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PONTUAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE QUESTÕES PARA A ENTREVISTA:

No documento O texto teatral (en)cena (páginas 164-183)

QUARTO ATO

PONTUAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE QUESTÕES PARA A ENTREVISTA:

· Caracterização da forma que são selecionados os textos para leitura e escolha de qual se tornará montagem teatral;

· Reconhecimento das formas de leitura que são transpassadas pelo texto até que o mesmo chegue aos palcos;

· Caracterização do processo que leva o texto das páginas para os palcos;

· Associação de atividades de dramatização propostas que correspondem a justificativas das diferentes leituras de um mesmo texto;

· Como os atores e diretores concebem a construção da personagem e da produção cênica por completo frente as suas leituras e as leituras de seu grupo.

ENTREVISTA (QUESTIONÁRIO GERAL)

1. Como acontece a seleção da obra dramática que irão montar? 2. A obra escolhida é lida individualmente e/ ou em grupo?

3. O que vocês visam nas atividades de leitura realizadas com a obra que irão montar? 4. Quais recursos (técnicas) utilizados para a leitura de um texto teatral?

5. Como acontece a “leitura branca” feita com um texto teatral?

6. Escolhido o texto, como são lidas e entrelaçadas as interpretações realizadas por atores e diretor?

7. Quando há interpretações diferentes no texto, como se chega a uma possibilidade interpretativa que tanja igualitariamente as partes envolvidas?

8. Em que momento o texto começa a sair das páginas e ir para o palco? Quais atividades nascem em primeira instância para que haja esse movimento?

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10. Durante o processo de montagem existe a possibilidade de novas leituras surgirem, leituras que foram despertadas por exercícios? Se se surge novas leituras, como se lida com mais um novo horizonte interpretativo estando em processo?

11. Vocês acreditam que o texto teatral existe com a mesma força no papel e no palco? 12. Pensando na leitura do texto teatral cm o intuito de trabalhá-lo para a montagem de

um espetáculo, como vocês acreditam que o texto teatral pode entrar no ambiente escolar?

13. Como a leitura do texto teatral pode acontecer nas escolas?

ENTREVISTA (QUESTÕES ESPECÍFICAS PARA CADA GRUPO)

1. Como e por que foi escolhido para o trabalho o texto - A HISTORIA DE UM BARQUINHO;

- ARRUFOS;

- ROMEU E JULIETA.

2. Como foram realizadas as leituras pelo grupo e diretor de: - A HISTORIA DE UM BARQUINHO;

- ARRUFOS;

- ROMEU E JULIETA. 3. Como surge a proposta de:

- UM GÊNERO NARRATIVO SE TRANSFORMAR EM GÊNERO TEATRAL; -UMA OBRA PLÁSTICA SE TRANSFORMAR EM MONTAGEM TEATRAL; - UMA TRAGÉDIA ROMÂNTICA DO SÉCULO XVI SER ADAPTADA PARA O TEATRO DE RUA.

4. Como se deu esse processo? 5. Quais as maiores dificuldades? 6. Quais as grandes descobertas?

183 ANEXO II

Transcrição de entrevista realizada no dia 15 de Abril de 2012 com Luis Fernando Marquês, 34 anos, diretor do GRUPO XIX DE TEATRO

E- Entrevistador L- Entrevistado

E - Há quanto tempo você dirige teatro?

L - Eu comecei a dirigir no grupo XIX, se o grupo tem 10 anos, há 10, 11 anos.

E- E sua formação, qual é?

L – Eu sou formado em audiovisual, nível superior, e fiz EAD. Não fiz até o final, mas a formação mais teatral é a EAD.

E- Começando a perguntar, assim, eu acho que algumas coisas vão distorcendo a pergunta, porque vocês têm um processo de criação coletiva do próprio texto, então, como acontece a seleção da obra que você vão montar, no caso, então, o tema que vocês vão abordar?

