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2. PANORAMA ATUAL DOS CLUBES DE FUTEBOL NO BRASIL

2.2 PREDOMINÂNCIA DO MODELO ASSOCIATIVO

24 Braga, Thiago. Lutando para congelar Profut, clubes da Série A devem R$ 430 mi. UOL, São Paulo, 09/04/2021. Disponível em: www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2021/04/09/lutando-para-congelar-profut-clubes-da-serie-a-devem-r-430-mi.htm. Acesso em: 10/05/2021.

25 CASTRO, Rodrigo R. Monteiro de; MANSSUR, José Francisco C. Futebol, Mercado e Estado: Projeto de Recuperação, Estabilização e Desenvolvimento Sustentável do Futebol Brasileiro: Estrutura, Governo e Financiamento. São Paulo: Ed. Quartier Latin do Brasil, 2016. p. 49.

O primeiro ponto a ser discutido é a razão pela qual as agremiações destinadas à prática do futebol nasceram como associações no Brasil.

Há de se apontar que, historicamente, o football nasce na Inglaterra em 1810, tendo suas regras escritas surgido apenas em 1830 e sendo praticado majoritariamente em ambientes escolares.26

Com a popularização do esporte, surgem os clubes ingleses destinados à prática do futebol, já dotados de um modelo empresarial desde sua origem e pautados pelas regras criadas pela Associação Inglesa de Futebol, que detinha o poder de regulamentar a prática desta modalidade desportiva naquela época.

Em virtude da regulamentação da referida Associação os clubes bretões que almejavam a prática profissional do futebol foram constituídos como “companhias de responsabilidade limitada, vendendo ações ao público e dirigidos por um presidente e um conselho de administração.”27

Entretanto, muito embora os clubes tenham sido constituídos como empresa, há de se ressaltar que os dirigentes destas companhias de responsabilidade limitada eram proibidos de receberem qualquer remuneração em função da atividade profissional prestada à agremiação desportiva, por força de vedação da Associação Inglesa de Futebol.28

Ainda, insta salientar que, além das vedações impostas aos dirigentes dos clubes, a Associação Inglesa de Futebol também restringiu “os dividendos dos acionistas a 7,5 por cento”29 em uma tentativa de se afastarem quaisquer incidências de manipulação de resultados com o escopo de se obter vantagem econômica por meio da prática desportiva profissional.

Muito embora os clubes de futebol tenham surgido na Inglaterra já com um aspecto empresarial é importante ressaltar que havia por parte da Associação Inglesa de Futebol uma grande preocupação quanto à mercantilização da prática desportiva profissional. Isto

26 PRONI, Marcelo Weishaupt. A metamorfose do futebol. Campinas: UNICAMP. Instituto de Economia, 2000. p.23.

27 LEVER, Janet. A Loucura do Futebol. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1983. p. 61.

28 Ibid. p. 62

29 Idem. p. 62

é, conforme exposto, foram criadas inúmeras restrições aos clubes e seus acionistas quanto ao lucro e a forma de administração.

Assim, construiu-se na Inglaterra “[...] um modelo híbrido que incorporou valores mercantis (que transforam o espetáculo esportivo em lazer das massas urbanas), mas preservando aspectos do ideário amador (que via o esporte como uma atividade autônoma) [...].”30.

Quanto à disseminação do futebol em âmbito internacional, cumpre apontar que o esporte somente começou a ser praticado na América do Sul em 1860, anos após a prática desportiva em alta escala no Velho Continente a partir da influência cultural dos ingleses.

De acordo com registros históricos31, o futebol surge na América do Sul pela Argentina, tendo o primeiro clube de futebol do país sido criado em 1867 e nomeado de

“Buenos Aires Football Club”. Da denominação do clube se depreende a influência inglesa.

Isto é, tal influência se explica na medida em que entre a Argentina e a Inglaterra foi estabelecida uma espécie de colonização tardia, com ocupação dos britânicos em solo argentino para a construção de ferrovias por volta do ano de 1840.32

Os navegantes ingleses chegavam na Argentina pelo porto de Buenos Aires e lá se instalavam, trazendo consigo a cultura e as tendências britânicas. O principal resultado advindo do convívio entre os dois povos de diferentes costumes foi, efetivamente, o futebol, que começou a ser ensinado pelos ingleses aos argentinos no porto da Capital.

