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FASE IV 12 A 18 MESES INCOMPLETOS

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Seguindo a pesquisa maior, “Análise comparativa do desenvolvimento de bebês prematuros e a termo e sua relação com risco psíquico: da detecção à intervenção”, do qual este estudo faz parte, a amostra total para o estudo foi de 80 bebês, sendo 55 bebês a termo e 25 bebês prematuros em “idade corrigida”. O tamanho da amostra foi definido em função do número de bebês que havia completado nove meses até o final do período de coleta desta dissertação.

Em relação à “idade corrigida”, Formiga (2009) salientam que a mesma deve ser calculada a partir da subtração entre a idade cronológica em semanas do bebê menos 40 semanas. Essa diferença deve ser somada à idade cronológica do bebê para se descobrir a data “corrigida” de seu nascimento.

A amostra contou com:

 55 bebês a termo com idade gestacional igual ou superior a 37 semanas (259 dias).

 21 bebês com prematuridade tardia e idade gestacional entre 32 e 36 semanas e seis dias ( 224 a 258 dias);

 4 bebês com prematuridade moderada e idade gestacional entre 28 e 31 semanas e 6 dias (196 e 223 dias);

 A amostra não contou com nenhum bebê com prematuridade extrema e idade gestacional entre 24 e 27 semanas e seis dias (168 a 195 dias).

3.2.1 Critérios de inclusão da amostra

Foram convidadas a participar deste estudo, todas as mães cujos bebês apresentavam idade inferior a um mês, tanto os bebês a termo quanto os prematuros com “idade corrigida”, no período entre agosto de 2014 e maio de 2015, que frequentavam ao menos um dois locais de puericultura: no setor do teste do pezinho na Unidade Básica de Saúde próxima ao hospital universitário, escolhida por ter uma quantidade de 150 nascimentos anuais, e no setor de acompanhamento de prematuros extremos do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). No primeiro setor foram convidadas a participar as mães dos bebês a termo e prematuros moderados e tardios. No HUSM, foram convidadas as mães dos bebês prematuros extremos que permaneceram ou não em internação na UTI neonatal após o nascimento.

Foram excluídos todos os bebês que apresentaram qualquer espécie de síndromes genéticas (síndrome de Down, X-frágil, etc.), lesões neurológicas como encefalopatia crônica não progressiva, ou déficits sensoriais como surdez ou déficit visual. Esse critério de exclusão foi garantido nos bebês prematuros a partir das avaliações que o seguimento de prematuros do hospital universitário realiza quando estes foram encaminhados e no caso dos bebês a termo, a partir das avaliações que os pediatras fizeram na unidade básica de saúde. Diante de qualquer suspeita de déficits sensoriais ou outras limitações orgânicas, os bebês foram encaminhados para exames médicos e seus dados retirados da amostra.

3.2.3 Aspectos éticos

Esta pesquisa, conforme normas regulamentadas pela Resolução 466/2012 (BRASIL Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012), passou por Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa em Saúde (CEP) da UFSM e por autorização da Secretaria Municipal de Saúde, inserida no projeto maior intitulado “Análise Comparativa do Desenvolvimento de Bebês

Prematuros e a Termo e sua Relação com Risco Psíquico: da detecção à intervenção”,

autorizado em maio de 2014 no CEP – UFSM sob número de CAE: 28586914.0.0000.5346. A pesquisa não ofereceu riscos físicos ou morais para os participantes, uma vez que os exames realizados pela equipe são procedimentos simples e não-invasivos, podendo contribuir para a identificação precoce de risco para perturbações da comunicação e da interação. Entretanto, a pesquisa necessitou que as díades comparecessem ao local de avaliação para que fossem feitas as filmagens e as avaliações, o que pôde causar um pequeno desconforto.

Nos casos em que foi identificado risco para perturbações da comunicação e da interação, as crianças foram encaminhadas para intervenção, sobretudo quando se identificou risco grave. Nem todos os bebês seguiram para tratamento a partir da indicação da equipe, pois houve necessidade de estabelecer a demanda para tanto. O fato de a equipe identificar a demanda por intervenção não significa que a família assim percebesse. Por isso, priorizaram- se casos mais graves nos quais insistimos para algum tipo de intervenção entre 6 e 9 meses, visto que percebemos que aos 6 meses vários bebês ficaram bem. A permanência de sinais de risco nesta faixa etária é o que determinou o encaminhamento. Especificamente entre os 80 bebês dois foram encaminhados antes de completaram 9 meses, são eles:

T27: menino, nascido a termo, com idade gestacional 266 dias. Apresentou, na primeira avaliação, pontuação no PREAUT igual a 3. Na ocasião, o bebê não procurava “se fazer” olhar por sua mãe sem ou com estímulo (protoconversação), não a olhava, sorria ou interagia com ela, mas olhou para o examinador após este dirigir- lhe atenção. Em relação aos IRDIs, não reagia ao manhês, não havia troca de olhares com a mãe e, por isso, não se evidenciavam interações em que a mãe lhe propusesse algo e aguardasse sua resposta. Nesse caso, a intervenção proposta foi a de uma abordagem de musicalização descrita em Ambrós (2016). Tal fato foi considerado na análise qualitativa deste trabalho. O bebê não foi descartado desta pesquisa, pois não importava o desfecho, mas a comparação dos protocolos a cada mês de avaliação, uma vez que tanto o protocolo IRDIs quanto os sinais PREAUT já possuem validações estatísticas (KUPFER et al., 2008; CRESPIN; PARLATO-OLIVEIRA, 2015).

T65: menino, nascido a termo, com idade gestacional de 273 dias. Apresentou na primeira avaliação pontuação no PREAUT igual a 3. Na ocasião, o bebê também não procurava “se fazer” olhar por sua mãe sem ou com estímulo (protoconversação), mas observava e lhe sorria quando ela lhe dirigia a atenção. Em contrapartida, negava-se a estabelecer qualquer relação com o examinador ou direcionar-lhe o olhar. Em relação aos IRDIs, a mãe queixava-se de grande dificuldade em compreender as necessidades do filho e interpretar seu choro, sentia dificuldade em aguardar a resposta de seu filho quando lhe estimulava. Nesse caso, apesar de ter sido encaminhado para avaliação e possível intervenção precoce antes do 9 meses, a mãe teve dificuldades de comparecer inicialmente ao atendimento. Desse modo, o bebê começou a receber atendimento a partir do décimo mês de vida, como relatado no trabalho de Peruzzolo (2016).