• Nenhum resultado encontrado

A VALIAÇÃO DO P ROJETO “R ISCO DE Q UEDA : C APACITAR PARA P REVENIR ”

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 101-107)

ações desenvolvidas. Tavares (1992) complementa afirmando que, por um lado, a avaliação permite determinar a dimensão de sucesso na realização de um objetivo e, por outro, permite comparar os objetivos e estratégias delineadas com o grau de adequação dos mesmos, ou seja, determinar o grau de sucesso dos objetivos planeados, mediante os indicadores estabelecidos, fazendo uma apreciação dos efeitos desejados.

A avaliação deste projeto tem como parâmetro de avaliação, ganhos em conhecimentos sobre prevenção de quedas em idosos, realizada através da consecução dos objetivos estabelecidos e metas delineadas, comparando os conhecimentos antes e após a implementação do processo formativo integrado no projeto de intervenção.

De seguida apresentamos a avaliação das metas delineadas, em que a meta 1, meta 2, meta 3 foram estabelecidas para as AAD e a meta 4, meta 5 e meta 6 para os idosos. Por fim, a meta 7 e a meta 8 dizem respeito ao planeado para avaliação da participação no processo formativo das AAD e dos idosos, respetivamente.

Meta 1: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre aos fatores de risco associados às quedas em idosos. Os resultados obtidos permitem concluir que as AAD obtiveram ganhos significativos em conhecimentos, relativamente a fatores associados às quedas na questão 4 “os idosos do sexo feminino sofrem lesões ósseas mais graves do que os idosos do sexo masculino”; na questão 5 “a alimentação dos idosos em nada interfere com o risco de sofrer lesões ósseas mais graves em consequência de uma queda” e na questão 9 “o espaço habitacional descuidado com objetos e fios elétricos espalhados no chão, pouco interfere no risco de queda dos idosos”.Os resultados obtidos referentes ao conhecimento sobre prevenção de quedas em idosos, revelaram uma mudança significativa na frequência de respostas corretas do momento 1 para o momento 2, em 30% das questões relativas aos fatores associados às quedas, o que nos permite concluir que a meta foi atingida e que as AAD obtiveram ganhos em conhecimentos para a prevenção de quedas, no que concerne aos fatores de risco associados às quedas.

Meta 2: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre os impactos e complicações das quedas em idosos. Os resultados obtidos referentes ao conhecimento sobre prevenção de quedas em idosos, no que respeita aos impactos e complicações das quedas, revelaram uma mudança significativa na frequência de respostas corretas do momento 1 para o momento 2, na questão 7 “idosos que já caíram uma vez têm tendência a cair no ano seguinte”, perfazendo um total de 33,3% das questões relativas aos impactos e complicações das quedas em idosos, o que nos permite afirmar que, no que se referere a esta questão, as AAD apresentaram ganhos em conhecimentos. De salientar ainda, que na questão 14 “em resultado das quedas, os idosos ficam muitas vezes incapacitados, imobilizados e acamados, exigindo tratamentos cirúrgicos dispendiosos e sofridos, como a colocação de placas, parafusos, talas e gesso ósseo”, os resultados confirmam que todas as AAD responderam corretamente antes e após o processo formativo, não havendo, portanto, margem para mudança na frequência de respostas, porém, indicativo de detenção de conhecimentos em relação a impactos e complicações das quedas. Tendo em atenção as mudanças significativas de resposta incorreta para correta e o facto de, na questão 14, todas as AAD manterem a mesma opinião correta após o processo formativo, no que respeita aos impactos e complicações das mesmas, observou-se que 66,6% das AAD são detentoras de conhecimentos, logo a meta em análise foi amplamente atingida.

Meta 3: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre precauções de segurança das quedas em idosos. Relativamente ao conhecimento sobre prevenção de quedas em idosos no que respeita às precauções de segurança, os resultados obtidos não apresentaram significância estatística, o que nos leva a afirmar que, em relação às precauções de segurança para a prevenção de quedas em idosos, a meta não foi atingida.

Meta 4: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre os fatores associados às quedas. Os resultados encontrados permitem identificar ganhos em conhecimento na questão 3 “o ambiente físico onde o idoso se encontra deve ter fraca iluminação”, correspondente a 10% de mudanças significativas de respostas do momento 1 para o momento 2; os resultados relativos às

restantes questões dos conhecimentos sobre os fatores associados às quedas, mostram mudanças, com aumento na frequência de respostas corretas no momento 2, no entanto, não se verificou significância estatística, logo a meta definida para os fatores associados às quedas não foi atingida.

Meta 5: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre os impactos e complicações das quedas. Os resultados indicam que não se verificou mudanças significativas na frequência de respostas corretas no momento 2, quanto aos conhecimentos dos idosos sobre os impactos e complicações das quedas, o que nos leva a afirmar que a meta definida não foi atingida.

Meta 6: Pretende-se um aumento de 30% de respostas corretas e com diferença

estatisticamente significativa, do momento 1 de recolha de dados para o momento 2, indicando ganhos em conhecimentos sobre precauções de segurança. Os resultados mostram uma vez mais que não houve mudanças significativas na frequência de respostas corretas no momento 2, pelo que os idosos não obtiveram ganhos em conhecimentos sobre precauções de segurança. Em face dos resultados obtidos, verifica-se que a meta não foi atingida.

Em síntese, confirma-se a obtenção de ganhos em conhecimentos nas AAD, manifestada pela mudança significativa de respostas incorretas (antes do processo formativo: momento 1 da recolha de dados) para respostas corretas (depois do processo formativo: momento 2 da recolha de dados) em relação aos fatores associados às quedas (30%) e impactos e complicações das mesmas (66,6%), o que nos permite concluir que as AAD estão parcialmente capacitadas para a prevenção de quedas em idosos.

