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CAPÍTULO 3 O UNIVERSO RELIGIOSO BRASILEIRO: UM TERRENO FÉRTIL

3.6 A presença do Cristianismo no Brasil

O Censo de 201037, nos permitiu um cálculo aproximado da quantidade de indivíduos cuja religião ou crença não tem origem em uma teologia cristã. Dentre elas, o budismo e as religiões orientais, algumas religiões afro-brasileiras, tradições indígenas, pessoas sem religião, etc. Nesse cálculo, aproximado, chegou-se a pouco mais de 16 milhões de pessoas. Para um total de mais de 190 milhões de indivíduos recenseados pelo IBGE, o total de indivíduos de religiões não cristãs é de aproximadamente 8%. Isso nos dá uma ideia da prevalência do cristianismo38, embora sob diversas denominações, entre a população brasileira.

O Espiritismo se diz uma religião cristã. Um dos seus principais livros doutrinários é O Evangelho Segundo o Espiritismo. Isso quer dizer que os espíritas são orientados a seguir os códigos éticos e morais dos evangelhos como base de conduta pessoal. Os princípios cristãos reforçam a prática de virtudes como a caridade, o amor e a justiça. É uma conduta que permanece recomendada quaisquer que sejam as sociedades evoluídas, uma vez que a moral cristã é uma norma de conduta humana que conduz fatalmente à paz, à harmonia e ao bom relacionamento entre os indivíduos. Daí a semelhança que se pode perceber nas normas de conduta das principais religiões do mundo. O respeito ao semelhante está presente no Judaísmo, no Budismo, no Hinduísmo, no Catolicismo, no Protestantismo e também no Espiritismo.

Embora nem todas as religiões preguem que a caridade conduz à salvação, elas, em sua maioria recomendam a prática da caridade como uma das expressões do amor que deve existir entre os homens. Por exemplo, ainda que no Islamismo a figura central de profeta seja a de Maomé, Jesus é reverenciado como um grande enviado de Deus. No livro O Jesus Muçulmano, organizado por Tarif Khalidi, é possível sentir os princípios cristãos como justificativa moral e ética de muitos provérbios do Islamismo. A conduta exemplar do Cristo e seus ensinamentos são exaltados no Corão como os de um grande profeta.

Aqui está um Jesus, por um lado, privado de Cristologia, mas por outro dotado de atributos que o tornam metahistórico e até, por assim dizer, metarreligioso. Em seu habitat muçulmano, ele se torna objeto de intensa devoção, reverência e amor. Traz

37ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/ tab1_4.pdf

38 Chamamos aqui de Cristianismo, os preceitos e princípios religiosos e morais contidos nos

o selo da nubuwwah39 corâmica, ou profecia, mas, á medida que avança para dentro

da tradição islâmica deixa de ser um argumento e torna-se uma voz moral viva e vital, exigindo ser ouvida por todos os que buscam uma unidade de fé e testemunho. (KHALIDI, 2001).

Conclusão.

A grandeza territorial, a sua natural bonomia, a sua hospitalidade e a sua reconhecida xenofilia fazem do Brasil uma terra e um povo que oferece poucas barreiras para a aproximação e assimilação de culturas diversas. Haja vista, a quantidade de estrangeiros e descendentes de estrangeiros que vivem no Brasil, formando núcleos culturais cuja densidade só é superada pelos próprios países de origem.

Essas culturas importadas trazem crenças e religiões de toda parte do mundo que encontram no Brasil, apesar da hegemonia das religiões cristãs, um espaço em paz, para se desenvolver. O encontro e a convivência dessas religiões, mormente hoje, quando a perseguição religiosa já não encontra mais justificativas, principalmente no ocidente, criam superfícies de recobrimento e de aceitação que tornam o campo religioso brasileiro bastante complexo. Os brasileiros absorveram o Catolicismo português, o Protestantismo europeu e americano, as práticas africanas dos escravos, o misticismo e naturalismo dos indígenas, o espiritualismo e o mediunismo das religiões mediúnicas, o milenarismo dos movimentos messiânicos, a cultura da meditação e das forças naturais das religiões orientais, e até mesmo o ateísmo da influencia científica e filosófica dos últimos tempos.