Assim sendo, o berço do futebol sul americano foi a Argentina, pela forte influência britânica no século XIX. Relação essa que, inclusive, tornar-se-ia problemática com o passar dos anos, chegando ao estopim no ano de 1982 quando ocorreu a chamada

“Guerra das Malvinas”.

30 PRONI, 2000. p.30.

31 GIULIANOTTI, Richard C.; WEIL, Eric. Football. Britannica, 2021. Disponível em:

www.britannica.com/sports/football-soccer. Acesso em: 22/07/2021.

32 Asociación del Fútbol Argentino. AFA, 2021. História. Disponível em:

www.afa.com.ar/es/pages/historia. Acesso em: 22/07/2021

No Brasil o futebol surge em meados de 1894 pela influência do anglo-brasileiro Charles Miller, que trouxe a modalidade esportiva para o país. A profissionalização dos atletas, no entanto, somente veio a acontecer em 1933, na tentativa de acompanhar os precursores Argentina e Uruguai no desenvolvimento do futebol sul-americano.33

A prática desportiva do futebol passou, então, a ser amplamente disseminada pelas massas por meio da mídia, que tornou a referida modalidade esportiva a nova moda cultural do País, atingindo tanto a classe burguesa quanto à proletária, que, além de praticarem o esporte recreativamente, passaram a acompanhar os espetáculos desportivos de perto nos estádios de futebol.

Quanto às agremiações de prática desportiva, cumpre apontar que não nasceram especificamente com ou para o futebol. Isto é, muitas delas já existiam com fim em outros esportes, como, e.g., os náuticos. Nesse sentido, um dos principais exemplos é o Clube de Regatas Flamengo, do qual já se extrai a influência do esporte náutico pelo próprio nome.

Assim, o futebol surge no Brasil com

[...] caráter amador dos clubes em seu nascedouro, no qual a forma associativa era não uma escolha política, mas uma decorrência natural da divisão de custos daquela atividade, não muito diferente de amigos dividindo a conta do bar.34

Ou seja, os clubes de futebol do Brasil nascem como associações sem fins lucrativos ainda no começo do século passado e, salvo raríssimas exceções, continuam se organizando da mesma forma até os dias de hoje. Portanto, considerando que a Lei pouco evoluiu acerca do regime associativo, há de se ponderar acerca do risco de defasagem que os clubes de futebol brasileiros correm ao continuar adotando o referido modelo em detrimento ao empresarial.

Quanto ao modelo associativo, diz Pablo Stolze Gagliano:

“[...] em uma associação, os seus membros não pretendem partilhar lucros ou dividendos, como ocorre entre os sócios nas sociedades civis e mercantis. A

33 PRONI, 2000. p.35.

34 COSTA JUNIOR, Benedito Villela Alves A Viabilidade e Tipificação Jurídica do Clube Empresa no Brasil: A Comoditização da Paixão., 1ª Edição. 2017. Posição 559. E-book Kindle.

receita gerada deve ser revertida em benefício da própria associação visando à melhoria de sua atividade”

Assim sendo, uma das justificativas dos clubes para a não constituição de sociedades empresárias é justamente acerca do escopo da receita da associação, que, por força de Lei, deverá ser novamente investida em prol do clube visando a sua melhoria, representada pelo equilíbrio financeiro e pelos resultados desportivos.

Entretanto, admite-se também a possibilidade de os dirigentes e membros das associações evitarem a transformação dos clubes em empresas em virtude de uma possível perda de poder que tal mudança acarretaria em desfavor destes agentes. Isto é, cumpre destacar que nas agremiações existem grupos de pessoas que se perpetuam em cargos deliberativos, denominados de “conselheiros”.

Estes agentes são responsáveis pela tomada de diversas decisões que dizem respeito às associações desportivas, cumprindo também papel de fiscalização das decisões tomadas por aquele que exerce papel de presidente, inclusive no que concerne aos balanços financeiros, com respectiva aprovação ou desaprovação.

O que se observa historicamente é que os referidos membros acabam por promover uma espécie de oligarquia dentro dos clubes na medida em que muitos deles são sucedidos por familiares que continuam a manter as mesmas relações com os demais conselheiros. Isto é, no referido modelo raramente se admite qualquer resquício de novidade.

