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Prática Pedagógica com projeto literário desenvolvido em sala de aula nas aulas de Língua

No documento Dissertação de Mestrado FUNCHAL -2016 (páginas 95-100)

CAPÍTULO 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.2 Interpretação dos dados e análise do discurso

4.2.3 Prática Pedagógica com projeto literário desenvolvido em sala de aula nas aulas de Língua

A professora sempre trazia novidades, iniciava a aula de forma alegre e descontraída, o momento literário sempre bem recebido e animado. Cantavam músicas populares do folclore brasileiro, momento de grande interação que todos participavam, respeitando o espaço e o momento do outro.

Cantigas populares foi o tema abordado numa das aulas. A professora primeiramente perguntou a todos sobre as cantigas que eles mais conheciam. Cada um levantou e mostrou a música que sabia, para uns foram novidades as cantigas dos colegas, mas com facilidade aprendiam e deixavam se levar pela letra e o ritmo musical. A música trabalhada e proposta

pela professora foi “O cravo e a rosa”, após ouvir e cantar com os alunos o repertório que eles conheciam. A professora Júlia escreveu a letra no cartaz, seguiu os passos da leitura como: checagem, leitura compartilhada, leitura individual, interpretação, dramatização e desenho. Todos acompanhavam com olhos bem atentos a voz da professora, a forma com que a mesma mantinha a atenção deles era única, pareciam hipnotizados com a maneira que ela conduzia a leitura.

Os alunos com dificuldades de leitura avançavam com a intervenção do par mais apto (a professora), pois sempre aproveitava o momento para alfabetizar, sendo que os alunos avançados nem percebiam a atitude da professora e todos colaboravam com os colegas. Em seguida, a professora deu a chance a cada um para expressarem sua opinião e emoção sobre a música. A docente levantava perguntas questionadoras como: “será o porquê da briga da rosa e do cravo? Eles continuaram amigos?” (Registro de observação. Diário de campo no dia 24 de maio de 2016). O objetivo era instigá-los a se expressarem oralmente, após ocorreu a dramatização da música. Todos posicionados em círculos interagiam juntos com o ritmo da cantiga popular, o momento foi de descontração, conhecimento, desenvolvimento cognitivo e aprendizagem. Sousa (2000) afirma que:

Em nosso entender, a teoria da motivação humana veio deixar o aluno- formando muito mais rico pela valorização da sua componente cognitiva. Ao “libertá-lo” das contingências do presente, ao fazê-lo antecipar o seu futuro, sob a forma de planos de acção e projectos de vida, ela veio dignificar a sua pessoa, “cognitizando-a”, propondo-o a preparar, conscientemente, os meios adequados para a concretização dos fins por ele estabelecidos. Ela fundamenta o aparecimento de um novo homem, que, por tomar o destino nas suas mãos, se torna verdadeiramente humano (SOUSA, 2000, p. 189).

Em outro momento a docente trabalhou com o tema do projeto literário “Fábulas”. Primeiramente fez diversas intervenções, com questões problematizadoras instigando os alunos a falarem sobre as fábulas que já tinha lido. Muitos lembraram de livros que a professora trabalhou no ano anterior. Uma aluna lembrou da “Cigarra e da formiga”, outro aluno lembrou da fábula “A lebre e a tartaruga”, consolidando a ideia do conhecimento de mundo que é construído durante as vivências cognitivas e sociais para formação do leitor e do escritor.

Em seguida, explicou para os alunos as características da fábula: personagens, lugar, tempo, narrador e ensinamento. A aula continuou com uma atividade lúdica: um bingo de substantivos. Inicialmente foi construído juntamente com eles uma lista de substantivos comuns e próprios no quadro, a partir da lista nominal dos alunos e outros exemplos. Após, a turma foi

dividida em grupos e a professora fez a brincadeira da forca, também trabalhando com substantivos. Ao mesmo tempo, que estimula o raciocínio através da descoberta, revisa a prova de Língua Portuguesa de forma descontraída, ajudando e alfabetizando. No final todos produziram um desenho com o tema “O meu cavalo Alazão” a professora foi instigando o raciocínio dos alunos e com muita criatividade e imaginação produziram e construíram suas produções artísticas.

