• Nenhum resultado encontrado

Troika é uma palavra russa que determina um comité constituído por três membros Em política, designa uma aliança de três personagens de igual poder e/ou valor que se reúnem para a gestão de uma entidade Esta

Capítulo III – Proposta de “Matriz Sociocultural”

Durante 29 anos de lecionação na disciplina de Português no 3.º CEB e Ensino Secundário, temo-nos deparado comummente com uma enorme desinformação dos alunos

16 Troika é uma palavra russa que determina um comité constituído por três membros Em política, designa uma aliança de três personagens de igual poder e/ou valor que se reúnem para a gestão de uma entidade Esta

designação em Portugal referiu-se a equipas responsáveis da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.

Hora da Verdade (Álvaro Santos Pereira, 2011), Portugal Agrilhoado (Francisco Louçã, 2011), Uma Tragédia Portuguesa (António Nogueira Leite, 2010).

Estas épocas históricas e suas consequências para a formação da nossa identidade coletiva cultural, dos nossos estereótipos, preconceitos, animosidades relativamente ao Outro farão parte de um conjunto de atividades/projetos interdisciplinares (uma vez que a própria natureza da cultura é transdisciplinar) a ser realizados na sala de aula, em diferentes anos de escolaridade e com diferentes turmas do 3º CEB.

Lembrando Dewey, poder-se-á afirmar “that history and geography should be taught in ways that promoted an adequate confrontation with the pratical problems of the present” (Nussbaum, 2010a: 85). Desta forma, concordando com as assertivas de Dewey, focar-se-á a história económica e social, nas atividades propostas, visto que esta provoca curiosidade e questionamento sobre o passado, o presente, o que está perto e o distante.

Neste século XXI, urge que o aluno apreenda que qualquer um de nós é o resultado de mestiçagem cultural, de efeitos de aculturação, de interculturalidade, de transculturalidade ao longo de séculos.

Para corroborar esta ideia, cita-se um excerto humorístico do antropólogo americano Ralph Linton datado de 1936:

“Après son repas, le citoyen américain se dispose à fumer, habitude des Indiens américains, en brûlant une plante cultivée au Brésil, soit dans une pipe venue des Indiens de Virginie, soit au moyen d’une cigarette venue du Mexique. S’il est assez endurci, il peut même essayer un cigare, qui nous est venu des Antilles en passant par l’Espagne. Tout en fumant, il lit les nouvelles du jour imprimées en caractères inventés par les anciens Sémites, sur un matériau inventé en Chine, par un procédé inventé en Allemagne. En dévorant les comptes-rendus des troubles extérieurs, s’il est un bon citoyen conservateur, il remerciera un Dieu hébreu, dans un langage indo-européen, d’avoir fait de lui un Américain cent pour cent ! ”

1.2 Dimensão cívica

Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar.

(Agostinho da Silva)

As democracias dependem de seres que sejam e/ou estejam:  Cientes dos seus direitos e responsabilidades;

 Informados acerca dos temas políticos e sociais que afetam a nação;  Interessados no bem-estar dos outros;

 Congruentes com as suas opiniões e argumentos;  Influentes através da sua ação cívica e/ou atividade;  Participativos na vida da comunidade;

 Conscientes da importância da sua ação cívica.

Segundo a filósofa Martha C. Nussbaum (2010a), os estados democráticos exigem cidadãos que denotem diversas competências para a construção e manutenção de uma cidadania democrática, cabendo à escola um papel essencial na formação dessas competências. A saber:

 “The ability to examine, reflect, argue, and debate, deferring to neither tradition nor

authority”;

 “The ability to examine fellow citizens as people with equal rights, even though they

may be different in race, religion, gender, and sexuality. To look at them with respect, as ends, not just as tools to be manipulated for one’s own profit;

“The ability to have concern for lives of others, to grasp what policies of many types mean for the opportunities and experiences of one’s fellow citizens, of many types, and for people outside one’s own nation;

 “The ability to imagine well a variety of complex issues affecting the story of a human

life as it unfolds: to think about childhood, adolescence, family relationships, illness, death (...);

“The ability to judge political leaders critically, but with an informed and realistic sense

 “The ability to think about the good of the nation as a whole, not just that of one’s own

local group;

 “The ability to see one’s own nation, in turn, as a part of a complicated world order in which issues of many kinds require intelligent transnational deliberation for their resolution.

(Nussbaum, 2010: 25-26) Tendo estes pressupostos como eixos condutores, deseja-se que, através de uma educação integral, inclusiva e ao longo da vida, baseada numa interação comunicativa, alunos de diferentes universos culturais se sensibilizem para a riqueza da diversidade, para a compreensão do agir do Outro, para a relativização e crítica da sua realidade/cosmovisão, para uma possível mudança de atitude (primeiro num contexto formal condicionado – o contexto da sala de aula - posteriormente de forma autónoma e independente em qualquer contexto).

Para tal, o primeiro passo a adotar é mudar as metodologias de ensino dentro da sala de aula, já que como Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), Johann Pestalozzi (1746 - 1827), Friedrich Froebel (1782 - 1852), Bronson Alcott (1799 - 1888) e Rabindranath Tagore (1861- 1941) concordam “(...) the passive pedagogy of the past offered little to the nations of the future, that a new sense of personal agency and a new critical freedom would be needed if participatory instituitions were to be sustained” (Nussbaum, 2010a: 141).

É pois necessário implementar uma metodologia ativa, cujo enfoque seja dado à importância do aprender fazendo, pois a educação e a formação do aluno faz-se “mais pelas vivências, (...) pelas interações sociais do que pelas lições sobre o certo e o errado” (Marques: 1998: 35), deixando o aluno de ser considerado “a passive vessel of received cultural values” (Nussbaum, 2010a: 69); interativa (sendo a interação de igual para igual) - dando primazia ao debate, à discussão e à reflexão partilhada-; relevante para os jovens (nomeadamente tratando de assuntos e questões atuais, problemáticas reais da sua vida em sociedade, de valores17 morais, afetivos, sociais (porventura polémicos); crítica

17 Existem vários conceitos de valor. Para os seguidores de Kant, o valor é a ideia que temos sobre algo,

Outline

Documentos relacionados