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Segundo Stake, numa investigação qualitativa, necessita-se de uma triangulação de dados que corresponde “a um esforço para ver se o que estamos a observar e a relatar, transmite o mesmo significado quando

Um estudo de caso

10 Segundo Stake, numa investigação qualitativa, necessita-se de uma triangulação de dados que corresponde “a um esforço para ver se o que estamos a observar e a relatar, transmite o mesmo significado quando

maioria dos atores educativos selecionados, sendo estes informados sobre os objetivos do estudo, motivados a colaborar e tendo-lhes sido, desde logo, assegurado o anonimato e total confidencialidade dos dados obtidos.

1.1.1.O inquérito por questionário

Apesar do inquérito por questionário não permitir realizar uma interação entre investigadora e investigados em situação presencial (c.f. Carmo e Ferreira, 2008), este tipo de instrumento de recolha de dados revelou-se uma mais-valia, pois todos os sujeitos abordados acabaram por preenchê-lo, apesar do desfasamento temporal do preenchimento de uns em relação a outros.

Mais se acresce outras vantagens detetadas, tais como as indicadas por Carmo e Ferreira: “sistematização, maior simplicidade de análise, maior rapidez na recolha e análise de dados, mais barato” (idem: 164). Contudo, cabe referir que houve dificuldades na sua conceção, já que “A formulação das perguntas não é tão fácil como pode parecer, sendo também necessário conduzir cuidadosamente o inquérito por forma a garantir que todas as perguntas signifiquem o mesmo para todos os inquiridos” (Bell, 1997: 26).

Como não há lugar a esclarecimentos aquando da inquirição, o questionário (número 00379700002) teve de obedecer a diversas partes (c.f. anexo II). Primeiro, surge a introdução ao assunto e objetivos da pesquisa, informação sobre a tipologia das questões, agradecimento inicial pela colaboração ao participar na investigação; segundo, aparece o corpo do questionário. Surge, assim:

1°- Caracterização pessoal e profissional do inquirido (sexo, habilitações literárias e profissionais, tempo de serviço, anos de escolaridade lecionados).

2°- Conjunto de questões fechadas e abertas com o objetivo de conhecer as representações docentes sobre o papel do professor no século XXI; fazer o levantamento das representações docentes sobre o conceito de Educação Intercultural e diversidade na sala de aula; saber como a diversidade é valorizada em contexto de sala de aula; conhecer práticas e materiais utilizados para promover a interculturalidade na aula de Português no 3° Ciclo.

No que concerne o tipo de questões formuladas, cabe afirmar que se utilizou, tal como aconselham Carmo e Ferreira, um conjunto de perguntas simples, pois “ quanto mais

simples for o sistema de perguntas quer em matéria de objetividade quer de clareza, maior é a probabilidade de aumentar a taxa de respostas” (idem:155). Optou-se por quatro questões abertas, mas maioritariamente por questões de resposta fechada dicotómica do tipo “sim/não”, escolha múltipla, ordenação de itens por grau de importância, tendo-se utilizado ainda uma escala de Lickert simples e ordinal de quatro níveis, tendo sido proposto aos inquiridos que se pronunciassem não só relativamente à relevância de elementos característicos dos alunos para o seu processo de ensino- aprendizagem, mas também quanto à relevância de elementos característicos dos docentes no que concerne o bom exercício da profissão. Assim, os inquiridos tiveram de assinalar com uma cruz (X) o quadrado respetivo, consoante considerassem o item proposto como: muito relevante, relevante, pouco relevante ou irrelevante.

Cabe ressalvar que o questionário do tipo fechado é característico de uma abordagem quantitativa.

1.1.1.1 Caracterização da amostra

Nesta investigação não se privilegiou uma amostra aleatória e numerosa, mas, antes, criteriosa e intencional (c.f. Valle, 2000), uma vez que se trata de uma amostra não probabilística intencional e de conveniência, existindo um procedimento de seleção segundo critérios estabelecidos pela investigadora: ser professor(a) do grupo 300 de 3.° Ciclo do Ensino Básico a lecionar ou tendo lecionado a disciplina de Português nos três últimos anos em escolas da freguesia de Arrentela, concelho do Seixal. Assim, a população da nossa amostra é a de vinte e um docentes na totalidade.

1.1.1.2 Aplicação do inquérito

Após o questionário ter sido construído, foi testado (teste piloto) em pequena escala, em condições semelhantes às da sua aplicação definitiva. Assim, foi aplicado durante os meses de março e abril do ano de 2013, a professores do grupo 300 que lecionavam Português ao 3.° Ciclo do Ensino Básico. Tal procedimento teve como objetivo principal corrigir os itens que, eventualmente, pudessem apresentar ambiguidades ou dificuldade de compreensão, detetar erros de formulação existentes, verificar a adequação

do número de folhas, de perguntas, a clareza dos objetivos da investigação e da própria disposição gráfica (c.f. Carmo e Ferreira), aumentando as probabilidades de sucesso do mesmo, aquando da sua aplicação a uma amostra maior.

