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5.4.1 Conclusões quanto às propriedades mecânicas resultantes do processo de encapsulamento

Com relação aos dados de compactação obtidos após a adição de cimento, pode-se observar que a adição do cimento proporcionou um leve decréscimo da massa especifica seca máxima para as misturas cimentadas quando se compara com o valor obtido para a mesma mistura sem cimento. Já para a umidade ótima, a adição de 3% de cimento com 15% de resíduo não modificou a umidade ótima obtida anteriormente com o emprego desse teor de contaminante ao solo natural. Porém, com as adições de 5% e 10% de cimento, os valores de umidade ótima decresceram. Ressalta-se que os resultados são semelhantes aos obtidos por ROJAS (2007) e CAVALCANTE (2010).

No tocante aos resultados de CBR, todos os resultados encontrados são superiores ao mínimo de 80% exigido para uso desse material em camadas de base de rodovias, mesmo que este não seja o parâmetro fundamental para a escolha de materiais quando se emprega a estabilização química em solos. Já a expansão máxima permitida para emprego em sub-base, para solos melhorados com cimento, foi atendida para todas as misturas analisadas. Já com relação ao permitido para base, conforme estabelecido na norma DNIT 142/2010, as misturas com 3 e 5% de cimento atenderam ao valor de expansão máximo permitido, porém a mistura contendo 10% de cimento obteve um valor um pouco superior. Assim, há indícios de que as misturas com teores de 3 e 5% de cimento poderiam ser empregadas em pavimentação.

Com relação à RCS, apenas a mistura SN15SCDP10Cim atendeu ao solicitado no Manual de Pavimentação do DNIT, ou seja, resistência mínima de 2,1 MPa após cura de 7 dias para misturas cimentadas. No entanto, após 56 dias de cura, a mistura com 5% de cimento, também apresentou RCS em conformidade com o valor mínimo exigido, logo ainda pode ser considerada como alternativa tecnicamente viável para o emprego em pavimentação.

Constatou-se para o parâmetro da RCS, o aumento de resistência com o decorrer do tempo e com o aumento do teor de cimento. Vale ressaltar a importância dos resultados encontrados, pois quando se empregam técnicas de estabilização como solo-cimento, a RCS é o critério considerado no dimensionamento dos pavimentos rodoviários. Ressalte-se, também, que mesmo a mistura com 3% de cimento, onde não foi atingido o valor mínimo de RCS não pode ser totalmente descartada. O valor mínimo estabelecido de 2,1 MPa foi obtido através de critérios empíricos desenvolvidos na década dos anos 60 e 70. Portanto, há necessidade da

condução de novos estudos experimentais para investigar se realmente essa resistência deve ser adotada como mínima, principalmente para o caso de Rodovias de Baixo Volume de Tráfego (RBVT). Dentro deste contexto, existem relatos de sucesso para o caso de misturas de solo-cal (ver Loiola e Barroso, 2007) com RCS mínima de 0,7 MPa empregadas em bases de RBVT’s do estado do Ceará.

No tocante ao módulo de resiliência, todas as misturas apresentaram altos valores de MR, como visto no Capítulo 4. Com relação à cura, esta não trouxe grandes ganhos, quando se compara tempos de cura de 7 dias com os maiores. Porém, para tempos de cura elevados, há uma tendência de um comportamento mais regular, ou seja, sem muita variação dos valores de MR com a variação das tensões desvio e confinante. Isso é um bom indício, pois não é interessante trabalhar com materiais que apresentam grande variação no comportamento resiliente.

Quando comparadas as misturas para os tempos de cura iguais, percebe-se que a mistura Sn15SCDP10Cim obteve os mais elevados valores de módulo, sendo sempre mais suscetível a tensão desvio, algo esperado uma vez que com a cura, o cimento tende a aumentar a coesão entre as partículas de solo. Para as misturas com 3% e 5% de cimento, o comportamento observado foi semelhante, pois se observa que as superfícies estão próximas e o módulo sofre variação com o aumento da tensão desvio. Para ambas as misturas são observadas constâncias de comportamento com relação à tensão confinante com o passar o tempo, ou seja, não sendo tão suscetível a esta.

Após a avaliação das resistências à tração por compressão diametral, percebe-se que para cura de 7 dias, os valores obtidos apresentam proximidade, todos abaixo de 0,10 MPa. Com o passar do tempo e interações entre cimento e solos natural e contaminado, os valores aumentam, com exceção para a mistura com teor de 3% de cimento, onde os ganhos não foram significativos.

Porém, é importante ressaltar que as misturas cimentadas não serão empregadas com função de suportar o carregamento oriundo do tráfego de veículos da mesma forma que uma mistura asfáltica. Sendo assim, os resultados podem ser considerados satisfatórios, uma vez que não havia nenhuma resistência à tração antes da adição de cimento.

Já para a durabilidade, observou-se baixa variação volumétrica em termos de média dos valores obtidos, algo desejável para emprego em camadas granulares de pavimentos. Graficamente, as variações alternam entre contração e expansão sem comportamento definido.

Outro parâmetro analisado foi a perda de massa. Sendo que em todas as misturas essa foi superior aos 10% como citado em Rojas (2007) como bom valor. A mistura que mais se aproximou foi a com 10% de cimento, porém é necessária a realização de novos ensaios que confirmem tais resultados.

5.4.2 Conclusões quanto às propriedades ambientais resultantes do processo de encapsulamento

Após a realização dos ensaios de lixiviação e solubilização para as misturas utilizadas na terceira etapa da pesquisa. Cabe ressaltar que foi escolhida a mistura com teor de 5% de cimento, uma vez que se buscava avaliar o processo de encapsulamento e visando que o mesmo não fosse oneroso com teores altos de cimento, por esse teor apresentar resultados satisfatórios. Embora se quisesse avaliar as demais misturas, o que não foi possível por falta de recurso.

No tocante a lixiviação, todos os parâmetros permaneceram dentro dos limites máximos permitidos constantes no anexo F da NBR 10004. Já com relação a solubilização, os resultados são pouco conclusivos uma vez que oscilam com o decorrer do tempo. Ressalta-se que no período de 14 dias de cura aparecem substancias que antes não foram detectadas, índice de fenóis e fluoreto, e para períodos superiores, tais substancias não aparecem. Com relação às substancias em comum que excedem o máximo permitido nas amostras analisadas, ou seja, alumínio e surfactantes, os melhores resultados obtidos são para a mistura com cura de 28 dias.

Portanto, há a necessidade de contra provas, para melhor avaliar a questão ambiental neste sentido, bem como o aprimoramento dos métodos de avaliação, dado que o processo para a determinação das concentrações não leva em consideração o macroencapsulamento, ou seja, o maciço de solo constituído pela mistura de solo e cimento, não sendo assim representativo do que ocorrerá na pavimentação, uma vez que a NBR 10004 é empregada simplesmente para classificação de resíduos e não leva em consideração condições peculiares como a citada.