Formas sincréticas aparecem, então, como representação da evolução das vivências em cada religião. Não são impurezas que se cristalizam, são tendências que se mostram vencedoras. E isso aconteceu nas diversas fases das religiões que se abrigaram no Brasil.

Por isso, o sincretismo não é outra coisa senão história. Negar o sincretismo, como fizeram muitos afro-brasilianistas de Bastide em diante, afirmando que o Catolicismo era só uma máscara da cultura africana, é negar a história. Além disso, ver o sincretismo como um problema estranho, que acontece apenas em casos peculiares, como as religiões afro-americanas, não deixa espaço para reconhecer que o tipo de práticas percebidas como sincréticas responde a um padrão da apropriação cultural, da ―estrutura da conjuntura‖, que é absolutamente comum em qualquer lugar ou tempo histórico. (SANSI, 2009, p. 154).

Essa esponja cultural, no entanto, não transforma tudo em sincretismo. Há aqui aquelas religiões que conseguem se manter razoavelmente incólumes ao assédio de novos

39 Nubuwwah significa "missão profética". Significa que o deus apontou profetas e mensageiros

movimentos, convivendo com aquelas que vivem de um mimetismo religioso-cultural, adaptando-se, para sobreviverem, aos princípios dominantes da cultura nacional, não sem tingir seus tecidos teológicos com as cores de suas concepções originais. Os velhos códigos dominantes têm a sua supremacia quebrada pela força da liberdade de pensar e crer e de se posicionar.

A ruptura do monopólio religioso não traz apenas mudanças para o campo religioso, mas, sobretudo, altera as representações da realidade. O ser humano moderno, ao olhar o mundo, já não absolutiza a dimensão religiosa e, portanto, observa a realidade fora dos limites impostos pelo modelo religioso medieval. (SANCHEZ, 2005, p. 41).

É certo que o modelo cristão predomina sobre as religiões no Brasil, mas isso se deve mais à filosofia aberta, humanista e pluralista do Cristo e de suas ideias do que a fidelidade à sua figura. São tantas as controvérsias sobre o que dele relatam os textos e as interpretações dos textos evangélicos que o Cristo se salva dessas interpretações pelos relatos de sua prática de virtude e amor ao próximo. Curiosamente poucos condenam o Cristo. O que se condena e se contrapõe é a interpretação humana de suas ideias. Mesmo muitos daqueles que se dizem portadores de uma revelação divina não agridem a sua figura, pelo contrário, tentam justificar como única e final, a interpretação que dão ao que ele disse.

O que se quer aqui justificar é que os princípios cristãos se coadunam com quaisquer condutas éticas e morais voltadas para o Bem e, portanto, fossem esses princípios atribuídos a qualquer outro personagem da história eles vingariam em boa parte das sociedades para as quais a ética, a justiça e o bom senso são importantes.

A iniciação cristã da maioria do povo brasileiro pode ser um dos fatores responsáveis pela coexistência razoavelmente pacífica das religiões, seitas e movimentos aqui existentes. A multiplicidade de origens étnicas, a vivência da democracia, a grande abertura que o Brasil dá e da qual usufrui no contexto mundial e as sobreposições que essas crenças fazem umas com a outras podem também explicar a ampla aceitação da liberdade de crença e a convivência, hoje, razoavelmente tolerante entre elas. Uma mentalidade mais ecumênica surge favorecendo um diálogo inter-religioso. A diversidade sempre existiu. A tolerância é que vem ganhando espaço. Embora o termo ecumenismo seja empregado como uma tentativa de diálogo entre as entidades cristãs, outras religiões veem na palavra ecumenismo uma visão pluralista de aceitação, no campo religioso, de todas as religiões.