L- É um sentimento assim, a gente vai... Passado um tempo as coisas vão criando uma certa lógica, assim: que “Hysteria” tinha essa questão ligada a casa, então a gente começou a visitar muitas casas, então essa questão das casas, parecia que a moradia foi ficando presente no próprio... Eu acho que sempre é fruto do que o grupo tá vivendo, né. Então eu sinto um pouco essa, essa relação. Pra mim foi muito isso, assim. Então “Hygiene” foi encontrar essa casa, essa moradia. Depois “Arrufos” foi... Aí durante “Hygiene” a gente tinha que entrar na casa das pessoas pra pedir autorização pra fazer a peça, aí “Arrufos” eu acho que a gente vai pra dentro da casa das pessoas, a gente vai falar do privado, do amor. E “Marcha” como também é um trabalho do encontro, porque tem outro grupo junto, eu acho que ele mesmo tem essa atmosfera, esse encontro, as relações, o tempo, enfim, acho que sempre vem dessas angústias, assim. Até é uma coisa que com o passar do tempo fica mais difícil, porque são várias pessoas, e a gente tem essa questão de fazer um trabalho coletivo, então não é um trabalho feito só, a gente tenta chegar nesse lugar, então... Mas existe isso, às vezes acontece uma coisa, aquilo gera encantamento, os outros vão, se apropriam, então... A gente não tem uma preocupação assim: “agora estamos”... Eu sei que nunca mais foi uma escolha externa visando uma lógica, assim: “Não! O grupo agora precisa trabalhar um clássico, o grupo agora”... Essa lógica, meio... Nunca imperou. Acho que sempre foi uma das inquietações, das loucuras, dos artistas envolvidos.

E – Então, quando vocês escolhem um tema, na verdade aqui eu perguntaria sobre uma obra e não é uma obra que é escolhida, é um tema. E pra esse tema tudo que é lido, pesquisado, ele é comum a todos, ou não? Cada um vai pra um ramo, cada um...

L – A gente chama isso muito de se embriagar do tema. Então, cada um se embriaga com a sede, com a bebida que lhe convém, e aí tem coisas que a gente traz pros outros

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experimentarem, digamos assim... (Acho que chegaram as primeiras pessoas) Então, tem coisa que realmente a gente compartilha, e tem coisas que a gente fica só no ponto de vista de um. Mas a gente sempre tenta trazer mais esses temas que a gente leu pro meio da cena, quer dizer, isso acaba entrando... Aquilo que me compõe, aquilo que é meu ponto de vista de um tema, ele aparece na primeira improvisação, nos temas, nas coisas...

E – Quando vocês visam atividades de leitura, por exemplo, leituras em grupo. O que vocês mais visam nessas atividades? Por exemplo, quando vocês vão trabalhar processos de leitura de algum texto em que o grupo está reunido, o que vocês mais visam... Quando vocês pegam um texto que vai servir de referência para algum exercício...

L - Entendi! Eu acho que tem uma questão um pouco de tentar revelar o ponto de vista e a gente a questão de uma prática um pouco também de, de já levantar um pouco... Não sei se cenicamente, mas... Meio atmosfericamente! Então a gente trabalha muito com seminários temáticos, tirar coisas só de uma leitura mais lógica e tentar trazer pra uma... Porque um texto teórico ele tem muitas portas, né. E as vezes se você transforma esse texto teórico numa dinâmica, ou você traz isso somado a uma pintura, ou uma maneira que você apresenta isso, isso já revela o seu ponto de vista, porque no fundo eu acho que o que está em jogo sempre não é esse texto de outrem, e sim o que aquilo te agrada, o que aquilo passa por você, né... O que te passa, o que te move. Por isso a gente tem esse preocupação assim, né: Ah, vamos nos jogar em cima dessa teoria, desse cara. Mas não: O que essa teoria passou por mim que isso mexeu comigo.

E – E, quando vocês escolhem o tema, assim... Esses textos, toda essa forma que vocês procuram aí de se embriagar, com textos, com referências dentro desse tema, como que as diferentes interpretações que surgem, por exemplo de uma mesma obra, ou de um mesmo texto que surgem várias interpretações... Como que é, com o que isso é entrelaçado entre os atores e a direção?