Assim, se promove, às custas do clube, uma perpetuação de poder em relações estritamente políticas envolvendo os conselheiros das agremiações. Nesse sentido, não raras vezes se noticia pelos veículos de imprensa um conflito de interesses entre tais membros, que se justificam na ânsia pelo poder travestida de zelo em prol da entidade de prática desportiva.

Ainda, é importante salientar que a consolidação do modelo associativo no tocante aos clubes de futebol tem como principal fator a influência do Estado na regulamentação do esporte.

O Decreto-Lei n° 3.199 de 1941, primeira regulamentação que surge para tratar sobre o esporte no Brasil, definiu, na forma do art. 48, que “[...] É proibido a organização

e funcionamento de entidade desportiva, de que resulte lucro para os que nela empreguem capitais sob qualquer forma.35

O Presidente Getúlio Vargas, por meio do referido Decreto-Lei e em contraponto ao que vinha se desenvolvendo na Europa quanto à mercantilização do futebol, afastar do desporto a possibilidade de se obter proveito econômico decorrente de sua prática.

Tal proibição permaneceu operando seus efeitos no cenário do futebol brasileiro até o ano de 1993, quando foi publicada a Lei n° 8.672, incentivada por Arthur Antunes Coimbra, o “Zico”, então secretário dos esportes do Governo Fernando Collor/Itamar Franco.

Por meio dos artigos 10 e 11, a Lei, que ficou popularmente conhecida como “Lei Zico”, facultou às entidades de prática desportiva a possibilidade de transformação em

“sociedades comerciais com finalidades desportivas” ou, ainda, “contratar sociedade comercial para gerir suas atividades desportivas”.36

A edição da Lei n° 8.672/1993 se justificou na medida em que se percebeu a necessidade de inovação no âmbito do futebol, que permaneceu em um ambiente legislativo monótono desde a primeira regulamentação em 1941. Foram criados, portanto, mecanismos para a modernização das agremiações, que não mais podiam ser consideradas meras ferramentas de entretenimento para a sociedade.

Isto é, a prática profissional do futebol, desde seu surgimento na Inglaterra, foi capaz de atrair o interesse da sociedade em acompanhar as disputas que aconteciam entre dois grupos de pessoas que corriam atrás de uma bola com o objetivo de marcar mais pontos que o adversário em determinado período de tempo.

Em determinado momento, percebeu-se que este interesse poderia ser transformado em um produto dotado de grande aceitação e desejo pelo público. Assim, os eventos esportivos passaram a reunir multidões que pagavam para estarem presentes naquele momento e acompanhar a disputa de perto, em um anseio por lazer e entretenimento.

35 BRASIL. Decreto-Lei n° 3.199/1941. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em: 23/02/2021.

36 BRASIL. Lei n° 8.672/1993. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em: 24/02/2021.

Com o passar dos anos, o produto futebol foi evoluindo e criando novas possibilidades. Os clubes perceberam a necessidade de manter uma estrutura apropriada para a prática desportiva, com uniformes e outros materiais intrínsecos ao football sendo fornecidos aos atletas.

Ainda, notou-se que determinado atleta tinha maior habilidade de praticar o esporte do que aquele que estava ao lado, nascendo, portanto, o desejo de determinado clube contar com fulano ou beltrano em sua equipe. O mercado, então, foi responsável por criar a fórmula para tanto a partir das transferências de atletas entre clubes.

Com a popularização, os torcedores de determinada agremiação passaram a manifestar o desejo de estampar em seus corpos a sua paixão pelo futebol. Nasce, assim, a comercialização de produtos de identificação com os clubes, como camisas e demais assessórios.

Em verdade, as possibilidades de monetização da paixão são infinitas, uma vez que acompanham a evolução tecnológica da sociedade. Um exemplo atual são os chamados fan tokens, que consistem na compra de um ativo digital por parte do torcedor com o fim de participação na tomada de algumas decisões internas do clube, como a personalização do ônibus que transporta os atletas para as partidas.

O futebol brasileiro passou por uma drástica transformação a partir dos anos 90, principalmente em razão do surgimento de contratos de patrocínio milionários por parte de empresas de grande expressão, tanto nacionais quanto multinacionais. Notou-se que o futebol, enquanto fenômeno social, era uma excelente vitrine para estampar produtos e fomentar o consumo dos torcedores.