Uma dificuldade visível é o ponto de vista pelo qual as religiões veem umas às outras. É sempre predominante a percepção das diferenças e não das semelhanças. É nas

diferenças que as religiões se entrincheiram destacando sempre para os seus fiéis aquilo em que não acreditam e condenam, e não aquilo que têm em comum. Isso se reflete na dificuldade de estabelecer uma tipologia para a classificação das religiões, pois ―quanto mais complexo e rico o campo religioso, maior será a dificuldade do ponto de vista teórico para formular os instrumentos que possibilitem uma compreensão adequada dele‖. (SANCHEZ, 2005, p. 104).

Por exemplo, o Espiritismo se considera uma religião cristã, porque alega seguir os preceitos morais e éticos de Jesus. Segundo a Federação Espírita Brasileira40 dentre os livros doutrinários publicados pela sua editora, ―o mais vendido é o Evangelho Segundo o Espiritismo - 3.878.000 exemplares.‖. É um dos livros mais lidos pelos espíritas, que o utilizam para estudos nas casas espíritas e no culto cristão no lar41. Nesse livro, Allan Kardec cita e comenta sobre o Evangelho de Jesus, dando a interpretação espírita às passagens do Evangelho, como fazem as religiões cristãs em seus livros. No entanto, existe uma resistência enorme por parte das religiões cristãs tradicionais, no Brasil, em aceitar o Espiritismo como religião cristã. E isso se deve ao método e instrumento de medida pelo qual essa tipologia, ―cristão‖, é avaliada por elas.

Uma análise das práticas umbandistas poderia indicar que ela se aproxima mais do Catolicismo do que do Espiritismo. Dependeria dos critérios de comparação. Considerando a existência de sacerdotes, de ritos, de dogmas, de imagens, de santos, e de liturgia, a Umbanda está mais próxima do Catolicismo do que do Espiritismo. Considerando a prática mediúnica, a crença na reencarnação e a vida após a morte a Umbanda estaria mais próxima do Espiritismo.

Embora o mosaico religioso brasileiro seja bastante diversificado, fatores como clima, imigração, maior ou menor interesse das religiões hegemônicas, cultura local, condições de vida, níveis social e econômico distribuem as religiões com densidades diferentes nas diversas áreas do Brasil. Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE e considerando o percentual dominante de adeptos em cada região, a religião católica está mais fortemente presente no Nordeste, com 72,19% da população; o Protestantismo, no Norte (28,50%) e no Centro-Oeste (26,82%); as afro-brasileiras, no Sul (0,64%) e no Sudeste (0,38%); e, o Espiritismo, no Sudeste (3,38%) e no Centro-Oeste (2,29%).

40 http://www.febnet.org.br/site/livros.php.

41 Reunião familiar, realizada nos lares espíritas que consta geralmente de uma oração de abertura, abertura ao

Os fatores que influenciaram essa distribuição vão ajudar a explicar os fatores de expansão e retração do Espiritismo nas diversas regiões brasileiras. O predomínio de certas religiões em determinadas áreas é consequência de condições sociais, como nível de renda e escolaridade e, também, das tradições religiosas dessas áreas e os sincretismos que o campo religioso local pode apresentar.

Essa multiplicidade de organizações religiosas pode ser explicada em parte pelo trânsito que ocorre entre as denominações e, destas para novas formas de expressar as variações que o gosto popular elege como necessárias para as práticas religiosas. Uma religião, ou seita, pode gerar inúmeros outros movimentos religiosos pelas cisões e diferenças que podem surgir no trato com as propostas existentes. Novas propostas, novas religiões, novas migrações entre uma e outra.