L- Olha, a gente tenta buscar... Isso é até uma coisa que eu acho engraçado. A gente tenta... Tem uma hierarquia entre direção e atores, ela é muito... Aqui, no fundo, no fundo, ela não é uma hierarquia, ela é uma função. A única diferença assim, nós, nós saímos em pé de igualdade pra todos os processos. A diferença é que os atores vão ter como... (Tá! Tá muito cedo, eu não tenho mais de uma hora de vídeo, eu tenho que esperar) então, entre eu e os atores não tem diferença, por isso essa entrevista comigo, com eles, ela é muito parecida, cada um tem o jeito de cada um, mas nas abordagens não é. A questão é que eles vão poder atacar esse projeto como atores e eu ataco ele como diretor, mas não uma: agora o diretor vai parar, tal... Isso é muito misturado. De alguma maneira eu acredito que eles dirigem um pouco a peça e eu atuo um pouco na peça, mas... Então não tem muito: ah, como trazer as coisas pra mim, então as coisas vão muito, muito... A tentativa dessa união de pontos de vista, que é a pergunta, é uma tentativa meio que orgânica e pela cena, isso é muito importante para nós, o que cena traga... (Fita crep? Tem durex, ta bom?) Então, acho que é isso.

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L – É! É claro que aí tem um dilema, certo. A gente pode cair num nó, as vezes a gente pode cair numa coisa terrível que é uma certa, uma certa democracia burra, enfim, já cai em várias, tem várias ciladas possíveis, isso não é orgânico todos os momentos, mas se existe uma balisa, isso é um pouco a cena, a gente tenta resolver na cena, quer dizer, se são dois pontos de vista, é uma cena que tem dois pontos de vista, é um pouco por aí, assim. Acho que “Arrufos” tem isso um pouco claro, então assim, né: Ah, tem o seu ponto de vista de amor, mas tem esse aqui também.

E – Na verdade, então, o texto não saí da página pro palco, né? L – Ele nasce no palco e vai pra página.

E – Do palco ele vai pra página, é um processo...

L – Com certeza, sempre ao contrário. Ninguém, assim... A gente raramente senta pra escrever. As vezes os atores sentam pra escrever o que eles vão fazer com a primeira cena, né. Se a dinâmica for essa, quer dizer, a dinâmica é: traga uma cena que... Mas é... Aí escreve alguma coisa pra não esquecer e tal, mas aí grava as vezes também, enfim... Mas não é essa preocupação assim, não existe, a gente nunca resolve a coisa no computador, num texto, nunca. A coisa é assim, vai ser ensaio, você apresenta... Inclusive se resolve na cena, e se resolve sobretudo, no momento da encenação, no ato da representação. Quer dizer, assim, a gente abre muito nossos processos, e eu sobretudo tenho essa, essa dinâmica assim, eu gosto de assistir e falar: ah, isso é assim. Que nem esse espetáculo que você vai assistir, eu assisti ontem, o que mais tenho coisas pra dizer pra eles é hoje, muito mais que muito processo. (Desculpe! Grupo XIX. Boa noite! Tenho sim, você quer que eu faça a reserva? Qual seu nome? Renata! É só você Renata? Tá! Renata e mais um, é isso? Tá reservadíssimo Renata, pode vir. Obrigado, viu! De nada! Tchau, tchau!).

E – Durante o processo de montagem de vocês, é... Vocês estão aí, numa linha, e de repente surgem novas leituras frente aquilo: “Acho que surgiu outra coisa, outro olhar, acho que não é por aí”. Como que, que vocês lidam com esses novos horizontes que surgem aí, desses novos olhares que estão lendo a cena?

L – Tem uma ideia um pouco de, de que o processo é compartilhado por todos. Geralmente, essas dúvidas se dão coletivamente, a gente vai percebendo isso junto, nunca é uma coisa assim: “Nossa!” Quando a gente vê, a gente foi fazendo uma curva assim, sabe, daí tá todo mundo nessa. Dái a gente lembra: nossa, você lembra que a gente tava em outro lugar? Sabe, assim, é quase uma maré nesse sentido assim, é uma coisa. Pode existir, assim, eu acho que eu não lembro, assim, tipo, um embate, assim, profundo assim, mas é um pouco por aí, assim, a gente tenta, eu acho que é uma coisa assim, que é um processo que todos, todos tão muito, isso pra mim é uma coisa que deixa muito claro, com o que eu fiz de ator na EAD, sabe, esse projeto ta na cabeça do diretor, aí eu fico ali tentando: gente, por que será que isso é aquilo, né? E não existe isso aqui, entendeu. Porque por mais que, as vezes não ta formulado, as vezes eu falo assim: gente... ou mesmo o ator fala: Lubi, eu vou fazer isso aqui, não sei ainda o por quê. Ou, as vezes até eu lá de fora, de ajudante assim, falo: gente, to imaginando assim