Uma das parcerias mais emblemáticas da época foi a denominada “Era Parmalat”, que envolvia a Sociedade Esportiva Palmeiras, clube de futebol sediado na cidade de São Paulo, e a empresa italiana Parmalat, grande nome do ramo alimentício. O patrocínio, que começou em 1992, contava com um investimento anual de aproximadamente U$500.000,00 (quinhentos mil dólares), o mais expressivo do Brasil à época. 37

37 Verdão Fecha com Parmalat. Folha de São Paulo, São Paulo, 18/02/1992. Disponível em:

https://acervo.folha.com.br/. Acesso em: 25/02/2021.

A parceria foi a responsável por trazer ao clube diversas conquistas esportivas expressivas já a partir de 1993, quando o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista de Futebol, seu primeiro título após 16 anos de jejum, além da Taça Rio-São Paulo e do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Existe no meio futebolístico uma expressão que traz o seguinte: “Dinheiro não entra em campo”. Entretanto, o que se observa é que a referida frase tem caráter no mínimo leviano. Isto é, evidente que uma nota de cem reais será incapaz de exercer qualquer função esperada de um atleta no decorrer de uma partida. Por outro lado, a mesma nota será utilizada para arcar com os custos advindos da contratação do atleta responsável por fazer um gol de título ou evitar que o adversário o faça.

Não é plausível imaginar o esporte sem investimento. O futebol é mercado. Os melhores equipamentos de treinamento são mais caros do que os ordinários, assim como os melhores atletas custam mais aos clubes para serem mantidos e/ou contratados.

Deste modo, o clube com maior poderio econômico tende a se destacar e conquistar mais do que aquele que arrecada menos, assim como uma determinada empresa com grande investimento provavelmente terá mais destaque do que outra que conta com aportes de menor expressão.

Insta salientar que, em razão da notória predominância do modelo associativo nos clubes de futebol brasileiros, as exceções dos clubes organizados em sociedades empresárias são de suma importância para a compreensão do presente estudo.

Assim, cumpre apontar quatro exemplos importantes deste modelo no Brasil:

União São João S.A., Red Bull Bragantino Futebol Ltda., Botafogo Futebol S.A. e Cuiabá Esporte Clube Ltda.

De acordo com registros da Confederação Brasileira de Futebol, entidade máxima desta modalidade no Brasil, em janeiro de 2020 existiam 83 clubes de futebol organizados como sociedades empresárias no território nacional enquanto outros 1.347 eram organizadas no formato associativo. Ou seja, os clubes-empresa representavam no início

do ano passado um percentual de aproximadamente 6% dos clubes em formato associativo.38

A história das sociedades empresárias no futebol brasileiro se inicia em 1994, quando o União São João de Araras, sediado no interior do Estado de São Paulo, resolveu utilizar a faculdade trazida pelo art. 11 da Lei n° 8.672/1993 (Lei Zico)39 e transformar-se em uma sociedade anônima. Entretanto, em razão da ausência de suporte legislativo e de problemas na gestão do clube, as atividades econômicas não foram prósperas.

Após a transformação do União São João, alguns outros clubes de futebol decidiram também adotar o regime empresarial, como o Esporte Clube São Caetano, tradicional no Estado de São Paulo, por exemplo, que constituiu uma sociedade limitada.

Entretanto, nenhum deles havia sido capaz de atingir relevância suficiente para causar impacto nos grandes clubes organizados enquanto associações civis.

O primeiro clube-empresa a causar algum impacto foi o RB Brasil, criado em 2007 pela empresa austríaca Red Bull, que já investia no futebol desde 2005, quando a companhia adquiriu o FC Salzburg para transformá-lo em FC Red Bull Salzburg. A multinacional, que já tinha vasta experiência no mundo do esporte por patrocinar diversas modalidades ao longo dos anos, resolveu investir no Brasil com a criação de um clube para estampar sua marca.

Ainda que o RB Brasil não tenha atingido resultados de elite no futebol brasileiro, há de se apontar que o crescimento foi expressivo, considerando que o clube foi capaz de alcançar a divisão principal do campeonato estadual mais importante do País (Campeonato Paulista de Futebol) e, assim, disputar partidas contra clubes de grande relevância nacional, como Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos.