Vida após a morte, reencarnação, pluralidade dos mundos habitados, comunicação entre o mundo material e o mundo espiritual, prática irrestrita da caridade segundo o modelo cristão: é com esse arsenal de propostas que o Espiritismo vai se inserir no campo religioso. E no Brasil, onde o campo religioso é bastante variado e complexo o Espiritismo vem se aclimatando, mercê da própria matriz religiosa brasileira, bastante influenciada pelas crenças na espiritualidade e nas suas manifestações. As trajetórias da expansão do Espiritismo para além da França privilegiaram o Brasil. As ligações históricas e culturais entre o Brasil e a França se constituíram, no final do século XIX e começo do século XX, no veículo de implantação da Doutrina Espírita em solo brasileiro. Uma estrutura religiosa vai despontando a partir da investigação inicial com um conteúdo filosófico, ético e de moral cristã, bem palatável para a cultura brasileira. Um país que não teme os espíritos, nem suas manifestações, mas convive diuturnamente com eles.

No próximo capítulo vai-se estudar o fenômeno da conversão, a fé, a receptividade à religiosidade em diversas fases da vida, como forma de compreender os motivos de uma conversão. Esses estudos irão facilitar o entendimento e a construção da própria pesquisa, em que os depoimentos fornecidos por pessoas de diferentes condições sócias e vindas de diversas religiões para o Espiritismo expõem suas motivações para a sua conversão à Doutrina Espírita.

Cap. 4 – A CONVERSÃO RELIGIOSA.

Introdução.

Sendo a religiosidade um fenômeno recorrente ao cotidiano da atividade humana, ela é como um atributo do estado superior do ser humano dentro da escala evolutiva. Representa uma necessidade de equilíbrio perante as desestabilizadoras circunstâncias da dor, morte, destino, fenômenos sobrenaturais, etc., que se apresentam na vida (TERRIN, 2003). A adoção de uma religião implica aspectos diversos que vão desde a situação econômica e social, passando pela tradição, pela escolha familiar, até a aproximação com o maravilhoso ou com o sobrenatural. A escolha de uma religião depende, também, das possibilidades de acesso que cada um possa ter aos diversos tipos de cultos e crenças, e de sua capacidade de analisar qual delas satisfaz suas necessidades íntimas. Uma religião é um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os que a ela aderem. (DURKHEIM, 1989, p. 79).

A maioria das pessoas ―já nasce‖ inserida em um contexto religioso, onde os pais procuram encaminhar seus filhos para suas crenças, habituando-os ao pensar daquela religião e até mesmo criando barreiras para que a criança ou, jovem, não tenham acesso a outras religiões. Em muitos credos, durante a infância e adolescência, são inseridas cerimônias de confirmação do credo, para que a pessoa reconheça-se e seja reconhecida como um integrante daquele grupo religioso. Nesse caso, fica fortalecida uma convicção religiosa que, num primeiro momento representa o universo de opções da criatura e vai acompanhá-la pelo resto da vida, a menos que uma circunstância especial as modifique.

A ação religiosa ou magicamente motivada é, ademais, precisamente em sua forma primordial, uma ação racional, pelo menos relativamente: ainda que não seja necessariamente uma ação orientada por meios e fins, orienta-se, pelo menos, pelas regras da experiência. (WEBER, 2004, p. 279).

Se houve a mudança nas convicções, ou dúvida nas anteriormente adotadas, o indivíduo pode se sentir levado a procurar outras crenças onde encontre uma base espiritual com que mais se identifique, independentemente de qualquer juízo de valor que se possa fazer sobre a nova crença ou sobre a crença anterior. Quando a migração ocorre, e um mínimo de certeza já existe sobre a escolha realizada se diz que ocorreu uma conversão. ―Chamo

conversão ao complexo processo pelo qual uma pessoa deixa uma religião na qual esteja socializado e que tenha praticado com maior ou menor fidelidade, e decide abraçar outra‖ (KAN, 2000, p. 103). Cada pessoa vivencia a sua conversão a seu modo, tendo em vista o ambiente em que vive e a capacidade maior ou menor de absorver o conjunto de conhecimentos ou práticas da nova crença. ―Toda religião é sempre, com efeito, um evento singular, particularíssimo, imprevisível e inesperado, que continua pelo menos de início, enigmático também para aquele que nela está envolvido diretamente.‖ (SALATI, 1999, p. 120).

