticos e outras ferramentas colaborativas, fazendo com que

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tenha uma participação mais ativa no seu aprendizado. Deve-se procurar no ensino híbrido, tanto as vantagens do ensino online, como os benefícios de uma sala de aula tradicional. Existem várias formas de se aplicar o ensino híbrido e há uma classificação, feita por Clayton Christense Institute (2013), que divide o ensino híbrido em quatro categorias - Rotação, Flex, A La Carte e Virtual Enriquecido, mostradas abaixo no quadro 1:

Quadro 1: Classificações do Ensino Híbrido

Modelo Rotação

Modelo no qual, dentro de um curso ou matéria (ex: matemática), os alunos revezam entre modalidades de ensino, em um roteiro fixo ou a critério do professor, sendo que pelo menos uma modalidade é a do ensino online. Outras modalidades podem incluir atividades como as lições em grupos pequenos ou turmas completas, trabalhos em grupo, tutoria individual e trabalhos escritos.

Modelo Flex

É aquele no qual o ensino online é a espinha dorsal do aprendizado do aluno, mesmo que ele o direcione para atividades offline em alguns momentos. Os estudantes seguem um roteiro fluido e adaptado individualmente nas diferentes modalidades de ensino, e o professor responsável está na mesma localidade.

Modelo A La

Carte

Um modelo em que os alunos participam de um ou mais cursos inteiramente online, com um professor responsável online e, ao mesmo tempo, continuam a ter experiências educacionais em escolas tradicionais. Os alunos podem participar dos cursos online tanto nas unidades físicas ou fora delas.

Modelo Virtual Enriquecido

Uma experiência de escola integral na qual, dentro de cada curso (ex: matemática), os alunos dividem seu tempo entre uma unidade escolar física e o aprendizado remoto com acesso a conteúdos e lições online.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Clayton Christense Institute (2013)

Em muitas dessas situações os professores gravam as aulas expositivas e passam previamente para os alunos assistirem, dentro do seu próprio tempo, deixando os momentos presenciais para atividades de interação entre os pares. Esse modelo é conhecido como sala de aula invertida (flipped classroom), podendo considerar também outras possibilidades de mídia, além do vídeo, para a abordagem dos conteúdos educacionais.

Atualmente, muitos recursos tecnológicos inovadores estão sendo utilizados no processo de ensino e aprendizagem e cada vez mais são exigidos dos professores a utilização adequada e o conhecimento dessas novas tecnologias. Tony Bates traz diversas reflexões a respeito dessas inovações, relacionadas ao processo educativo,

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que estão sendo desenvolvidas em várias escolas e universidades do mundo. O autor justifica a importância do tema afirmando que:

Professores, instrutores e a comunidade universitária estão enfrentando mudanças sem precedentes, com classes cada vez maiores e diversificadas, com as demandas do governo e empresários que querem mais responsabilidade e a formação de graduados como força de trabalho imediata, e, acima de tudo, todos temos tido que lidar com as mudanças constantes da tecnologia. Para lidar com esse tipo de demanda, os professores e instrutores precisam de base teórica e conhecimentos que forneçam uma fundamentação sólida para seu ensino, não importando que alterações ou pressões enfrentem. (BATES, 2017, p. 39).

Uma questão relevante colocada por Bates (2017) se refere às constantes mudanças da tecnologia, ressaltando que todos devem estar preparados para se adaptarem a tais mudanças. O autor, aborda em seu livro temas como: “Qual a ciência e a pesquisa que podem ajudar a melhorar a forma de ensinar?”, “Como decidir se os cursos devem ser presenciais, híbridos ou totalmente online?”, “Quais estratégias funcionam melhor quando o ensino se dá em um ambiente rico em tecnologia?” e “Quais são as reais possibilidades de ensino e aprendizagem usando MOOCs?” (BATES, 2017).

São essas questões que regem, também, grande parte das pesquisas em tecnologias educacionais, demonstrando que essas tecnologias necessitam ser experimentadas, testadas e validadas para que se possa reforçar ainda mais a importância delas no contexto atual.

