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Práticas escolares na Península de Setúbal

Um estudo de caso

2. Práticas escolares na Península de Setúbal

Estudo exploratório

(...) on souhaite trouver des choses plutôt que de prouver des choses. (Jean - Marie Van Den Maren, 1996, 2004)

Para a realização deste estudo de caso, foi necessário um estudo exploratório, por um lado, ancorado numa pesquisa documental, por outro, na presença e na observação in

loco da investigadora para possibiltar a caracterização do meio no qual a investigação ocorreu, uma vez que se defende que o contexto geográfico, social, económico e até político influenciam a realidade observada e pesquisada. Esta fase decorreu em dois momentos: o primeiro consistiu na procura e listagem de documentos existentes e disponíveis sobre o assunto e o caso escolhido, a consulta de obras de referência, o diálogo com habitantes de Arrentela - Seixal; o segundo momento foi o da etapa da sistematização, na qual se realizou uma consulta estratégica de documentos, de pessoas, de recursos e se determinou quais os métodos de recolha de dados a implementar.

Esta fase foi importante para, como assevera Brunet, estabelecer “la reconnaissance avant la connaissance” (Brunet, 1993: 205). Esta etapa permitiu validar as nossas leituras e ainda levantar outras hipóteses de investigação.

2.1 Breve caracterização da Península de Setúbal

A Península de Setúbal pertence ao distrito de Setúbal (vide fig. 2.1) e integra a Região de Lisboa e Vale do Tejo juntamente com a Grande Lisboa. O distrito de Setúbal abrange uma área de 5064 km2, distribuída por treze concelhos, englobando duas áreas distintas: a Península de Setúbal (vide fig.6), constituída pelos concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal e o litoral alentejano que abrange os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e

Sines. Este distrito totaliza 851258 residentes, sendo 48.04% do sexo masculino e 51.96% do sexo feminino13.

Fig. 2.1 Localização geográfica dos concelhos do distrito de Setúbal

(Fonte: http://www.mapadeportugal.net/distrito.asp?n=setubal)

Fig. 2.2 Localização geográfica dos concelhos da Península de Setúbal

(Fonte: http://europedirect.psetubal.draplvt.min-agricultura.pt/)

Segundo os dados do Censos 2011 realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a população residente na Península de Setúbal totalizava 779373 pessoas, das quais 373541 homens e 405778 mulheres, sendo o concelho mais populoso o de Almada com cerca de 174030 residentes, seguido o do Seixal com 158269 e a capital de distrito- Setúbal - com 121185 residentes. Frisa-se que o concelho menos populoso era o de Alcochete com, apenas, 17569 residentes14.

Os sectores com mais empregabilidade nesta Península são por ordem decrescente: o terciário -os serviços: a banca, a saúde, a educação, os transportes, o comércio, o turismo (Região de Turismo da Costa Azul), o secundário- construção civil, obras públicas, a indústria- (indústria da celulose - Portucel), (indústria química – Sapec), (indústria do cimento - Secil), (indústria automóvel e seus componentes - Autoeuropa, Visteon), (indústria metalúrgica -Siderurgia Nacional), (construção e reparação naval - Lisnave) e o sector primário: pesca (portos de Sesimbra e de Setúbal), vitivinicultura (Região de Palmela e de Azeitão), extração mineira, agricultura e apicultura.

A empregabilidade existente na Península proporcionou um forte aumento do número de imigrantes residentes15, desde 1990. Segundo os dados do Serviço de

14 Fonte:http://www.ine.pt/scripts/flex definitivos/Main.html

15 Adotou-se este conceito abrangente de estrangeiro residente, em Portugal. Assim, nos termos dos conceitos contidos na Lei n° 23/ 2007, de 4 de julho (nacionais de países terceiros) e na Lei n° 37/2006 de 9 de agosto (nacionais de Estados Membros da União Europeia e seus familiares) podem ser considerados estrangeiros residentes os detentores de um título de permanência e os estrangeiros a quem foi prorrogada a permanência de longa duração.

