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Apesar do constante investimento no desenvolvimento de novas fontes de energia, menos poluentes e/ou renováveis, sabe-se que a principal fonte energética será, ainda por muito tempo, a composta pela utilização dos combustíveis fósseis, destacando-se o petróleo e seus derivados.

Segundo Araújo et al. (2007), a exploração do petróleo gera benefícios econômicos como resultado da geração de renda e emprego, produção de combustível e pagamento de royalties para os municípios e proprietários de terras onde as bacias estão localizadas. No entanto, o autor destaca que essa exploração do petróleo pode ocasionar impactos ambientais nas áreas onde estão concentradas as atividades petrolíferas, em virtude da grande diversidade de resíduos sólidos e semissólidos gerados nos processos e operações da exploração e produção de petróleo, aliados à presença de substâncias potencialmente tóxicas.

Os constantes investimentos que visam à ampliação do parque industrial petroquímico e consequente aumento da extração e processamento do petróleo se deparam com alguns problemas, principalmente os de ordem ambiental. Portanto, essa indústria possui uma tendência a aumentar o volume de resíduos que são comumente gerados em suas atividades devido a tais incentivos (CRUZ, 2004).

Logo, em decorrência do modo intenso de como as atividades estão ocorrendo, o setor petrolífero tem causado danos ao meio ambiente, muitas vezes irreparáveis. Os transtornos causados pelo surgimento de áreas contaminadas por rejeitos industriais vão desde a desocupação das regiões próximas a essas áreas, por conta da presença dos contaminantes, perda do valor imobiliário desses locais e vizinhança, até danos à saúde e ao ecossistema (ROJAS et al., 2006).

Diante dos problemas diários enfrentados pelo setor petroquímico nas diferentes etapas do processo, como: vazamentos, derrames e acidentes, nas etapas de exploração; refinamento; transportes e operações de armazenamento. Há a geração dos resíduos líquidos e sólidos em todas essas etapas citadas.

Vários são os resíduos originados, dentre eles podem-se citar os resíduos oleosos. A Environmental Protection Agency (EPA, 2000) cita que pertencem ao grupo dos resíduos oleosos a areia oleosa produzida, as borras de separadores, a parafina, a areia/detritos de fundo, os solos contaminados e os lodos separadores.

Segundo Agostini (2002) apud Cordeiro (2007), as atividades de Exploração e Produção de Petróleo geram uma quantidade considerável de resíduos. Esses resíduos são constituídos basicamente de solo e hidrocarbonetos provenientes da limpeza de filtros, dos derrames de óleo, dos fundos de tanques dentre outros processos originários. A Tabela 2.2 apresenta alguns resíduos sólidos e líquidos e as etapas nas quais são gerados.

A quantificação do resíduo que é gerado nas atividades apresentadas anteriormente apresenta uma variação de acordo com o local onde é originado, uma vez que também depende da ocorrência de acidentes, por exemplo, e não só do volume de petróleo que é produzido. Aride (2003) cita que a composição físico-química dos rejeitos varia de local para local, no entanto essa consiste em hidrocarbonetos, metais, água e sólidos. Entre os elementos, podem-se citar: o óleo, a salmoura, o sódio, o cálcio, o magnésio, o cloro, o sulfato e o bromo.

Por fim, percebe-se que os resíduos oriundos das atividades petrolíferas possuem grande potencial contaminante. Por possuírem constituintes perigosos, como metais pesados, a produção de tais rejeitos acarreta a necessidade da tomada de cuidados especiais com

relação a sua disposição final, para que assim não sejam causados maiores danos ao meio ambiente e ao homem.

2.4.1 Solo contaminado por derivados de petróleo (SCDP) oriundo da Lubnor

A Lubnor gera durante seus processos produtivos vários resíduos, dentre eles, o SCDP. No entanto, há uma dificuldade em se determinar a quantidade gerada desse resíduo especificamente. A empresa trata o solo contaminado como um resíduo oleoso ou borra oleosa. Segundo Magalhães (2006), a borra oleosa é composta pela mistura de óleo, água e sólidos grosseiros, apresentando características com grande variabilidade. Tal fato dificulta a reutilização desse tipo de rejeito, ou seja, seu reaproveitamento.