Considerando as constantes modificações nos contextos sociais atuais, Nelson Pretto e Cláudio Pinto (2006) destacam diversos vetores que incidem sobre a sociedade, tais como:

a) a obsolescência das competências pessoais e profissionais repetindo-se mais de uma vez ao longo da vida de uma pessoa (Lévy, 1999), b) as novas formas de organização do trabalho e da produção baseadas em equipes e na geração de conhecimento (Drucker, 1999), c) o avanço na automação da produção, d) as novas relações sociais com o saber, desenvolvidas no ciberespaço (Lévy, 1999), e) as novas tecnologias da inteligência e a inteligência coletiva (Lévy, 1999) e f) as competências estratégicas da era da informação (Castells, 1999). (PRETTO E PINTO, 2006, p. 23)

Com isso, as escolas necessitam conviver com todas essas modificações e com uma nova geração de alunos que “se articula nas diversas tribos, que opera com lógicas temporais diferenciadas” (PRETTO E PINTO, 2006, p. 24). Os autores afirmam ainda que embora o trabalho do professor seja intensificado, devido às mudanças no

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funcionamento das escolas e do sistema educacional relacionados a tempos e espaços diferenciados, é um bom momento de se repensar as políticas educacionais com o intuito de “resgatar a dignidade do trabalho do professor, com a retomada de sua autonomia e, com isso, experimentar novas possibilidades com a presença de todos os novos elementos tecnológicos da informação e comunicação.” (PRETTO E PINTO, 2006, p. 24).

Um desenvolvimento importante dentro da aprendizagem online diz respeito à educação aberta, uma política educacional que visa remover barreiras à educação de qualidade e que abrange desde serviços educacionais a livros digitais gratuitos, com licença aberta. Engloba também os recursos educacionais abertos, que são conteúdos educacionais digitais disponíveis na rede de forma gratuita e que podem ser baixados, alterados ou adaptados de acordo com o tipo de licença atribuída. Os MOOCs também fazem parte do conceito de educação aberta possibilitando o acesso livre a cursos completos, muitos deles oferecidos pelas melhores universidades do mundo.

São vários os centros universitários e escolas técnicas que possuem parcerias com empresas fornecedoras deste tipo de curso online. Existem iniciativas totalmente abertas e gratuitas e outras que cobram um valor pela assinatura mensal, com acesso a todos os cursos da plataforma. Há também outras que cobram apenas a taxa para emissão do certificado, caso o estudante queira recebê-lo ao final do curso.

Tarouco (2014) afirma que, nos últimos anos, tem se acelerado as buscas por conteúdos educacionais digitais, principalmente pela maior disponibilidade de equipamentos que permitem a sua utilização. Com base em uma pesquisa, realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação, a autora mostra que:

[...] 97% dos professores possuem computador em seus domicílios. Os dados sobre os alunos mostrados nesta mesma pesquisa indicam que 67% dos alunos têm computador no domicílio, mas 92% utilizaram a Internet nos últimos três meses, sendo que 46% destes acessaram a Internet pelo telefone celular. Os professores e coordenadores participantes desta pesquisa opinaram que o número insuficiente de computador dificulta o uso das TIC para fins pedagógicos, mas a crescente instalação de redes sem fio nas escolas, tanto públicas como privadas, permite antever uma situação em futuro próximo em que cada aluno poderá, de forma contínua, utilizar algum tipo de equipamento como apoio no processo de aprendizagem. (Tarouco, 2014, p. 8).

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A autora diz que “se de um lado cresce continuamente no país a disponibilidade de soluções para uso educacional das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), o mesmo não se pode afirmar em relação à disponibilidade de conteúdo educacional digital” (TAROUCO, 2014, p.8). As iniciativas governamentais e privadas para a produção desses conteúdos são insuficientes, o que resulta em uma baixa quantidade de material na língua portuguesa e também na dificuldade em se encontrar conteúdo educacional digital quando se quer algo mais específico.

Nesse contexto, se faz necessária a reutilização ou adaptação de muitos dos objetos educacionais disponibilizados e também a constante produção de conteúdos educacionais utilizando materiais preexistentes, que sejam de pequeno tamanho e estejam organizados em repositórios com uma indexação e rotulação que facilite a sua busca.

Repositório é um espaço em que ficam armazenados e organizados Objetos de Aprendizagem (OA), sendo utilizadas, para melhorar a busca, as informações dos objetos sob o formato de metadados, que facilitam o compartilhamento e reuso dos conteúdos educacionais (RODRIGUES, 2014). Com a observação dos metadados é possível avaliar se as características do material irão servir para uma determinada necessidade educacional.

No Brasil podem-se citar, como exemplo, os seguintes repositórios: BIOE - Banco Internacional de Objetos Educacionais (objetoseducacionais2.mec.gov.br), CESTA - Coletânea de Entidades de Suporte ao uso de Tecnologia na Aprendizagem (www.cinted.ufrgs.br/CESTA), Domínio Público – Biblioteca Digital desenvolvida em software livre (www.dominiopublico.gov.br) e o Portal do Professor (portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html).

