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A PRESENÇA DA TECNOLOGIA INFORMÁTICA (TI) NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA.

Geometria Limites, Derivada e

3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO ENSINO E APRENDIZAGEM DE TRIGONOMETRIA POR MEIO DO USO DO SOFTWARE GEOGEBRA.

3.1 A PRESENÇA DA TECNOLOGIA INFORMÁTICA (TI) NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA.

As constantes mudanças impostas pela sociedade da informação e a presença das tecnologias nas mais variadas camadas da sociedade, têm significado um repensar na educação e na sua forma de montar os currículos escolares. Pesquisas que analisam as potencialidades da TI em sala de aula ressaltam a sua relevância no ensino de Matemática. Borba e Penteado (2007) e Scheffer (2002) asseguram que a Tecnologia Informática pode ser uma grande aliada no ensino da Matemática, visto que permite a experimentação e a ênfase no processo de visualização. Ao incluir a TI como parte das atividades em sala de aula, o aluno realiza descobertas incentivando a compreensão e dando significado ao conhecimento matemático.

Ponte (2003) afirma que os professores de Matemática, em sua prática, precisam saber usar as ferramentas das Tecnologias da Informação e Comunicação em suas salas de aula, incluindo softwares educacionais próprios da sua disciplina ou de educação no âmbito geral. Essas ferramentas são consideradas por Kenski (2009) não apenas um suporte, pois interferem em nossa forma de pensar, de nos relacionarmos, de adquirirmos conhecimentos. A autora destaca ainda que meios de comunicação como a televisão e o computador, através de seus recursos, movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo que circula nesses meios.

Tais recursos, quando utilizados adequadamente, podem provocar mudanças na postura do professor e dos alunos no sentido de auxiliar na compreensão do que está sendo estudado. Porém, para que estas mudanças possam ocorrer, são necessárias algumas ações, igualmente importantes, como equipar as escolas com salas de informática com computadores ligados à internet e apoiar o professor para utilizar pedagogicamente estas tecnologias.

Os incentivos por parte dos órgãos governamentais para que sejam utilizados os recursos da informática em sala de aula têm aumentado consideravelmente. Por exemplo, o PROINFO15, desenvolvido pelo governo federal, é um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para o uso das máquinas e tecnologias.

No Rio Grande do Norte boa parte das escolas da rede estadual de ensino já possue um laboratório de informática16, equipado com uma TV, DVD e kit multimídia. Com a chegada destes recursos nas escolas, foram promovidos cursos de introdução à informática, onde se tinha um treinamento sobre como utilizar algumas ferramentas básicas. Dessa maneira, os professores se sentiram obrigados a utilizarem esses recursos, mesmo não sendo formados para o uso pedagógico das TI, passando a utilizar com freqüência apresentações de conteúdos com recursos da informática e não mais na lousa.

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Programa Nacional de Informática na Educação.

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Contudo em algumas escolas do RN os computadores não foram instalados, muitos laboratórios estão desativados por questões de infra-estrutura ou por falta de pessoal habilitado para colocar as máquinas em funcionamento. Assim, destacamos a importância de pensar uma mudança na forma do uso destas tecnologias na escola.

As discussões sobre o uso dessa tecnologia na educação têm se apresentado de forma constante na literatura nacional e internacional sobre Educação, em particular na Educação Matemática. O interesse dos alunos por essas ferramentas vem motivando os professores e pesquisadores a buscarem formas de aliar o uso da informática ao ensino e aprendizagem de Matemática.

Focando no tema deste trabalho, segundo Costa (1997), o uso do software Cabri-Géomètre teve uma grande contribuição na criação de situações que facilitaram o entendimento e o processo de construção dos conhecimentos dos alunos sobre as funções trigonométricas. Portanto, o desenvolvimento de atividades aliada ao uso do computador pode ser um facilitador na construção dos conceitos da trigonometria.

Borba e Penteado (2007) apresentam ganhos no uso da TI na Educação Matemática apontando argumentos favoráveis ao uso desses recursos.

Pesquisas já feitas em nosso grupo de pesquisas, GPIMEM – Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação Matemática –, apontam para a possibilidade de que trabalhar com os computadores abre novas perspectivas para a profissão docente. O computador, portanto, pode ser um problema a mais na vida atribulada do professor, mas pode também desencadear o surgimento de novas possibilidades para o seu desenvolvimento como um profissional da educação. (BORBA e PENTEADO, 2007, p. 15).

