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PNE (2014-2024) e a valorização docente

Conforme apontamos no percurso histórico de diferentes dis- positivos legais que abordaram elementos sobre a valorização dos profissionais da educação, o PNE é outro aparato legal que também indica uma contribuição para a constituição da valorização dos pro- fissionais de educação. Regimentada pela Lei Federal nº 13.005 e aprovada em 25 de junho de 2014, estabelece o PNE. (BRASIL, 2014) Essa lei é fruto de muita luta e mobilização de diferentes se- tores da sociedade e apresenta 20 metas e 254 estratégias que de- finem os eixos para a elaboração, efetivação e acompanhamento das políticas educacionais para os próximos dez anos (2014-2024). A valorização dos profissionais da educação é apontada especifica- mente no artigo 2º, inciso IX, enquanto uma diretriz do PNE.

Além de ser apontada enquanto uma diretriz do PNE, identifi- camos abaixo as metas e estratégias relacionadas diretamente com a valorização dos profissionais da educação. Dentre as 20 metas do PNE, as metas 15 (formação inicial), 16 (formação continuada), 17 (equiparar rendimento) e 18 (plano de carreira) se relacionam

mais diretamente com o processo de valorização dos profissionais da educação básica. Então, selecionaremos para a discussão as re- feridas metas e suas respectivas estratégias.

O Quadro 1 abaixo sintetiza as metas do PNE relacionadas com o nosso recorte de discussão.

Quadro 1 – Síntese das metas do PNE (Lei nº 13.005/2014) em relação à valorização dos profissionais da educação básica META DESCRIÇÃO CUMPRIMENTOPRAZO PARA ABRANGÊNCIA

15

Garantir Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE. (2015) Assegurar a todos os docentes da educação básica.

Garantir formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

2024 Assegurar que todos os docentes da educação básica possuam. 16 Formar professores da educação básica, em nível de pós-graduação.

Até o último ano de vigência do PNE. (2024)

50% dos profissionais. Garantir a todos os profissionais

de educação básica, formação continuada em sua área de formação.

2024 100% dos profissionais.

17

Equiparar o rendimento médio dos profissionais da educação básica ao dos profissionais com escolaridade equivalente.

Até o sexto ano de vigência do PNE (2020).

100% dos profissionais.

18

Assegurar a existência de plano de carreira para os profissionais da educação básica de todos os sistemas de ensino, tendo como referência o piso salarial profissional nacional (PSPN). Até 2 anos de vigência do PNE (2016). 100% dos profissionais.

No contexto do PNE, as metas deverão ser atingidas a partir de diferentes estratégias. Realizamos um recorte das estratégias das metas 15, 16, 17 e 18 relacionadas com a valorização docente.

Em relação à meta 15, que visa garantir uma Política Nacional de Formação de Profissionais da Educação e ainda busca formação específica de nível superior a todos professores da educação básica em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam, o PNE aponta as seguintes estratégias, em destaque:

1. realizar diagnósticos das necessidades de formação de profissio- nais da educação;

2. consolidar financiamento estudantil a estudantes matriculados em cursos de licenciatura e ampliar programa permanente de inicia- ção à docência;

3. implementar programas específicos para formação de profissio- nais da educação para as escolas do campo, quilombola, indígenas e educação especial;

4. implementar cursos e programas especiais para assegurar for- mação específica na educação superior, nas respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de nível médio na modalida- de normal, não licenciados ou licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo exercício. (BRASIL, 2014)

A meta 16 visa formar em nível de pós-graduação 50% – até o final do PNE – dos professores da educação básica e garantir a todos os docentes da educação básica formação continuada em sua área de formação. Suas principais estratégias são:

1. realizar o planejamento para dimensionamento da demanda por formação continuada;

2. consolidar política nacional de formação de professores e profes- soras da educação básica;

3. expandir programa de composição de acervo de obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, e programa específico

de acesso a bens culturais, incluindo obras e materiais produzidos em libras e em braile;

4. ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós-graduação dos pro- fessores e das professoras e demais profissionais da educação bá- sica. (BRASIL, 2014)

A meta 17 busca valorizar os professores do magistério das redes públicas de educação básica com vistas a equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente até o final de 2020. Para isto, o PNE apresenta as seguintes estratégias:

1. constituir fórum permanente para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial nacional para os profissionais do magistério público da educação básica;

2. implementar, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, planos de carreira para os profissionais do magis- tério das redes públicas de educação básica observados os critérios estabelecidos nas legislações relacionadas;

3. ampliar a assistência financeira específica da União aos entes fe- derados para implementação de políticas de valorização dos pro- fissionais do magistério, em particular o piso salarial profissional nacional. (BRASIL, 2014)

Por fim, temos a meta 18, que busca assegurar em 2016 a exis- tência de planos de carreira para os profissionais da educação bá- sica e superior de todos os sistemas de ensino e para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, toma como referência o PSPN. Essa meta apresenta as seguintes estratégias:

a. estruturar as redes públicas de educação básica de modo que, até 2017, 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos profis- sionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no mínimo, dos respectivos profissionais da educação não docentes sejam ocupan-

tes de cargos de provimento efetivo e estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem vinculados;

b. implantar, nas redes públicas de educação básica e superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim de fundamentar, com base em avaliação documentada, a decisão pela efetivação após o estágio probatório;

c. prever, nos planos de carreira dos profissionais da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, licenças remunera- das e incentivos para qualificação profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu;

d. considerar as especificidades socioculturais das escolas do cam- po e das comunidades indígenas e quilombolas no provimento de cargos efetivos para essas escolas. (BRASIL, 2014)

Vimos, portanto, que a questão da valorização dos profissionais da educação é uma pauta importante e está presente no PNE. Em particular aos docentes do meio rural, identificamos apenas a meta 15, que busca uma implementação de programas de formação de docentes a fim de garantir a formação mínima estipulada neste PNE, e a meta 18, que tem o intuito de garantir o provimento de cargos efetivos, considerando as especificidades das escolas do campo.

Corroboramos com o que aponta o documento “Panorama da Educação do Campo”, sintetizando que as principais questões que afetam a educação do campo são: a insuficiência e a precariedade das instalações físicas da maioria das escolas; as dificuldades de acesso dos professores e alunos às escolas, em razão da falta de um sistema adequado de transporte escolar; a falta de professores ha- bilitados e efetivados, o que provoca constante rotatividade; baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção ida- de-série; baixos salários e sobrecarga de trabalho dos professores, quando comparados com os dos que atuam na zona urbana; a ne- cessidade de reavaliação das políticas de nucleação das escolas;

a implementação de calendário escolar adequado às necessidades do meio rural, que se adapte à característica da comunidade, em função dos períodos de safra. (INEP, 2007)

Portanto, é sabido que as condições de trabalho docente no meio rural encontram-se ainda mais precarizadas. Assim, a valorização docente para os profissionais que atuam no meio rural devem focar na formação inicial e continuada dos docentes, na remuneração e na implementação dos planos de carreira que consigam se adequar as especificidades do processo educativo nas escolas rurais.

Plano Estadual de Educação da Bahia