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Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP / Portaria nº948/2007)

discurso da legislação

PRINCÍPIO 1º

2.2.8. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP / Portaria nº948/2007)

A primeira década do século XXI foi marcada por movimentos sociais que trouxeram impactos a política internacional e local referente à inclusão social e a constituição da escola para todos. Um fato cabal para o reconhecimento das contribuições advindas da união, força, conscientização e luta do povo brasileiro é a Lei nº 11.133/05 que institui o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência, o qual teve origem em 1982, ano em que se escolheu o 21 de setembro “pela proximidade com a primavera e o dia da árvore numa representação do nascimento de reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições.” (http://www.cedipod.org. br/dia21.htm).

O movimento das pessoas com deficiência preconizava, então, com maior vigor, que a sociedade deve promover as adequações necessárias, favoráveis a todos no que concerne ao pleno acesso aos eventos e bens sociais.

Em 2007, esta defesa do direito de todos ao que está disponível na sociedade desencadeou a construção da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP / Portaria nº 948/2007), um documento que defende a inclusão; a não-discriminação; a equidade de oportunidades; a acessibilidade; a igualdade e a diferença como valores indissociáveis.

Este documento reafirma que a escola deve confrontar práticas discriminatórias e criar alternativas para superar a lógica da exclusão. Enfatiza que o uso de classificações ou conceituações em torno da deficiência deve ser contextualizado. Assim considera pessoa com deficiência

[...] aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. (BRASIL, 2007, p.9).

Essa conceituação está intrinsecamente relacionada a que foi construída e publicada na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006). É um conceito que atribui à escola a tarefa de minorar os diversos tipos de barreiras e assegurar que o tratamento diferenciado seja ofertado ao aluno com deficiência para que se promova a igualdade de oportunidades.

Nesta linha, o atendimento educacional especializado assume a função de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. (BRASIL, 2007, p.10).

Esse comprometimento com a valorização dos diferentes ritmos, processos e condições de aprendizagem exige que o professor perceba as barreiras atitudinais tão comumente nutridas nas interações, se desvencilhe delas e tenha uma atitude proativa de forjar práticas sociais positivas, educativas, reveladoras de um compromisso ético com a humanização da escola e da sociedade como um todo.

O respeito à cultura, as potencialidades, as idiossincrasias de todos os atores escolares é fortalecido no Decreto nº 186/2008, no qual o Brasil estabelece o compromisso de erradicar barreiras atitudinais e eliminar todos os demais obstáculos que fragilizem ou impossibilitem a constituição e manutenção da escola inclusiva.

2.2.9- Decreto nº 186/2008

O Brasil, como país signatário da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006), assume legal e socialmente o compromisso com a educação inclusiva em todos os níveis de ensino e de educação, através do Decreto nº 186/2008.

Esse documento considera que as dificuldades em se alcançar uma educação de qualidade para todos reside nas barreiras atitudinais e na falta de acessibilidade que restringe e limita as pessoas com deficiência no processo de escolarização. Reflete que o respeito ao gênero humano e a crença nas potencialidades de todos os alunos constituem a díade que pode sustentar a educação comprometida com a pesquisa, a tecnologia, a ciência e, principalmente, o espírito de solidariedade, fraternidade e humanização.

Nesse Decreto, em que se aprova e oficializa a Convenção, o Brasil assume o dever de, a partir de uma nova postura social e política, rever o modo como a educação se estrutura e fomentar, através das ações efetivadas pela universidade, a formação de profissionais que possam contribuir para a informação e formação pública acerca da existência, potencialidades e direitos das pessoas com deficiência.

Cientes de que esse processo é uma conquista de todos, cada pessoa em particular e cada Estado Parte devem estar inseridos numa rede em que o ordenamento jurídico pátrio, os tratados e convenções internacionais, principalmente esta última convenção proclamada pela ONU, tornem-se bases firmes para atitudes positivas diante da diversidade humana.

Considera-se, portanto, que todos os documentos legislativos, estudados e analisados neste capítulo, eleitos como de indescritível relevância no processo de

amadurecimento da consciência includente coletiva influem no processo, mas não o determinam em seu conjunto. (MACHADO; LABEGALINI, 2007).

De um modo geral, as recomendações sugeridas pelos organismos internacionais trouxeram impactos positivos à educação brasileira, contudo, sem o efetivo compromisso de todos os membros da escola, em particular, e da sociedade, em geral, fatalmente os obstáculos sociais continuarão a existir e a tolher o direito à educação.

Pensar essa reconstrução da educação para todos é, portanto, reconhecer que

O maior problema que se enfrenta, hoje, não diz respeito à inclusão escolar, em si. Na realidade, está naqueles que constituem o sistema escolar – planejadores, dirigentes, supervisores, coordenadores, docentes – que , em decorrência do desconhecimento a respeito das reais condições das pessoas com deficiência e com outras necessidades educacionais especiais, assim como da sua falta de preparação, apresentam barreiras atitudinais, limites conceituais e, consequentemente, incapacidade de planejar um mundo diferente, um sistema escolar não homogêneo, no qual cada pessoa possa progredir em seu ritmo próprio e de maneira conjunta com a turma onde está inserida. (MARTINS, 2008, p. 88).

O desenvolvimento de práticas planejadas, contributivas à promoção da cidadania perpassa pelo compromisso da universidade em gerar reflexão acerca das práticas cristalizadas e, através da pesquisa, identificar os elementos que sustentam tais práticas, combatê-los, sob a lente das ciências, e apontar alternativas, encaminhamentos, questões empreendedoras que emanem o que está posto na lei: uma educação comprometida com o processo de mudança de cada pessoa e de todas ao mesmo tempo.

Assim, é partindo da compreensão de que a pesquisa é uma prática reflexiva, crítica, social, contínua, atravessada por formações discursivas e por um movimento cíclico onde a universidade recebe demandas da sociedade e a sociedade recebe demandas da universidade que, no próximo capítulo, discute-se sobre a efetivação das pesquisas sobre as pesquisas efetivadas no âmbito nacional e, mais especificamente, no PPGE/UFPE (1978 a 2002).

É nessa esfera que emerge o debate sobre o surgimento das pesquisas sobre as pesquisas em educação especial e oportunamente a pesquisa sobre educação especial/educação inclusiva efetivadas no Brasil e nesse importante Centro de difusão de cultura.

Capítulo 3