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uma correria aí, um corre-corre atrás, não sei bem porquê. Aí depois vai: Ah, acho que era isso, entendeu. Então é um pouco por aí, assim. Mas de novo, assim, né, uma coisa que é importante, não existe ensaio só com um, não existe... É sempre o coletivo vivendo essa experiência, assim. As peças são resultado de uma experiência de ensaio, né, acho que essa...

E – Quando vocês chegam aí num, num... Acredito que não é um fim, né, os processos... L – Não tem fim. Ah, até que, que chega um hora que a gente para, né, tipo droga, mas: eu vou parar aqui, porque você podia continuar, né.

E – E daí, por exemplo, é... Como eu conversei com as meninas e elas falaram de um... Que nesses processos de vocês, as vezes tem muita coisa, aparece muita, muita, muita, muita coisa... E como que vai podando... Não sei se é podando a palavra...

L – É, mas é a palavra mesmo.

E – Até consolidar o texto?

L – É... Na verdade é de novo isso, a gente tem um fator que é importante que é o público, né, por isso que a gente abre os processos, e a gente abre os processos e tenta escutar o que esse público também ta aprendendo disso tudo. Não aprendendo da... Mas apreendendo, tipo, como é que esse material tá atravessando essa plateia. E às vezes os cortes se dão por, por, por diversos motivos, assim, tanto numa lógica de “não, vamos cortar porque tá grande e as pessoas vão ficar dispersas” ou, tem muito isso “nossa, isso abre uma porta que não leva a plateia a lugar nenhum”, percebe que o texto essa hora leva pro labirinto, ou ele tá confuso, ou fazia muita lógica no processo, mas na peça é um, um peso morto, aí, mais uma vez a gente tem que responder pela, pela cena, né. Ele vai se impondo, o espetáculo se impõe, né? Ele vai se impondo dramaturgicamente, ele vai dizendo “não, isso é daqui!” por mais que você insista, ele vai se impondo.

E – Deve ser bem dolorido pra vocês, chegar numa formatação de texto?

L – Eu não tenho muito essa dor, assim. O grupo tem as pessoas que sofrem mais, e as pessoas que sofrem menos, aí, eu não sou dá turma do apegado, não, eu sou da turma da vida, então, eu não sofro muito, não. Porque no fundo, no fundo, eu sou apegado com plateia, apegado àquilo ta rolando, àquilo estar acontecendo. Então se em nome disso... Que nem, a gente acabou de cortar duas cenas desse espetáculo, de ontem pra hoje, entendeu, sou tranquilíssimo com isso, entendeu. Então é pra mim...

E – E se precisar entrar uma nova cena, também entra?

L – Sim, sim. É mais raro. Geralmente a gente corta, e talvez adapta, tal... Porque como já são excessivos, criar mais uma a gente acha que, melhor não.

E – Como você vê a sua crença no texto teatral? A força dele no papel e no palco? Como é um texto teatral lido, apenas lido, e como é um texto teatral no palco? Quais são essas forças diferentes?