Seguindo um critério cronológico, em 2009 surge o Cuiabá Esporte Clube Ltda., sediado no Estado do Mato Grosso. Ao contrário de como se deu na criação do RB Brasil, o Cuiabá já existia desde 2001, vindo a ser posteriormente adquirido pela empresa

38 MATTOS, Rodrigo. Como Red Bull criou no Bragantino um modelo diferente de clube-empresa. UOL.

2020. Disponível em: <https://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2020/01/07/como-red-bull-criou-no-bragantino-um-modelo-diferente-de-clube-empresa/?next=0001H123U11N>. Acesso em: 20/06/2020.

39 BRASIL. Lei n° 8.672/1993. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em: 24/02/2021.

denominada “Borrachas Drebor Ltda.”, que viu no futebol uma oportunidade de investimento. Após adquirir o Cuiabá, a empresa adotou no clube um modelo de gestão empresarial buscando uma evolução a longo prazo, objetivo que foi efetivamente atingido no ano de 2020, quando o clube garantiu a vaga de acesso a divisão de elite do Campeonato Brasileiro de Futebol. De acordo com Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá EC Ltda., o que se almeja ao adotar um modelo empresarial é “direcionar os esforços do trabalho para a obtenção de lucros”40.

Em virtude da pandemia do SARS-CoV2, a maioria dos clubes de futebol deixou de arrecadar milhões de reais, principalmente em razão ausência de público pagante nos estádios para acompanhar o espetáculo desportivo. De todo modo, o Cuiabá registrou um aumento de aproximadamente 225% das receitas em 2021 com relação ao ano de 2020. Tal aumento se deu em virtude da “vitrine” mais valorizada que o clube passou a ter com a conquista do acesso para a primeira divisão do campeonato nacional, adquirindo novos patrocinadores e recebendo quantias maiores provenientes das verbas que as emissoras de televisão pagam aos clubes para transmitir os jogos ao público.41

Quanto à gestão do Cuiabá EC, talvez o ponto mais importante para a manutenção do clube em alto padrão, há bastante zelo pela saúde financeira, com equilíbrio das contas. Uma das principais medidas adotadas pelos dirigentes foi o corte de gastos com funcionários que exercem funções de custo elevado nos demais clubes, como o cargo de diretor de futebol, por exemplo.42

O Botafogo Futebol Clube foi fundado em 1918 na cidade de Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo. Preliminarmente, importante salientar que, apesar de centenário, o clube nunca conseguiu atingir papel de suma relevância no âmbito do futebol brasileiro. Ainda que tenha atingido a primeira divisão do campeonato nacional por seis vezes, o “Pantera”43 sempre deixou a desejar na competição. Buscando mudar este panorama, em junho de 2019 surge o Botafogo Futebol S.A., “sociedade por ações

40 Estadão Conteúdo. Com rápida ascensão, Cuiabá é clube-empresa que está no Brasileirão pela 1ª vez.

ISTO É, 2021. Disponível em: < https://istoe.com.br/com-rapida-ascensao-cuiaba-e-clube-empresa-que-esta-no-brasileirao-pela-1a-vez>. Acesso em: 15/06/2021.

41 Idem. Acesso em: 15/06/2021.

42 Idem. Acesso em: 15/06/2021.

43 Alcunha utilizada pela torcida do Botafogo FC para se referir ao clube.

de capital fechado, com o objeto social de gestão de atividades desportivas e realização de eventos culturais e desportivos.”.44

A Companhia foi criada com a composição de 60% das ações de titularidade do acionista Botafogo Futebol Clube e 40% para a empresa “Trexx Sports Participações Ltda.”. Deste modo, a associação civil assegurou a maioria das ações, diferindo-se do modelo adotado pelo Cuiabá EC, que foi comprado por outra empresa. Isto é, o modelo adotado pelo Botafogo teve como escopo a constituição de

[...] uma sociedade anônima conferindo a ela os ativos relacionados ao futebol (como contratos com atletas, licenças, patrocínios, equipamentos e outros bens e direitos), e permite que um investidor, mediante o aporte de capital, se torne proprietário de parcela minoritária das ações de emissão da companhia.45

O capital social do Botafogo Futebol S.A. monta em R$20.000.000,00 (vinte milhões de reais), sendo que deste valor, R$12.000.000,00 (doze milhões de reais), correspondentes a 60% do total, são de titularidade do Botafogo Futebol Clube. Tal quantia foi integralizada na forma de ativos do Clube, que compreendem

(i) registros do clube na Federação Paulista de Futebol e na Confederação Brasileira de Futebol, (ii) contratos com atletas, empregados e prestadores de

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