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Projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir”

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 62-65)

4. P REPARAÇÃO O PERACIONAL DO P ROJETO DE I NTERVENÇÃO C OMUNITÁRIA

4.1. Projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir”

Na União Europeia ocorrem cerca de 40 000 mortes por cada 100 000 idosos devido à ocorrência de quedas (Sethi, Racioppi, Baumgarten & Vida, 2006). Segundo dados da European Mortality Database, Portugal é dos países europeus com menor taxa de mortalidade por queda (WHO, 2009). Ainda assim, os idosos com mais de 80 anos têm uma taxa de mortalidade devido a quedas seis vezes superior aos idosos entre os 65 e os 79 anos, justificada pela maior fragilidade física, o que os torna mais vulneráveis e daí a maior propensão para caírem mais vezes.

A idade é um grande fator de risco para lesões por quedas, 30% das pessoas com mais de 65 anos e 50% com mais de 80 anos caem todos os anos. Os idosos que caem uma vez, têm uma probabilidade duas a três vezes superior de cair novamente no ano seguinte. Vinte a trinta por cento dos idosos que caem sofrem lesões que reduzem a mobilidade e independência e aumentam o risco de morte prematura (Buskman et al., 2008; Skelton & Todd, 2004).

Autores como Fabrício, Rodrigues e Costa Jr. (2004) e Contreiras e Rodrigues (2014), referem que as quedas são o acidente doméstico mais frequente, acontecem na sua maioria em pessoas idosas dentro de sua casa, representam a principal etiologia de morte acidental em

pessoas com idade acima dos 65 anos. Esta lesão acidental é a sexta causa de morte em pessoas com ≥75 anos, representando 70% das mortes por esta causa.

As consequências das quedas são várias, salientando-se a incapacidade associada, quer a nível físico, quer psicológico, e por vezes tem como consequência a morte. Estas situações têm elevados custos sociais e económicos, que conduzem a importante perda de autonomia e QV entre os idosos, podem igualmente repercutir-se nos seus cuidadores, principalmente familiares, que necessitam mobilizar esforços, adaptando toda sua organização familiar em função da recuperação ou adaptação do idoso após a queda (Maia, Viana, Arantes & Alencar, 2011). No entanto, se forem adotadas estratégias que permitam a sensibilização dos idosos e a capacitação de quem os cuida, no sentido de promover o desenvolvimento de conhecimentos específicos sobre prevenção de quedas, pode ser um contributo importante para prevenir a ocorrência destes eventos.

É do conhecimento geral que as quedas podem acontecer em qualquer lugar, contudo, atuar na prevenção é um investimento essencial para minimizar o risco de queda e, consequentemente, os seus danos para a integridade física dos idosos. O PNPA, elemento integrante do PNS 2010-2016, assenta nos princípios da promoção da saúde e da segurança dirigida aos grupos vulneráveis, e aos ambientes onde habitam, à prevenção dos acidentes através de ações dirigidas aos cuidadores diretos e aos principais fatores de risco. Um dos eixos estratégicos deste programa é o reforço da ação comunitária em promoção da segurança e prevenção de acidentes A formação dos que cuidam diretamente dos idosos, pode intervir de forma competente na monitorização dos acidentes não intencionais (DGS, 2009).

As recomendações da DGS (2009) apontam para que as ações devam ser dirigidas a grupos prioritários e vulneráveis, tal como são as pessoas idosas e os demais idosos com limitações funcionais e, por isso, suscetíveis a acidentes/quedas.

Tal como descrito na Carta de Ottawa (OMS, 1986), a promoção da saúde pretende munir as pessoas e as comunidades de competências que lhes permitam tomar decisões atempadas e baseadas no conhecimento, influenciando o controlo e melhoria da sua saúde. Para se obter ganhos em saúde, com equidade e justiça social, é essencial a aposta no desenvolvimento comunitário, empoderamento comunitário e capacitação comunitária. A capacitação resultará do acesso à informação, a experiências e habilidades na vida, e à liberdade para a escolha de uma vida mais saudável, com ambientes favoráveis, onde se inclui, entre outros, a mudança

dos estilos de vida e no meio ambiente, contribuindo para um significativo impacto na saúde. O desenvolvimento de habilidades especiais da população passa pela EpS dos idosos sensibilizando-os para a prevenção e pela formação das AAD, capacitando-as também para a prevenção de quedas em idosos.

O aumento marcado do número de pessoas idosas trouxe novas necessidades em saúde para as quais é essencial encontrar soluções adequadas. De facto, com a idade surgem diversas alterações resultantes do envelhecimento, que podem conduzir à perda da capacidade funcional necessária para a realização das AVDs, mais ou menos marcada (Botelho, 2007), com necessidade de atenção, dado que se pretende manter a autonomia e independência funcional dos idosos, no seu meio habitacional o mais tempo possível.

Os idosos, por serem uma população mais vulnerável, ficam muitas vezes sujeita a acidentes, entre os quais as quedas, que resultam num problema de saúde global que envolve a pessoa, família, economia e a sociedade, mediante a gravidade das lesões provocadas pelas quedas. Oferecer resposta a esta situação é urgente, sendo neste contexto que surge o presente projeto de intervenção.

Sendo a prevenção, a proteção e a promoção da saúde, os pilares da sustentação da atividade profissional do EEECSP, e tendo em consideração as necessidades em saúde sobre esta temática junto dos idosos que frequentam assiduamente os centros de dia em estudo e AAD, afetos à área geográfica da UCC Mateus, pareceu-nos pertinente e atual desenvolver um projeto de intervenção nesta área.

Refletindo sobre a temática e com base nas necessidades identificadas no diagnóstico de situação de saúde previamente elaborado, tornam urgente a necessidade de intervir atempadamente numa lógica preventiva junto das AAD, veículo facilitador de informação e vigilância de risco, não descurando a necessidade de intervir nos idosos, principais vítimas de quedas que poderiam facilmente ser evitadas.

Desta forma, justificam este projeto de intervenção as seguintes razões: i) A importância do problema, dado saber-se que a maioria dos acidentes com pessoas idosas acontece dentro de casa, onde as quedas são o acidente doméstico mais frequente (Fabrício et al., 2004); ii) Implicações diretas para a QV e bem-estar das pessoas idosas (Nicolussi et al., 2012); iii) Impactos e complicações das quedas em pessoas idosas, com todos os gastos que tal acontecimento acarreta, quer individuais, quer familiares, quer dos serviços de saúde

(Nascimento et al., 2009); iv) Possibilidade de prevenção, pois sendo as quedas acontecimentos recorrentes na população idosa, a elaboração de estratégias de prevenção e cuidados de saúde adequados passa pelo conhecimento dos fatores que as causam (Cruz et al., 2007); v) As AAD constituem as colaboradoras de excelência na transmissão do saber, alertando para os fatores de risco e modo de prevenção das quedas nos idosos, pelo que se torna importante e necessário capacitar para a prevenção de quedas.

Neste contexto, considerámos pertinente levar a cabo este projeto de intervenção, dirigido às AAD e idosos, numa tentativa de promover a capacitação das AAD e sensibilização dos idosos para a prevenção de quedas, obtendo ganhos em saúde, através da melhoria dos conhecimentos, diminuindo, assim, a fasquia numérica de vítimas destes acidentes com todas as implicações que uma queda acarreta na vida dos idosos e de todos os que os rodeiam.

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 62-65)