O ProEDU2, promovido pela SETEC/MEC (Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação), é um exemplo de repositório que disponibiliza materiais da Rede e-Tec Brasil em diversas modalidades, desde mídias simples a cursos online completos, e todos os materiais permitem reusabilidade por estarem sob uma licença Creative Commons3. A figura 2 apresenta a página inicial do repositório ProEDU, contendo um formulário de busca para facilitar a pesquisa dentre os 1.297 objetos educacionais que estão disponíveis na plataforma.

2 Repositório de objetos educacionais para a educação profissional e tecnológica da Setec/MEC.

3 Organização sem fins lucrativos, que permite o compartilhamento e o uso da criatividade e do conhecimento através de licenças jurídicas gratuitas.

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Figura 2: Página inicial do portal ProEDU

Fonte: SETEC/MEC

Essas iniciativas que disponibilizam abertamente conteúdos educacionais, em diversos formatos, facilitam a reutilização de tais conteúdos em diversos contextos educacionais e, por se utilizarem muitas vezes de software livre, existe uma flexibilização na aplicação e customização do ambiente virtual e no reaproveitamento de determinado curso, módulo ou disciplina. Os MOOCs têm seguido essa direção e cada vez mais estão presentes em centros de ensino e instituições públicas e privadas.

O MOOC pode ser considerado um tipo de Recurso Educacional Aberto (REA), também conhecido por sua sigla em inglês OER (Open Educational Resources), termo que surgiu pela primeira vez em 2002 em uma conferência da UNESCO, e que é definido por Hylén (2006) como materiais educacionais digitais oferecidos livre e abertamente para educadores, estudantes e autodidatas para usar e reutilizar no ensino, aprendizagem e pesquisa. Para melhor esclarecimento, Hylén (2006, p.2)4

traz algumas definições em relação a abrangência dos REA:

• Conteúdo de Aprendizagem: Cursos completos, material didático, módulos de conteúdo, objetos de aprendizagem, coleções e periódicos.

• Ferramentas: Software para apoiar o desenvolvimento, uso, reutilização e entrega de conteúdo de aprendizagem, incluindo pesquisa e organização de

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conteúdo, sistemas de gerenciamento de conteúdo e aprendizado, ferramentas de desenvolvimento de conteúdo e comunidades de aprendizado on-line. • Recursos de implementação: licenças de propriedade intelectual para

promover a publicação aberta de materiais, princípios de design de melhores práticas e localização de conteúdo.

Dutra e Tarouco (2007, p.2), citando Wiley (2005), afirmam que:

“[...] o termo Open Educational Resources tem suas raízes nos primeiros esforços na padronização e conceituação dos objetos de aprendizagem. Com a evolução da utilização dos objetos de aprendizagem Wiley definiu em 1998 o conceito de Open Content e criou a Open Content License/Open Publication License, visando a popularização dos conceitos do movimento FLOSS aplicados ao desenvolvimento de conteúdos educacionais. Com a rápida disseminação da ideia de conteúdos abertos indo além do escopo educacional, em 2001 Larry Lessig e outros membros da escola de direito de Harvard, fundaram a Creative Commons e com ela um conjunto flexível de licenças.” (DUTRA e TAROUCO, 2007)

Atualmente milhares de obras artísticas e científicas são disponibilizadas sob a licença Creative Commons, o que facilita a pesquisa, o acesso e a utilização dessas obras para diversas finalidades. Para os autores “os Recursos Educacionais Abertos podem ser um importante instrumento para a disseminação e universalização do conhecimento a partir de universidades públicas e privadas no Brasil.” (DUTRA e TAROUCO, 2007, p.8). Em relação à utilização dos REA, seguem afirmando que “pode ser alternativa viável para se criar uma infraestrutura que suporte o desenvolvimento colaborativo de conteúdos abertos e sua consequente disponibilização na forma de cursos ou objetos de aprendizagem.” (DUTRA e TAROUCO, 2007, p.8)

A educação daria um grande avanço se todos os repositórios de Objetos de Aprendizagem e de Recursos Educacionais Abertos fossem mundialmente interligados e o acesso fosse livre e gratuito a qualquer pessoa. Possibilitaria a

inteligência coletiva que Lévy define como “uma inteligência globalmente distribuída,

incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que conduz a uma mobilização efetiva de competências.” (LÉVY, 1998, p.38).