Não cabe aqui questionar qual crença pode ser considerada ou não uma religião. Isso já vem sendo discutido exaustivamente pelos teóricos do assunto. Usaremos o termo religião para indicar qualquer crença devotada à veneração de uma divindade ou figuras notáveis e mesmo àquelas crenças apenas voltadas para o culto do espiritual, do transcendental. ―Se nos pedissem para caracterizar a vida da religião no sentido mais amplo e mais geral possível, poderíamos dizer que ela consiste na crença de que existe uma ordem invisível e que o nosso bem supremo reside em ajustarmo-nos harmoniosamente a ela.‖ (JAMES, 1991, p. 44).

A religião envolve o ser humano pelo seu aspecto transcendental, isto é, pelas circunstâncias da vida que dizem respeito ao lado espiritual que existe em todos nós. Como existe um infindável número de religiões há, também, um infindável numero de razões pelos quais cada ser humano escolhe a sua. Num primeiro momento, durante a infância, a adoção de uma religião é inconsciente. Na maioria dos casos ela é escolhida para nós e não por nós. Isso porque, na maioria dos casos a religião já faz parte do ambiente em que nascemos e já estava adotada pela nossa família ou pelo nosso grupo social. Muito antes de nos declararmos, ―somos declarados‖ desta ou daquela religião pelos nossos pais ou pelo nosso grupo social.

A construção das identidades religiosas está intimamente relacionada, não apenas com o novo grupo religioso ao qual se integra o indivíduo, como também com a sua origem familiar, o tipo de sociedade, região cultural e sua posição social e econômica na sociedade, com respeito a outros setores sociais. (KAN, 2000, p. 127).

Esse sentido de religiosidade que influencia o indivíduo e o posiciona perante os outros indivíduos, reconhecendo e sendo reconhecido como participante de uma crença comum o acomoda. Seguro dentro das suas necessidades interiores e dentro da sociedade que o acolhe, sua tendência é permanecer fiel à sua crença. Até que uma ocorrência, um acontecimento trivial ou importante ameace esse estado de equilíbrio e o indivíduo passe a estar vulnerável a uma mudança de convicções. Nos nossos tempos, diferentemente do que

ocorria em séculos anteriores, há um questionamento permanente de todo o status quo. A humanidade passou por revoluções na cultura e no pensamento que abalaram as suas convicções, revelando a necessidade de propostas mais racionais, inclusive no campo das religiões.

É como acordar numa manhã e encontrar um mundo que não é mais o de sempre, familiar, conhecido. É assim que ocorre e está ocorrendo no mundo religioso a respeito de nossas tradições, de nossos códigos convencionais estabelecidos e consolidados por toda uma tradição. O mundo religioso era uma parte das nossas esperanças, das nossas conquistas históricas, tradicionais, culturais; até essa porção de mundo agora está mudando e está se transformando com uma aceleração insuspeitada. (TERRIN, 2003, p. 347).

Esse clima de mudanças e de suspeitas do estabelecido enseja migrações nas convicções das pessoas. Uma realidade científica abalou nos últimos quinhentos anos o significado da palavra certeza. A própria Teoria da Relatividade, de Einstein, passou a considerar tudo como apenas uma probabilidade, limitada no espaço e no tempo. O acesso a novas ideias facilitado pelo rompimento das barreiras de comunicação e de informação, aliado à melhoria do senso crítico vindo da evolução e da experiência pessoal e coletiva favorecem a relação dos fiéis de uma religião com outras perspectivas para a solução dos velhos problemas explicados pelas religiões. Tudo isso parece oferecer um largo campo para a mudança de religião, em que esse trânsito se processa com mais diversidade e facilidade quanto maior o contato do indivíduo com a multiplicidade de opções religiosas. Neste capítulo vai-se estudar o fenômeno da conversão considerando alguns elementos do seu universo: a fé, a religião, a experiência religiosa.