Os resultados apresentados revelam que os idosos ainda não estão sensibilizados para a prevenção de quedas, uma vez que não se verificaram mudanças significativas de respostas incorretas (antes do processo formativo: momento 1 da recolha de dados) para respostas corretas (depois do processo formativo: momento 2 da recolha de dados), à exceção de 10% de mudanças significativas, respeitantes aos fatores associados às quedas, o que nos sugere afirmar que, pelo facto da faixa etária dos idosos ser relativamente elevada, com uma média de 82,5 anos e com as alterações associadas ao envelhecimento, requer projetos com continuidade, com uma frequência superior a outros grupos etários, no sentido de se conseguir

obter resultados efetivos no que se reporta ao conhecimento, neste caso sobre prevenção de quedas.

Uma vez descritos os resultados, consideramos pertinente avaliar a participação no processo formativo.

Meta 7: “Obter uma participação de 70% das AAD que desempenham funções nos centros

sociais e paroquiais (centro de dia) de Constantim e de Mateus”. Esta meta foi amplamente atingida, uma vez que toda a população de AAD (100%) participou no processo formativo. Estes dados permite-nos concluir o sucesso da mesma em termos de participação, sugerindo a importância atribuída ao processo formativo para a prática diária destas profissionais, cuja temática era “Quedas: dos fatores de risco à prevenção”, o que lhe pode aportar contributos para o seu desempenho profissional.

Meta 8: “Obter uma participação de 50% dos idosos dos centros sociais e paroquiais (centro

de dia) de Constantim e de Mateus”. Os resultados revelam o sucesso desta meta, dado que atingimos 83% da população alvo, que era inicialmente de 30 idosos, mas só 25 participaram voluntariamente e após consentimento nos dois momentos de recolha de dados, o que permite concluir que ultrapassamos a meta a que nos propusemos.

Face ao exposto e após a avaliação do projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir” e da atividade de intervenção, pensamos ser igualmente importante avaliar o sucesso da atividade desenvolvida, através dos indicadores de processo (Tavares, 1992), neste caso, do processo formativo.

O processo formativo realizou-se nos centros sociais e paroquiais (centro de dia) de Constantim e de Mateus, por nos parecer ser o contexto mais apropriado, facilitando a presença das AAD e dos idosos, sem ter que mobilizar ninguém do seu local de trabalho ou da instituição onde se encontram. As estruturas envolvidas reuniram todas as condições físicas e meios técnicos adequados para o desenvolvimento do processo formativo.

A sessão de formação teve a duração total de 60 minutos, tal como planeado. Recorremos à técnica de brainstorming, para realizar a avaliação imediata da sessão. Assim, e de acordo com as ideias expressas pelas AAD, estas consideraram que os conteúdos analisados corresponderam às suas expectativas, e que se fundamentou nas afirmações das participantes relativas à sessão de formação, considerando-a: “pertinente, simples, motivadora, com

linguagem acessível a todos, importante, alerta para situações reais, ensina como prevenir, permite reaprender o que já tinham esquecido”.

Quanto às características da formadora, as AAD consideraram ser “motivadora, breve, simples, clara, com tom de voz capaz de os cativar e captar a atenção”.

Esta estratégia de intervenção pareceu-nos ser a mais adequada, uma vez que a educação formal de adultos é explicitamente concebida para aprendizagem intencional, conforme descrito no European Centre for the Development of Vocational Training (2008). Esta formação foi também devidamente certificada pela UCC Mateus.

No que diz respeito aos idosos, planeamos a atividade no sentido de sensibilizar para a prevenção. Adotámos uma atitude dinâmica e impulsionadora com o intuito de estimular o debate de ideias e partilha de experiências, incentivando à identificação de atitudes e comportamentos adequados à prevenção de quedas. Consideramos todas as opiniões como válidas, embora nem sempre corretas, de modo a chegar a um consenso para obter conhecimento válido. Do mesmo modo, recorremos à técnica de brainstorming, para que os idosos não percebessem que estavam a avaliar a intervenção e, de algum modo, se retraíssem nos seus comentários. As suas opiniões traduzem de forma global uma intervenção adequada, que correspondeu ao que “esperavam ouvir”. Segundo as suas palavras, “puderam relembrar situações e aprender sobre como prevenir as quedas”. Consideraram que a intervenção foi “simples, a linguagem foi entendida por todos, importante, para aprender a não cair e, finalmente, não foi cansativa”. Quanto à formadora, expressaram que “motivou à participação, utilizou linguagem clara e percetível por todos e se relacionou bem com o grupo”.

Esta estratégia de intervenção pareceu-nos ser a mais adequada para os idosos pois, segundo a OMS (1986), a intervenção deve ter em conta a utilização de estratégias que contribuam para que os mesmos adotem ou alterem comportamentos promotores de saúde, aumentando a capacidade para controlarem a sua saúde, no sentido de modificar ou adaptar-se ao meio, para um melhor nível de saúde ou QV, como era nossa pretensão. Ao obterem ganhos em conhecimentos sobre prevenção de quedas, certamente ficam mais sensibilizados para reduzirem os seus comportamentos de risco e, assim, evitar a ocorrência de quedas tão frequentes nas suas vidas, que como se sabe, ocorrem com uma frequência elevada e interferem de modo importante na saúde do idoso. São um problema capaz de causar

dependência funcional, quer pelas sequelas físicas e/ou psicológicas que causam ao idoso e à sua família (Cruz, Cruz, Ribeiro, Veiga & Leite, 2015).

No documento Risco de queda: capacitar para prevenir (páginas 101-107)