Estrangeiros e Fronteiras16 (SEF), em 2011, apesar da população estrangeira residente em Portugal “totalizar 436.822 cidadãos17

, um valor representativo de um decréscimo de 1,90% face ao ano transato” (SEFSTAT, 2011: 15), encontravam – se em situação regular, no distrito de Setúbal cerca de 45158 imigrantes residentes. Este número representa um crescimento da população em cerca de 8,9% comparativamente aos dados obtidos no

Censos 2001. Contudo, a sua distribuição nos diversos concelhos da Península e do distrito é irregular, consoante a flutuação entre procura e oferta de mão-de-obra e a maior ou menor proximidade da capital- a cidade de Lisboa

Fig. 2.3 Distribuição dos imigrantes residentes em Portugal continental e insular

(Fonte: http://sefstat.sef.pt/Docs/Rifa 2011.pdf )

16 O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) é um serviço de segurança e um órgão de polícia criminal, que

está integrado no Ministério da Administração Interna e cujo objetivo é o de dar execução à política de imigração e asilo de Portugal, de acordo com as disposições da Constituição, da lei e das linhas orientadoras do governo português.

17 Segundo o SEF, “deste universo populacional, cerca de metade é oriundo de países de língua portuguesa

(47,9%), destacando-se o Brasil (25,5%), Cabo Verde (10,1%), Angola (4,9%) e Guiné-Bissau (4,2%). As demais nacionalidades mais relevantes são a Ucrânia (11%) e a Roménia (9%)” (SEFSTAT, 2011: 15)

2.1.1 Breve caracterização do Concelho do Seixal Fig. 2.4 Brasão do município do Seixal18

(Fonte:http://etnografiaemimagens.blogspot.pt/2010/06/brasao-do-municipio-do-seixal.html )

Criado em 1836, o concelho do Seixal abrange uma área de cerca de 93,6 Km2 situada na margem sul do estuário do rio Tejo. Este concelho pertence concomitantemente à Península de Setúbal e à Área Metropolitana de Lisboa (AML). É geograficamente delimitado a oeste pelo concelho de Almada, a sul pelo de Sesimbra, a este pelo do Barreiro e a norte pelo estuário do rio Tejo e pela ribeira de Coina.

Fig. 2.5 Concelho do Seixal e suas freguesias

(Fonte: Seixal em números, Câmara Municipal do Seixal, 2003)

O concelho do Seixal19 é um dos concelhos mais populosos da Península de Setúbal, resultado de múltiplas variáveis: uma forte industrialização nos anos cinquenta/ sessenta e edificação de grandes obras públicas (que atraíram uma forte migração interna de portugueses oriundos do norte e do sul à procura de melhores condições de trabalho e de salários mais altos), uma melhoria nas acessibilidades à capital através da ponte vinte e cinco de abril, inaugurada em 196620 (que ajudou a tornar este concelho num dormitório da classe trabalhadora de Lisboa), uma explosão demográfica ocorrida entre 1960 e 1990 com a imigração dos “retornados” após a descolonização e independência das antigas colónias portuguesas, de naturais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), destacando-se os de Cabo-Verde, São-Tomé, Angola e Guiné. Será de salientar a geminação deste concelho com o da Boa Vista (Cabo-Verde) a 11 de outubro de 1990 e de frisar que a segunda maior comunidade cabo-verdiana radicada em Portugal reside neste concelho.

Segundo a Câmara Municipal do Seixal no ano de “2001, o concelho contava com 150171 habitantes, sendo que destes, 10,4% tinham origem em Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e 1,4% da Europa”21

. Atualmente, a população deste concelho é de 158269 habitantes (INE, Censos 2011) para a qual contribuiu ainda um exponencial fluxo migratório internacional, registado nos últimos vinte anos, oriundo do Brasil, de países do leste europeu, da china, do Paquistão... Neste concelho habitam 9595 imigrantes residentes, dos quais 4530 são do sexo masculino e 5065 do sexo feminino (c.f Presidência do Conselho de Ministros, Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural22, I.P., 2011: 26).

19 A origem do nome “Seixal” está associada à grande quantidade de seixos existentes nas praias ribeirinhas,

que eram utilizados como lastro nas embarcações. Passa de vila a cidade a 20 de Maio de 1993. Abrange uma área de 94Km2 de superfície, sendo composto administrativamente por seis freguesias: Aldeia de Paio Pires, Arrentela, Corroios, Amora, Seixal e Fernão Ferro.

20 A Ponte 25 de abril (também conhecida como Ponte sobre o Tejo) foi inaugurada a 6 de agosto de 1966 como

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