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3 O ensino com MOOCs

O atual momento em que se vive nos possibilita diferentes situações de aprendizagem, propiciadas pelo uso de recursos audiovisuais, interatividade na rede, uso de games e simuladores, mídias sociais, etc. Isto faz com que seja necessário haver preparação e flexibilização para se desenvolver propostas pedagógicas diferentes para situações de aprendizagem distintas. Moran afirma que: “Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os níveis, precisam experimentar como integrar o presencial e o virtual, garantindo a aprendizagem significativa.” (MORAN, 2007, p.79)

Para Moran, a aprendizagem significativa é favorecida quando se parte de situações concretas, como por exemplo: práticas, vídeos, estudos de caso e jogos - trazendo novas informações, reflexões e fazendo com que essas situações sejam importantes para o aluno, e que a busca, o envolvimento, a pesquisa, a produção e a comunicação façam parte do seu aprendizado. O aluno deve ser motivado a despertar, passando a ter uma atuação mais ativa no processo de ensino e aprendizagem e o professor tem um papel bastante importante no estímulo a essa nova situação.

Segundo Moran “as tecnologias caminham para a convergência, a integração, a mobilidade e a multifuncionalidade, isto é, para a realização de atividades diferentes num mesmo aparelho, em qualquer lugar” (MORAN, 2007, p.212), como hoje podemos ver nos aparelhos celulares e tablets, para os quais existem também uma série de aplicativos voltados para educação e comunicação.

As possibilidades permitidas com a digitalização da informação (registro, edição, manipulação, combinação etc.) e sua distribuição por diversos meios, ultrapassando barreiras geográficas e temporais, faz com que as possibilidades de escolha e de interação se multipliquem. A respeito da importância dessas mudanças Moran afirma que:

“A mobilidade e a virtualização nos libertam de espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. Na educação, o presencial se virtualiza e a distância se presencializa. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam com os encontros virtuais, pela internet. E a educação a distância cada vez aproxima mais as pessoas, pelas conexões em tempo real, que permitem que professores e alunos falem entre si e formem pequenas comunidades de aprendizagem.” (MORAN, 2007, p. 212 e 213)

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A inserção das tecnologias nas instituições de ensino deve considerar, além da adequação à realidade de cada instituição e os custos de aquisição, o domínio técnico-pedagógico para melhor aproveitamento nos processos administrativos, financeiros e de ensino e aprendizagem. É um processo complexo e demorado conforme afirma Moran, dizendo que “não basta ter acesso à tecnologia para ter o domínio pedagógico. Há um tempo grande entre conhecer, utilizar e modificar processos.” (MORAN, 2007, p.214)

Moran defende que após a implantação das tecnologias, as escolas normalmente seguem algumas etapas em sua apropriação pedagógica. Em uma primeira etapa as tecnologias são utilizadas para melhorar o desempenho do que já existia, na segunda etapa os avanços das tecnologias propiciam a criação de espaços e atividades novos dentro da escola e, por fim, na terceira etapa as tecnologias começam a ser utilizadas para modificar a própria escola e a universidade. A seguir, no quadro 2, serão mostradas algumas características destas etapas:

Quadro 2: Etapas de apropriação pedagógica

Primeira etapa

Tecnologias para fazer melhor o mesmo

- Melhorar a gestão administrativa; automatizar rotinas de matrícula, boletos, notas, folha de pagamento, receitas. - Ajudar o professor a “dar aula”, na organização de textos (conteúdo), nos programas de apresentação, na ilustração de aulas (vídeos, softwares de conteúdos específicos), na avaliação (planilhas, bancos de dados), na pesquisa (bases de dados e internet).

- Ferramentas de apoio à aprendizagem: programas de texto, de multimídia, de navegação em bases de dados e internet, de comunicação, até chegar aos ambientes virtuais de aprendizagem.

Segunda etapa

Tecnologias para mudanças parciais

- Utiliza-se mais o vídeo, para tornar as aulas mais interessantes; desenvolvem-se alguns projetos na internet, nos laboratórios de informática.

- Professores e alunos criam páginas web e divulgam seus trabalhos. Professores propõem atividades virtuais de grupos, listas de discussão, fóruns e, mais recentemente, blogs, podcasts, produção de vídeos.

- Divisão entre a grade curricular obrigatória (disciplinas) e as atividades virtuais (projetos, webquests), que costumam ser voluntárias ou consideradas atividades complementares.

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Terceira etapa

Tecnologias para mudanças inovadoras

- Flexibilizar a organização curricular, a forma de gestão do ensino-aprendizagem.