Outro argumento favorável refere-se à motivação que esse recurso provoca no aluno pelo seu dinamismo. Essas considerações tornam-se evidentes, ao analisarmos os efeitos da TI no ensino de Matemática, sendo através de calculadoras gráficas ou através de software de geometria dinâmica. A representação gráfica e a movimentação na tela proporcionam uma visualização que não pode ser percebida com lápis e papel ou na lousa.

Assim sendo, quando a informática faz parte do ambiente escolar num processo dinâmico de interação entre alunos, professores e TI, ela passa a despertar

no professor a sensibilidade para as diferentes possibilidades de representação da Matemática, o que é importante no momento de realizar construções, análises, observações de regularidades e ao estabelecer relações.

Para Scheffer (2002), quando a informática é trabalhada na escola na perspectiva de produzir conhecimentos, o aluno é levado a fazer análises de modo a poder refletir sobre seus procedimentos de solução, testes e conceitos empregados na resolução de problemas.

Nesse sentido, Kaput e Thompson (1994 apud SCHEFFER, 2002), quando se referem à pesquisa com tecnologias na Educação Matemática, destacam três aspectos que podem promover uma profunda transformação na experiência de fazer e aprender matemática: Interatividade – proporciona a interação entre o homem e o saber produzido; Controle utilizável dos ambientes de aprendizagem – favorece a resolução de problemas, e Conectividade – que possibilita a conexão entre professores e alunos de diferentes partes do mundo.

Documentos oficiais, como as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio (PCNEM), oferecem diretrizes para o uso desses recursos em sala de aula. Uma das recomendações dos PCNEM17, no que se refere a desenvolver a capacidade de comunicação, destaca a relevância dos estudantes saberem utilizar as tecnologias básicas de redação e informação, com os recursos do computador. Ao discorrer sobre a contextualização sociocultural, ressaltam que os alunos necessitam construir a competência de utilizar adequadamente calculadoras e computador, reconhecendo suas limitações e suas potencialidades.

Segundo Valente (1999), existe formas diferenciadas de se trabalhar com o computador na educação. As atividades de uso do computador podem ser para transmitir informação ao aluno e consiste na informatização dos tradicionais métodos de ensino, nesse caso, o professor está apenas mudando de mídia, saindo do quadro e giz para o computador. Outra prática diz respeito a quando o aluno usa o computador para construir seus conhecimentos, caso que favorece a interação do aluno com objetos do ambiente computacional. O computador passa a ser uma máquina para ser ensinada, propiciando condições para o aluno descrever a resolução de problemas, refletir sobre os resultados obtidos e depurar18 suas ideias por intermédio da busca de

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Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

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novos conteúdos e novas estratégias. Ainda segundo Valente (1999), o envolvimento com o objeto em construção cria oportunidades para o aluno colocar em prática os conhecimentos que possui. Se esses conhecimentos não são suficientes para resolver os problemas encontrados, o aluno terá de buscar novas informações nas mais variadas fontes que lhe estejam disponíveis.

Assim sendo, o aluno usa o computador para resolver problemas, ou seja, realizar tarefas como desenhar, escrever, construir, calcular, analisar, após efetuar alguns comandos, levantar hipóteses, formular e testar conjectura, entre outras possibilidades. A construção do conhecimento advém do fato do aluno ter de buscar novos conteúdos e estratégias para acrescer ao conhecimento de que já dispõe sobre o assunto que está sendo estudado via computador.

Borba e Penteado (2007) apontam algumas dificuldades enfrentadas pelos professores ao utilizarem a informática em sala de aula. Primeiro podemos destacar os de ordem estrutural, salas pequenas com poucas máquinas que não comportam metade da turma, a outra metade precisa ficar sozinha em sala, visto que grande parte das escolas não dispõe de um profissional que os auxiliem em sala. Máquinas que quebram constantemente, softwares que são desinstalados e a internet que nem sempre funciona, entre outros problemas.

Destacam ainda que, para explorar o potencial educacional da Tecnologia Informática (TI), é preciso haver mudanças na organização da escola, em especial no trabalho do professor. Quanto à postura desses profissionais, descrevem que as mudanças envolvem desde questões operacionais, organização do espaço físico e a integração entre o novo e o que costumavam fazer. Até mesmo questões epistemológicas, como as referentes ao que chamam de zona de risco19. Os educadores saem de sua zona de conforto20, onde têm controle da situação, para um estágio no qual o índice de certeza e controle da situação de ensino é muito pequeno. Para trabalhar com a TI, o professor necessita de tempo para explorar o

software escolhido, planejar atividades, procurar entender o funcionamento das

máquinas e fazer os agendamentos, visto que o laboratório é utilizado por outros colegas nos mais variados componentes curriculares. Podemos perceber que, de modo geral, planejar é uma estratégia que deve ser uma constante na vida do

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Definição de Penteado (2007) para um ambiente onde não se tem domínio das situações que são apresentadas.

