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TÍTULO V – Das Disposições Gerais e Transitórias

4.2 Políticas Públicas

4.2.3 Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano 1 Política Ambiental

4.2.3.2 Políticas de Desenvolvimento Urbano

As Políticas de Desenvolvimento Urbano estão explicitadas na Seção II do Capítulo III, desenvolvidas nos artigos de 76 a 100, e encontram-se, por sua vez, subdivididas em várias subseções, caracterizando cada um dos tópicos relativos ao desenvolvimento urbano do município.

A Política de Urbanização e Uso do Solo possui como objetivos evitar a segregação de usos; estimular o crescimento da Cidade na área já urbanizada; promover a distribuição de usos e do aproveitamento do solo de forma equilibrada em relação à infra-estrutura; estimular a reestruturação e requalificação urbanística para melhor aproveitamento de áreas dotadas de infra-estrutura; estimular a requalificação de áreas de urbanização consolidada; estimular a urbanização e qualificação de áreas de infra- estrutura básica incompleta e com carência de equipamentos sociais; urbanizar, requalificar e regularizar favelas, loteamentos irregulares e cortiços; possibilitar a ocorrência de tipologias arquitetônicas diferenciadas e facilitar a reciclagem das edificações para novos usos; coibir o surgimento de assentamentos irregulares; coibir e rever a prática de construção e uso irregular das edificações, revendo e simplificando a legislação, implantando sistema eficaz de fiscalização.

São diretrizes para a Política de Urbanização e Uso do Solo a reversão do esvaziamento populacional, melhoria da qualidade dos espaços públicos, estímulo às atividades de comércio e serviços e preservação e reabilitação do patrimônio arquitetônico nas áreas sub-aproveitadas de urbanização consolidada; controle do adensamento construtivo em áreas com infra- estrutura viária saturada ou em processo de saturação; promoção de adensamento em áreas de urbanização em desenvolvimento com capacidade de suporte da infra-estrutura instalada; promoção de regularização fundiária e urbanística dos assentamentos habitacionais populares; criação de condições de novas centralidades e espaços públicos em áreas de urbanização não consolidada ou precária; recuperação dos recursos advindos da valorização imobiliária resultante da ação do Poder Público e sua aplicação em obras de infra-estrutura urbana, sistema viário

necessário ao transporte coletivo, recuperação ambiental e habitação de interesse social; revisão da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo; adequação da legislação de regularização dos loteamentos e das edificações às diretrizes previstas na lei do PDE; estabelecimento de parcerias com as universidades, órgãos do judiciário e sociedade, para ampliar a participação da sociedade e capacidade operacional do Executivo na implementação das diretrizes preconizadas; estabelecimento de parâmetros que facilitem a reciclagem das edificações para novos usos. Foram listados como ações estratégicas da Política de Urbanização e Uso do Solo rever, simplificar e consolidar a legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo; reurbanizar e requalificar avenidas, vias expressas e corredores de ônibus; recuperar e urbanizar as porções da APA do Carmo onde esteja permitido o uso urbano; criar Operações Urbanas Consorciadas para revitalizar a Orla Ferroviária Pirituba, Água Branca, Luz e Vale do Tamanduateí; requalificar o Centro Histórico e seu entorno; desenvolver e implementar Planos de Urbanização em Zonas Especiais de Interesse Social; desenvolver Planos Regionais para as Subprefeituras; implantar mobiliário urbano de qualidade em toda a Cidade; garantir a compatibilidade do uso do solo do entorno dos aeroportos com a atividade aeroportuária; desenvolver projeto de requalificação da área do Carandiru.

