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6. Metodologia

6.1. Problemática

As tecnologias no século XXI fazem parte integral do ensino em geral, sendo reconhecida a sua importância para formação de crianças aptas para um futuro onde a sua exigência no campo de trabalho se torna cada vez mais evidente. A educação pré- escolar não descura este factor. Como tal, esta componente surge bem vincada nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997) no âmbito da área de conteúdo de domínio da linguagem oral e abordagem à escrita. Aí abordam os recursos audiovisuais e informáticos, a par da educação para os media como elementos necessários na formação dos mais novos. Em termos de informática referem a importância de sensibilizá-los para o código informático que se pode interligar com as expressões plástica e musical, com o código escrito e com a matemática.

A formação para as tecnologias deve ser um dos objectivos no ensino. Segundo Ponte (1999, cit. Santos, 2010) a informática no futuro terá um papel tão relevante na sociedade que as pessoas que não dominarem o seu uso terão muita dificuldade de inserção, tal como acontece com os analfabetos actualmente. A aprendizagem por meio das tecnologias considera-se, deste modo, um factor primordial e imprescindível na formação da criança.

Os estudos desenvolvidos até ao momento demonstram, contudo, que o uso do computador e da Internet nem sempre constitui uma realidade na maioria dos jardins-de- infância portugueses. Tendo em conta os resultados de estudos efectuados por vários autores (GEPE, 2010; UMIC, 2010; IPETCCO, 2001/2002, cit. Costa e Viseu, 2007; Lencastre e Araújo, 2007; PTE, 2007; OSIC e UMIC, 2004/2005; Paiva, 2002; Afonso, 1993), pode-se considerar que a falta de apetrechamento nas instituições de ensino e a fraca formação de professores são apontadas como as principais causas para este problema.

De facto, os dados recolhidos demonstram um baixo empenho em prol do desenvolvimento para a prática do uso do computador e da Internet no fomento de aprendizagens no pré-escolar. De acordo com Lencastre e Araújo (2007) e Paiva (2002), a falta de experiência deve-se à não aceitação e desconhecimento das suas vantagens. É

necessário que um professor diante de uma ferramenta de ensino seja capaz de reconhecer as suas potencialidades e a sua qualidade.

A Internet é um recurso repleto de opções de matérias ligadas à educação. Contudo, a multiplicidade não é sinonimo de qualidade (Carvalho, 2006). A oportunidade de encontrar websites de teor pedagógico que possam ser eficazmente aproveitados no ensino implica um bom conhecimento dos factores que permitem reconhecer os seus atributos. Deste modo, é possível constatar se são, definitivamente, convenientes.

Como já foi verificado, em Portugal existem aproximadamente onze websites que, apesar de não se dirigirem inteiramente ao pré-escolar, incluem propostas pedagógicas para este nível de ensino. Face a esta situação, torna-se conveniente saber se estes se encontram adequadamente preparados para serem utilizados na aprendizagem.

Os websites pedagógicos não devem ser encarados como simples ferramentas de entretenimento que as crianças podem utilizar em casa durante os seus tempos livres. Os educadores de infância podem tirar partido destas ferramentas dentro da sala, utilizando uma estratégia de aprendizagem alternativa. As potencialidades das tecnologias são muito variadas, pelo que podem ser utilizadas como “(...) meios de trabalho/produção,

de consulta e de comunicação, como potenciadores do desenvolvimento formal do cidadão e da cidadania, (...)” (Santos, 2010: 8).No entanto, é preciso ter em conta que tal como qualquer outro recurso de ensino, a adequabilidade de um website educacional não se cinge à transmissão de conteúdo pedagógico. Existe uma panóplia de recursos, de estratégias, de funcionalidades, de formalidades, em suma de um grande número de pressupostos que o tornam eficaz, motivador e pertinente, demarcando-o positivamente em relação a outros. Para que seja feito um bom uso deste recurso é preciso saber reconhecer os parâmetros essenciais promotores de qualidade.

A educação de infância apresenta várias divergências comparativamente com outros níveis de ensino. As crianças entre os três e os seis anos encontram-se num desenvolvimento cognitivo, motor e linguístico constante e acelerado. Deste modo é necessária a utilização de métodos que se ajustem às suas capacidades e, ao mesmo tempo, permitam apoiá-las na aquisição de novas competências. Por outro lado, têm uma grande ânsia pela descoberta de novos conhecimentos, sendo a exploração activa um dos meios mais apreciados pela maioria dos autores (Brazelton e Sparrow, 2010; Hohmann e Weikart, 2007; Ministério da Educação, 1997; Piaget, cit. Sprinthall e

Sprinthall, 1993). Os programas desenvolvidos para o pré-escolar necessitam de promover este tipo de aprendizagem, devendo, para tal, reconhecer as capacidades, as limitações e os meios necessários para promover um contributo significativo a este nível. Sabe-se, por exemplo, que as crianças nestas idades ainda não adquiriram conhecimentos de leitura (Chiasson e Gutwin, 2005), o que limita o uso autónomo sobre a Internet. Um bom website deve utilizar estratégias que permitam ultrapassar este tipo de obstáculos. Tendo como apoio estudos teóricos relativos às condições fundamentais para os websites destinados ao pré-escolar é importante descobrir se a situação nacional revela os atributos necessários para o ensino e aprendizagem. Só através da obtenção da resposta a esta questão se pode saber se o seu uso é efectivamente conveniente e se estes podem considerar-se bons recursos para os jardins-de-infância. Assim, tomaremos conhecimento se se encontram bem organizados, se facilitam a promoção de aprendizagens, se possuem os requisitos fundamentais para a compreensão destas faixas etárias, permitindo a investigação autónoma, se constituem os meios necessários para apelar ao interesse dos mais novos, tornando a aprendizagem cativante e desafiante, se são pertinentes, enfim, se possuem a maioria das características que permitem engrandecê-los. Através dos resultados será possível perceber, então, se os websites portugueses estão suficientemente aptos para serem usados nos jardins-de-infância.

Com vista a descobrir os critérios necessários para a elaboração de websites educativos e analisar os produtos nacionais criados para o efeito, elaborou-se a seguinte pergunta de partida: “Qual a situação/qualidade de três websites portugueses

desenvolvidos para o pré-escolar?”.