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L – São das experiências, né? Eu acho que quando você pega um texto, ele também tem uma questão que é de época assim, também, né. Nós somos de uma geração, de um tempo, não é nem geração, de um tempo onde a palavra ta num outro lugar, né, então, naturalmente eu acho que qualquer espetáculo teatral escrito nos últimos anos ele tem menos impacto na leitura, do que um espetáculo... Porque no fundo teve um tempo que o teatro era a palavra mesmo, não tinha... Era dado aquilo, e aquilo fazia um sentido enorme pra aquela sociedade, né, e não era nem um estranhamento. Se você for comparar com outra linguagem, é só você olhar o cinema antigo, né, falo essa questão da verossimilhança do cinema antigo, né, você pega um filme velho, e fala “gente, olha, que cenário patético!” a pessoa quase que vê o prego, as portas balançando, mas se você para pra ver aquela relação, daquela época, ninguém achava falso, era super real, achava aquilo exatamente... Então isso, essa noção, então, tem coisas que não dá pra pensar em você mudar porque faz parte daquela sociedade. Então, o nosso tempo é o tempo em que inclui imagem, inclui as outras coisas, então é claro que eu me ressinto muito, assim, quando eu leio um texto , e também a leitura assim ela te abre um porta, você vai pra um lugar , mas eu tenho, as vezes quando eu leio eu tenho que encenar pra ler, senão não consigo assim, se eu não vou encenando na minha cabeça... Senão ele vira uma experiência literal pra mim, aí, é como se eu tivesse lendo um livro, mas geralmente o texto de teatro vai me... Então eu já vou criando cenário, já faço um “mini casting”, entendeu, e vou colocando... Mas ao mesmo tempo eu acho riquíssimo que isso seja registrado, acho que não é à toa, a gente tem um livro que enfim... Acho que é interessante, inclusive interessante esse desafio de perceber, mais recentemente, porque eu já encontrei muitas pessoas que dizem: já li “Hysteria”, mas nunca vi. É estranhíssimo pra mim. Eu tenho vontade de dizer assim: então você não viu (tem como colocar o sonzinho lá? É que o computador ... Coloca o seu pen então que eu... ).

E – Então é estranho pra você saber que alguém leu “Hysteria” mas não assistiu “Hysteria”? L – Não, não é que é estranho, é que assim, eu não levo em consideração, não levo em consideração quando diz: só li “Hysteria” porque pra mim tem um lugar em que a gente ainda não se encontrou, ainda, no satisfeito, mas acho incrível que isso...

E – Alguém já quis montar alguma obra do XIX, por exemplo, o “Hysteria” e o “Hygiene” que estão impressos, né?

L – “Hysteria” já teve escolas que montaram, teve grupos, meninas que montam, e, já teve gente que faz exercícios assim, né, pega um trecho e fazem, tipo, teve um pessoal que pegou “Hygiene” e o barato, até mesmo o lance daquilo em direção, era encaixar aquilo num prédio moderno e ver essa coisa, enfim, aí eu acho divertido assim, pra mim é uma coisa como se eu tivesse jogado no vento e não me importo com isso, nem faço... Pra mim não existe nem esse negócio de direito autoral, mas eu sei que sou voto vencido nesse sentido, mas eu sei que o que é que for ser feito, vai ser outra coisa, por mais que a pessoa copie tal qual, né, porque eu acredito muito no, nas pessoas que estão fazendo.

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E – Certo! Agora pensando no teatro na escola, no texto de teatro na escola. Como você vê que um texto de teatro, ou uma proposta, como o Grupo XIX, por exemplo, trabalha em cima dessa coletânea...

L – Você ta falando escola mesmo, ou escola faculdade de teatro?

E – Escola, escola...

L – Eu não fiz isso. Por que, existe isso? Existe leitura dramática na escola?

E – A leitura do texto dramático... Se ela existe na escola? Existe uma lei do Estado que coloca na mão das crianças, do 5º até o Ensino Médio, do 6º Ano até o Ensino Médio, todas as crianças ganham três livros, que podem ser de gêneros como dramático, narrativo, poético... Todos os anos, então, durante sete anos os alunos passam aí com livros que já circularam como “Prometeu Acorrentado”, “Eles não usam Black-tie”, “Casa de Bonecas”, então, esses textos estão chegando nas mãos das crianças, mas como eles tão sendo trabalhados a gente não sabe, e acho que é uma grande interrogação...

L – Mas acho engraçado que, porque, eu acho que nesse sentido ele sai numa vantagem. Eu me lembro que, na escola eles colocaram “Vestido de Noiva” na minha mão, e eu me encantei, porque de uma maneira o teatro, o texto dramático, ele cria, de uma maneira ele já descreve um, um cenário, eu fico imaginando que isso vira um jogo pra ele... É uma coisa que você pode ler com namorado, com namorada, com amigos, diferente do... Não faz sentido eu ler “Dom Casmurro” com você, e já um texto desse eu acho que é um, eu acho que tem uma porta muito legal, porque: Ah, então vamos ler nós seis amanhã em casa? Ele mesmo quase

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