Destarte, após esta etapa, o questionário foi, posteriormente, entregue pessoalmente pela investigadora ou por um portador, nomeadamente um membro da direção e/ou o coordenador curricular de Português e aplicado a vinte e um professores de Português do 3º ciclo do Ensino Básico das 4 escolas com 3.º ciclo da freguesia de Arrentela.

1.2. Recolha de dados

A fase de recolha de dados, sendo uma fase essencial numa tese de investigação ao permitir o contacto do investigador com as fontes de informação, é, porventura, “a fase mais demorada e que exige mais dedicação, cuidado e atenção por parte do investigador” (Azevedo e Azevedo, 2006: 27).

As fontes de obtenção de dados, recorrentemente, utilizadas num estudo de caso são de três tipos: (1) entrevistas, (2) documentos vários e (3) observação, podendo o investigador selecionar uma ou várias (Tuckman, 2000: 516).

Tal como foi referido anteriormente, a nossa primeira opção recaiu no inquérito por entrevista, uma vez que esta técnica de recolha de dados permitiria o acesso mais amplo às representações pessoais dos inquiridos, “na linguagem do(s) próprio(s) sujeito(s)” (Bogdan

e Biklen, 1994: 134). Todavia, face às limitações com que a investigadora se defrontou, optou-se pelo inquérito por questionário.

Para contrariar a baixa taxa de preenchimento e/ou de retorno do questionário, a investigadora deslocou-se várias vezes às diferentes escolas, para salientar a relevância da investigação e apelar à resposta ao questionário, tendo recolhido os vinte e um inquéritos preenchidos, alcançando uma taxa de resposta de 100%.

Para além dessa fonte de dados, optou-se, ainda, por recolher dados através da análise documental que, segundo Bardin (1977: 45) baseia-se numa “operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente da original, para facilitar num estado ulterior, a sua consulta e referenciação”, de forma que, posteriormente, se possa realizar a sua análise de conteúdo, o que, nas palavras

do mesmo autor, se caracteriza por “um conjunto de técnicas de análise das comunicações” (idem: 31).

Uma vez que se pretendia realizar o maior número de cruzamento de informações de diferentes proveniências, pois tal permite um maior grau de confiança nas mesmas, recorreu-se ainda a documentos escritos (pelos alunos e/ou por entidades várias sobre as atividades realizadas pelos discentes), os quais são considerados “ uma fonte de dados objetiva, quando comparada com outras” [destaque do autor] (Merriam, 1988: 108), uma vez que os documentos escritos “existem para lá da investigação, podendo ser considerados como materiais neutros, pois o investigador não altera pela sua presença os documentos analisados” (Oliveira e Sequeira, 2012: 34), documentos visuais (fotografias), áudio (gravação de leituras dos alunos partilhadas em voz alta) e audiovisuais (excertos de vídeos produzidos, aquando das atividades realizadas).

Segundo Stake (2007), a observação como técnica de recolha de informação conduz o investigador a uma maior compreensão do caso. Destarte, tendo em conta a diversidade cultural, étnica e social do campo de observação11, assim como os objetivos desta investigação, ressalta-se a utilização da observação direta, participante12 (também designada como “observação (ou método) etnológica ou antropológica” [destaques do autor] (Estrela, 2008: 32), ocasional em contexto natural, i.e. em espaços “onde os sujeitos se entregam às suas tarefas quotidianas” (Bogdan e Biklen, 1994: 113) para o registo de comportamentos/atitudes, num diário de bordo, aquando do decorrer da aplicação da “matriz sociocultural” intercultural - experiência realizada com três turmas do 3.º CEB.

Pretendeu-se participar das atividades com os alunos, mas mantendo um distanciamento suficiente de forma a descrever a experiência a outros, em forma de relato de experiências, no qual apenas se assinala o resultado das observações sobre o que de

11 Estrela frisa as características do campo de observação, considerando a observação como molar e molecular, a verbal e a gestual, a individual e grupal (Estrela, 2008: 32). O conceito de “molar” refere-se a um “carácter geral (...) de macroscópico”, por oposição ao conceito de “molecular”, que é tomado na acação de “microscópico” (Estrela, 2008: 49-50).

12 Estrela opõe a “observação participante e não participante, distanciada e participada, intencional (ou

orientada) e espontânea.” (Estrela, 2008: 30). Se o investigador se limitar a observador, está-se perante uma observação distanciada e não participante, mas se o investigador, para além de observar, “participar, de algum modo, na atividade do observado, mas sem deixar de representar o seu papel de observador e, consequentemente, sem perder o respetivo estatuto” (idem: 35), a observação é participada. A observação participante é uma técnica de recolha de dados adequada “quando, de algum modo, o observador participa na vida do grupo por ele estudado.” (idem: 31) e sempre que se pretende relatos, em primeira mão, de acontecimentos recentes e/ou quando, por algum impedimento, os participantes não conseguem ou não estão dispostos a falar sobre o tema do estudo.

mais relevante ocorreu, quer em atitudes, comportamentos, interações. Segundo Bogdan

e Biklen (1994: 126), este tipo de “participação moderada poderá ser eficaz”, nomeadamente, para os nossos propósitos.

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