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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA

Segundo Hair et al. (2014), a população é um número identificável de elementos de interesse do pesquisador e pertinentes ao problema de pesquisa. Neste caso, a população são as empresas do setor hoteleiro no País. Já amostra, segundo Hair et al. (2014), são uma quantidade pequena de elementos de uma determinada população que permitirão avaliações sobre o grupo maior.

Segundo dados do IBGE (2016) através da pesquisa de serviço e hospedagens (PSH), que é um levantamento oficial sobre o setor, existem 31,3 mil estabelecimentos de hospedagem no Brasil, sendo 47,9% hotéis, 31,9% pousadas e 14,2% motéis. Dessa forma, estima-se uma população geral de hotéis em torno de 15 mil empresas, dado o tamanho da população se faz

necessário o uso de amostragem para viabilizar a aplicação da pesquisa. Assim, optou-se por adotadar a amostragem não-probabilística por conveniência, na qual procura-se obter uma amostra de elementos convenientes (MALHOTRA, 2012) ou mais acessíveis ao pesquisador.

A amostra mínima segundo Hair et al. (2014) deve ser dez vezes maior que o número de caminhos estruturais direcionados a um construto. Nesse estudo são 2 caminhos. Então, a amostra mínima seriam 20 questionários. Outro critério é que em modelos MEE contendo cinco construtos ou menos cada um com mais de três itens e com comunalidade elevada (0,6 ou mais) podem ser adequadamente estimados com amostras tão pequenas quanto 100-150 (HAIR et. al., 2009 p.565).

Se alguma comunalidade for modesta (0,45 - 0,55), ou se o modelo contém construtos com menos de três itens, então o tamanho da amostra exigido é de 200 (HAIR et. al.,2009 p.565). Assim, adotou-se como critério de amostragem mínima 200 questionários, uma vez que é um valor condizente com o que apontam os autores acima citados.

3.3.1. Setor Hoteleiro Brasileiro

Conforme mencionado, o setor hoteleiro possui em torno de 31,3 mil empresas. Além do número de estabelecimentos, se mostra importante verificar a relevância econômica desse setor. Segundo dados, da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis (ABIH), entidade que representa empresas do setor, a indústria hoteleira é responsável por mais de 1.350.000 empregos diretos e 675.000 empregos indiretos. Dessa forma é possível observar que o setor possui relevância econômica e social, o que acaba por trazer maior relevância ao estudo.

Outra fonte de informações sobre o setor hoteleiro vem do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), entidade que representa as redes hoteleiras brasileiras. Anualmente essa entidade realiza a pesquisa Perspectivas de Desempenho da Hotelaria, sendo a quinta e última edição realizada em 2017. Essa pesquisa tem como objetivo avaliar o desempenho do setor ao observar a taxa de ocupação média e o valor médio das diárias, para dessa forma traçar perspectivas futuras para as empresas do setor.

Conforme as tabelas 1 e 2, dados apontam que em 2016 ocorreu uma queda na taxa de ocupação e no valor de receita por quarto disponível (RevPAR) de R$ 142,42. Os meses que apresentaram maior ocupação em 2016 foram agosto e novembro, sendo que de acordo com a pesquisa, isso se deve ao fato dos jogos olímpicos de 2016 terem sido realizados nesse período. Mesmo com esses valores, a pesquisa aponta que os valores de RevPAR foram inferiores ao ano de 2015, indicando que o setor teve um desempenho inferior ao ano interior.

TABELA 1. Taxa de ocupação setor hoteleiro no Brasil

Ano Taxa de ocupação Variação

2004 55% - 2005 60% 9,1% 2006 58% - 3,3% 2007 63% 8,6% 2008 65% 3,2% 2009 63% - 3,1% 2010 68% 7,9% 2011 69,5% 2,2% 2012 65,6% - 5,6% 2013 65,9% 0,4% 2014 64,9% - 1,5% 2015 59,6% -8,1% 2016 55,2% - 7,5%

Fonte: Hotelaria em números – FOHB (2017)