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professor que opta trabalhar com essa ferramenta. Planejar inclusive para situações como, por exemplo, as atividades propostas para o laboratório não funcionarem, se o laboratório estiver interditado, ou qualquer imprevisto que possa vir a acontecer. Para isso deve criar, antecipadamente, outras atividades para realizar com os alunos.

Inúmeras são as contribuições que a informática pode trazer para o ensino e aprendizagem de Matemática, quando o professor se propõe a trabalhar com esses recursos em suas salas de aula.

Desse modo, de acordo com Borba Penteado (2007), a TI é importante nas práticas educacionais, como, por exemplo, na modelagem matemática, na formação de professores, na resolução de problemas e trabalhos com projetos que têm sido valorizados nas pesquisas em Educação Matemática.

Algumas mudanças percebidas por Penteado (2000) em seus estudos com os recursos da TI se referem à relação professor/aluno. Os alunos, em sua grande maioria, apresentam facilidades em utilizar a informática e os equipamentos de mídias, ou seja, eles passam também a orientar em sala de aula, questionam resultados, analisam possíveis erros e investigam outras possibilidades que a ferramenta oferece.

A presença da TI altera as relações de poder na sala de aula. À frente de um computador o aluno faz várias opções. Pode acessar softwares, usar ajuda

online, comparar com programas e equipamentos que possuem em casa e

descobrir caminhos novos que o professor desconhece. (PENTEADO, 2000, p. 31).

Assim, como aponta a autora, o poder pelo domínio do conhecimento muda, a informação não está só nas mãos do professor. O aluno, em alguns casos, tem um maior domínio da informática do que os professores. Os alunos conquistam a cada dia mais espaço nas negociações em sala de aula. Para isso, os professores precisam estar abertos à ajuda do aluno ou até mesmo a buscar ajuda com outros colegas de profissão, funcionários e técnicos que tenham domínio das ferramentas da informática na escola ou nas secretarias de educação.

Zulatto (2002) corrobora com Valente (1999), ao afirmar as muitas possibilidades que a TI oferece para a educação, porém, é preciso ter uma atenção voltada para a forma como as propostas de ensino são interpretadas e implementadas

pelos professores, de forma que não seja apenas uma mera informatização do processo de ensino. Para que a TI auxilie o processo de construção do conhecimento, é importante que aconteçam algumas mudanças na escola, que vão além da formação de professores, e devem passar por todos os segmentos: alunos, professores, pais, direção e supervisão pedagógica.

Em seus estudos sobre formação de professores integrados ao uso das novas tecnologias na Educação Matemática, Ponte e Oliveira (2001) apresentam o seguinte pensamento sobre a internet no ensino de matemática:

A internet, como rede mundial de computadores, constitui um extensíssimo manancial de recursos onde podemos procurar todo o tipo de informações, documentos, notícias sobre acontecimentos, software, sugestões para a sala de aula, etc. Possibilita, também, um espaço de publicação das nossas próprias produções, que ficam assim disponíveis para um público alargado. Mas, mais do que um instrumento de acesso à informação e um meio de divulgação de produtos educacionais, a internet permite a interação virtual entre pessoas envolvidas em atividades muito diversas, incluindo professores, alunos, pais, futuros professores, formadores, cientistas, profissionais, políticos e muitos outros agentes sociais. (PONTE; OLIVEIRA, 2001, p. 65-70).

A internet pode ser vista como uma ferramenta a mais no planejamento dos professores, mesmo no ensino presencial é possível perceber as facilidades de comunicação através dessa ferramenta, podendo ter um impacto significativo no ensino de Matemática, possibilitando o trabalho com projeto e atividades que promovam a investigação.

Outro argumento favorável ao uso da TI em sala de aula diz respeito às oportunidades de troca de experiências entre educadores. Diversas comunidades virtuais têm surgido no campo do ensino da Matemática. Podemos destacar um grande número de cursos de formação de professores, lista de discussões, blogs, sites e comunidades com orientações de uso da TI em sala de aula.