- Trabalha-se mais com projetos integrados de pesquisa e há mais atividades semipresenciais ou quase totalmente on-line. O currículo universitário permite atividades a distância complementares às presenciais.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Moran (2007)

O autor comenta a respeito da tradição e das expectativas sociais que ainda amarram a quebra do modelo padrão de aulas presenciais dizendo que: “Um dos problemas mais sérios é a demora das universidades em assumir novos modelos pedagógicos inovadores” (MORAN, 2007, p.220). Moran ainda afirma: “O virtual, até agora, é um complemento – só – do presencial, que é o que realmente conta e que continua acontecendo da mesma forma” (MORAN, 2007, p.220).

Outro fator importante são as mudanças profundas propiciadas pela internet possibilitando aprender de vários lugares, ao mesmo tempo, online e offline e com uma possibilidade de comunicação instantânea e criação de grupos de aprendizagem centrados dentro de um mesmo assunto e com características de participação cada vez mais colaborativas.

Tony Bates afirma que, “um dos principais desenvolvimentos na aprendizagem

online tem sido o rápido crescimento de MOOCs” (BATES, 2017, p.70). Isso fez com

que fossem desenvolvidas várias modalidades de MOOC de acordo com o contexto educacional e com os propósitos de aprendizagem. O MOOC traz diversas possibilidades de design em sua construção, o que faz com que sejam necessárias classificações e nomenclaturas diferentes para cada modalidade. A figura 3 apresenta o logotipo universal criado para representar os MOOCs.

Figura 3: Logotipo universal para o MOOC

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O termo MOOC é recente e surgiu em 2008, durante a realização de um curso, “Connectivism and Connective Knowledge”, oferecido por uma universidade no Canadá, tendo sido projetado por George Siemens, Stephen Downes e Dave Cormier.

Já em 2011, um MOOC sobre Inteligência Artificial atingiu a marca de 160.000 inscritos e foi lançado por Sebastian Thrun e Peter Norvig, professores de Ciência da Computação da Universidade de Stanford.

Bates afirma que nos últimos anos o MOOC é um dos desenvolvimentos no ensino que vem gerando mais controvérsia, ele faz referência a um artigo publicado no The New York Times pelo escritor Thomas Friedman, que afirma:

[...] nada tem mais potencial para reinventar o ensino superior do que os MOOCs [...] com relativamente pouco dinheiro, os Estados Unidos poderiam alugar um espaço em uma aldeia Egípcia, instalar duas dezenas de computadores com acesso à internet de alta velocidade via satélite, contratar um professor local como facilitador e convidar os egípcios que queiram fazer cursos on-line com os melhores professores do mundo, legendados em árabe [...]. Posso vislumbrar que em breve você poderá montar sua própria formação superior tendo os melhores cursos online com os melhores professores ao redor do mundo [...] pagando somente a taxa para os certificados de conclusão. Isso vai mudar o ensino, a aprendizagem e o caminho para o mercado de trabalho. (BATES, 2017, p.200)

No entanto, o autor argumenta que mesmo sendo uma evolução significativa, os MOOCs têm limitações severas para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessários na era digital.

Embora existam críticas por parte de vários autores em relação aos MOOCs, também há aqueles que os defendem e os veem como uma inovação tecnológica promissora. Algumas das vantagens percebidas referem-se à possibilidade de ver várias vezes determinado conceito, tempo flexível para assistir, interatividade entre os participantes, cursos organizados em unidades que deixam o aluno livre para escolher quais conceitos quer se aprofundar. Porém, também existem algumas limitações, como a alta taxa de evasão, os custos elevados para a criação dos MOOCs e indisponibilidade de acesso a internet em algumas regiões.

Aretio (2015) mostra que o fenômeno MOOC rapidamente ultrapassou fronteiras e cada vez mais cresce a literatura utilizando este termo. De início acreditava-se que era uma tecnologia que poderia revolucionar o ensino superior, substituindo universidades, porém não foi o que se configurou e cada vez mais o MOOC está presente em grandes centros universitários desempenhando um papel

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colaborativo no processo de ensino. São milhões de pessoas que já se inscreveram em um MOOC desde 2012 e milhares as que obtiveram uma certificação de qualidade. Aretio diz que os MOOCs são uma outra forma, vertente ou dimensão da educação a distância e faz uma relação entre as vantagens e virtudes dos MOOCs, afirmando que elas remontam as vantagens mais clássicas da EAD convencional e também, mais recentemente, do e-learning juntamente com as ferramentas da web 2.0 e sobretudo a liberdade por parte dos estudantes e facilitadores. O autor faz uma relação entre as quatro características da EAD5 e os MOOCs, concluindo que o MOOC não é outra coisa senão uma evolução da educação a distância. (ARETIO, 2015)

Para Aretio (2017), embora exista uma vasta bibliografia sobre o tema MOOC, conforme mostra a sua pesquisa sobre os trabalhos publicados na RIED (Revista

Iberoamericana de Educacion a Distancia), muitas questões ainda permanecem a

respeito de sua utilidade atual e sua evolução futura, necessitando que sejam realizados mais experimentos e pesquisas nessa área devido ao seu crescente interesse na área acadêmica, conforme mostra pesquisa de interesse realizada sobre o termo MOOC e e-learning entre os anos de 2011-2016 no Google Trends.