Tabela 2.RevPAR do setor hoteleiro

Ano RevPAR (receita por quarto

disponível) Variação 2004 R$68,00 - 2005 R$78,00 14,7% 2006 R$82,00 5,1% 2007 R$93,00 13,4% 2008 R499,00 6,5% 2009 R$104,00 5,1% 2010 R$122,00 17,3% 2011 R$147,00 20,5% 2012 R$160,00 8,8% 2013 R$171,00 6,9%

2014 R$173,00 1,2%

2015 R$148,00 -14,5%

2016 R$135,00 - 8,8%

Fonte: Hotelaria em números – FOHB (2017)

Apesar desses dados, a pesquisa coloca uma perspectiva positiva com relação à 2017 e 2018, segundo os autores, a economia nacional tem uma perspectiva de recuperação, que é capaz de gerar um aumento da taxa de ocupação em relação à 2015 e 2016.

O FOHB traz mais dados sobre o setor através da pesquisa Hotelaria em números (2017), que é desenvolvida em conjunto com a Associação Brasileira de Resorts (ABR), contando com a participação de 490 hotéis, resorts e flats, os quais preencheram questionários sobre seu desempenho no ano de 2016. Dessa forma, a pesquisa tem uma amostra relevante e traz dados sobre o desempenho do setor hoteleiro no Brasil. Os dados dessa pesquisa, conforme as tabelas 3 e 4, demonstram que a taxa de ocupação dos hotéis sofreu uma queda em 2016, assim como o valor da diária e RevPAR, essa queda de desempenho é associada a crise pela qual o país sofre, porém, em contraposição à isso, a desvalorização da moeda nacional traz um aumento do número de estrangeiros, que acaba sendo um freio para a crise de desempenho do setor.

Tabela 3. Diária média no setor de hotelaria

Ano Diária média Variação

2004 R$124,00 - 2005 R$131,00 5,6% 2006 R$140,00 6,9% 2007 R$148,00 5,7% 2008 R$153,00 3,4% 2009 R$165,00 7,8% 2010 R$180,00 9,1% 2011 R$211,00 17,2% 2012 R$243,00 15,2% 2013 R$259,00 6,6% 2014 R$267,00 3,1% 2015 R$248,00 - 7,1% 2016 R$244,00 - 1,6%

Um fator que apresentou desempenho superior nos últimos anos foi o número de quartos disponíveis. Isso se deu principalmente aos grandes eventos recentemente sediados no Brasil (Olimpíadas e Copa do Mundo) que acabaram atraindo investimentos no setor, especialmente na cidade do Rio de Janeiro.

Em relação às margens de lucro, a pesquisa aponta uma queda devido à alta na inflação no período e a queda da RevPAR e da taxa de ocupação. Dessa forma, é possível observar que o setor passa por um momento de turbulência, onde se mostram necessárias mudanças e inovações com o objetivo de superar os obstáculos advindos do atual momento macroeconômico.

A pesquisa também realiza uma importante divisão ao separar os estabelecimentos de acordo com o valor da diária para avaliar o desempenho, dessa forma é possível perceber que hotéis com maior valor de diária tem apresentado uma menor taxa de ocupação que aqueles estabelecimentos de menor valor médio de diária. Observando o valor da RevPAR é possível concluir que apesar da menor taxa de ocupação, o setor de luxo apresenta melhores resultados que o setor mais econômico.

Tabela 4. Desempenho dos hotéis por categoria Diária média acima de R$410 Diária média entre R$240 e R$410 Diária média

até R$ 240 Total Hotéis Brasil Diária média R$ 604,00 R$ 291,00 R$ 178,00 R$ 244,00

Taxa de

ocupação 51,6 55,5 55,5 55,2

RevPAR R$ 312,00 R$ 162,00 R$ 99,00 R$ 135,00 Fonte: Hotelaria em números – FOHB (2017)

Em resumo, pode-se observar através dessas fontes de dados que o setor de hotelaria tem relevância econômica e social dentro da economia brasileira, sendo capaz de gerar empregos e renda. Ao mesmo tempo, observa- se que atualmente a crise econômica tem impactado no setor, e o mesmo vem sofrendo perdas considerável. Assim, o presente trabalho se mostra interessante para o contexto, uma vez que busca verificar se o processo de CIM e a

orientação para inovação são de fato fatores que acarretam um desempenho superior.