Para a política de habitação do município foram listados como objetivos assegurar o direito à moradia digna; articular a política de Habitação de Interesse Social com políticas sociais; articular as instâncias municipal, estadual e federal de políticas de financiamento habitacional; promover a melhoria das habitações existentes de famílias de baixa renda e viabilizar a produção de Habitação de Interesse Social - HIS; estimular a produção de Habitação de Mercado Popular - HMP; promover o uso habitacional nas áreas consolidadas e dotadas de infra-estrutura; coibir novas ocupações por assentamentos habitacionais inadequados em áreas de preservação ambiental e de mananciais, uso comum do povo e áreas de risco; criar condições para a participação da iniciativa privada na produção de Habitação de Interesse Social – HIS e Habitação de Mercado Popular -

HMP; contribuir para o fortalecimento e organização independente dos movimentos populares que lutam por moradia digna, pelo acesso à Cidade e pela garantia da função social da propriedade urbana.

As diretrizes listadas para a Política Habitacional incluem o desenvolvimento de projetos habitacionais que considerem as características da população local; desenvolvimento de programas de melhoria da qualidade de vida dos moradores de Habitações de Interesse Social, estimulando programas geradores de emprego e renda; produção, nas regiões centrais da Cidade, de unidades habitacionais em áreas vazias ou subutilizadas; promoção da regularização física e fundiária de assentamentos já consolidados e das unidades construídas, garantindo moradia digna às famílias de baixa renda; intervenção em áreas degradadas e de risco, de modo a garantir a integridade física, o direito à moradia e a recuperação da qualidade ambiental dessas áreas; re-qualificação de áreas de cortiços e urbanização de favelas por meio de ações integradas com outros órgãos da Prefeitura, do Estado e do Governo Federal; garantia, nos programas habitacionais, de atividades de proteção ao meio ambiente e de educação ambiental, para assegurar a preservação das áreas de mananciais e a não-ocupação de áreas de risco e espaços destinados a uso comum da população; impedimento da ocupação irregular de novas áreas mediante a aplicação de normas e de instrumentos urbanísticos e de fiscalização; o estabelecimento de parâmetros de moradia social, índices urbanísticos e procedimentos de aprovação de projetos, para facilitar a produção habitacional pela iniciativa privada; estímulo às alternativas de associação ou cooperação entre moradores para a efetivação de programas habitacionais; otimização da infra-estrutura e a redução dos custos de urbanização dos programas habitacionais; estímulo à realização de parcerias com universidades e institutos de pesquisa para desenvolvimento de alternativas de menor custo e maior qualidade e produtividade das edificações residenciais; facilitação do acesso da população de baixa renda à moradia, por meio de mecanismos de financiamento de longo prazo; intervenção nas habitações coletivas de aluguel por meio da reciclagem e requalificação de edifícios subutilizados; acesso e manutenção das famílias de baixa renda nos programas e

financiamentos públicos de habitação de interesse social; garantia de informação atualizada sobre a situação habitacional do Município, especialmente em relação ao ‘déficit’ e às necessidades habitacionais. As ações estratégicas listadas para a Política Habitacional são a realização do diagnóstico das condições de moradia no Município; atuar em conjunto com o Estado, a União e a Caixa Econômica Federal para a criação de um banco de dados compartilhado com informações sobre a demanda e oferta de moradias, programas de financiamento, custos de produção e projetos; elaborar o Plano Municipal de Habitação, bem como sua articulação com os planos e programas da região metropolitana; definição de metas de atendimento da demanda até 2006 e 2012; definição de diretrizes e identificação de demandas por região, subsidiando a formulação dos planos regionais; buscar a integração dos três níveis de governo para a formulação de um plano de ação conjunta para a promoção de Habitação de Interesse Social no Município; investir no sistema de fiscalização integrado nas áreas de preservação e proteção ambiental constantes deste plano, de forma a impedir o surgimento de ocupações irregulares; reformar imóveis da Prefeitura destinados a programas de locação social; nas Operações Urbanas priorizar o atendimento habitacional às famílias de baixa renda; apoiar a formação de técnicos na área de habitação, estabelecendo parcerias com universidades, centros de pesquisa tecnológica, entidades de classe, iniciativa privada e organizações não-governamentais; implementar subsídio na aquisição ou locação social, bem como criar instrumentos que possibilitem a inserção de todos os segmentos da população no mercado imobiliário; compatibilizar a legislação de Habitação de Interesse Social - HIS com as diretrizes estabelecidas neste plano.

