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POLIFARMÁCIA: CUIDADOS NA MEDICAÇÃO DO PACIENTE IDOSO

Camila Desirée Fonseca1; Camila Brandão Almeida1 ; Eloísa Rossetto1; Gustavo Domingues Pontes 1;Pâmela Búfalo1; Walkiria Ruiz1

Fabiane Yuri Yamacita2

RESUMO:

A polifarmácia é definida como sendo o uso de vários medicamentos simultaneamente, e consiste em um dos principais fatores de risco para ocorrência de interações medicamentosas e reações adversas à medicamentos. Os idosos constituem-se o grupo que mais utiliza a polifarmacoterapia e merecem atenção especial quanto à dosagem do medicamento e aos tipos de medicamentos prescritos, em decorrência das alterações fisiológicas observadas com o envelhecimento.

PALAVRAS-CHAVE: Idosos. Medicamentos. Polifarmácia.

ABASTRACT:

Polypharmacy is defined as the use of multiple drugs simultaneously, and is one of the main risk factors for the occurrence of drug interactions and adverse reactions to drugs. The elderly constitute the group that uses the polypharmacotherapy and deserve special attention as to the dosage of the drug and the types of medications prescribed, due to the physiological changes observed with aging. KEYWORDS: Seniors. Medicines. Polypharmacy.

DESENVOLVIMENTO

A população de idosos brasileiros vem crescendo muito como conseqüência do aumento da expectativa de vida, sendo considerado um reflexo das ações de saúde pública e avanços médico-tecnológicos. O processo de envelhecimento é acompanhado pelo surgimento de múltiplas doenças, sobretudo as crônicas, o que sujeita a população idosa a uma demanda aumentada por medicamentos (NÓBREGA & KARNIKOWSKI,2005).

Em razão disso, os idosos constituem-se de um grupo mais exposto à polifarmacoterapia na sociedade, sendo que a média de medicamentos utilizados por estes indivíduos é de dois a cinco medicamentos, podendo aumentar para sete ou mais quando internados em clínicas geriátricas (BORTOLON et. al.2008).

A polifarmácia ou politerapia é definida como a associação de dois ou mais medicamentos, onde pelo menos um é desnecessário. Essa prática é muito útil para tratamentos onde um só medicamento não é suficiente para conter o avanço da doença, no controle de reações medicamentosas indesejadas ou para potencializar

1 Acadêmicos do 3° ano do Curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia, UNIFIL, Londrina – Paraná

2

Docente da Disciplina de Farmacologia Básica do Curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia, UniFil, Londrina – Paraná.

o efeito farmacológico em condições pouco responsivas (MARCOLIN et.al.2004). Em contrapartida, a politerapia pode contribuir para diversas reações medicamentosas indesejáveis, podendo reduzir e/ou aumentar o efeito farmacológico de determinada substância (MARCOLIN et.al.2004).

A idade afeta diretamente o mecanismo de ação dos fármacos, principalmente em bebês e idosos. A razão disso é que a eliminação desse fármaco se torna menos eficiente, produzindo efeitos mais prolongados e maiores (RANG & DALE, 2007). Como se pode ver lendo a bula de um medicamento, há dosagens para crianças e adultos, porém não há uma diferenciação na dose para idosos. Essa diferenciação é de extrema importância. Nos idosos, a biodisponibilidade da droga costuma aumentar devido ao baixo teor de água no corpo, acarretando em um menor volume de distribuição. O mecanismo de primeira passagem do fármaco também pode ser afetado, pois com o decréscimo da idade o fluxo sanguíneo hepático costuma estar diminuído. Além disso, a atividade das enzimas hepáticas declina lentamente com a idade, acarretando em uma maior distribuição de fármacos lipossolúveis, pois há um aumento da gordura corporal com o avançar da idade, o que faz com que a absorção do fármaco seja aumentada acarretando em vários efeitos colaterais (BEERS et.al. 1991 apud NÓBREGA & KARNIKOWSKI, 2005). A taxa de filtração glomerular diminui lentamente a partir dos 20 anos de idade, caindo para 25% aos 50 e 50% aos 75 anos. A mesma concentração plasmática de um fármaco pode causar diferentes respostas entre pessoas jovens e idosas( RANG & DALE, 2007).

Em 1997, BEERS publicou um artigo atualizado sobre os medicamentos que não deveriam ser prescritos para idosos devido a sua baixa eficácia terapêutica ou risco de efeitos colaterais maiores que os benefícios. Essa lista contempla medicamentos selecionados pela sua relevância clínica e disponibilidade no mercado e segundo o autor devem ser evitados, pois, a maioria possui propriedades anticolinérgicas intensas, cujos sinais e sintomas quase sempre apresentam repercussão sistêmica e/ou neurológica. Entre eles temos antidepressivos como a Amitriptilina, hipoglicemiantes como a Clorpropamida, benzodiazepínicos como o Diazepam e o Flurazepam, antihistaminicos como a Prometazina, entre outros escolhidos, por se julgar que os riscos associados a diferentes drogas antiespasmódicas e relaxantes musculares são maiores que os benefícios que estas podem trazer. Em conjunto, fármacos que apresentam

biodisponibilidade aumentada tais como o hipoglicemiante clorpropamida e o agente inotróprico digoxina acabam por induzir efeitos terapêuticos prolongados, afetando por sua vez a homeostase do organismo idoso (BEERS, 1997).

Sendo assim, o uso de medicamentos impróprios pode trazer sérias conseqüências clínicas para o organismo idoso, variando entre reações adversas que afetam a independência funcional e o bem-estar psicossocial do indivíduo até um risco aumentado de mortalidade (BEERS, 1997).

Os medicamentos constituem-se de uma ferramenta terapêutica de grande valia, porém não se deve ignorar que nem todos os medicamentos comercializados são próprios para utilização por todo e qualquer tipo de pacientes, principalmente por idosos e que pode haver, mesmo entre aqueles que são utilizados com relativa segurança, a necessidade de ajuste de dosagem em decorrência das alterações fisiológicas observadas com o envelhecimento.

REFERÊNCIAS

BEERS, M.H. Explicit criteria for determining potentially inappropriate

medication use by the elderly – an update. Arch. Intern. Med./vol 157,July

28,1997.

BORTOLON,P.C.; MEDEIROS, E.F.F.de; NAVES,J.O.S.; KARNIKOWSKI, M.G. DE O.; NÓBREGA, O. DE T. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciênc. saúde coletiva, v.13, n. 4, Rio de Janeiro: jul./ago. 2008.

LOCATELLI, J. Interações medicamentosas em idosos hospitalizados. Einstein, v. 5, n. 4, p. 343-346, 2007.

MARCOLIN, M.A; CANTARELLI, M. G.; JUNIOR, M.G. Interações farmacológicas entre medicações clínicas e psiquiátricas.

NOBREGA, O. de T.; KARNIKOWSKI, M.G.de O. A terapia medicamentosa no idoso: cuidados na medicação. Ciênc. saúde coletiva, v..10, n.2, Rio de

Janeiro: abr./jun., 2005.

RANG & DALE Farmacologia/ H.P.Rang...[et al.];[tradução de Raimundo Rodrigues Santos e outros]-Rio de Janeiro:Elsevier,2007.