Ao trabalhar com gêneros literários em sala de aula, respeitando as especificidades e maturidade cognitiva de cada aluno, o professor modifica sua prática pedagógica com o olhar centrado na aprendizagem, no sujeito protagonista da sua própria ação de aprender. Neste processo de inversão de papéis e interação na construção do conhecimento que a Inovação Pedagógica se faz presente, provocando uma ruptura com as práticas tradicionais instrucionistas.

O professor quando deixa de ser o centro do processo, o detentor do saber, inicia a mudança na sua prática pedagógica e começa a delinear uma nova relação com os aprendizes, sujeitos do processo de aprendizagem, quebrando com o velho paradigma fabril e, ampliando novas possibilidades de construção da aprendizagem, sendo necessário o envolvimento do sujeito aprendiz com o seu aprendizado. Desse modo, este será concretizado na vontade do sujeito aprendiz em colaborar com a realização das atividades de maneira prazerosa. Neste contexto, o professor tem oportunidades em buscar novos caminhos, tornando-se mediador de todo o processo de aprendizagem. Como fica enfatizado nas fotos abaixo:

Imagem 14: Professora desenvolvendo a dramatização de uma fábula

A professora em continuação com o projeto literário falou sobre textos instrucionais e mostrou à turma que estes tipos de textos encontram-se presentes na nossa vida e seu objetivo é ensinar algo e instruir a fazer alguma construção. Quando na prática leem uma regra de jogo, conseguem compreender como jogar; lendo o manual de instruções de um aparelho eletrônico, podem utilizar corretamente as funções do mesmo. São textos instrucionais a regra de jogo, receita, a bula de remédio, folhetos explicativos, o manual de instruções entre outros. Em seguida, fez várias perguntas sobre o gênero instrucional para observar se os mesmos compreenderam.

A aluna AF disse que “o texto instrucional é aquele que ensina a fazer uma receita”. Outra disse: “a receita divide-se em ingredientes e modo de preparo. Ah! Tem também os textos os jogos de xadrez (KM)”. A aluna JM falou que “a bula também é um texto instrucional que ensina a quantidade de remédio que devemos tomar”. A EN completou dizendo que minha mãe antes de me dar o remédio ler a bula, ela tem medo de me dar errado” (Observação, diário de campo, 24 de julho 2016).

A professora continuou a aula com a leitura de um uma receita de salada de frutas que trouxe em um cartaz grande. Primeiramente perguntou se eles já tinham lido uma receita de salada de frutas. Alguns disseram sim outros não. Começou com uma leitura compartilhada, depois foi chamando de um por um para fazer a leitura, estimulando aqueles que estavam ainda se alfabetizando. Após, pediu que cada um fosse lavar as mãos para começar a cortar as frutas que eles trouxeram para fazerem a receita. Foi um momento de descontração e aprendizagem. Todos animados e com as mãos higienizadas iniciaram a produção da salada de frutas.

A professora ia instruindo como fazer e eles em grupos de três cortavam as frutas. Um momento de interação e construção da aprendizagem entre os pares. Depois de terminada a professora colocou na geladeira, após gelar um pouco o momento principal, comer a salada de frutas, preparada pelos alunos do 3º ano “B”. A professora desenvolveu uma sequência didática em relação ao estudo de textos instrucionais, como consta no planejamento da mesma. Com isso, os alunos constroem um conhecimento mais sólido e uma aprendizagem significativa.

As atividades oportunizavam os sujeitos aprendizes a colocar em prática a teoria do construcionismo: menos ensino e mais aprendizagem. Conforme a teoria os sujeitos aprendem mais fazendo, a partir da interação, da construção e da transformação da realidade.

No retorno do recreio a professora iniciou o momento de trabalho ortográfico partindo do poema “Coisa boa” de Sônia de Barros, começou o trabalho desenvolvido a partir de palavras

com o som do J e G, partindo do repertório de palavras conhecidas pelos alunos. Depois foi realizada uma atividade no livro didático de Língua Portuguesa. Conforme mostra as fotos:

Imagem 16: Trabalho desenvolvido com o texto instrucional receita de salada de frutas

Imagem 17: Atividade no livro didático de Língua Portuguesa

Imagem 19: Fragmento do caderno de planejamento da professora regente

No documento Dissertação de Mestrado FUNCHAL -2016 (páginas 95-100)