Para Vazquez-Cano e Lopez-Meneses (2015) os MOOCs, em um panorama de educação aberta e livre, surgem como uma necessidade de especialização que não implica diplomação ou certificação como um objetivo prioritário, favorecendo uma abordagem às novas realidades trabalhistas e científicas que as propostas de educação regular mais limitadas não podem oferecer. Os autores indicam ainda que os MOOCs têm atraído grande interesse mundial devido ao seu grande potencial para oferecer educação gratuita e acessível a qualquer pessoa, independentemente de seu país de origem, sua formação prévia e sem a necessidade de pagar pela taxa de matrícula.

Desde o surgimento dos MOOCs muitas instituições incorporaram a ideia e muitos cursos foram produzidos, no entanto, a produção de MOOCs com qualidade não é uma tarefa simples e de baixo custo, o que faz com que muitos desses cursos sejam reutilizados em outras instituições como uma alternativa para a obtenção dos benefícios dessa ferramenta sem arcar com os custos da produção.

5 As quatro características da EAD elencadas por Aretio (2001) são: separação espacial e temporal entre professor/formador e aluno/participante; estudo independente, no qual o aluno controla o tempo e ritmo de aprendizagem; comunicação entre professor e estudantes mediada por meio de recursos tecnológicos; utilização de suporte institucional para planejamento, produção de materiais, acompanhamento e avaliação.

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De acordo com a proposta desta pesquisa, a produção dos MOOCs, considerando uma perspectiva de recurso didático, surge como uma possibilidade de ensino em que será permitido aos alunos estudarem os conceitos das disciplinas fora do horário padrão das aulas, podendo aproveitar o momento em sala, junto ao professor, para realização de experimentos e interações com os colegas de turma.

Para a produção dos MOOCs este projeto contou com uma colaboração técnica do IFRN, no que se refere ao empréstimo dos equipamentos necessários para a produção, além da participação voluntária de colaboradores na área técnica e pedagógica e a cessão de espaços para a gravação das aulas, o que favoreceu bastante em relação a diminuição dos custos de produção. Os termos de consentimento sobre a participação dos professores e os termos de cessão dos equipamentos e espaços do IFRN são apresentados no apêndice E, ao final do trabalho.

3.1 Caracterização dos MOOCs

Em relação às características dos MOOCs, embora possa existir uma variedade cada vez maior de design, podem-se citar elementos que são comuns entre todos: massivo, aberto, online e em formato de curso. O caráter massivo dos MOOCs se deve a sua escalabilidade, pois possibilita a participação de um número muito grande de pessoas. A plataforma Coursera6, por exemplo, obteve em um único curso, 260.000 inscritos.

O fato de ser aberto indica que não há pré-requisito para poder participar dos cursos, apenas um computador com acesso a internet e um endereço de e-mail para a inscrição, porém existem também algumas instituições que cobram pela emissão do certificado e realização de avaliações.

A disponibilidade online dos MOOCs também é um fator importante, permitindo o acesso gratuito a aulas gravadas, muitas vezes de instituições renomadas, existindo também a possibilidade de serem trabalhados em formatos híbridos, dentro das escolas, sendo utilizados no ensino presencial, como um recurso didático.

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Por serem organizados na forma de cursos completos, os MOOCs se diferenciam dos demais recursos educacionais abertos permitindo, dentre outras coisas, avaliação baseada em computador, geralmente usando questões de múltipla escolha e feedback imediato, combinada às vezes com avaliação por pares. (BATES, 2017).

A figura 4 mostra um MOOC sobre Recursos Educacionais Abertos, estruturado na plataforma Google Course Builder, produzido no ano de 2017 durante a oferta da disciplina Educação Aberta e a Distância do programa de pós-graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, do Instituto Metrópole Digital (IMD), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Figura 4: MOOC sobre Recursos Educacionais Abertos.

