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Prevenção de quedas nos idosos

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 53-56)

3. E NQUADRAMENTO T EÓRICO

3.2. Quedas nos idosos

3.2.4. Prevenção de quedas nos idosos

Verifica-se em todo o mundo um maior número de idosos que vive mais tempo. Isto implica adaptações familiares, sociais, urbanas e industriais. Atendendo às alterações decorrentes da idade associadas a determinados fatores de risco, promovem no idoso, por vezes, alguma dependência impedindo-os de serem autónomos em diferentes AVDs, o que os impele para a necessidade quer de apoio familiar quer de apoio institucional, nomeadamente apoio de centros de dia (Azevedo et al., 2014).

Mesmo frequentando instituições, os idosos, pela sua idade, pelo seu estado de saúde, pelo seu estado nutricional, bem como pelos comportamentos individuais adotados, tornam-se vulneráveis às quedas. Se o regime institucional for, por exemplo, o centro de dia, que lhes permite regressar a sua casa no final do dia, ficando mais expostos e sem amparo familiar aos riscos do meio habitacional, a probabilidade de cair aumenta. Todas as divisões da casa podem representar risco de acidentes, existem objetos e situações que apresentam risco, desde um tapete que não está devidamente fixo, nem tem proteção antiderrapante, ou uma gaveta ou porta de um armário que, por esquecimento, ficou aberta, o fio do telefone ou de candeeiros soltos, as escadas sem corrimão, o pavimento molhado, entre muitas outras. Estas e outras situações podem provocar quedas e traumatismos muito graves (DGS & Fundação MAPFRE, 2012).

Ao compreender o que está na origem das quedas, é possível reduzir as lesões provocadas pelas mesmas em 38%, recorrendo a métodos simples e de baixo custo. Diferentes fatores de risco em simultâneo podem aumentar a probabilidade de cair, contudo, se se fizerem pequenos ajustes, quer na habitação do idoso e/ou no estilo de vida dos mesmos, aumenta-se a segurança e poder-se-á evitar a ocorrência destes eventos, de danos físicos, perda de

autonomia e, consequentemente, agravamento do estado de saúde e QV dos idosos (Buskman et al., 2008; DGS, 2008).

Evitar as quedas e as suas consequências permite a promoção de um envelhecimento saudável (Peel et al., 2007). Autores como Stevens e Olson (2000), recomendam que a prevenção das quedas deve ser conseguida através de uma combinação de diferentes intervenções ao nível de múltiplos fatores, com o objetivo de sensibilizar através de medidas de modificação de atitudes, modificação de comportamentos e modificações estruturais, através da realização de campanhas nos principais meios de comunicação social, panfletos e vídeos, campanhas de incentivo à prática de exercício físico e, ainda, fazendo alterações no ambiente onde o idoso habita.

Fiura XX Intervenção multifatorial Os idosos podem e devem assumir um papel dinâmico na redução destes eventos, atuando com base na compreensão da importância das medidas de modificação e adotando padrões que pretendem reduzir este tipo de acidentes (Skelton & Todd, 2004). Dotar os idosos de conhecimentos, conferindo-lhes um papel interventivo, permite optar e tomar decisões adequadas à saúde e ao bem-estar físico, social e mental.

O Estado Português tem mostrado preocupação a este respeito e estabeleceu no Programa Nacional de Prevenção de Acidentes 2010-2016 (DGS, 2009), mais especificamente no seu segundo eixo, o reforço da ação comunitária em promoção da segurança e prevenção dos acidentes, onde se pretende sensibilizar os idosos (público em geral) para as questões de segurança, os determinantes sociais dos acidentes não intencionais, as questões de género, assim como os ambientes de maior risco. Estas ações deverão promover mudança de atitudes e comportamentos e reforço da segurança dirigida a pessoas idosas.

Medidas de modificação estruturais comportamen

tos

atitudes

Campanhas tais como treinos e exercícios, incentivos e recompensas;

Alterações ambientais e regulamentação. Campanhas nos principais meios de comunicação social, panfletos e vídeos;

De modo mais abrangente, Maciel (2010) sustenta que as medidas preventivas para a diminuição das quedas nos idosos devem envolver orientações, tanto para os idosos como para os seus familiares, e envolverem a perceção sobre: a) fatores de risco e consequências das quedas; b) correção de fatores de risco ambiental; c) estilo de vida dos idosos, onde se destaca a alimentação e atividade física; d) avaliação do estado cognitivo; e) independência nas AVDs e condições sociais; f) supervisão de prescrição e correção de polifarmácia; g) avaliação oftalmológica uma vez por ano; h) avaliação nutricional; i) indicação de fisioterapia e exercícios físicos, como medidas de promoção da saúde, nomeadamente na prevenção e tratamento de osteoporose.

Na opinião de Buskman et al. (2008), as medidas de intervenção para reduzir o risco de quedas nos idosos passam pela otimização medicamentosa, prática de exercício físico para aumentar a força muscular e o equilíbrio, correção dos fatores de risco ambientais, correção visual e intervenções multifatoriais, onde se incluem geralmente exercícios físicos, correção da hipotensão ortostática, revisão de medicamentos e aconselhamento sobre prevenção de quedas.

Bauer (2012), afirma que as intervenções isoladas parecem não demonstrar grande eficácia. A revisão de medicação ou alterações no ambiente físico, por si só, não apresentam resultados benéficos ou significativos. O tratamento da hipotensão postural, controlo de problemas de saúde como a diminuição da acuidade visual, problemas cardiovasculares e arritmias cardíacas, são também fatores preventivos de quedas. Atenção igual deve ser dada às alterações na alimentação dos idosos. Avaliar o estado nutricional, como primeira e principal medida de redução dos custos e melhorar resultados de saúde, optando-se pela prevenção aplicando rastreios sistemáticos e da monitorização do estado nutricional.

De acordo com Oliver et al. (2007), não há uma fórmula única para evitar a ocorrência de quedas, mas sim medidas de intervenção que podem ser tomadas e que em muito contribuem para reduzir estes eventos. Essas medidas devem ser amplas, com efetivas intervenções ao nível dos diferentes fatores de risco.

Intervenções isoladas têm um menor impacto na redução das quedas. O Programa Nacional de Prevenção de Acidentes 2010-2016 (DGS, 2009) assenta, entre outros, no princípio da prevenção dos acidentes através de ações dirigidas para os grupos vulneráveis e os principais fatores de risco, à melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, desde a emergência pré-

hospitalar até à criação de serviços integrados para as vítimas e as suas famílias. Pô-lo em prática inclui formação dos profissionais para poderem intervir de forma competente, traduzindo-se em melhoria dos comportamentos e, consequentemente em ganhos em saúde.

O mesmo programa estabelece, ainda, oito eixos estratégicos de intervenção, sendo que, no que diz respeito às quedas, se destaca o primeiro, que pretende capacitar os profissionais para a promoção da segurança, a prevenção dos acidentes e o desenvolvimento de aptidões para gerir o risco.

Torna-se imperativo formar os profissionais que lidam diariamente com idosos, que cooperem na promoção da segurança, na prevenção dos acidentes em ambientes específicos e na gestão do risco dos grupos vulneráveis.

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 53-56)