• Nenhum resultado encontrado

4.1 SILOS

4.1.2 Carregamentos

4.1.2.1 Pressões devidas ao produto armazenado

4.1.2.1.2 Pressões na parede do silo

Existem muitas maneiras de se calcular as pressões nas paredes do silo devido ao armazenamento do produto. Uma delas é a Teoria de Janssen (1895), que é válida apenas para a condição de carregamento (equilíbrio estático). O modelo proposto por Janssen pode ser utilizado para cálculo de pressões de descarregamento (pressões dinâmicas) utilizando-se coeficientes de sobrepressão, e este procedimento é aceito por diversas normas, entre elas DIN 1055-6:2005 (norma alemã), AS 3774:1996 (norma australiana), Eurocode 1-4 (2006) (norma europeia), e ACI 313 (2016) (norma americana).

Pham (1983) afirma que a pressão lateral existente em um silo se comporta conforme o ciclo de operação mostrado na Figura 4.3, isto é, a pressão lateral existente no silo é variável com o tempo, e durante a vida útil da estrutura existem ciclos de carregamento-armazenamento-descarregamento em que as pressões devem ser avaliadas.

Figura 4.3 - Ciclo de operação simplificado de um silo Fonte: Pham, 1983

Pressão no carregamento e no armazenamento

O modelo proposto por Janssen foi deduzido a partir do equilíbrio estático do produto armazenado, considerando-se uma camada infinitesimal do produto armazenado. O desenvolvimento do modelo é apresentado no ANEXO B. Para que a teoria seja válida são consideradas as hipóteses: a pressão horizontal é constante no plano horizontal; o valor do ângulo de atrito do produto com a parede é constante em todo o silo; a relação entre as pressões horizontais e verticais é constante em toda a altura do silo.

A fórmula de Janssen para o cálculo da pressão horizontal ph(z) é apresentada na equação (4.1):

(4.1) sendo,

ph(z) pressão horizontal na profundidade z da parede; peso específico do produto armazenado;

R raio hidráulico da seção transversal da célula ( ); U perímetro da seção transversal da estrutura;

A área da seção transversal da estrutura; coeficiente de atrito interno do produto;

K relação entre pressão horizontal e pressão vertical; z profundidade de verificação.

A partir da formulação para o cálculo da pressão horizontal, é possível obter a pressão vertical pv(z), considerando-se que a relação entre as pressões verticais e horizontais é constante em todo o silo de acordo com a equação (4.2):

(4.2)

Estas formulações não consideram qualquer assimetria. Já a norma Eurocode 1-4 (2006) recomenda a aplicação de pressões locais conforme mostrado na Figura 4.4, de forma a levar em conta quaisquer imperfeições que existam nas paredes do silo e possíveis excentricidades. A pressão local extra (ppf) pode ser aplicada em qualquer altura do silo, devendo ser utilizada em conjunto com a pressão local complementar (ppfi). Ressalta-se que este carregamento, da forma como exposto neste trabalho, é utilizado apenas para silos de concreto armado, pois seria necessário um tratamento diferenciado para silos metálicos. As pressões ppf e ppfi podem ser calculadas com as equações (4.3) e (4.4), respectivamente:

(4.3)

(4.4)

O valor do coeficiente Cpf pode ser calculado pela expressão (4.5): (4.5)

onde,

ef é a excentricidade máxima da superfície do produto em relação ao centro do silo durante o carregamento;

Cop é o fator de referência do sólido para pressão local e pode ser obtido na Tabela A.1 presente no ANEXO A;

Hc é a altura da transição da parede até a superfície equivalente; D é o diâmetro interno da seção transversal do silo.

A dimensão na qual deve ser aplicada a pressão ppf é dada pela expressão (4.6):

Figura 4.4 - Vista lateral e em planta de carregamentos locais nas paredes de silo de seção circular Fonte: adaptado de Eurocode 1-4 (2006)

Pressões no descarregamento ACI 313 (2016)

A norma ACI 313 (2016) determina que as pressões estáticas obtidas pela Teoria de Janssen, na fase de descarregamento devem ser multiplicadas por um fator de sobrepressão (Cd) igual a 1,6.

Pressões no descarregamento Eurocode 1-4 (2006)

O Eurocode 1-4 (2006) estabelece classes de silo que devem ser adotadas em projeto, como pode ser visto na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Classes de ações para silos segundo Eurocode 1-4 (2006) Classe de

ações Descrição

Classe 3

Silos de capacidade maior de 10000 toneladas

Silos de capacidade maior de 1000 toneladas em que ocorra: Esvaziamento excêntrico e/dc>0,25

Excentricidade de superfície ei/dc >0,25 Classe 2 Silos que não se encaixam nas Classes 1 e 3 Classe 1 Silos com capacidade menor que 100 toneladas

Fonte: Adaptado de Eurocode 1-4 (2006)

Por outro lado, o Eurocode 1-4 (2006), apesar de também utilizar coeficientes de sobrepressão, sugere valores diferentes. Se o descarregamento acontece pelo topo, o coeficiente adotado é 1; já para silos esbeltos de classes 2 e 3,

o valor do coeficiente de sobrepressão horizontal (Ch) deve ser igual a 1,15 e o valor do coeficiente de sobrepressão vertical (Cv) deve ser igual a 1,1.

Para silos de classe de ações 1 são fornecidas as expressões (4.7) e (4.8) para definir os coeficientes Ch e Cv, respectivamente:

(4.7)

(4.8)

sendo os valores para Cop obtidos na Tabela A.1.

O Eurocode 1-4 (2006), ainda para o caso de descarga de silos, acrescenta pressões locais (ppe) analogamente ao que é feito para as pressões estáticas. Essas pressões são obtidas pela equação (4.9):

(4.9)

Se Hc/D for maior que 1,2 o valor de Cpe é dado pela expressão (4.10):

(4.10)

Caso Hc/D seja menor ou igual a 1,2 o valor é dado pelo maior valor entre as expressões (4.10) e (4.11):

(4.11) sendo

Cpe fator de majoração da pressão local;

phe é o valor da pressão ph(z) da teoria de Janssen multiplicado pelos coeficientes de sobrepressão;

ppe pressão local durante o descarregamento;

Cop é o fator de referência do sólido para pressão local pode ser obtido na Tabela A.1 presente no ANEXO A.

Para a determinação da área em que deve ser aplicada esta pressão extra (ppe), utiliza-se a expressão (4.6). No restante do silo, caso se tenha um silo de parede espessa (geralmente de concreto armado), há uma pressão contrária (ppei), calculada pela equação (4.12) e que deve ser distribuída conforme Figura 4.4:

Documentos relacionados