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3 COMPETITIVIDADE DE DESTINOS TURÍSTICOS

3.3 DIFERENTES ABORDAGENS PARA A COMPETITIVIDADE DE DESTINOS

3.3.5 Índice de competitividade do turismo do Fórum Econômico Mundial FEM

3.3.6.6 Políticas públicas

Conforme Barbosa (2008, 2012), o desenvolvimento do turismo bem-sucedido é uma parceria entre os diversos interessados nesse setor, como setor público, setor privado, terceiro setor, comunidade anfitriã e visitantes, cujas políticas públicas são elaboradas em diferentes esferas de governo e implementadas por diferentes órgãos. O conjunto de variáveis analisadas nesta dimensão foi:

(i) estrutura municipal para apoio ao turismo (órgão, governança, recursos para o setor);

(ii) grau de cooperação com o governo estadual (participação no fórum estadual de turismo, investimentos estaduais);

(iii) grau de cooperação com o Governo Federal (cooperação com programas do governo federal, investimentos federais);

(iv) planejamento para a cidade e para a atividade turística (plano diretor municipal, programas de modernização administrativa e fiscal); e

(v) grau de cooperação público-privada ( projetos do município com empresas).

3.3.6.7Cooperação regional

As regiões turísticas são a base para o planejamento regional, gerando equilíbrio de comodidades e facilidades desejado pelos turistas. O processo de regionalização também permite a modificação do produto turístico de uma região para outra, abrindo novas áreas e evitando a saturação das já existentes (BARBOSA, 2008, 2012). As variáveis levadas em consideração para efeito de competitividade dos destinos turísticos na dimensão cooperação regional foram:

(i) governança (existência de uma instância regional);

(ii) projetos de cooperação regional (projetos integradores de destinos);

(iii) planejamento turístico regional (existência de um planejamento para a região turística);

(iv) roteirização (roteiros existentes e comercializados por operadores turísticos) ; e (v) promoção e apoio à comercialização de forma integrada (estratégias e material de

promoção integrada entre destinos).

3.3.6.8Monitoramento

Conforme Barbosa (2008, 2012), a investigação e o monitoramento do ambiente competitivo são partes integrantes da formulação da política e da estratégia, incluindo a necessidade de avaliar sistematicamente a eficácia das principais políticas e ações que tenham sido previamente implementadas para aumentar a competitividade do destino. Nesse sentido,

a existência das seguintes variáveis foi levada em consideração para efeito de competitividade dos destinos turísticos na dimensão Monitoramento:

(i) pesquisas de demanda (perfil, gastos, satisfação, hábitos de viagens); (ii) pesquisas de oferta ( número de hotéis, restaurantes, agências, etc.);

(iii) sistema de estatísticas do turismo (elaboração de indicadores de desempenho do turismo, relatórios de conjuntura do turismo);

(iv) medição dos impactos da atividade turística (econômicos, sociais, culturais, ambientais); e

(v) setor específico de estudos e pesquisas (profissionais, softwares estatísticos, outras entidades de pesquisa no destino).

3.3.6.9Economia local

A análise do impacto econômico direto do turismo verifica os fluxos de gastos associados à atividade turística, identificando as mudanças no comércio, pagamento de impostos, geração de renda e emprego. Ressalta-se também a importância de outras atividades econômicas como forma de incrementar e facilitar o desenvolvimento do turismo (BARBOSA, 2008, 2012). Desse modo, forma investigada a presença dos seguintes fatores no destino:

(i) aspectos da economia local (PIB, PIB per capta, arrecadação de ISS)

(ii) infraestrutura de comunicação (operadoras de telefonia, agências de correios, acesso à internet);

(iii) infraestrutura e facilidades para negócios (caixas eletrônicos, facilidades de utilização de cartão de crédito, benefícios fiscais, linhas de financiamento); e (iv) empreendimentos ou eventos alavancadores (Convention Bureau, atividades

3.3.6.10 Capacidade empresarial

A dimensão Capacidade Empresarial está orientada principalmente para a capacidade dinâmica, presente no destino, capaz de promover as transformações necessárias estruturais, mobilizando as forças políticas e sociais locais no desenvolvimento do setor. Diferencia-se da infraestrutura turística, porque considera as condições para esse desenvolvimento, e não o equipamento turístico já instalado, exceto aquele que permite alavancar a oferta e não apenas dimensionar sua situação atual. A maioria dos indicadores escolhidos para esta dimensão está disponível em fontes oficiais de consulta. Assim, foram escolhidas como variáveis da competitividade para a Capacidade Empresarial (BARBOSA, 2008, 2012):

(i) capacidade de qualificação e aproveitamento do pessoal local (escolas técnicas, instituições de ensino superior, unidades do sistema “S” – SEBRAE, SENAC, etc.);

(ii) presença de grupos nacionais ou internacionais do setor de turismo (locadoras, hotéis, restaurantes);

(iii) concorrência e barreiras de entrada (barreiras legais, pessoal capacitado, dificuldade para obter licenças, espaços físicos disponíveis); e

(iv) presença de empresas de grande porte, filiais ou subsidiárias.