Fonte: Google/Arquivo Pessoal7

São diversas as possibilidades de se projetar um MOOC e existem vários modelos de design já estabelecidos, possibilitando trabalhar com diferentes abordagens pedagógicas, embora, por serem recentes, alguns modelos ainda estejam em processo de aperfeiçoamento e evolução.

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Dentre essas variações, existem os xMOOCs e os cMOOCs que foram os primeiros tipos de MOOC a surgirem. O quadro 3 mostra algumas características desses dois modelos, que são considerados os mais populares:

Quadro 3: Características dos xMOOCs e cMOOCs

xMOOCs

Os xMOOCs usam principalmente o modelo de ensino centrado na transmissão de informações, com a entrega de conteúdo de alta qualidade, avaliação pelo computador (principalmente para efeitos de feedback) e automação de todas as principais transações entre os participantes e a plataforma de aprendizagem.

cMOOCs

Os cMOOCs têm uma filosofia educacional muito diferente dos xMOOCs, colocando grande ênfase no trabalho em rede, em especial nas fortes contribuições de conteúdo dos próprios participantes. Na verdade, pode não haver um professor formalmente identificado, embora professores possam ser convidados a oferecer um webcast ou um blog para o curso.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bates (2017, p.203-206)

Os xMOOCs são os MOOCs mais comuns e sua abordagem de conteúdos é fortemente behaviorista, se constituem de vídeos com aulas curtas e avaliação automatizada, em que também se permite uma avaliação de trabalhos dissertativos, muitas vezes realizadas pelos próprios colegas. Esse modelo de MOOC é disponibilizado em plataformas digitais na rede, como Udacity, edX e Coursera.

Os cMOOCs, diferente dos xMOOCs, baseiam-se na aprendizagem de rede por meio das conexões e discussões entre os participantes em redes sociais. Não existe uma plataforma de tecnologia padrão para os cMOOCs e eles são impulsionados pelas contribuições dos participantes. Existem outras variações de MOOCs, conforme apresentado no quadro 4, por Bates apud Chauhan (2014):

Quadro 4: Variações dos MOOCs

BOOCs (Big Open Online Course) Um cruzamento entre xMOOCs e cMOOCs;

DOCCs (Distributed Open Collabora -tive Course)

Universidades compartilham e adaptam o mesmo MOOC básico;

LOOC (Li Le Open Online Course)

Possui entre 15 e 20 estudantes pagando mensalidades em um curso presencial, permitindo também um número limitado de alunos não registrados que também fazem o curso, mas pagando uma taxa;

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MOORs (Massive Open Online Research)

Uma mistura de videoaulas e projetos de pesquisa orientados por professores;

SPOCs (Small, Private, Online Cour-ses)

Na Faculdade de Direito de Harvard, 500 estudantes pré-selecionados entre mais de 4.000 candidatos, têm as mesmas videoaulas que os estudantes do curso presencial;

SMOCs (Synchronous Massive Open Online Courses)

Aulas ao vivo ministradas a alunos de cursos presenciais que também estão disponíveis de forma síncrona para alunos não matriculados pagando uma taxa.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bates (2017, p.210)

A maioria dos MOOCs possui: vídeos com aulas curtas ou explicações de conceitos por meio de animação e relatos de experiências, atividades de aprendizagem que podem ser automatizadas ou realizadas por pares e em equipes, textos e apostilas para possível aprofundamento no conteúdo, fórum para interação entre os participantes e feedback em relação ao progresso do curso.

Os MOOCs ainda estão amadurecendo e tendem a ocupar um espaço de relevância no ambiente de aprendizagem das instituições de ensino. É possível que os MOOCs venham a substituir algumas das formas de ensino tradicional ou se tornem complementos dos métodos convencionais de ensino (FRANCO, 2017). Moran, ao falar sobre o modelo inovador disciplinar, diz que:

No modelo disciplinar, precisamos “dar menos aulas” e colocar o conteúdo fundamental na WEB, elaborar alguns roteiros de aula em que os alunos leiam antes os materiais básicos e realizem atividades mais ricas em sala de aula com a supervisão dos professores. Misturando vídeos e materiais nos ambientes virtuais com atividades de aprofundamento nos espaços físicos (salas) ampliamos o conceito de sala de aula: Invertemos a lógica tradicional de que o professor ensine antes na aula e o aluno tente aplicar depois em casa o que aprendeu em aula, para que, primeiro, o aluno caminhe sozinho (vídeos, leituras, atividades) e depois em sala de aula desenvolva os conhecimentos que ainda precisa no contato com colegas e com a orientação do professor ou professores mais experientes. (MORAN, 2015, p.22)

Essa visão reforça a importância de se ter boas opções, dentro do contexto atual das tecnologias digitais, para que um professor possa obter, por exemplo, o complemento e reforço de determinado material didático e também dos conteúdos e conceitos que são mostrados presencialmente em sala de aula, disponíveis em um ambiente de fácil acesso e que permita a realização de propostas inovadoras no ensino e na aprendizagem.