Pode-se constatar que enquanto alguns itens destas metas se aplicam à regularização fundiária de ocupações irregulares, bem como intervenções em áreas degradadas e de risco, por outro lado também existe a diretriz de se impedir a ocupação irregular de novas áreas. Conforme tem sido constatado na prática, uma das conseqüências negativas de programas de

regularização e urbanização em áreas precárias e de risco ocupadas irregularmente é o estímulo a novas invasões.

Outro ponto observado é que o foco desta política habitacional está exclusivamente voltado para a população de baixa renda, com ausência de enfoque relativo à produção de moradias maior padrão, que poderia ser um forte instrumento disciplinador do mercado imobiliário e ordenador na política de desenvolvimento urbano.

Os objetivos da política de Circulação Viária e de Transportes são a garantia e melhoria da circulação e transporte urbano; priorizar o transporte coletivo; aumentar a acessibilidade e mobilidade da população de baixa renda; proporcionar maior segurança e conforto aos deslocamentos de pessoas e bens; reduzir a ocorrência de acidentes e mortes no trânsito; tornar o sistema de transporte coletivo eficaz; adequar o sistema viário, tornando-o mais abrangente e funcional, visando à sua estruturação e ligação inter- bairros; garantir o abastecimento, distribuição de bens e escoamento da produção do Município de São Paulo; reduzir a carga poluidora gerada pelo sistema de transportes; vincular o planejamento e a implantação da infra- estrutura física de circulação e de transporte público às diretrizes de planejamento contidas no Plano Diretor; garantir e melhorar a ligação do Município de São Paulo com a região metropolitana, com o país e com o exterior.

Como diretrizes para a política de Circulação Viária e de Transportes foram listadas: articulação de todos os meios de transporte que operam no Município em uma rede única, de alcance metropolitano; priorização da circulação do transporte coletivo sobre o transporte individual; adequação da oferta de transportes à demanda; restrição do trânsito de passagem em áreas residenciais; estudar soluções para a travessia de pedestres nas vias expressas; tratamento urbanístico adequado das vias da rede estrutural e corredores de transportes; a viabilidade econômica, financeira, jurídica e operacional da implantação de fonte alternativa de receita, que onere os proprietários de veículos automotores privados que circulam na Cidade, vinculada à ampliação da rede de infra-estrutura viária de interesse para o

transporte coletivo, e especialmente à rede metroviária prevista neste Plano Diretor.

Consta como ação estratégica da política de Circulação Viária e de Transportes implantar Rede Integrada de Transporte Público Coletivo, integrando o sistema metropolitano e o sistema municipal de ônibus; implantar bilhete único com bilhetagem eletrônica em toda a rede de transporte coletivo; implantar corredores segregados e faixas exclusivas de ônibus; implantar prioridade operacional para a circulação dos ônibus nas horas de pico; implantar sistema diferenciado de transporte coletivo com tarifas especiais; criar programa de adaptação dos logradouros para melhorar as condições de circulação de pedestres; promover adequação da frota de transporte coletivo às necessidades de passageiros portadores de necessidades especiais; implantar semáforos sonoros nos principais cruzamentos viários da Cidade, para segurança da locomoção dos deficientes visuais; regulamentar a circulação de ônibus fretados; operar o sistema viário priorizando o transporte coletivo, respeitadas as peculiaridades das vias de caráter eminentemente residencial; implantar novas vias ou melhoramentos viários em áreas em que o sistema viário estrutural se apresente insuficiente, em função do transporte coletivo; estabelecer programa de recuperação e conservação do sistema viário; disciplinar a oferta de locais de estacionamento de modo compatível com as propostas de uso e ocupação do solo, facilitando o estacionamento de veículos junto a terminais e estações de transporte público; implantar plano para monitoramento, regulação e controle da movimentação de cargas; elaborar revisão do conjunto das leis de melhoramentos viários; rever a legislação de

pólos geradores de tráfego, condicionando a aprovação de

empreendimentos a uma análise regionalizada dos impactos e à execução de obras que diminuam o impacto; participar da implantação das novas linhas do Metrô, bem como da revitalização das linhas ferroviárias.

