• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

2.4 PROCEDIMENTO DE GERAÇÃO DE DADOS

A geração dos dados se deu a partir de minicurso de extensão (exposto no item 2.2), que teve como objetivo propiciar aos professores participantes momentos de reflexão com relação às suas identidades, formação e prática docente. Durante a geração dos dados, quatro dos seis participantes estiveram integralmente no minicurso. Ou seja, dois são participantes parciais (um esteve no minicurso somente pelo período da manhã, e outro somente no período da tarde). Contudo, todos realizaram a escrita do texto autobiográfico43, principal etapa da geração dos dados.

O minicurso contou com as seguintes atividades:

43O participante que esteve no minicurso somente pela manhã realizou a escrita em sua residência, enviando posteriormente seu texto via e-mail para a pesquisadora.

Quadro 7 – Minicurso “Identidade e Formação Docente em Língua Inglesa”:

Procedimentos Metodológicos Encontro 1: 16/03/2019, das 08h às 12h Procedimento

Metodológico 1: Fala sobre a pesquisa. Esclarecimento dos objetivos, o termo de consentimento, etc. Procedimento

Metodológico 2: Dinâmica de apresentação: os participantes receberam uma ficha para preencher “Name, age, place of birth, occupation, place of work, teaching preferences, your students’ level, your teaching routine”.

Após ter respondido na ficha tais dados (de maneira reflexiva), foram questionados sobre o que refletiram com relação à sua prática docente. Houve uma socialização de experiências por parte dos participantes. Procedimento

Metodológico 3:

Exposição teórica sobre identidade, formação de professores e processo de reflexão;

Palestra sobre o conceito de identidade em geral e exposição de estudos introdutórios sobre identidade e formação docente em LI.

Encontro 2: 16/03/2019, das 13h30 às 17h30

Procedimento Metodológico 4:

Dinâmica mini seminário: os participantes receberam textos teóricos (SILVA, 2011; GAMERO; CRISTÓVÃO, 2013) sobre identidade e formação de professores. Em equipes (uma dupla e um trio) efetuaram a leitura em silêncio. Após discutir entre a equipe, tiveram como atividade produzir um cartaz com síntese do texto.

Os resultados foram socializados. Procedimento

Metodológico 5: Escrita de texto autobiográfico. Fonte: Dados da pesquisa.

É importante salientar que a exposição dos participantes da pesquisa a conceitos teóricos sobre identidade e formação de professores (Procedimento metodológico três) se deu pelo fato de que pressupomos que alguns dos professores poderiam não ter visto tal temática durante sua formação inicial, ou, isso pode ter se dado há muito tempo; portanto, serviu como uma espécie de retomada de conceitos. Compreendemos que os participantes seriam capazes de produzir um texto sem essas referências teóricas, mas a exposição pode ter gerado um interessante momento de reflexão.

Ademais, todas as atividades foram planejadas pensando em uma maneira de possibilitar uma melhor realização da última atividade do minicurso, ou seja, a escrita de um texto autobiográfico. Os participantes tiveram cerca de 1h40min para a escrita dos textos autobiográficos. Não houve interações durante a escrita, apenas um ou outro comentário sobre coisas aleatórias. Porém, durante toda a escrita manteve-se uma tela projetada com as questões que orientaram a escrita, que foram as seguintes:

 Como foi/está sendo minha trajetória acadêmica? (frustrações, realizações, percepções, conflitos, mudanças).

 O que gosto na minha prática docente?  O que não gosto?

 Quais minhas expectativas acadêmicas e profissionais para o futuro?

Os textos produzidos a partir de tais questões formam um conjunto de dados gerados. Além disso, outro conjunto de dados44 foi gerado, que se trata da transcrição das

gravações em áudio feitas no momento das socializações dos procedimentos dois e quatro do minicurso, apresentados no Quadro 4.

2.4.1 Transcrição de Áudios

Como mencionado anteriormente, possuímos como conjunto de dados complementar aos textos autobiográficos a gravação de áudios de discussões que ocorreram no minicurso. Antes de se chegar às orientações que utilizamos para a transcrição, é importante compreender que:

Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos nem uma dicotomia. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais, dialetais e assim por diante (MARCUSCHI, 2010, p. 17).

Por isso, sendo a oralidade e a escrita tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão semelhantes, não teríamos como deixar de fora de nossas análises os trechos das gravações realizadas no minicurso, pois pressupomos que, em uma situação de conversação não tão formal quanto o texto escrito, os participantes da pesquisa possam ter deixado surgir informações importantes com relação à suas identidades docentes. Sendo assim, se estabelece uma relação de complementariedade entre os dados dos textos escritos e dos textos orais.

Ao transcrever uma fala, teremos um novo tipo de texto, que se revela diferente do que um texto narrativo, por exemplo. Marcuschi (2010), nos traz uma conceituação do ato de transcrição:

44Os conjuntos de dados gerados para a pesquisa encontram-se com a pesquisadora e constituem parte de seu banco de dados para pesquisas futuras. Em caso de dúvidas esses podem ser solicitados.

Transcrever a fala é passar um texto de sua realização sonora para a forma gráfica com base numa série de procedimentos convencionalizados. Seguramente, neste caminho, há uma série de operações e decisões que conduzem a mudanças relevantes que não podem ser ignoradas. Contudo, as mudanças operadas na transcrição devem ser de ordem a não interferir na natureza do discurso produzido do ponto de vista da linguagem e do conteúdo (MARCUSCHI, 2010, p. 49).

Compreendemos a importância de o que orienta Marcuschi (2010) no trecho acima, mas entendemos também que a transcrição também diz respeito a uma maneira de analisar, pois, a partir das escolhas feitas durante a transcrição está pressuposta uma forma de ouvir e registrar o que se ouve. Pensando em como se dará tal registro, ilustramos no quadro a seguir as convenções que utilizaremos para a transcrição de falas:

Quadro 8 – Sinais Usados na Transcrição das Gravações

(exemplo) Dúvida e/ou suposição do que se ouviu ((exemplo)) Acréscimo de comentários da pesquisadora

“exemplo” Indicação de discurso direto de outra pessoa EXEMPLO Ênfase na pronúncia de palavra

eXEMplo Ênfase na pronúncia de sílaba [ Sobreposição de vozes

[[ Falas simultâneas

:: Alongamento de vogal

/ Truncamento

/.../ Eliminação de trecho Fonte: adaptado de Marcuschi (2010).

No item a seguir trataremos sobre os procedimentos de análise dos dados da pesquisa.