3.3.6.11 Aspectos sociais

Segundo Barbosa (2012), a dimensão social tem como objetivo a avaliação do relacionamento direto e/ou indireto com a atividade turística, levando-se em conta o incremento da qualidade de vida das populações locais, seu desenvolvimento socioeconômico, o incentivo e a proteção do meio ambiente. Nesse sentido, para a competitividade nessa dimensão, foi observada a presença das seguintes variáveis:

(i) acesso à educação (taxa de alfabetização, acesso ao sistema de ensino, orçamento disponibilizado para o ensino);

(ii) empregos gerados pelo turismo (taxa de emprego nos hotéis, agências de turismo, organizadoras de eventos, restaurantes);

(iii) política de enfrentamento e prevenção à exploração sexual infanto-juvenil (conteúdo da política, apoio aos programas);

(iv) uso de atrativos e equipamentos turísticos pela população (uso efetivo da população das atrações e incentivo para utilização dos atrativos) ; e

(v) cidadania, sensibilização e participação na atividade turística (sensibilização da população para o turismo e a participação da sociedade civil organizada no desenvolvimento da atividade).

3.3.6.12 Aspectos ambientais

Os atrativos naturais no Brasil são abundantes, havendo destinos que dependem diretamente dos segmentos que possuem como base atrativos naturais: o ecoturismo, turismo de aventura, sol e praia. A dependência das questões ambientais desses segmentos turísticos faz com que a sustentabilidade esteja diretamente relacionada com a atratividade do destino. Assim, buscou-se avaliar para a competitividade do destino nos aspectos ambientais (BARBOSA, 2008, 2012):

(i) estrutura e legislação municipal de meio ambiente (licenciamento ambiental, delimitação de áreas protegidas, fundo para o meio ambiente);

(ii) atividades em curso potencialmente poluidoras (atividades legalizadas potencialmente poluidoras e avaliação de nível de poluição atmosférica);

(iii) rede pública de distribuição de água (atendimento à população e aos equipamentos turísticos, reutilização da água, existência de mananciais de água);

(iv) rede pública de coleta e tratamento de esgoto (cobrança do serviço, percentual do esgoto coletado, percentual de esgoto tratado);

(v) coleta e destinação pública para resíduos (cobertura do serviço, coleta seletiva, limpeza pública, destinação dos resíduos, usina de compostagem, campanhas educativas, ); e

(vi) unidades de conservação no território municipal (existência dos diversos tipos de unidades de conservação no destino).

3.3.6.13 Aspectos culturais

O fator cultural é relevante para a competitividade no turismo por conta de sua característica multifuncional. Ele atua como atrativo para diversos nichos e contribui para o desenvolvimento local. A região, por sua vez, encontra, no turismo cultural, uma forte manifestação, uma vez que, por meio da interação com costumes, culinária e história, por exemplo, os visitantes têm a oportunidade de experimentar situações que podem se tornar memoráveis. (BARBOSA, 2008, 2012). Dessa maneira, foram verificados a existência de três elementos para a competitividade dessa dimensão:

(i) produção cultural associada ao turismo (expressões culturais, eventos associados ao turismo, equipamentos culturais);

(ii) patrimônio histórico e cultural (imaterial, histórico, artístico, sítios arqueológicos); (iii) estrutura municipal para apoio à cultura (órgão responsável, fundo da cultura,

legislação cultural, interação com o turismo).

A pesquisa desenvolvida por Barbosa apontou que a maior deficiência nos destinos é a sua incapacidade de desenvolver estudos sobre o turismo e monitorar seus impactos por causa da falta de pessoal especializado nos órgãos/empresas estatais de turismo. Com o foco em cidades ao invés de unidades de análise maiores como países, esse modelo pode avaliar a

competitividade local de uma forma abrangente e detalhada servindo como uma ferramenta de planejamento e gestão para os governos locais, estaduais ou centrais a fim de poderem alcançar maiores níveis de competitividade no turismo.

Entretanto, o modelo Barbosa deixa algumas lacunas para futuras pesquisas. O autor reconhece que a inclusão dos impactos do macroambiente, no modelo atual, aumentaria a capacidade de prever mudanças (socioeconômicas, culturais e políticas) e seus efeitos sobre a competitividade do turismo local.

No ambiente microeconômico, produtividade, produção e volume de vendas, tecnologia de produção e os preços são fatores que poderiam ser incorporadas ao modelo, futuramente, uma vez que a competitividade do destino também depende do desempenho dessas empresas no nível local.

Ao excluir análises econômicas do modelo e optar pela visão baseada em recursos, trabalha-se com uma abordagem estática, enquanto a complexidade dos ambientes em transformação contínua exige um tratamento mais dinâmico, tais como aqueles usados pela teoria da capacidade dinâmica. A partir dessa perspectiva, os estudos que incorporem nos modelos variáveis e indicadores que obtenham a capacidade do destino para adaptar-se, integrar e reconfigurar seus recursos internos e externos iria se adaptar a um ambiente em constante mudança.

O critério de avaliação da eficiência adotada neste modelo para medir a competitividade poderia ser complementado por meio de indicadores de desempenho para comparar a eficiência do destino com o desempenho do produto turístico ofertado.

Reconhece-se que fatores subjetivos presentes no modelo de Dwyer e Kim (2003), mas não testados empiricamente, são tão importantes quanto os objetivos. A possibilidade de incorporar dados qualitativos aos quantitativos para a estrutura de um índice de

competitividade poderia contribuir grandemente na determinação da competitividade global do destino.

3.4ANÁLISE CONCEITUAL DOS MODELOS DE MEDIÇÃO DE COMPETITIVIDADE DE DESTINOS

Os seis modelos estudados possuem características próprias quando analisados à luz dos conceitos sobre destino turístico e o fenômeno da competitividade apresentado no Capítulo 2. Tendo como orientação essas discussões teóricas, os modelos serão analisados segundo a unidade de análise, o critério de avaliação de competitividade, a origem teórica do estudo, a fonte de dados utilizada e a origem dos fatores de competitividade. Estes tópicos conceituais orientarão as considerações sobre os diferentes estudos sobre competitividade de destinos aqui apresentados.