A borra oleosa é classificada, de acordo com a NBR 10004, como sendo resíduo de classe I, ou seja, perigoso. Assim, maiores são os problemas causados quanto à sua destinação final (MAGALHÃES, 2006). Enquadram-se nessa classificação, os seguintes resíduos, também produzidos pela Lubnor como borra oleosa:

• borra asfáltica pura: emulsão oleosa líquida, pastosa ou sólida e isenta de sólidos como carepa de ferrugem, areia, terra e outros;

• borra asfáltica suja: emulsão oleosa líquida, pastosa ou sólida e que contém sólidos grosseiros como carepa de ferrugem, areia, terra e outros;

• borra de tanque: emulsão oleosa pastosa ou sólida e que contém sal e sedimentos;

• borra da Unidade de Tratamento de Dejetos Industriais (UTDI): emulsão oleosa pastosa ou sólida e que contém sólidos grosseiros, produtos químicos, terra, areia e outros;

• areia oleosa: resíduo pastoso ou sólido, constituído geralmente de mistura com terra e/ou areia;

• lixo oleoso: resíduo constituído, normalmente, de sólidos contaminados com óleo tais como: palha, estopa e trapos, restos de vegetação, pedras e cascalhos, serragem e absorventes, embalagens e outros;

• borra asfáltica com solos e britas e trapo sujo de óleo: solos e britas contaminados com óleo.

Logo, destacam-se dentre os resíduos classificados como borra oleosa, a areia oleosa e a borra asfáltica com solos e britas e trapo sujo de óleo, os quais são oriundos do contato de óleo e derivados com solos. Sendo esses os que se podem denominar de solos

contaminados por petróleo ou derivados que são produzidos e/ou gerados pela refinaria cearense no desenvolvimento de suas atividades rotineiras.

Durante a análise de toda cadeia produtiva da Lubnor, Magalhães (2006) concluiu que a geração dos resíduos denominados como borra oleosa não está relacionada ao processo de produção de combustíveis e derivados, mas aos processos que otimizam o processo produtivo. Pode-se citar dentre esses, os processos que gerenciam a entrada e estocagem de matéria-prima, a estocagem e expedição de produtos, a manutenção de equipamentos, os tanques e materiais, a limpeza de tubovias e canaletas de águas oleosas, os procedimentos operacionais e os problemas de comunicação.

As principais causas apontadas para a geração da borra oleosa estão relacionadas com as falhas operacionais, manutenção, transporte contratado e comunicação. A Tabela 2.3 mostra a relação entre a causa e o problema que originaram as contaminações no estudo feito por MAGALHÃES (2006).

Tabela 2.2 – Causas e os problemas que originaram a contaminação.

CAUSAS PROBLEMAS

Falhas operacionais

Válvulas abertas, registro do ponto de coleta para amostragem aberto, operador ausente na drenagem de tanque, abertura antecipada na boca de visita superior da carreta no momento do descarregamento, parafusos folgados, ausência de cap (peça que atua como duplo bloqueio no mangote de descarga da carreta) e aperto insuficiente da mangueira na tubulação. Manutenção

Falhas em juntas, problemas em gaxetas, manutenção em atraso, válvula desgastada, furo na linha de descarga e vazamento pelo costado do tanque.

Transporte contratado Emulsão ou água na carreta, carreta furada, problemas de soldagem e fenda na carreta.

Comunicação

Carregamento de produtos além da capacidade da carreta e falta de comunicação entre os operadores e os motoristas das carretas.

Fonte: Adaptado de Magalhães (2006).

Vale ressaltar que embora não seja feita uma distinção dos resíduos denominados como borra oleosa pela Lubnor, estima-se que do volume total gerado desse tipo de rejeito, cerca de 50%, com média de 50 toneladas anuais, trata-se de SCDP. Essa afirmação mostra a

necessidade de cuidados que devem ser tomados quanto à sua destinação final, bem como a necessidade de pesquisas para que o mesmo possa ser reutilizado sem causar danos ao meio ambiente.