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Existem diversas vantagens ao se utilizar um MOOC como recurso didático, porém, também se devem observar possíveis pontos fracos e sempre tentando procurar uma solução para melhor lidar com essas situações. Um resumo das forças e fraquezas dos MOOCs é mostrado a seguir no quadro 5:

Quadro 5: Forças e fraquezas dos MOOCs

Pontos fortes

- Os MOOCs, particularmente os xMOOCs, oferecem conteúdo de alta qualidade de algumas das melhores universidades do mundo gratuitamente a qualquer pessoa que tenha um computador e conexão de internet.

- Os MOOCs podem ser úteis para dar acesso a conteúdo de alta qualidade, particularmente nos países em desenvolvimento, mas para fazê-lo com sucesso é necessária uma boa dose de adaptação e investimento substancial em apoio local e parcerias.

- Os MOOCs são valiosos para o desenvolvimento de aprendizagem básica conceitual, e para a criação de grandes comunidades online com o mesmo interesse ou a mesma prática.

- Os MOOCs são uma forma extremamente valiosa de formação e educação continuada.

- Os MOOCs obrigaram as instituições convencionais, especialmente as de elite, a reavaliar suas estratégias para aprendizagem aberta e online.

- As instituições têm sido capazes de estender sua marca e seu status, tornando pública sua experiência em determinadas áreas acadêmicas.

- A proposição de maior valor dos MOOCs é eliminar, por meio da automação e/ou comunicação por pares, os custos muito grandes e variáveis associados ao fornecimento de suporte e avaliação de qualidade para os alunos do ensino superior.

Pontos fracos

- O elevado número de inscritos nos MOOCs é enganoso; menos da metade dos inscritos participa ativamente, e somente uma pequena proporção conclui com sucesso; no entanto, em termos de números absolutos, ainda são maiores do que nos cursos convencionais.

- Os MOOCs são muito caros no seu desenvolvimento, e apesar de as organizações comerciais que oferecem plataformas MOOC terem oportunidades de modelos de negócios sustentáveis, é difícil enxergar como as instituições públicas de ensino superior poderiam desenvolver modelos de negócios sustentáveis para MOOCs.

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- MOOCs tendem a atrair aquelas pessoas que já têm um nível de educação elevado, em vez de ampliar o acesso.

- Os MOOCs até agora têm sido limitados na capacidade de desenvolver aprendizagem acadêmica de nível elevado ou habilidades intelectuais de alto nível necessárias em uma sociedade baseada no conhecimento.

- A avaliação dos níveis mais elevados de aprendizagem continua a ser um desafio para os MOOCs, na medida em que a maioria dos fornecedores de MOOC não reconheçam seus próprios MOOCs para obtenção de crédito.

- Os materiais dos MOOCs podem ser limitados por direitos autorais ou restrições de tempo para serem reutilizados como recursos abertos.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bates (2017, p.213)

Percebe-se que ainda existem muitos caminhos a percorrer até que se tenha uma consolidação sobre a melhor forma de trabalhar com essa ferramenta, que está em constante processo de evolução. É importante ressaltar que cada vez mais estamos saindo dos métodos tradicionais de ensino, principalmente devido a uma maior facilidade de acesso à informação, conforme explica Moran (2015):

Os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, faziam sentido quando o acesso à informação era difícil. Com a Internet e a divulgação aberta de muitos cursos e materiais, podemos aprender em qualquer lugar, a qualquer hora e com muitas pessoas diferentes. Isso é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos modelos prévios bem-sucedidos para aprender de forma flexível numa sociedade altamente conectada (MORAN, 2015, p.16).

É crescente a utilização da aprendizagem mediada por recursos tecnológicos, que ocorre de forma móvel, interativa e a qualquer momento. Com o avanço tecnológico dos dispositivos móveis e a diminuição do custo para aquisição destes equipamentos, a tendência é que um maior número de pessoas tenha acesso a esses recursos facilitando o processo de ensino e aprendizagem.

3.2 Plataformas e provedores de ensino virtuais para MOOCs

Os MOOCs contam hoje com uma grande diversidade de plataformas e provedores para hospedagem e criação dos cursos, apresentando vários modelos de

Referências

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