Com relação à política de circulação viária e transportes, o PDE manifesta preocupações importantes em seus objetivos, porém não foram apresentados os mecanismos para sua implementação.

Foi citada como diretriz para esta política o estudo de viabilidade do pedágio urbano, que poderá causar muitos questionamentos no caso de sua implantação.

A importante questão da gestão da qualidade da malha viária pavimentada está tratada de forma muito tangente neste item, assim como no capítulo referente à pavimentação.

Quanto à participação na implantação de novas linhas do metrô, conforme sugerido, não encontra reflexo na atual realidade de atribuições da prefeitura, pois o Metrô é de competência da esfera estadual.

Foram ainda definidos objetivos, diretrizes e ações estratégicas para política de Áreas Públicas, com prioridade para planejamento e implantação de equipamentos sociais e urbanos, política relativa ao Patrimônio Histórico e Cultural, visando a proteção de bens culturais, política relativa à Paisagem Urbana, com objetivo de garantir o direito à fruição da Paisagem, política relativa à Infra-Estrutura e Serviços de Utilidade Pública, priorizando a implantação através de galerias técnicas de equipamentos de infra-estrutura de serviços públicos ou privados nas vias públicas, priorizando as vias de maior concentração de redes de infra-estrutura, garantia de racionalização da ocupação e utilização da infra-estrutura instalada e por instalar, bem como exigindo a reparação das vias, calçadas e logradouros públicos. Em relação à Pavimentação, foram listados como objetivos a garantia de acessibilidade aos logradouros e ampliação da capacidade de absorção pluvial das áreas pavimentadas. Como diretrizes dos Programas de Pavimentação considerou-se a adoção de modelos de gestão mais eficientes, em conjunto com a comunidade, para os programas de pavimentação e de manutenção; criação de oportunidades para que a população e a sociedade civil organizada conheçam e influenciem a gestão da pavimentação; pesquisa de novas tecnologias, materiais e métodos executivos de pavimentação para baratear as obras de pavimentação, ampliar a permeabilidade das áreas pavimentadas e causar menos danos ao meio ambiente.

São ações estratégicas dos Programas de Pavimentação desenvolver programas de pavimentação para as Zonas Especiais de Interesse Social; relacionar o tipo de pavimentação a ser utilizada com os tipos de vias classificadas no PDE; criar mecanismos legais para que os passeios e as áreas externas pavimentadas implantem pisos drenantes; adotar nos programas de pavimentação de vias locais pisos que permitam a drenagem das águas pluviais para o solo.

Ainda neste capítulo, a questão da gestão da malha viária pavimentada é enfocada de forma tangente, contrapondo-se à importância do problema da condição inadequada da malha viária pavimentada existente em grande parte da cidade. Enquanto o crescimento da cidade desacelera, com uma pequena parcela de vias não pavimentadas, a malha existente é, em sua maior parte bastante antiga, e possui sua funcionalidade totalmente comprometida seja pelo precário estado de conservação, seja pelo intenso processo de abertura de valas ocorrido nos últimos anos, sem qualquer disciplina por parte do poder público.

Este processo, abordado no capítulo anterior - implantação de infra-estrutura – só poderia ser revertido pela construção de galerias técnicas de serviços, que possui como limitação o elevado custo de implantação. Uma solução parcial seria a tentativa de planejamento das intervenções das permissionárias de serviços e do poder público na manutenção preventiva da malha viária pavimentada.

Outro ponto que pode ser questionado é referente à diretriz de incentivo à participação popular na gestão da pavimentação - um serviço eminentemente técnico de atribuição do poder executivo.